O GPA teve a chance de vender, e vender bem - na visão de analistas e fontes do setor, o Grupo Éxito, empresa de supermercados colombiana. O banqueiro Jaime Gilinski fez duas ofertas pela unidade de negócios antes que o processo de separação do GPA estivesse finalizado. Se a empresa brasileira aceitasse a proposta, todo o valor iria para o seu negócio e seu endividamento, consequentemente, diminuiria, o que seria ótimo para a companhia e os acionistas minoritários. O problema é que isso não atenderia plenamente os interesses do Grupo Casino, controlador francês da varejista e em situação financeira complicada. Esse conflito de interesses fez o GPA abrir mão da venda, segundo apurou o Broadcast.
Se a venda do Éxito acontecesse hoje, a parte que cabe ao Casino, como controlador do GPA ficaria presa na varejista brasileira. Aflito por recursos e pressionado por seus credores, com uma dívida de curto prazo de mais de 4 bilhões de euros, o Casino quer ter acesso mais rápido a esse recurso. O plano, portanto, é aguardar o fim do processo de cisão do Éxito. Dessa forma a venda levaria os recursos diretamente ao caixa do Casino.
“O GPA tem um conflito de interesse, entre o desejo do controlador e o desejo do acionista minoritário. Ao se tornar empresa irmã, a estrutura acionária da Éxito vai ser idêntica à do GPA. O Casino quer fazer isso porque se o GPA vender o Éxito, o caixa vai para o GPA. Se for empresa separada, irmã do GPA, o dinheiro vai para o Casino”, disse uma fonte a par das conversas. Na prática, a decisão de recusar a oferta agora, tomada pelo Conselho de Administração da companhia prejudica os demais acionistas da empresa brasileira.
Rede Éxito deve passar de subsidiária a empresa irmã do GPA
O GPA está fazendo um spin-off (separação) e o Éxito passa a se tornar empresa irmã do GPA em algum momento. Hoje é uma subsidiária, listada na bolsa da Colômbia, mas com pouca liquidez. No processo de separação, basicamente querem dar ao acionista de GPA as ações da Éxito.
“Se eu sou acionista de GPA, eu gostaria de ver a empresa pegar esse dinheiro e beneficiar o grupo. Tem acionista do GPA que nem pode ser acionista de uma empresa colombiana”, diz uma fonte do setor.
Em conversa sobre os resultados do segundo trimestre de 2023 com analistas nesta quinta-feira, o CEO do GPA, Marcelo Pimentel, foi repetidamente questionado sobre as motivações da recusa da proposta. Ele disse que aceitá-la significaria interromper o processo de separação (spin-off) por uma oferta “muito vaga”. ”Trocaria um processo na iminência de execução por uma proposta que chegou na última hora, sem que o conselho pudesse avaliar. Entendemos que seria responsável não aceitar”, afirmou.
Separação foi aprovada pelo conselho do GPA e deve ser fechada em agosto
Pimentel ressaltou que o processo de separação do Éxito (que tem atuação na Colômbia, na Argentina e no Uruguai) já havia sido discutido e aprovado pelo Conselho de Administração e que, portanto, cabia à companhia executá-lo. “O spin-off do Éxito deve se concretizar em meados de agosto. Temos 13% que ficam no GPA e pretendemos monetizar”, afirmou ainda o CEO, deixando claro que a companhia só conta com os 13% remanescentes na companhia.
O CFO da companhia, Guillaume Gras, acrescentou que a oferta do banqueiro colombiano não era clara quanto à sua capacidade de execução, sem especificar, por exemplo, garantias quanto à aprovação da operação em órgãos antitruste.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 27/07/23, às 16h22.
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.