O GetNinjas, aplicativo que conecta clientes a prestadores de serviços, é alvo de uma oferta hostil, dois anos após chegar à Bolsa e ver suas ações despencarem mais de 70% no mesmo período. Na semana passada, a companhia foi surpreendida por um comunicado do Reag Alpha Fundo de Investimento Multimercado de que havia alcançado uma participação de 25% em sua composição acionária.
A fatia foi atingida em menos de um mês e disparou a chamada “poison pill”, o que levará a Reag a ficar com todas as ações em circulação da empresa e fechar seu capital. A gestora já informou, por meio de comunicado, que vai convocar assembleia de acionistas para destituir e eleger um novo conselho de administração.
Além da Reag, tornaram-se grandes acionistas as gestoras ARC Capital e Wealth High Governance, ambas com 17%. O segundo maior acionista da GetNinjas, com participação de 20%, é Eduardo L’Hottelier, seu fundador, atual presidente e vice-presidente do Conselho de Administração, que corre o risco de ver seu próprio futuro alterado.
Com um caixa gordo, de R$ 270 milhões, e ações valendo em conjunto menos da metade de seu patrimônio, a GetNinjas virou alvo dos fundos. Não se sabe quem está por trás do Reag Alpha Fundo de Investimento Multimercado, já que pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os fundos não são obrigados a abrir os nomes de seus cotistas.
No mercado, comenta-se, entretanto, que o investidor Nelson Tanure poderia estar de olho na empresa. Procurado, ele não comentou. O empresário tem se aproximado de companhias em dificuldades no mercado, como o caso da Light, que está em recuperação judicial.
Assembleia de acionistas no dia 23 deve deixar situação mais clara
A GetNinjas questionou a Reag e os fundos se os três teriam interesses comuns na movimentação e a resposta vinda da Reag é que não há qualquer ligação. Mas isso pode ficar mais claro, acrescentam observadores, caso os três fundos votem alinhados em assembleia de acionistas, prevista para 23 de outubro.
Na pauta está uma devolução aos acionistas de R$ 4,40 por ação do caixa da empresa. A Reag se manifestou contra tal devolução, afirmando que pretende utilizar os recursos para fazer aquisições e consolidar a plataforma em um ecossistema composto por serviço de crédito, seguro e gestão condominial.
A devolução somada à oferta de compra das ações, colocaria nas mãos dos acionistas da GetNinjas um montante superior ao valor mínimo da “poison pill”, de R$ 4,52, considerando a média dos 30 pregões anteriores a 11 de outubro. Foi nessa data que Reag superou os 25% de participação, acionando a “poison pill”. No dia 13, a Reag já tinha 29%.
A GetNinjas, segundo uma fonte, desconhece tal projeto. “Se há um plano de expansão da empresa, seu ‘management’ deveria participar de tais discussões”, diz a fonte.
Empresa teve forte queda em seu valor de mercado desde IPO
A GetNinjas faz parte do grupo de empresas que foram levadas à Bolsa enquanto a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, estava em 2%, atraindo um grande número de investidores, muitos pessoas físicas, para a Bolsa. Do outro lado, estavam empresas nascentes, bancos de investimento e um forte discurso do mundo digital.
Na amarga trajetória da Bolsa dos últimos dois anos, a GetNinjas viu seu valor de mercado despencar de R$ 1 bilhão no IPO para R$ 186 milhões no segundo trimestre deste ano.
Em meio à desaceleração econômica, a companhia não conseguiu tirar da planilha boa parte do que havia planejado para o futuro. Atualmente, suas ações são negociadas a um valor que somado é inferior ao seu valor de caixa. Seu resultado operacional tem sido negativo.
Procurados, GetNinjas e Reag reiteraram informações divulgadas por meio de comunicados ao mercado.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 16/10/23, às 16h02.
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