O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve acompanhar os bancos privados em uma eventual decisão sobre a venda da Braskem. Além dele, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil têm ações da petroquímica, que foram dadas em garantia a empréstimos concedidos para o Grupo Odebrecht, renomeado Novonor. O grupo tem o controle da Braskem e a Petrobras como maior sócio.
Uma questão relevante para o banco de fomento e instituições financeiras públicas em situações como esta é recuperar um valor inferior ao crédito que foi concedido. As propostas de aquisição da Braskem feitas até agora envolvem um “haircut” (corte) no valor da dívida que a Novonor, em recuperação judicial, tem com os bancos. A empresa deve cerca de R$ 15 bilhões aos bancos e, de acordo com as propostas apresentadas, o desconto no pagamento deve ficar em torno de R$ 5 bilhões.
Maiores credores são Bradesco, Itaú e Santander
O BNDES não é, entretanto, o maior credor entre as instituições financeiras com dívida garantida pelas ações da petroquímica. Quando o pedido de recuperação judicial foi ajuizado, dos R$ 14,5 bilhões de dívidas garantidas pela Braskem, BNDES e BB têm R$ 6 bilhões. Os maiores credores são Bradesco, Itaú e Santander.
O BNDES deve compor o grupo das demais instituições financeiras. “Em uma situação como esta, quase que um sindicato de bancos, o BNDES deve tomar a decisão mais adequada. Não faz sentido correr por fora”, disse uma fonte.
As ofertas de aquisição da gestora norte-americana Apollo e da petroleira de Abu Dabhi Adnoc, assim como da petroquímica brasileira Unipar, envolvem tomada de crédito, parte dele junto aos próprios bancos credores.
Aparentemente, o BNDES deve ficar de fora dessa equação, já que os recursos do banco de fomento seguem escassos. A percepção, segundo uma fonte do governo, é de que a empresa segue funcionando e não seria cabível financiar a operação, por mais interessante que seja ao País, considerando as restrições orçamentárias do governo.
J&F também tem interesse e tem conversado com os bancos credores
A J&F, dos irmãos Batista, é potencial interessada. A J&F também conversa com os bancos, mas ao contrário dos outros dois interessados, não veio a público com uma proposta. A equação de venda da Braskem não passa somente por números, mas pelo interesse do governo de manter o negócio petroquímico por meio da Petrobras.
Um desconto menor também pode ser um fator de peso em uma eventual decisão para o governo ou BNDES. Procurado, o BNDES afirmou que tem “acompanhado o processo juntamente com outros bancos e considera saudável a existência de concorrência. As propostas da compra de ativo sempre são analisadas pelo Banco em conjunto com os demais credores. No entanto, o BNDES não comenta as negociações em curso envolvendo o ativo”.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 20/06/23, às 17h21.
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