Foi só o Brasil fazer a primeira captação no mercado externo de 2024, fechada nesta segunda-feira, 22, com forte demanda, que empresas já estão se movimentando junto a investidores internacionais para também captar em dólares. Ao menos US$ 2 bilhões devem ser atraídos por companhias lá fora nos próximos dias, por nomes como Ambipar, em sua primeira emissão externa, com papéis verdes, Cosan e 3R Petroleum, fora os US$ 4,5 bilhões lançados pelo Tesouro Nacional.
A Cosan deve ser a próxima da fila a emitir, a primeira empresa do Brasil a captar no exterior em 2024. O plano é levantar, ainda esta semana, US$ 750 milhões para pagar dívidas, em títulos com vencimento em 10 anos. Mas os valores finais dependem das conversas com investidores. Nesta segunda-feira, 3R e Ambipar começaram uma série de reuniões para testar o apetite. As duas devem fechar captações de, ao menos, US$ 500 milhões cada, na semana que vem.
“O mercado veio muito forte nas duas primeiras semanas de 2024, com muita demanda por papéis de emergentes, o que fez com que emissores brasileiros se preparassem para fazerem emissões agora”, comenta o chefe de mercado de capitais de dívida do Bank of America, banco que está na operação da Ambipar, Caio de Luca.
Mais companhias planejam emissões
Além dos nomes já citados, Luca disse que há mais empresas conversando para emitir no exterior nas próximas semanas. “Agora estamos com várias emissões para sair.” Na Ambipar, que vai lançar um bônus verde, a empresa irá usar os recursos para pagar dívidas, mas se comprometeu junto a investidores a investir o mesmo que captar lá fora em projetos sustentáveis. Nos próximos dias, faz reuniões em Londres, Boston e Nova York.
Com forte demanda, as empresas estão pagando mais barato para captar em dólar, em média 50 pontos-base a menos do que o inicialmente sinalizado. Na emissão soberana brasileira, o Tesouro sinalizou inicialmente taxa de 6,625% nos papéis de 10 anos, mas captou pagando 6,35%. A demanda pelos “bonds” foi de US$ 14 bilhões.
O forte apetite por títulos de dívida de governos e empresas é explicado pela queda dos juros longos dos Estados Unidos, que balizam o custo dessas captações no mundo e recuaram 100 pontos-base desde outubro, comenta Laszlo Lueska, sócio-gestor da Octante. Esse movimento ocorre diante da perspectiva de cortes em breve das taxas básicas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Apetite aumenta com recuo de juros futuros
Com a visão de juros menores, o apetite por risco dos investidores aumentou, o que explica as bolsas americanas batendo recordes de alta. Considerando o fato que as gestoras e fundos estavam com os caixas cheios, após um 2023 fraco em emissões de dívida, o resultado foi muita procura por papéis neste começo de ano. E o Brasil estava ausente até esta segunda-feira, mas agora voltou.
Apesar do temor com a situação fiscal brasileira, que estressou os mercados locais nesta segunda-feira, os investidores internacionais estão mais amigáveis com o Brasil, comenta o economista da Octante, Antonio Kritsinelis Filho.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/01/24, às 17h41
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