Bastidores do mundo dos negócios

BB estuda fusão de negócio nos EUA e conversa com UBS para atrair endinheirados


Por Aline Bronzati
Portugal, França e Itália estão no foco do BB    Foto: Fernando Bizerra/Agencia Senado

O Banco do Brasil avalia ampliar a sua presença nos Estados Unidos e conversa com o sócio suíço UBS para apoiá-lo nessa estratégia, que tem como alvo latinos e brasileiros endinheirados, apurou o Broadcast. O plano, em estudo, é fazer uma fusão do BB Americas e do BB Miami e expandir o negócio tanto sob a ótica de ativos quanto de estrutura física, abrindo novas agências nos EUA, de acordo com fontes que pediram o anonimato.

Os novos planos do BB vão na direção contrária de gestões passadas, que tentaram vender a filial nos EUA, o BB Americas, sem sucesso. No último movimento, já no governo do presidente Jair Bolsonaro, o Citi chegou a ser 'mandatado' para procurar interessados no negócio, em uma agenda para enxugar a máquina pública da era petista.

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Na terceira presidência do Banco do Brasil durante o governo Bolsonaro, porém, a visão mudou. A atual direção do banco reconhece na operação que possui nos EUA uma oportunidade para crescer a área de private, que atende clientes muito ricos e são supercobiçados pelos bancos. Esse já foi o caminho trilhado pelos rivais privados Itaú Unibanco e Bradesco, que expandiram suas operações nos Estados Unidos nos últimos anos.

"O BB tem um banco local nos Estados Unidos. Não é uma licença, apenas. Por isso, tem mais autonomia para operar lá, aproveitando o histórico de seus clientes no Brasil", diz uma pessoa que conhece a operação, acrescentando que, até agora, esse potencial ainda não foi bem explorado.

Reuniões nos EUA

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Na primeira quinzena de março, o presidente do BB, Fausto Ribeiro, esteve nos Estados Unidos, com uma agenda intensa de reuniões por lá, de acordo com fontes próximas. O objetivo do executivo, que completa um ano na presidência do banco em abril, é implementar o projeto de expansão nos EUA ainda em 2022, mesmo que sobrem rebarbas para o próximo ano e, possivelmente, uma nova gestão, considerando as eleições presidenciais no Brasil.

Dentre os encontros que o presidente do BB teve nos Estados Unidos, um deles teria sido justamente com representantes do UBS, dizem fontes. Ambos já são sócios no Brasil por meio de uma joint venture na área de banco de investimentos. Agora, a ideia do BB é expandir a relação para ampliar o negócio private do banco.

Como se trata apenas de uma parceria, não seria necessário, segundo uma fonte, abrir um processo de concorrência, uma exigência no caso de bancos públicos. O suporte do suíço permitiria ao BB repassar a seus clientes um leque de investimentos globais e mais sofisticados, o que é determinante para laçar a clientela private. Além disso, o banco pode ganhar tempo e escalar o negócio nos EUA mais rapidamente. O UBS gere US$ 3,3 trilhões em grandes fortunas, no seu braço de global wealth management, sendo a maioria na operação Américas, que responde por US$ 1,8 trilhão.

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Passo a passo

O BB já deu os primeiros passos para crescer nos EUA. Segundo fontes, o banco teria contratado advogados para tocar a parte burocrática da fusão do BB Americas e do BB Miami. Nesse processo, estima gastar alguns milhões de dólares, orçamento considerado baixo frente ao potencial de ganhos. O próximo passo, de acordo com uma das fontes, é pedir a bênção às autoridades regulatórias nos Estados Unidos para a junção das operações.

Hoje, o BB possui três empresas nos Estados Unidos: a BB Securities, com foco nos clientes private e investimentos - e que ficará como está -, e o BB Miami e o BB Americas, que serão integrados. Juntos, os dois bancos devem praticamente dobrar de tamanho em termos de patrimônio líquido, estimam fontes ouvidas pelo Broadcast. Nesse processo, o BB Miami será integrado pelo Americas, que tem o status de banco local.

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Em termos de presença física, o BB possui hoje quatro agências nos Estados Unidos, de acordo com informações que constam no balanço do banco brasileiro. Com a união de suas estruturas, o plano é, conforme fontes, expandir para além da Flórida, onde estão as unidades atuais. As novas praças estão em estudo. O foco é estar perto dos brasileiros e, portanto, regiões como Nova York e Boston estão sendo avaliadas, afirmam.

Para o chefe de análise da Eleven Financial, Carlos Daltozo, o movimento do banco é inteligente, principalmente sob a ótica do cliente private. "Na verdade, o BB estava fazendo um movimento contrário ao do mercado, tentando vender a sua operação nos EUA", explica, em entrevista ao Broadcast. "Vemos um boom em renda variável no Brasil nos últimos anos e muitos clientes, principalmente no nicho de mais alta renda, buscam diversificação em outras geografias, em especial nos Estados Unidos", acrescenta.

O BB Americas teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. De lá para cá, o banco público mudou várias vezes de estratégia. Tentou fazer decolar uma área de private e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que adquiriram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades, passada a crise do subprime. Sem avanço, gestões anteriores do BB tentaram vender o BB Americas a um concorrente, o que também não se concretizou.

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Procurado, o BB não comentou. O UBS também não se manifestou.

 

Esta reportagem foi publicada no Broadcast no dia 18/03/22, às 11h37.

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Portugal, França e Itália estão no foco do BB    Foto: Fernando Bizerra/Agencia Senado

O Banco do Brasil avalia ampliar a sua presença nos Estados Unidos e conversa com o sócio suíço UBS para apoiá-lo nessa estratégia, que tem como alvo latinos e brasileiros endinheirados, apurou o Broadcast. O plano, em estudo, é fazer uma fusão do BB Americas e do BB Miami e expandir o negócio tanto sob a ótica de ativos quanto de estrutura física, abrindo novas agências nos EUA, de acordo com fontes que pediram o anonimato.

Os novos planos do BB vão na direção contrária de gestões passadas, que tentaram vender a filial nos EUA, o BB Americas, sem sucesso. No último movimento, já no governo do presidente Jair Bolsonaro, o Citi chegou a ser 'mandatado' para procurar interessados no negócio, em uma agenda para enxugar a máquina pública da era petista.

Na terceira presidência do Banco do Brasil durante o governo Bolsonaro, porém, a visão mudou. A atual direção do banco reconhece na operação que possui nos EUA uma oportunidade para crescer a área de private, que atende clientes muito ricos e são supercobiçados pelos bancos. Esse já foi o caminho trilhado pelos rivais privados Itaú Unibanco e Bradesco, que expandiram suas operações nos Estados Unidos nos últimos anos.

"O BB tem um banco local nos Estados Unidos. Não é uma licença, apenas. Por isso, tem mais autonomia para operar lá, aproveitando o histórico de seus clientes no Brasil", diz uma pessoa que conhece a operação, acrescentando que, até agora, esse potencial ainda não foi bem explorado.

Reuniões nos EUA

Na primeira quinzena de março, o presidente do BB, Fausto Ribeiro, esteve nos Estados Unidos, com uma agenda intensa de reuniões por lá, de acordo com fontes próximas. O objetivo do executivo, que completa um ano na presidência do banco em abril, é implementar o projeto de expansão nos EUA ainda em 2022, mesmo que sobrem rebarbas para o próximo ano e, possivelmente, uma nova gestão, considerando as eleições presidenciais no Brasil.

Dentre os encontros que o presidente do BB teve nos Estados Unidos, um deles teria sido justamente com representantes do UBS, dizem fontes. Ambos já são sócios no Brasil por meio de uma joint venture na área de banco de investimentos. Agora, a ideia do BB é expandir a relação para ampliar o negócio private do banco.

Como se trata apenas de uma parceria, não seria necessário, segundo uma fonte, abrir um processo de concorrência, uma exigência no caso de bancos públicos. O suporte do suíço permitiria ao BB repassar a seus clientes um leque de investimentos globais e mais sofisticados, o que é determinante para laçar a clientela private. Além disso, o banco pode ganhar tempo e escalar o negócio nos EUA mais rapidamente. O UBS gere US$ 3,3 trilhões em grandes fortunas, no seu braço de global wealth management, sendo a maioria na operação Américas, que responde por US$ 1,8 trilhão.

Passo a passo

O BB já deu os primeiros passos para crescer nos EUA. Segundo fontes, o banco teria contratado advogados para tocar a parte burocrática da fusão do BB Americas e do BB Miami. Nesse processo, estima gastar alguns milhões de dólares, orçamento considerado baixo frente ao potencial de ganhos. O próximo passo, de acordo com uma das fontes, é pedir a bênção às autoridades regulatórias nos Estados Unidos para a junção das operações.

Hoje, o BB possui três empresas nos Estados Unidos: a BB Securities, com foco nos clientes private e investimentos - e que ficará como está -, e o BB Miami e o BB Americas, que serão integrados. Juntos, os dois bancos devem praticamente dobrar de tamanho em termos de patrimônio líquido, estimam fontes ouvidas pelo Broadcast. Nesse processo, o BB Miami será integrado pelo Americas, que tem o status de banco local.

Em termos de presença física, o BB possui hoje quatro agências nos Estados Unidos, de acordo com informações que constam no balanço do banco brasileiro. Com a união de suas estruturas, o plano é, conforme fontes, expandir para além da Flórida, onde estão as unidades atuais. As novas praças estão em estudo. O foco é estar perto dos brasileiros e, portanto, regiões como Nova York e Boston estão sendo avaliadas, afirmam.

Para o chefe de análise da Eleven Financial, Carlos Daltozo, o movimento do banco é inteligente, principalmente sob a ótica do cliente private. "Na verdade, o BB estava fazendo um movimento contrário ao do mercado, tentando vender a sua operação nos EUA", explica, em entrevista ao Broadcast. "Vemos um boom em renda variável no Brasil nos últimos anos e muitos clientes, principalmente no nicho de mais alta renda, buscam diversificação em outras geografias, em especial nos Estados Unidos", acrescenta.

O BB Americas teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. De lá para cá, o banco público mudou várias vezes de estratégia. Tentou fazer decolar uma área de private e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que adquiriram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades, passada a crise do subprime. Sem avanço, gestões anteriores do BB tentaram vender o BB Americas a um concorrente, o que também não se concretizou.

Procurado, o BB não comentou. O UBS também não se manifestou.

 

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Portugal, França e Itália estão no foco do BB    Foto: Fernando Bizerra/Agencia Senado

O Banco do Brasil avalia ampliar a sua presença nos Estados Unidos e conversa com o sócio suíço UBS para apoiá-lo nessa estratégia, que tem como alvo latinos e brasileiros endinheirados, apurou o Broadcast. O plano, em estudo, é fazer uma fusão do BB Americas e do BB Miami e expandir o negócio tanto sob a ótica de ativos quanto de estrutura física, abrindo novas agências nos EUA, de acordo com fontes que pediram o anonimato.

Os novos planos do BB vão na direção contrária de gestões passadas, que tentaram vender a filial nos EUA, o BB Americas, sem sucesso. No último movimento, já no governo do presidente Jair Bolsonaro, o Citi chegou a ser 'mandatado' para procurar interessados no negócio, em uma agenda para enxugar a máquina pública da era petista.

Na terceira presidência do Banco do Brasil durante o governo Bolsonaro, porém, a visão mudou. A atual direção do banco reconhece na operação que possui nos EUA uma oportunidade para crescer a área de private, que atende clientes muito ricos e são supercobiçados pelos bancos. Esse já foi o caminho trilhado pelos rivais privados Itaú Unibanco e Bradesco, que expandiram suas operações nos Estados Unidos nos últimos anos.

"O BB tem um banco local nos Estados Unidos. Não é uma licença, apenas. Por isso, tem mais autonomia para operar lá, aproveitando o histórico de seus clientes no Brasil", diz uma pessoa que conhece a operação, acrescentando que, até agora, esse potencial ainda não foi bem explorado.

Reuniões nos EUA

Na primeira quinzena de março, o presidente do BB, Fausto Ribeiro, esteve nos Estados Unidos, com uma agenda intensa de reuniões por lá, de acordo com fontes próximas. O objetivo do executivo, que completa um ano na presidência do banco em abril, é implementar o projeto de expansão nos EUA ainda em 2022, mesmo que sobrem rebarbas para o próximo ano e, possivelmente, uma nova gestão, considerando as eleições presidenciais no Brasil.

Dentre os encontros que o presidente do BB teve nos Estados Unidos, um deles teria sido justamente com representantes do UBS, dizem fontes. Ambos já são sócios no Brasil por meio de uma joint venture na área de banco de investimentos. Agora, a ideia do BB é expandir a relação para ampliar o negócio private do banco.

Como se trata apenas de uma parceria, não seria necessário, segundo uma fonte, abrir um processo de concorrência, uma exigência no caso de bancos públicos. O suporte do suíço permitiria ao BB repassar a seus clientes um leque de investimentos globais e mais sofisticados, o que é determinante para laçar a clientela private. Além disso, o banco pode ganhar tempo e escalar o negócio nos EUA mais rapidamente. O UBS gere US$ 3,3 trilhões em grandes fortunas, no seu braço de global wealth management, sendo a maioria na operação Américas, que responde por US$ 1,8 trilhão.

Passo a passo

O BB já deu os primeiros passos para crescer nos EUA. Segundo fontes, o banco teria contratado advogados para tocar a parte burocrática da fusão do BB Americas e do BB Miami. Nesse processo, estima gastar alguns milhões de dólares, orçamento considerado baixo frente ao potencial de ganhos. O próximo passo, de acordo com uma das fontes, é pedir a bênção às autoridades regulatórias nos Estados Unidos para a junção das operações.

Hoje, o BB possui três empresas nos Estados Unidos: a BB Securities, com foco nos clientes private e investimentos - e que ficará como está -, e o BB Miami e o BB Americas, que serão integrados. Juntos, os dois bancos devem praticamente dobrar de tamanho em termos de patrimônio líquido, estimam fontes ouvidas pelo Broadcast. Nesse processo, o BB Miami será integrado pelo Americas, que tem o status de banco local.

Em termos de presença física, o BB possui hoje quatro agências nos Estados Unidos, de acordo com informações que constam no balanço do banco brasileiro. Com a união de suas estruturas, o plano é, conforme fontes, expandir para além da Flórida, onde estão as unidades atuais. As novas praças estão em estudo. O foco é estar perto dos brasileiros e, portanto, regiões como Nova York e Boston estão sendo avaliadas, afirmam.

Para o chefe de análise da Eleven Financial, Carlos Daltozo, o movimento do banco é inteligente, principalmente sob a ótica do cliente private. "Na verdade, o BB estava fazendo um movimento contrário ao do mercado, tentando vender a sua operação nos EUA", explica, em entrevista ao Broadcast. "Vemos um boom em renda variável no Brasil nos últimos anos e muitos clientes, principalmente no nicho de mais alta renda, buscam diversificação em outras geografias, em especial nos Estados Unidos", acrescenta.

O BB Americas teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. De lá para cá, o banco público mudou várias vezes de estratégia. Tentou fazer decolar uma área de private e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que adquiriram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades, passada a crise do subprime. Sem avanço, gestões anteriores do BB tentaram vender o BB Americas a um concorrente, o que também não se concretizou.

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Portugal, França e Itália estão no foco do BB    Foto: Fernando Bizerra/Agencia Senado

O Banco do Brasil avalia ampliar a sua presença nos Estados Unidos e conversa com o sócio suíço UBS para apoiá-lo nessa estratégia, que tem como alvo latinos e brasileiros endinheirados, apurou o Broadcast. O plano, em estudo, é fazer uma fusão do BB Americas e do BB Miami e expandir o negócio tanto sob a ótica de ativos quanto de estrutura física, abrindo novas agências nos EUA, de acordo com fontes que pediram o anonimato.

Os novos planos do BB vão na direção contrária de gestões passadas, que tentaram vender a filial nos EUA, o BB Americas, sem sucesso. No último movimento, já no governo do presidente Jair Bolsonaro, o Citi chegou a ser 'mandatado' para procurar interessados no negócio, em uma agenda para enxugar a máquina pública da era petista.

Na terceira presidência do Banco do Brasil durante o governo Bolsonaro, porém, a visão mudou. A atual direção do banco reconhece na operação que possui nos EUA uma oportunidade para crescer a área de private, que atende clientes muito ricos e são supercobiçados pelos bancos. Esse já foi o caminho trilhado pelos rivais privados Itaú Unibanco e Bradesco, que expandiram suas operações nos Estados Unidos nos últimos anos.

"O BB tem um banco local nos Estados Unidos. Não é uma licença, apenas. Por isso, tem mais autonomia para operar lá, aproveitando o histórico de seus clientes no Brasil", diz uma pessoa que conhece a operação, acrescentando que, até agora, esse potencial ainda não foi bem explorado.

Reuniões nos EUA

Na primeira quinzena de março, o presidente do BB, Fausto Ribeiro, esteve nos Estados Unidos, com uma agenda intensa de reuniões por lá, de acordo com fontes próximas. O objetivo do executivo, que completa um ano na presidência do banco em abril, é implementar o projeto de expansão nos EUA ainda em 2022, mesmo que sobrem rebarbas para o próximo ano e, possivelmente, uma nova gestão, considerando as eleições presidenciais no Brasil.

Dentre os encontros que o presidente do BB teve nos Estados Unidos, um deles teria sido justamente com representantes do UBS, dizem fontes. Ambos já são sócios no Brasil por meio de uma joint venture na área de banco de investimentos. Agora, a ideia do BB é expandir a relação para ampliar o negócio private do banco.

Como se trata apenas de uma parceria, não seria necessário, segundo uma fonte, abrir um processo de concorrência, uma exigência no caso de bancos públicos. O suporte do suíço permitiria ao BB repassar a seus clientes um leque de investimentos globais e mais sofisticados, o que é determinante para laçar a clientela private. Além disso, o banco pode ganhar tempo e escalar o negócio nos EUA mais rapidamente. O UBS gere US$ 3,3 trilhões em grandes fortunas, no seu braço de global wealth management, sendo a maioria na operação Américas, que responde por US$ 1,8 trilhão.

Passo a passo

O BB já deu os primeiros passos para crescer nos EUA. Segundo fontes, o banco teria contratado advogados para tocar a parte burocrática da fusão do BB Americas e do BB Miami. Nesse processo, estima gastar alguns milhões de dólares, orçamento considerado baixo frente ao potencial de ganhos. O próximo passo, de acordo com uma das fontes, é pedir a bênção às autoridades regulatórias nos Estados Unidos para a junção das operações.

Hoje, o BB possui três empresas nos Estados Unidos: a BB Securities, com foco nos clientes private e investimentos - e que ficará como está -, e o BB Miami e o BB Americas, que serão integrados. Juntos, os dois bancos devem praticamente dobrar de tamanho em termos de patrimônio líquido, estimam fontes ouvidas pelo Broadcast. Nesse processo, o BB Miami será integrado pelo Americas, que tem o status de banco local.

Em termos de presença física, o BB possui hoje quatro agências nos Estados Unidos, de acordo com informações que constam no balanço do banco brasileiro. Com a união de suas estruturas, o plano é, conforme fontes, expandir para além da Flórida, onde estão as unidades atuais. As novas praças estão em estudo. O foco é estar perto dos brasileiros e, portanto, regiões como Nova York e Boston estão sendo avaliadas, afirmam.

Para o chefe de análise da Eleven Financial, Carlos Daltozo, o movimento do banco é inteligente, principalmente sob a ótica do cliente private. "Na verdade, o BB estava fazendo um movimento contrário ao do mercado, tentando vender a sua operação nos EUA", explica, em entrevista ao Broadcast. "Vemos um boom em renda variável no Brasil nos últimos anos e muitos clientes, principalmente no nicho de mais alta renda, buscam diversificação em outras geografias, em especial nos Estados Unidos", acrescenta.

O BB Americas teve origem no EuroBank, adquirido pelo Banco do Brasil em 2012. De lá para cá, o banco público mudou várias vezes de estratégia. Tentou fazer decolar uma área de private e também apostou no mercado de crédito imobiliário, surfando na onda de brasileiros ricos que adquiriram imóveis em Miami em meio à desvalorização das propriedades, passada a crise do subprime. Sem avanço, gestões anteriores do BB tentaram vender o BB Americas a um concorrente, o que também não se concretizou.

Procurado, o BB não comentou. O UBS também não se manifestou.

 

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