Bastidores do mundo dos negócios

Elie Horn entra em cena e ajuda a levar fintech da Cyrela da perda ao lucro


CashMe passou por reorganização sob as diretrizes do fundador do grupo

Por Circe Bonatelli
'O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes', diz Juliano Bello, presidente da CashMe Foto: Werther Santana/Estadão - 27/06/2024

A CashMe, fintech da Cyrela, passou por uma reorganização sob as diretrizes do fundador e presidente do conselho do grupo, o empresário Elie Horn. A decisão foi tomada após a startup crescer demais, queimar muito caixa e entrar no vermelho - algo incomum no histórico de negócios da companhia. Portanto, era a hora de reformar.

A CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela, com empréstimos para aquisição da casa própria e, principalmente, crédito pessoal com garantia de imóvel, o chamado home equity. Com o passar dos anos, a fintech diversificou seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras - como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de FGTS - que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.

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O número de funcionários também deu um salto, passando de 100 pessoas para 400 nos idos de 2021 e 2022, a fim de dar suporte à diversificação. Mas o retorno não veio conforme esperado, e o prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões.

Pressão para crescer

“Havia uma pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, conta o presidente da CashMe, Juliano Bello. O executivo está há 18 anos no grupo, onde começou como trainee e mais tarde chegou a diretor e líder do time de inovação, numa época em que certas startups viraram gigantes nos seus setores, como QuintoAndar e Nubank, por exemplo.

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Nessa ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte. E, claro, sem a mesma competitividade, nem o mesmo retorno. Foi então que o fundador do grupo mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes. Ele é um cara muito sábio”, reconhece Bello.

O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.

Venda não é objetivo

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O segundo ponto é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la, isto é, com vistas a atrair sócios ou abrir capital, tal qual aconteceu com os outros negócios do grupo. O importante é dar lucro, estabelecer uma cultura própria e não só agradar investidores. A chegada de um sócio deve ser vista como uma consequência natural, de acordo com oportunidades de mercado, diz Bello, citando os mantras repassados pelo fundador.

Curioso que Horn é um dos empresários que mais levou empresas à Bolsa. Foram seis ao todo: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, nas quais a Cyrela é investidora; e a Brasil Agro, de propriedades agrícolas, um investimento pessoal.

A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado foi cortado do portfólio, e o consórcio deixou de ser feito por conta própria, passando para uma plataforma conjunta com a Rodobens, especialista no ramo. A operação passou a se concentrar no home equity, no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios.

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Enxugamento

Também foram reduzidas as despesas para aquisição de clientes via canais digitais - algo que custava caro. Em vez disso, o foco mudou para parcerias com agentes autônomos cadastrados em plataformas de XP e BTG Pactual. Nessa reestruturação, a CashMe cortou cerca de 100 dos 400 funcionários, incluindo algumas lideranças. “Foi um momento duro para a empresa”, relembra Bello, que assumiu o posto após a saída do presidente anterior, Alexandre Rappaport (ex-Bradesco Cartões, American Express e Livelo, atual diretor geral da Ticket).

Mas as mudanças surtiram efeito, ressalta o atual presidente. “Conseguimos focar nos produtos certos, nos diferenciar dos bancos, gerar valor para o cliente e ter rentabilidade”, conta. A projeção para os próximos três anos é de crescer e consolidar sua atuação no segmento definido, sem ir para novos produtos financeiros. Tampouco estão previstas injeções de capital. A ordem é crescer com a própria geração de caixa e com a securitização de recebíveis.

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A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. “Esses resultados vão começar a aparecer nos próximos balanços da Cyrela de forma mais clara”, estima Bello. Para este ano, o retorno sobre o capital (ROE, na sigla em inglês) deve ficar “bem acima” do CDI, segundo ele.

Neta

Hoje em dia, Horn vai uma vez por mês à sede da CashMe e costuma dizer aos funcionários que a fintech é como sua “neta”. A “filha”, óbvio, é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn, em entrevista. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma cash cow (geradora de caixa)”.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 26/07/24, às 17h47.

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'O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes', diz Juliano Bello, presidente da CashMe Foto: Werther Santana/Estadão - 27/06/2024

A CashMe, fintech da Cyrela, passou por uma reorganização sob as diretrizes do fundador e presidente do conselho do grupo, o empresário Elie Horn. A decisão foi tomada após a startup crescer demais, queimar muito caixa e entrar no vermelho - algo incomum no histórico de negócios da companhia. Portanto, era a hora de reformar.

A CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela, com empréstimos para aquisição da casa própria e, principalmente, crédito pessoal com garantia de imóvel, o chamado home equity. Com o passar dos anos, a fintech diversificou seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras - como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de FGTS - que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.

O número de funcionários também deu um salto, passando de 100 pessoas para 400 nos idos de 2021 e 2022, a fim de dar suporte à diversificação. Mas o retorno não veio conforme esperado, e o prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões.

Pressão para crescer

“Havia uma pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, conta o presidente da CashMe, Juliano Bello. O executivo está há 18 anos no grupo, onde começou como trainee e mais tarde chegou a diretor e líder do time de inovação, numa época em que certas startups viraram gigantes nos seus setores, como QuintoAndar e Nubank, por exemplo.

Nessa ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte. E, claro, sem a mesma competitividade, nem o mesmo retorno. Foi então que o fundador do grupo mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes. Ele é um cara muito sábio”, reconhece Bello.

O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.

Venda não é objetivo

O segundo ponto é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la, isto é, com vistas a atrair sócios ou abrir capital, tal qual aconteceu com os outros negócios do grupo. O importante é dar lucro, estabelecer uma cultura própria e não só agradar investidores. A chegada de um sócio deve ser vista como uma consequência natural, de acordo com oportunidades de mercado, diz Bello, citando os mantras repassados pelo fundador.

Curioso que Horn é um dos empresários que mais levou empresas à Bolsa. Foram seis ao todo: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, nas quais a Cyrela é investidora; e a Brasil Agro, de propriedades agrícolas, um investimento pessoal.

A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado foi cortado do portfólio, e o consórcio deixou de ser feito por conta própria, passando para uma plataforma conjunta com a Rodobens, especialista no ramo. A operação passou a se concentrar no home equity, no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios.

Enxugamento

Também foram reduzidas as despesas para aquisição de clientes via canais digitais - algo que custava caro. Em vez disso, o foco mudou para parcerias com agentes autônomos cadastrados em plataformas de XP e BTG Pactual. Nessa reestruturação, a CashMe cortou cerca de 100 dos 400 funcionários, incluindo algumas lideranças. “Foi um momento duro para a empresa”, relembra Bello, que assumiu o posto após a saída do presidente anterior, Alexandre Rappaport (ex-Bradesco Cartões, American Express e Livelo, atual diretor geral da Ticket).

Mas as mudanças surtiram efeito, ressalta o atual presidente. “Conseguimos focar nos produtos certos, nos diferenciar dos bancos, gerar valor para o cliente e ter rentabilidade”, conta. A projeção para os próximos três anos é de crescer e consolidar sua atuação no segmento definido, sem ir para novos produtos financeiros. Tampouco estão previstas injeções de capital. A ordem é crescer com a própria geração de caixa e com a securitização de recebíveis.

A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. “Esses resultados vão começar a aparecer nos próximos balanços da Cyrela de forma mais clara”, estima Bello. Para este ano, o retorno sobre o capital (ROE, na sigla em inglês) deve ficar “bem acima” do CDI, segundo ele.

Neta

Hoje em dia, Horn vai uma vez por mês à sede da CashMe e costuma dizer aos funcionários que a fintech é como sua “neta”. A “filha”, óbvio, é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn, em entrevista. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma cash cow (geradora de caixa)”.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 26/07/24, às 17h47.

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'O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes', diz Juliano Bello, presidente da CashMe Foto: Werther Santana/Estadão - 27/06/2024

A CashMe, fintech da Cyrela, passou por uma reorganização sob as diretrizes do fundador e presidente do conselho do grupo, o empresário Elie Horn. A decisão foi tomada após a startup crescer demais, queimar muito caixa e entrar no vermelho - algo incomum no histórico de negócios da companhia. Portanto, era a hora de reformar.

A CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela, com empréstimos para aquisição da casa própria e, principalmente, crédito pessoal com garantia de imóvel, o chamado home equity. Com o passar dos anos, a fintech diversificou seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras - como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de FGTS - que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.

O número de funcionários também deu um salto, passando de 100 pessoas para 400 nos idos de 2021 e 2022, a fim de dar suporte à diversificação. Mas o retorno não veio conforme esperado, e o prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões.

Pressão para crescer

“Havia uma pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, conta o presidente da CashMe, Juliano Bello. O executivo está há 18 anos no grupo, onde começou como trainee e mais tarde chegou a diretor e líder do time de inovação, numa época em que certas startups viraram gigantes nos seus setores, como QuintoAndar e Nubank, por exemplo.

Nessa ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte. E, claro, sem a mesma competitividade, nem o mesmo retorno. Foi então que o fundador do grupo mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes. Ele é um cara muito sábio”, reconhece Bello.

O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.

Venda não é objetivo

O segundo ponto é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la, isto é, com vistas a atrair sócios ou abrir capital, tal qual aconteceu com os outros negócios do grupo. O importante é dar lucro, estabelecer uma cultura própria e não só agradar investidores. A chegada de um sócio deve ser vista como uma consequência natural, de acordo com oportunidades de mercado, diz Bello, citando os mantras repassados pelo fundador.

Curioso que Horn é um dos empresários que mais levou empresas à Bolsa. Foram seis ao todo: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, nas quais a Cyrela é investidora; e a Brasil Agro, de propriedades agrícolas, um investimento pessoal.

A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado foi cortado do portfólio, e o consórcio deixou de ser feito por conta própria, passando para uma plataforma conjunta com a Rodobens, especialista no ramo. A operação passou a se concentrar no home equity, no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios.

Enxugamento

Também foram reduzidas as despesas para aquisição de clientes via canais digitais - algo que custava caro. Em vez disso, o foco mudou para parcerias com agentes autônomos cadastrados em plataformas de XP e BTG Pactual. Nessa reestruturação, a CashMe cortou cerca de 100 dos 400 funcionários, incluindo algumas lideranças. “Foi um momento duro para a empresa”, relembra Bello, que assumiu o posto após a saída do presidente anterior, Alexandre Rappaport (ex-Bradesco Cartões, American Express e Livelo, atual diretor geral da Ticket).

Mas as mudanças surtiram efeito, ressalta o atual presidente. “Conseguimos focar nos produtos certos, nos diferenciar dos bancos, gerar valor para o cliente e ter rentabilidade”, conta. A projeção para os próximos três anos é de crescer e consolidar sua atuação no segmento definido, sem ir para novos produtos financeiros. Tampouco estão previstas injeções de capital. A ordem é crescer com a própria geração de caixa e com a securitização de recebíveis.

A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. “Esses resultados vão começar a aparecer nos próximos balanços da Cyrela de forma mais clara”, estima Bello. Para este ano, o retorno sobre o capital (ROE, na sigla em inglês) deve ficar “bem acima” do CDI, segundo ele.

Neta

Hoje em dia, Horn vai uma vez por mês à sede da CashMe e costuma dizer aos funcionários que a fintech é como sua “neta”. A “filha”, óbvio, é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn, em entrevista. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma cash cow (geradora de caixa)”.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 26/07/24, às 17h47.

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'O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes', diz Juliano Bello, presidente da CashMe Foto: Werther Santana/Estadão - 27/06/2024

A CashMe, fintech da Cyrela, passou por uma reorganização sob as diretrizes do fundador e presidente do conselho do grupo, o empresário Elie Horn. A decisão foi tomada após a startup crescer demais, queimar muito caixa e entrar no vermelho - algo incomum no histórico de negócios da companhia. Portanto, era a hora de reformar.

A CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela, com empréstimos para aquisição da casa própria e, principalmente, crédito pessoal com garantia de imóvel, o chamado home equity. Com o passar dos anos, a fintech diversificou seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras - como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de FGTS - que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.

O número de funcionários também deu um salto, passando de 100 pessoas para 400 nos idos de 2021 e 2022, a fim de dar suporte à diversificação. Mas o retorno não veio conforme esperado, e o prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões.

Pressão para crescer

“Havia uma pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, conta o presidente da CashMe, Juliano Bello. O executivo está há 18 anos no grupo, onde começou como trainee e mais tarde chegou a diretor e líder do time de inovação, numa época em que certas startups viraram gigantes nos seus setores, como QuintoAndar e Nubank, por exemplo.

Nessa ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte. E, claro, sem a mesma competitividade, nem o mesmo retorno. Foi então que o fundador do grupo mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes. Ele é um cara muito sábio”, reconhece Bello.

O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.

Venda não é objetivo

O segundo ponto é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la, isto é, com vistas a atrair sócios ou abrir capital, tal qual aconteceu com os outros negócios do grupo. O importante é dar lucro, estabelecer uma cultura própria e não só agradar investidores. A chegada de um sócio deve ser vista como uma consequência natural, de acordo com oportunidades de mercado, diz Bello, citando os mantras repassados pelo fundador.

Curioso que Horn é um dos empresários que mais levou empresas à Bolsa. Foram seis ao todo: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, nas quais a Cyrela é investidora; e a Brasil Agro, de propriedades agrícolas, um investimento pessoal.

A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado foi cortado do portfólio, e o consórcio deixou de ser feito por conta própria, passando para uma plataforma conjunta com a Rodobens, especialista no ramo. A operação passou a se concentrar no home equity, no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios.

Enxugamento

Também foram reduzidas as despesas para aquisição de clientes via canais digitais - algo que custava caro. Em vez disso, o foco mudou para parcerias com agentes autônomos cadastrados em plataformas de XP e BTG Pactual. Nessa reestruturação, a CashMe cortou cerca de 100 dos 400 funcionários, incluindo algumas lideranças. “Foi um momento duro para a empresa”, relembra Bello, que assumiu o posto após a saída do presidente anterior, Alexandre Rappaport (ex-Bradesco Cartões, American Express e Livelo, atual diretor geral da Ticket).

Mas as mudanças surtiram efeito, ressalta o atual presidente. “Conseguimos focar nos produtos certos, nos diferenciar dos bancos, gerar valor para o cliente e ter rentabilidade”, conta. A projeção para os próximos três anos é de crescer e consolidar sua atuação no segmento definido, sem ir para novos produtos financeiros. Tampouco estão previstas injeções de capital. A ordem é crescer com a própria geração de caixa e com a securitização de recebíveis.

A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. “Esses resultados vão começar a aparecer nos próximos balanços da Cyrela de forma mais clara”, estima Bello. Para este ano, o retorno sobre o capital (ROE, na sigla em inglês) deve ficar “bem acima” do CDI, segundo ele.

Neta

Hoje em dia, Horn vai uma vez por mês à sede da CashMe e costuma dizer aos funcionários que a fintech é como sua “neta”. A “filha”, óbvio, é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn, em entrevista. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma cash cow (geradora de caixa)”.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 26/07/24, às 17h47.

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