Os credores que detém mais de R$ 3 bilhões em títulos emitidos no exterior pela InterCement estão se organizando para pressionar sua controladora, a Mover (ex-Camargo Correa), a tornar as negociações de dívida e a venda da cimenteira mais transparentes. O grupo já obteve na justiça norte-americana uma ordem para que sejam abertas informações contábeis e operacionais do Grupo InterCement. Também está se estruturando para dar maior publicidade à situação em que se encontram.
Mais adiante, consideram levar à Justiça no exterior outros questionamentos, como a posição do Bradesco como credor e acionista da InterCement - em resultado de um dos empréstimos concedidos.
A Coluna apurou que esse grupo está bastante descontente com a forma com a qual a Mover, controladora da InterCement, os isolou no último ano e meio, quando a situação financeira da cimenteira se agravou.
O desfecho mais recente veio em meados de setembro com o ajuizamento de um pedido de recuperação extrajudicial, que desenha um plano de pagamento a esses credores com perdas de cerca de 60% em relação aos seus créditos. Houve adesão dos bancos e com isso a InterCement obteve quórum necessário para ter o plano homologado pela Justiça.
No entanto, para que o plano pare em pé é preciso fechar a venda da InterCement com a CSN, com a qual negocia há meses.
Maior parte da dívida é com empresas do grupo e com bancos
A InterCement tem R$ 22 bilhões em dívidas, das quais R$ 12 bilhões são mútuos entre as empresas do grupo. Bradesco, Itaú e Banco do Brasil tem R$ 5,9 bilhões a receber da companhia. A Mover negocia há meses a venda das operações da InterCement no Brasil e Argentina a CSN. A siderúrgica teria oferecido R$ 10 bilhões, grande parte por meio de rolagem de dívida.
Procurado, o Bradesco não comentou. A InterCement e a Mover afirmaram que o plano de recuperação extrajudicial proposto oferece tratamento “equilibrado e adequado para cada categoria de credores.” Segundo as empresas, uma evidência disso foi a aprovação por credores que respondem por mais de um terço da dívida da empresa. “Todos os credores - bancos e bondholders - recebem tratamento isonômico, de acordo com as características de seus respectivos créditos.”
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 25/10/2024, às 16:57.
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