Fortalecida pela entrada da Total Energies em seu bloco de controle, a Casa dos Ventos começa a alinhar sua atuação no segmento de novas energias, de olho em uma futura produção de hidrogênio (H2) e amônia verdes. Segundo o diretor-executivo da empresa, Lucas Araripe, a chegada do sócio trará novos conhecimentos sobre a produção de hidrogênio, que poderá ser vendido tanto no mercado internacional, quanto no Brasil, por meio dos canais da Total. "Eles têm protótipos de plantas de hidrogênio lá fora e podemos aprender com eles e começar a desenvolver (o produto)", disse ao Broadcast Energia.
No primeiro momento, porém, a prioridade da empresa será o desenvolvimento de projetos de energia renovável no continente (onshore), graças ao portfólio de 6,2 gigawatts (GW) em ativos de geração da Casa dos Ventos. Desse montante, 700 megawtts (MW) estão em operação e 1 GW em construção. Outros 4,5 GW encontram-se em estágio avançado de desenvolvimento.
Empresa vai desenvolver projetos de novas alternativas de energia
De acordo com Araripe, as primeiras experiências do grupo com as novas alternativas de energia devem ocorrer nessas usinas, entre 2025 e 2030. Até lá, a empresa pretende desenvolver os projetos e buscar o licenciamento para as unidades.
A empresa tem acompanhado de perto as discussões regulatórias sobre o tema, que envolvem certificação para que o hidrogênio seja considerado verde. "Queremos estar prontos quando esse mercado estiver bem desenvolvido", afirmou.
Sobre um possível desenvolvimento de usinas eólicas em alto mar (offshore), Araripe disse que esse tipo de projeto não é a prioridade da parceria no primeiro momento, uma vez que há grande potencial a ser explorado em terra firme, mas que não descarta evoluir para essa modalidade no futuro.
Chegada de sócio deve facilitar acesso a crédito de longo prazo
A Casa dos Ventos também acredita que terá facilidade no acesso a crédito de longo prazo com o novo sócio. Esse tipo de recurso é um fator relevante para projetos de geração renovável, especialmente na fonte eólica. A Total poderá fornecer garantias corporativas para melhorar as condições de financiamento, segundo Araripe.
Além disso, também há a expectativa de obtenção de ganhos na aquisição de equipamentos por meio do grupo francês, que negocia contratos para suas operações globais, e consegue redução de preços devido à grande quantidade de pedidos. "Podemos nos coordenar para comprar em acordos mais estruturados", afirmou.
O acordo poderá trazer para a Casa dos Ventos um contingente de grandes consumidores de energia que hoje negociam com a Total, tanto para acordos de compra e venda de energia de longo prazo (PPAs, da sigla em inglês), quanto na futura comercialização de hidrogênio e amônia verdes. "Como estão em muitos países, podem trazer empresas para assinar PPAs", disse.
Grupo francês adquiriu 34% da empresa de energia renovável
Na terça-feira, 25, o Estadão/Broadcast antecipou que o grupo francês chegou a um acordo para comprar 34% da empresa de geração de energia renovável fundada por Mário Araripe, pai de Lucas Araripe, por R$ 2,9 bilhões (US$ 550 milhões), e pagará até R$ 159 milhões na conclusão da operação que acontecerá após aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A avaliação é esperada para acontecer em dezembro. O acordo prevê, ainda, a aquisição de uma participação adicional de 15% após cinco anos.
Em comunicado divulgado na quarta-feira para confirmar o acordo, as empresas informaram que a parceria vai potencializar o crescimento e os investimentos na geração de energia limpa no Brasil.
Para a Casa dos Ventos, o ingresso do novo sócio vai ajudar os planos de triplicar sua capacidade de geração até 2024 e alcançar 6 GW de capacidade instalada até 2026. Já a Total Energies tem como meta passar dos atuais 16 GW para 100 GW de capacidade de geração de energia com fontes renováveis até 2030.
Esta nota foi publicada no Broadcast Energia no dia 26/10/2022, às 17h33
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