Bastidores do mundo dos negócios

E-mails sugerem interação frequente de nome do trio de acionistas e ex-CEO da Americanas


Gutierrez é apontado pelo trio como responsável por fraude que causou rombo de R$ 20 bilhões

Por Talita Nascimento
Em depoimento à Polícia Federal em 28 de junho, presidente do Conselho de Administração da rede varejista, Eduardo Saggioro, disse que se reunia com Gutierrez em “cinco reuniões anuais de Conselho e em contatos pontuais" Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

E-mails trocados entre o presidente do Conselho de Administração da Americanas, Eduardo Saggioro, e a diretoria indicam interações e reuniões frequentes do representante do colegiado com a cúpula da gestão, entre os quais o ex-CEO Miguel Gutierrez. As mensagens também sugerem participação em temas estratégicos. Saggioro foi indicado pelo trio de acionistas de referência (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) para o Conselho de Administração e eleito como presidente do colegiado em outubro de 2020. Ele foi reeleito em maio deste ano. Gutierrez tem sido apontado pela empresa e pelo trio de acionistas como um dos responsáveis pela fraude que levou ao rombo de R$ 20 bilhões na empresa.

Em depoimento à Polícia Federal do dia 28 de junho, ao qual a Coluna teve acesso, Saggioro disse que se reunia com Gutierrez em “cinco reuniões anuais de Conselho e em contatos pontuais”. As trocas de e-mails obtidas pela reportagem indicam ao menos oito reuniões ao longo de 2022 e nove em 2021 de um Comitê de Estratégia e Comunicação, no qual eram discutidas questões importantes do negócio.

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Nos e-mails enviados por Saggioro à diretoria da Americanas, também está copiado Carlos Alberto Sicupira. Segundo fontes, as reuniões desse comitê ocorriam por videoconferência e teriam se intensificado após a fusão da B2W, operação digital, com a Lojas Americanas, varejo físico, em 2021.

Em depoimento, relatos de reuniões quinzenais

Os e-mails se referem a “pontos para FUP (follow up)” de determinada reunião do comitê em questão. Há ainda, em 27 de dezembro de 2021, 2 de fevereiro de 2022 e 19 de abril do mesmo ano, referências de Saggioro a reuniões quinzenais: “Boa noite! Desculpem a demora, seguem abaixo os pontos que anotei da nossa última reunião quinzenal”, inicia o presidente do Conselho, no e-mail de dezembro de 2021, referindo-se, a uma reunião realizada em 15 de dezembro daquele ano. Ao fim desse e-mail, ele confirma mais um encontro naquele mês: “Temos reunião agendada para esta 4ªf. Ok para todos mantermos?” (SIC)

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Em manifestação por escrito no processo movido pelo banco Bradesco que pede a produção antecipada de provas contra membros da diretoria e do Conselho de Administração da varejista, Gutierrez já havia dito que “a ingerência dos controladores da Americanas nas finanças das companhias de seu portfólio é, de mais a mais, fato notório, mencionado, inclusive, no famoso livro que conta sua trajetória empresarial. Para dar um exemplo específico referente às Americanas, as vendas da companhia eram acompanhadas diariamente pelo Sr. Carlos Alberto Sicupira”. Fontes ligadas ao trio, porém, argumentam que interações que mostram o interesse do Conselho de Administração e dos acionistas nos assuntos da companhia não podem ser tratadas como “ingerência”, mas sim como uma atuação responsável.

Gutierrez menciona ainda que, durante o segundo semestre de 2022, teve conhecimento de interações diretas entre o então diretor financeiro da Americanas, Marcelo Nunes, com membros do comitê financeiro, incluindo Paulo Lemann, e com funcionários da LTS (holding dos acionistas de referência).

Reuniões teriam tratado de queda de preço de ações

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Os e-mails aos quais a Coluna teve acesso sugerem que, nas reuniões do “Comitê de Estratégia e Comunicação”, eram discutidos com frequência assuntos importantes para a companhia. São tratadas ali, por exemplo, a discussão sobre a compra do Hortifruti Natural da Terra, com propostas e contrapropostas; a visão do mercado sobre a empresa, no sentido de encontrar justificativas para a queda de 54,81% do preço das ações da companhia no ano de 2022 até o mês de junho; estratégias de “otimização tributária”; além de contratações e treinamentos de executivos.

Além de detalhes sobre a contratação de Sergio Rial para o cargo de CEO da companhia em substituição a Gutierrez, Saggioro ainda relatou à PF como teria sido informado sobre os problemas no balanço da companhia. Segundo o depoimento, Saggioro teria tido um primeiro indício de dívida maior que o reportado nos números oficiais no dia 4 de janeiro de 2023, por meio de contato telefônico de Rial. O assunto teria sido tratado mais a fundo em reunião do dia 6 de janeiro, mas houve explicações “evasivas” de Marcelo Nunes sobre o assunto. Depois de reunião do Conselho no dia 11 de janeiro, ainda segundo o depoimento de Saggioro, foi tomada a decisão de publicar o fato relevante que trouxe a público o escândalo.

Os advogados do Presidente do Conselho de Administração, Eduardo Saggioro, afirmam em nota que “seu cliente sempre atuou com diligência e com o máximo de zelo e ética sobre a Companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável”. A Americanas, por sua vez, afirma em nota “que seus órgãos sociais atuam de acordo com as melhores práticas de governança do mercado. É boa prática que temas estratégicos sejam acompanhados pelos membros do Conselho de Administração e Comitês, como é o caso dos e-mails citados, que tratavam do acompanhamento de temas do Comitê de Estratégia e Comunicação”. Procurada, a defesa de Miguel Gutierrez preferiu não comentar o assunto.

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 27/09/23, às 17h53.

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Em depoimento à Polícia Federal em 28 de junho, presidente do Conselho de Administração da rede varejista, Eduardo Saggioro, disse que se reunia com Gutierrez em “cinco reuniões anuais de Conselho e em contatos pontuais" Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

E-mails trocados entre o presidente do Conselho de Administração da Americanas, Eduardo Saggioro, e a diretoria indicam interações e reuniões frequentes do representante do colegiado com a cúpula da gestão, entre os quais o ex-CEO Miguel Gutierrez. As mensagens também sugerem participação em temas estratégicos. Saggioro foi indicado pelo trio de acionistas de referência (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) para o Conselho de Administração e eleito como presidente do colegiado em outubro de 2020. Ele foi reeleito em maio deste ano. Gutierrez tem sido apontado pela empresa e pelo trio de acionistas como um dos responsáveis pela fraude que levou ao rombo de R$ 20 bilhões na empresa.

Em depoimento à Polícia Federal do dia 28 de junho, ao qual a Coluna teve acesso, Saggioro disse que se reunia com Gutierrez em “cinco reuniões anuais de Conselho e em contatos pontuais”. As trocas de e-mails obtidas pela reportagem indicam ao menos oito reuniões ao longo de 2022 e nove em 2021 de um Comitê de Estratégia e Comunicação, no qual eram discutidas questões importantes do negócio.

Nos e-mails enviados por Saggioro à diretoria da Americanas, também está copiado Carlos Alberto Sicupira. Segundo fontes, as reuniões desse comitê ocorriam por videoconferência e teriam se intensificado após a fusão da B2W, operação digital, com a Lojas Americanas, varejo físico, em 2021.

Em depoimento, relatos de reuniões quinzenais

Os e-mails se referem a “pontos para FUP (follow up)” de determinada reunião do comitê em questão. Há ainda, em 27 de dezembro de 2021, 2 de fevereiro de 2022 e 19 de abril do mesmo ano, referências de Saggioro a reuniões quinzenais: “Boa noite! Desculpem a demora, seguem abaixo os pontos que anotei da nossa última reunião quinzenal”, inicia o presidente do Conselho, no e-mail de dezembro de 2021, referindo-se, a uma reunião realizada em 15 de dezembro daquele ano. Ao fim desse e-mail, ele confirma mais um encontro naquele mês: “Temos reunião agendada para esta 4ªf. Ok para todos mantermos?” (SIC)

Em manifestação por escrito no processo movido pelo banco Bradesco que pede a produção antecipada de provas contra membros da diretoria e do Conselho de Administração da varejista, Gutierrez já havia dito que “a ingerência dos controladores da Americanas nas finanças das companhias de seu portfólio é, de mais a mais, fato notório, mencionado, inclusive, no famoso livro que conta sua trajetória empresarial. Para dar um exemplo específico referente às Americanas, as vendas da companhia eram acompanhadas diariamente pelo Sr. Carlos Alberto Sicupira”. Fontes ligadas ao trio, porém, argumentam que interações que mostram o interesse do Conselho de Administração e dos acionistas nos assuntos da companhia não podem ser tratadas como “ingerência”, mas sim como uma atuação responsável.

Gutierrez menciona ainda que, durante o segundo semestre de 2022, teve conhecimento de interações diretas entre o então diretor financeiro da Americanas, Marcelo Nunes, com membros do comitê financeiro, incluindo Paulo Lemann, e com funcionários da LTS (holding dos acionistas de referência).

Reuniões teriam tratado de queda de preço de ações

Os e-mails aos quais a Coluna teve acesso sugerem que, nas reuniões do “Comitê de Estratégia e Comunicação”, eram discutidos com frequência assuntos importantes para a companhia. São tratadas ali, por exemplo, a discussão sobre a compra do Hortifruti Natural da Terra, com propostas e contrapropostas; a visão do mercado sobre a empresa, no sentido de encontrar justificativas para a queda de 54,81% do preço das ações da companhia no ano de 2022 até o mês de junho; estratégias de “otimização tributária”; além de contratações e treinamentos de executivos.

Além de detalhes sobre a contratação de Sergio Rial para o cargo de CEO da companhia em substituição a Gutierrez, Saggioro ainda relatou à PF como teria sido informado sobre os problemas no balanço da companhia. Segundo o depoimento, Saggioro teria tido um primeiro indício de dívida maior que o reportado nos números oficiais no dia 4 de janeiro de 2023, por meio de contato telefônico de Rial. O assunto teria sido tratado mais a fundo em reunião do dia 6 de janeiro, mas houve explicações “evasivas” de Marcelo Nunes sobre o assunto. Depois de reunião do Conselho no dia 11 de janeiro, ainda segundo o depoimento de Saggioro, foi tomada a decisão de publicar o fato relevante que trouxe a público o escândalo.

Os advogados do Presidente do Conselho de Administração, Eduardo Saggioro, afirmam em nota que “seu cliente sempre atuou com diligência e com o máximo de zelo e ética sobre a Companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável”. A Americanas, por sua vez, afirma em nota “que seus órgãos sociais atuam de acordo com as melhores práticas de governança do mercado. É boa prática que temas estratégicos sejam acompanhados pelos membros do Conselho de Administração e Comitês, como é o caso dos e-mails citados, que tratavam do acompanhamento de temas do Comitê de Estratégia e Comunicação”. Procurada, a defesa de Miguel Gutierrez preferiu não comentar o assunto.

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E-mails trocados entre o presidente do Conselho de Administração da Americanas, Eduardo Saggioro, e a diretoria indicam interações e reuniões frequentes do representante do colegiado com a cúpula da gestão, entre os quais o ex-CEO Miguel Gutierrez. As mensagens também sugerem participação em temas estratégicos. Saggioro foi indicado pelo trio de acionistas de referência (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) para o Conselho de Administração e eleito como presidente do colegiado em outubro de 2020. Ele foi reeleito em maio deste ano. Gutierrez tem sido apontado pela empresa e pelo trio de acionistas como um dos responsáveis pela fraude que levou ao rombo de R$ 20 bilhões na empresa.

Em depoimento à Polícia Federal do dia 28 de junho, ao qual a Coluna teve acesso, Saggioro disse que se reunia com Gutierrez em “cinco reuniões anuais de Conselho e em contatos pontuais”. As trocas de e-mails obtidas pela reportagem indicam ao menos oito reuniões ao longo de 2022 e nove em 2021 de um Comitê de Estratégia e Comunicação, no qual eram discutidas questões importantes do negócio.

Nos e-mails enviados por Saggioro à diretoria da Americanas, também está copiado Carlos Alberto Sicupira. Segundo fontes, as reuniões desse comitê ocorriam por videoconferência e teriam se intensificado após a fusão da B2W, operação digital, com a Lojas Americanas, varejo físico, em 2021.

Em depoimento, relatos de reuniões quinzenais

Os e-mails se referem a “pontos para FUP (follow up)” de determinada reunião do comitê em questão. Há ainda, em 27 de dezembro de 2021, 2 de fevereiro de 2022 e 19 de abril do mesmo ano, referências de Saggioro a reuniões quinzenais: “Boa noite! Desculpem a demora, seguem abaixo os pontos que anotei da nossa última reunião quinzenal”, inicia o presidente do Conselho, no e-mail de dezembro de 2021, referindo-se, a uma reunião realizada em 15 de dezembro daquele ano. Ao fim desse e-mail, ele confirma mais um encontro naquele mês: “Temos reunião agendada para esta 4ªf. Ok para todos mantermos?” (SIC)

Em manifestação por escrito no processo movido pelo banco Bradesco que pede a produção antecipada de provas contra membros da diretoria e do Conselho de Administração da varejista, Gutierrez já havia dito que “a ingerência dos controladores da Americanas nas finanças das companhias de seu portfólio é, de mais a mais, fato notório, mencionado, inclusive, no famoso livro que conta sua trajetória empresarial. Para dar um exemplo específico referente às Americanas, as vendas da companhia eram acompanhadas diariamente pelo Sr. Carlos Alberto Sicupira”. Fontes ligadas ao trio, porém, argumentam que interações que mostram o interesse do Conselho de Administração e dos acionistas nos assuntos da companhia não podem ser tratadas como “ingerência”, mas sim como uma atuação responsável.

Gutierrez menciona ainda que, durante o segundo semestre de 2022, teve conhecimento de interações diretas entre o então diretor financeiro da Americanas, Marcelo Nunes, com membros do comitê financeiro, incluindo Paulo Lemann, e com funcionários da LTS (holding dos acionistas de referência).

Reuniões teriam tratado de queda de preço de ações

Os e-mails aos quais a Coluna teve acesso sugerem que, nas reuniões do “Comitê de Estratégia e Comunicação”, eram discutidos com frequência assuntos importantes para a companhia. São tratadas ali, por exemplo, a discussão sobre a compra do Hortifruti Natural da Terra, com propostas e contrapropostas; a visão do mercado sobre a empresa, no sentido de encontrar justificativas para a queda de 54,81% do preço das ações da companhia no ano de 2022 até o mês de junho; estratégias de “otimização tributária”; além de contratações e treinamentos de executivos.

Além de detalhes sobre a contratação de Sergio Rial para o cargo de CEO da companhia em substituição a Gutierrez, Saggioro ainda relatou à PF como teria sido informado sobre os problemas no balanço da companhia. Segundo o depoimento, Saggioro teria tido um primeiro indício de dívida maior que o reportado nos números oficiais no dia 4 de janeiro de 2023, por meio de contato telefônico de Rial. O assunto teria sido tratado mais a fundo em reunião do dia 6 de janeiro, mas houve explicações “evasivas” de Marcelo Nunes sobre o assunto. Depois de reunião do Conselho no dia 11 de janeiro, ainda segundo o depoimento de Saggioro, foi tomada a decisão de publicar o fato relevante que trouxe a público o escândalo.

Os advogados do Presidente do Conselho de Administração, Eduardo Saggioro, afirmam em nota que “seu cliente sempre atuou com diligência e com o máximo de zelo e ética sobre a Companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável”. A Americanas, por sua vez, afirma em nota “que seus órgãos sociais atuam de acordo com as melhores práticas de governança do mercado. É boa prática que temas estratégicos sejam acompanhados pelos membros do Conselho de Administração e Comitês, como é o caso dos e-mails citados, que tratavam do acompanhamento de temas do Comitê de Estratégia e Comunicação”. Procurada, a defesa de Miguel Gutierrez preferiu não comentar o assunto.

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Além de detalhes sobre a contratação de Sergio Rial para o cargo de CEO da companhia em substituição a Gutierrez, Saggioro ainda relatou à PF como teria sido informado sobre os problemas no balanço da companhia. Segundo o depoimento, Saggioro teria tido um primeiro indício de dívida maior que o reportado nos números oficiais no dia 4 de janeiro de 2023, por meio de contato telefônico de Rial. O assunto teria sido tratado mais a fundo em reunião do dia 6 de janeiro, mas houve explicações “evasivas” de Marcelo Nunes sobre o assunto. Depois de reunião do Conselho no dia 11 de janeiro, ainda segundo o depoimento de Saggioro, foi tomada a decisão de publicar o fato relevante que trouxe a público o escândalo.

Os advogados do Presidente do Conselho de Administração, Eduardo Saggioro, afirmam em nota que “seu cliente sempre atuou com diligência e com o máximo de zelo e ética sobre a Companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável”. A Americanas, por sua vez, afirma em nota “que seus órgãos sociais atuam de acordo com as melhores práticas de governança do mercado. É boa prática que temas estratégicos sejam acompanhados pelos membros do Conselho de Administração e Comitês, como é o caso dos e-mails citados, que tratavam do acompanhamento de temas do Comitê de Estratégia e Comunicação”. Procurada, a defesa de Miguel Gutierrez preferiu não comentar o assunto.

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