Bastidores do mundo dos negócios

Com juro alto, empresas terão dificuldades e corte de investimentos, alerta Rubens Menin


O tema foi levado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante jantar que reuniu empresários e membros do governo nesta semana

Por Circe Bonatelli
Atualização:
Rubens Menin é o principal acionista da construtora MRV, do banco Inter, da administradora de galpões Log e da emissora CNN. Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADAO

Os empresários que estiveram presentes no jantar realizado quarta-feira, 15, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertaram sobre os estragos que os juros altos por um período prolongado estão causando no mundo dos negócios. Em suma, o recado foi de que muitas empresas não vão resistir.

Quem faz esse relato é o empresário Rubens Menin (principal acionista de MRV, Inter, Log e CNN Brasil). “Com juro alto por muito tempo, as empresa não resistem”, afirma, em entrevista à Coluna do Broadcast.

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A principal consequência deste cenário, diz, é o aumento de casos de companhias em dificuldades financeiras, cortando investimentos e, em último caso, ficando inadimplentes perante o sistema financeiro. Esse conjunto de fatores vai impactar a economia por muitos anos ainda. “A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é”.

A própria MRV anunciou, dias atrás, que pisará no freio em 2023, com redução dos investimentos e prioridade à geração de caixa. Ele nega que haja conversa com credores para renegociação de dívidas. “Não existe isso”, ressalta.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

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Broadcast: O que foi falado no jantar entre os empresários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Rubens Menin: Falamos de temas relevantes, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e o compromisso do governo em não estourar as metas de gastos. Essa era a preocupação de todos, e o ministro deu o recado claro de que governo vai cumprir tudo isso.

Broadcast: E da parte dos empresários, qual a principal agenda?

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Menin: O recado mais importante foi o seguinte: nós falamos que o Brasil tinha uma taxa de juros negativa há apenas dois anos. E as empresas fazem seus planos de investimento plurianuais considerando os juros. Hoje, a maior dificuldade que a gente passa é que houve uma subida de juros muito grande e num período muito curto. A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é benéfico porque os investimentos já estão em andamento. Eles ficarão cada vez mais custosos ou terão que ser cancelados. O que estamos vendo é um corte enorme de capex (jargão para investimento) entre as empresas porque não tem como fazer os aportes com juros tão grandes.

Broadcast: O que se espera que o governo Lula faça se, em última instância, quem decide o juro básico é o Banco Central?

Menin: A grande discussão é como isso pode ser calibrado para garantir o futuro da economia. As empresas vão ter problemas sérios. Isso foi o mais discutido nos bastidores do encontro e também foi colocado para o ministro. É preciso pensar no todo, ter uma abordagem holística. Não pode só pensar em inflação e juros. Tem quem pensar também na situação das empresas, porque isso vai comprometer a economia brasileira por muitos anos. Então, a sociedade toda precisa ter o mesmo pensamento, estar alinhada.

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Broadcast: Ao falar em alinhamento, o senhor se refere à necessidade de parar as brigas entre o governo Lula e o Banco Central?

Menin: Não só entendimento do governo com Banco Central, mas com Congresso, com as empresas, todos os agentes. É a sociedade como um todo mesmo. A discussão é boa, e o objetivo de ontem foi justamente essa troca de ideais e alinhamento.

Broadcast: Qual foi a posição do ministro diante dessa manifestação?

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Menin: Ele ficou sensibilizado. Mas era um assunto que não estava sendo discutido. Só se falava em arcabouço fiscal e reforma tributária. Claro que sou favorável a tudo isso. Eu até acredito que vai ter algum aumento da carga (tributária) porque vai ser necessário tapar os buracos que a pandemia deixou.

Broadcast: Essa onda de empresas anunciando que irão chamar os credores para renegociar as dívidas também foi discutida?

Menin: Isso está sendo a consequência final do cenário que estamos vivendo. Tivemos juros altos em 2022, teremos em 2023 e em 2024. Serão três anos onsecutivos. Com juro alto por muito tempo, as empresas não resistem. Eu vejo aí três fatores como consequências: empresas entrando em dificuldades financeiras, perdendo a capacidade de investimento e com maior inadimplência no sistema financeiro.

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Broadcast: É o que está acontecendo com a MRV?

Menin: Nosso trabalho foi justamente frear os investimentos, segurar a operação priorizar a priorizar o caixa.

Broadcast: A MRV está em vias de chamar credores para uma renegociação?

Menin: Que é isso, meu amigo? Não existe isso. Somos super organizados.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 16/02/2023, às 17h59

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Rubens Menin é o principal acionista da construtora MRV, do banco Inter, da administradora de galpões Log e da emissora CNN. Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADAO

Os empresários que estiveram presentes no jantar realizado quarta-feira, 15, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertaram sobre os estragos que os juros altos por um período prolongado estão causando no mundo dos negócios. Em suma, o recado foi de que muitas empresas não vão resistir.

Quem faz esse relato é o empresário Rubens Menin (principal acionista de MRV, Inter, Log e CNN Brasil). “Com juro alto por muito tempo, as empresa não resistem”, afirma, em entrevista à Coluna do Broadcast.

A principal consequência deste cenário, diz, é o aumento de casos de companhias em dificuldades financeiras, cortando investimentos e, em último caso, ficando inadimplentes perante o sistema financeiro. Esse conjunto de fatores vai impactar a economia por muitos anos ainda. “A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é”.

A própria MRV anunciou, dias atrás, que pisará no freio em 2023, com redução dos investimentos e prioridade à geração de caixa. Ele nega que haja conversa com credores para renegociação de dívidas. “Não existe isso”, ressalta.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Broadcast: O que foi falado no jantar entre os empresários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Rubens Menin: Falamos de temas relevantes, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e o compromisso do governo em não estourar as metas de gastos. Essa era a preocupação de todos, e o ministro deu o recado claro de que governo vai cumprir tudo isso.

Broadcast: E da parte dos empresários, qual a principal agenda?

Menin: O recado mais importante foi o seguinte: nós falamos que o Brasil tinha uma taxa de juros negativa há apenas dois anos. E as empresas fazem seus planos de investimento plurianuais considerando os juros. Hoje, a maior dificuldade que a gente passa é que houve uma subida de juros muito grande e num período muito curto. A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é benéfico porque os investimentos já estão em andamento. Eles ficarão cada vez mais custosos ou terão que ser cancelados. O que estamos vendo é um corte enorme de capex (jargão para investimento) entre as empresas porque não tem como fazer os aportes com juros tão grandes.

Broadcast: O que se espera que o governo Lula faça se, em última instância, quem decide o juro básico é o Banco Central?

Menin: A grande discussão é como isso pode ser calibrado para garantir o futuro da economia. As empresas vão ter problemas sérios. Isso foi o mais discutido nos bastidores do encontro e também foi colocado para o ministro. É preciso pensar no todo, ter uma abordagem holística. Não pode só pensar em inflação e juros. Tem quem pensar também na situação das empresas, porque isso vai comprometer a economia brasileira por muitos anos. Então, a sociedade toda precisa ter o mesmo pensamento, estar alinhada.

Broadcast: Ao falar em alinhamento, o senhor se refere à necessidade de parar as brigas entre o governo Lula e o Banco Central?

Menin: Não só entendimento do governo com Banco Central, mas com Congresso, com as empresas, todos os agentes. É a sociedade como um todo mesmo. A discussão é boa, e o objetivo de ontem foi justamente essa troca de ideais e alinhamento.

Broadcast: Qual foi a posição do ministro diante dessa manifestação?

Menin: Ele ficou sensibilizado. Mas era um assunto que não estava sendo discutido. Só se falava em arcabouço fiscal e reforma tributária. Claro que sou favorável a tudo isso. Eu até acredito que vai ter algum aumento da carga (tributária) porque vai ser necessário tapar os buracos que a pandemia deixou.

Broadcast: Essa onda de empresas anunciando que irão chamar os credores para renegociar as dívidas também foi discutida?

Menin: Isso está sendo a consequência final do cenário que estamos vivendo. Tivemos juros altos em 2022, teremos em 2023 e em 2024. Serão três anos onsecutivos. Com juro alto por muito tempo, as empresas não resistem. Eu vejo aí três fatores como consequências: empresas entrando em dificuldades financeiras, perdendo a capacidade de investimento e com maior inadimplência no sistema financeiro.

Broadcast: É o que está acontecendo com a MRV?

Menin: Nosso trabalho foi justamente frear os investimentos, segurar a operação priorizar a priorizar o caixa.

Broadcast: A MRV está em vias de chamar credores para uma renegociação?

Menin: Que é isso, meu amigo? Não existe isso. Somos super organizados.

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Quem faz esse relato é o empresário Rubens Menin (principal acionista de MRV, Inter, Log e CNN Brasil). “Com juro alto por muito tempo, as empresa não resistem”, afirma, em entrevista à Coluna do Broadcast.

A principal consequência deste cenário, diz, é o aumento de casos de companhias em dificuldades financeiras, cortando investimentos e, em último caso, ficando inadimplentes perante o sistema financeiro. Esse conjunto de fatores vai impactar a economia por muitos anos ainda. “A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é”.

A própria MRV anunciou, dias atrás, que pisará no freio em 2023, com redução dos investimentos e prioridade à geração de caixa. Ele nega que haja conversa com credores para renegociação de dívidas. “Não existe isso”, ressalta.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Broadcast: O que foi falado no jantar entre os empresários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Rubens Menin: Falamos de temas relevantes, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e o compromisso do governo em não estourar as metas de gastos. Essa era a preocupação de todos, e o ministro deu o recado claro de que governo vai cumprir tudo isso.

Broadcast: E da parte dos empresários, qual a principal agenda?

Menin: O recado mais importante foi o seguinte: nós falamos que o Brasil tinha uma taxa de juros negativa há apenas dois anos. E as empresas fazem seus planos de investimento plurianuais considerando os juros. Hoje, a maior dificuldade que a gente passa é que houve uma subida de juros muito grande e num período muito curto. A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é benéfico porque os investimentos já estão em andamento. Eles ficarão cada vez mais custosos ou terão que ser cancelados. O que estamos vendo é um corte enorme de capex (jargão para investimento) entre as empresas porque não tem como fazer os aportes com juros tão grandes.

Broadcast: O que se espera que o governo Lula faça se, em última instância, quem decide o juro básico é o Banco Central?

Menin: A grande discussão é como isso pode ser calibrado para garantir o futuro da economia. As empresas vão ter problemas sérios. Isso foi o mais discutido nos bastidores do encontro e também foi colocado para o ministro. É preciso pensar no todo, ter uma abordagem holística. Não pode só pensar em inflação e juros. Tem quem pensar também na situação das empresas, porque isso vai comprometer a economia brasileira por muitos anos. Então, a sociedade toda precisa ter o mesmo pensamento, estar alinhada.

Broadcast: Ao falar em alinhamento, o senhor se refere à necessidade de parar as brigas entre o governo Lula e o Banco Central?

Menin: Não só entendimento do governo com Banco Central, mas com Congresso, com as empresas, todos os agentes. É a sociedade como um todo mesmo. A discussão é boa, e o objetivo de ontem foi justamente essa troca de ideais e alinhamento.

Broadcast: Qual foi a posição do ministro diante dessa manifestação?

Menin: Ele ficou sensibilizado. Mas era um assunto que não estava sendo discutido. Só se falava em arcabouço fiscal e reforma tributária. Claro que sou favorável a tudo isso. Eu até acredito que vai ter algum aumento da carga (tributária) porque vai ser necessário tapar os buracos que a pandemia deixou.

Broadcast: Essa onda de empresas anunciando que irão chamar os credores para renegociar as dívidas também foi discutida?

Menin: Isso está sendo a consequência final do cenário que estamos vivendo. Tivemos juros altos em 2022, teremos em 2023 e em 2024. Serão três anos onsecutivos. Com juro alto por muito tempo, as empresas não resistem. Eu vejo aí três fatores como consequências: empresas entrando em dificuldades financeiras, perdendo a capacidade de investimento e com maior inadimplência no sistema financeiro.

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Menin: Nosso trabalho foi justamente frear os investimentos, segurar a operação priorizar a priorizar o caixa.

Broadcast: A MRV está em vias de chamar credores para uma renegociação?

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A própria MRV anunciou, dias atrás, que pisará no freio em 2023, com redução dos investimentos e prioridade à geração de caixa. Ele nega que haja conversa com credores para renegociação de dívidas. “Não existe isso”, ressalta.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Broadcast: O que foi falado no jantar entre os empresários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Rubens Menin: Falamos de temas relevantes, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e o compromisso do governo em não estourar as metas de gastos. Essa era a preocupação de todos, e o ministro deu o recado claro de que governo vai cumprir tudo isso.

Broadcast: E da parte dos empresários, qual a principal agenda?

Menin: O recado mais importante foi o seguinte: nós falamos que o Brasil tinha uma taxa de juros negativa há apenas dois anos. E as empresas fazem seus planos de investimento plurianuais considerando os juros. Hoje, a maior dificuldade que a gente passa é que houve uma subida de juros muito grande e num período muito curto. A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é benéfico porque os investimentos já estão em andamento. Eles ficarão cada vez mais custosos ou terão que ser cancelados. O que estamos vendo é um corte enorme de capex (jargão para investimento) entre as empresas porque não tem como fazer os aportes com juros tão grandes.

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Menin: A grande discussão é como isso pode ser calibrado para garantir o futuro da economia. As empresas vão ter problemas sérios. Isso foi o mais discutido nos bastidores do encontro e também foi colocado para o ministro. É preciso pensar no todo, ter uma abordagem holística. Não pode só pensar em inflação e juros. Tem quem pensar também na situação das empresas, porque isso vai comprometer a economia brasileira por muitos anos. Então, a sociedade toda precisa ter o mesmo pensamento, estar alinhada.

Broadcast: Ao falar em alinhamento, o senhor se refere à necessidade de parar as brigas entre o governo Lula e o Banco Central?

Menin: Não só entendimento do governo com Banco Central, mas com Congresso, com as empresas, todos os agentes. É a sociedade como um todo mesmo. A discussão é boa, e o objetivo de ontem foi justamente essa troca de ideais e alinhamento.

Broadcast: Qual foi a posição do ministro diante dessa manifestação?

Menin: Ele ficou sensibilizado. Mas era um assunto que não estava sendo discutido. Só se falava em arcabouço fiscal e reforma tributária. Claro que sou favorável a tudo isso. Eu até acredito que vai ter algum aumento da carga (tributária) porque vai ser necessário tapar os buracos que a pandemia deixou.

Broadcast: Essa onda de empresas anunciando que irão chamar os credores para renegociar as dívidas também foi discutida?

Menin: Isso está sendo a consequência final do cenário que estamos vivendo. Tivemos juros altos em 2022, teremos em 2023 e em 2024. Serão três anos onsecutivos. Com juro alto por muito tempo, as empresas não resistem. Eu vejo aí três fatores como consequências: empresas entrando em dificuldades financeiras, perdendo a capacidade de investimento e com maior inadimplência no sistema financeiro.

Broadcast: É o que está acontecendo com a MRV?

Menin: Nosso trabalho foi justamente frear os investimentos, segurar a operação priorizar a priorizar o caixa.

Broadcast: A MRV está em vias de chamar credores para uma renegociação?

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 16/02/2023, às 17h59

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Rubens Menin é o principal acionista da construtora MRV, do banco Inter, da administradora de galpões Log e da emissora CNN. Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADAO

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Broadcast: O que foi falado no jantar entre os empresários e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Rubens Menin: Falamos de temas relevantes, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e o compromisso do governo em não estourar as metas de gastos. Essa era a preocupação de todos, e o ministro deu o recado claro de que governo vai cumprir tudo isso.

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Menin: O recado mais importante foi o seguinte: nós falamos que o Brasil tinha uma taxa de juros negativa há apenas dois anos. E as empresas fazem seus planos de investimento plurianuais considerando os juros. Hoje, a maior dificuldade que a gente passa é que houve uma subida de juros muito grande e num período muito curto. A subida de juros pode ser benéfica para combater a inflação, mas para as empresas não é benéfico porque os investimentos já estão em andamento. Eles ficarão cada vez mais custosos ou terão que ser cancelados. O que estamos vendo é um corte enorme de capex (jargão para investimento) entre as empresas porque não tem como fazer os aportes com juros tão grandes.

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Menin: A grande discussão é como isso pode ser calibrado para garantir o futuro da economia. As empresas vão ter problemas sérios. Isso foi o mais discutido nos bastidores do encontro e também foi colocado para o ministro. É preciso pensar no todo, ter uma abordagem holística. Não pode só pensar em inflação e juros. Tem quem pensar também na situação das empresas, porque isso vai comprometer a economia brasileira por muitos anos. Então, a sociedade toda precisa ter o mesmo pensamento, estar alinhada.

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Menin: Não só entendimento do governo com Banco Central, mas com Congresso, com as empresas, todos os agentes. É a sociedade como um todo mesmo. A discussão é boa, e o objetivo de ontem foi justamente essa troca de ideais e alinhamento.

Broadcast: Qual foi a posição do ministro diante dessa manifestação?

Menin: Ele ficou sensibilizado. Mas era um assunto que não estava sendo discutido. Só se falava em arcabouço fiscal e reforma tributária. Claro que sou favorável a tudo isso. Eu até acredito que vai ter algum aumento da carga (tributária) porque vai ser necessário tapar os buracos que a pandemia deixou.

Broadcast: Essa onda de empresas anunciando que irão chamar os credores para renegociar as dívidas também foi discutida?

Menin: Isso está sendo a consequência final do cenário que estamos vivendo. Tivemos juros altos em 2022, teremos em 2023 e em 2024. Serão três anos onsecutivos. Com juro alto por muito tempo, as empresas não resistem. Eu vejo aí três fatores como consequências: empresas entrando em dificuldades financeiras, perdendo a capacidade de investimento e com maior inadimplência no sistema financeiro.

Broadcast: É o que está acontecendo com a MRV?

Menin: Nosso trabalho foi justamente frear os investimentos, segurar a operação priorizar a priorizar o caixa.

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