Criada por um ex-executivo da Pirelli numa pequena sala de uma lavanderia, no início dos anos 1990, a consultoria brasileira de inovação Pieracciani compete hoje com as “big four” (PwC, EY, Deloitte e KPMG) na área de inovação corporativa. A empresa alcançou um novo patamar recentemente com o embalo dado pelo salto no volume de recursos públicos que jorrou para a área nos últimos anos.
A consultoria cresceu quatro vezes nos últimos cinco anos e caminha para faturar cerca de R$ 40 milhões em 2024. Passou de 15 funcionários, em 2018, para quase uma centena hoje. Também passou a atuar no exterior, com escritórios na Europa e contratos na América do Sul.
No rol de clientes estão nomes como Michelin, Ambev e Renault, além de projetos simbólicos, como o que ajudou a Embraer a se lançar no novo mercado dos “carros voadores”. A iniciativa deu origem à Eve, empresa criada pela fabricante de aviões brasileira e hoje avaliada em cerca de R$ 1 bilhão na Bolsa de Nova York.
Financiamento para inovar cresce 30% ao ano
O avanço da Pieracciani acompanhou o impulso das políticas ao setor. Segundo a consultoria, os recursos públicos disponíveis para inovação cresceram em média 30% anualmente nos últimos cinco anos. Hoje, há 37 alternativas de financiamento disponível para a área.
“Em 40 anos, nunca vi tanto recurso para projetos como tem hoje”, afirma o sócio fundador Valter Pieracciani. O executivo acumula experiências nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em empresas e passagens no setor público, como no comando da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Um dos principais instrumentos de incentivo, a Lei do Bem, foi de apenas 130 empresas beneficiadas em 2006 para quase 4.000 em 2022. O empurrão dos recursos públicos, num total de R$ 7 bilhões em renúncias, gerou R$ 35 bilhões em investimentos por parte das empresas, calcula o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O instrumento é um dos poucos elogiados até por economistas mais críticos sobre a gestão fiscal.
Nova política industrial dá reforço
O orçamento para a área deve ganhar reforço com a nova política industrial, lançada pelo governo federal este ano, com previsão de quase R$ 4 bilhões para inovação. Com a ampliação dos recursos, o desafio é fazer a cultura de inovação chegar às empresas menores, um tema visto como oportunidade para a consultoria.
“O empresário médio brasileiro, que mais precisa desses recursos, é cético em termos desses incentivos. É o que mais precisa e o que menos usa”, diz Pieracciani. O universo potencial de beneficiários é de 190 mil empresas que estão enquadradas no regime tributário de lucro real e poderiam usufruir pelo menos da Lei do Bem.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 09/05/24, às 12h23
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