Um dia depois de receber um ofício do Ministério de Minas e Energia pedindo novamente a suspensão do Programa de Demissão Voluntária (PDV) da companhia, a Eletrobras deu início na quinta-feira de forma mais abrangente, aos desligamentos de seu segundo PDV, que recebeu a adesão de cerca de 1.475 empregados, disseram fontes ligadas à companhia ao Broadcast Energia. Nesta sexta-feira, a empresa confimou o desligamento de 353 empregados em 31 de agosto, que se somaram a mais 87 em junho e em julho, totalizando 440 desligamentos, representando 30% dos 1.473 inscritos no plano.
As inscrições para esse PDV foram encerradas em julho, quando foram antecipados 89 desligamentos, segundo informou a companhia durante apresentação nos resultados do segundo trimestre.
Agora, segundo as fontes, a companhia deu início aos desligamentos de forma mais “significativa”, especialmente de funcionários de áreas administrativas e consideradas “não operacionais”, onde ao longo dos últimos anos a gestão da companhia fez uma otimização de estruturas, como a criação do Centro de Serviços Compartilhados (CSC).
Desligamentos em manutenção de usinas e linhas devem ser adiados
A promessa é que os desligamentos de áreas consideradas “mais sensíveis”, relacionadas à operação e manutenção de usinas e linhas de transmissão, ocorram apenas a partir do ano que vem, dando tempo para que novos profissionais contratados ou em fase de contratação sejam devidamente treinados. A empresa anunciou, no início de julho, que iria contratar 369 profissionais nas subsidiárias Eletrobras CGT Eletrosul (139), Furnas (73) e Chesf (157) para áreas operacionais - de manutenção e operação.
A empresa se comprometeu a realizar as demissões levando em conta a estrutura, o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a dinâmica do quadro de pessoal e o compromisso com a segurança das pessoas e operações. Essas preocupações já levaram a empresa a anunciar a postergação do cronograma de saídas do 1º PDV, lançado no ano passado e que recebeu a adesão de aproximadamente 2,5 mil funcionários. A curva de desligamentos foi suavizada em relação ao planejamento diante do registro de atos de vandalismo no início do ano em diversas linhas de transmissão do País, algumas das quais são ativos da Eletrobras. Os desligamentos estavam inicialmente previstos para serem concluídos em maio passado, o que só deve ocorrer no fim deste ano. A maior parte, no entanto, já foi feita.
Ministério de Minas e Energia se preocupa com manutenção após apagão
A preocupação com a manutenção de um serviço adequado foi o motivo apontado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para solicitar que a Eletrobras suspendesse o PDV. A companhia responde por quase 40% do sistema de transmissão nacional, por isso a pasta destacava que a correta operação das linhas da empresa é “primordial para a confiabilidade do suprimento de energia elétrica” no País. A pasta pedia a suspensão dos PDVs enquanto pudesse examinar o plano de ação da companhia para garantir a continuidade do serviço e o plano de investimentos para os próximos anos, considerando a redução da força de trabalho da empresa.
No ofício encaminhado na última quarta-feira, o MME disse que não tinha recebido os planos solicitados anteriormente. Também fez referência ao apagão registrado no último dia 15, que teria como “evento originário”, ou “evento zero”, uma ocorrência em linha operada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras. A conexão feita entre o PDV e o apagão pelo MME desagradou a administração da Eletrobras, informaram fontes, tendo em vista que, embora o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tenha indicado, em análise preliminar, o desligamento da linha da Chesf como “evento zero”, também já apontou que a ocorrência, por si só, não causaria o impacto registrado - com a interrupção de cerca de um terço da energia que estava sendo fornecida ao País.
Na sexta-feira da semana passada, o Operador informou que aparelhos reguladores de tensão de usinas geradoras instaladas em área próxima da linha não atuaram conforme o esperado, ampliando os efeitos da perturbação no sistema.
Meta da empresa é reduzir quadro a 7,2 mil funcionários
A Eletrobras planeja chegar ao fim de 2023 com um quadro de funcionários de 7.727 funcionários, ante o quadro de 8.438 profissionais que mantinha ao fim de junho. A meta é chegar a 7.250 empregados ao fim de dezembro de 2024. Segundo a empresa, a economia anual esperada com o primeiro PDV é da ordem de R$ 1,2 bilhão, enquanto o segundo PDV deve proporcionar economia de R$ 688 milhões por ano.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 01/09/23, às 11h27.
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