A bandeira de cartões Elo e os três bancos sócios, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil, discutem desvincular da participação acionária a contribuição que cada banco dá ao resultado da companhia. Hoje, a cada quatro anos, as fatias são rediscutidas a partir dos volumes de negócio que os três bancos fizeram com a empresa ao longo do ciclo. A ideia sobre a mesa é que esse critério passe a definir apenas a distribuição de dividendos, sem influenciar na composição acionária. O martelo ainda não foi batido, mas o debate está maduro, de acordo com fontes próximas às discussões.
A regra hoje vigente determina que o volume de cartões com bandeira Elo emitidos por cada banco e também os serviços de consultoria que cada um contrata definam a divisão do capital da empresa, que não é listada. O ano de 2024 é o último do terceiro ciclo, ou seja, em tese, a apuração da próxima base começaria agora.
Após o segundo ciclo, encerrado em 2020 e calculado em 2021, a Caixa aumentou sua participação na Elo de 36,9% para 41,1%. O crescimento se deu após o período de pagamento do auxílio emergencial, durante a pandemia, distribuído pelo banco através de contas digitais cujos cartões, também virtuais, carregavam a bandeira da Elo.
Composição
O banco público divide a base acionária com a holding EloPar, que detém 57,07% do capital da Elo. O Bradesco tem 50,01% das ações da EloPar, e o BB, os outros 49,99%. Além disso, o Bradesco detém ainda mais 1,52% da empresa, por meio de outra subsidiária.
Embora seja corriqueira, a apuração das contribuições de cada banco exige um esforço por parte da Elo, justamente pelos vários tipos de negócio que a bandeira mantém com os três. Embora não sejam os únicos clientes da companhia, Caixa, Bradesco e BB têm grande peso na base.
Outras empresas da EloPar, como Livelo e Alelo, têm um modelo similar ao que a Elo pode adotar. A variabilidade, que transforma contribuição para o resultado em participação acionária, era adotada em estruturas como a da Visanet, hoje Cielo, na época em que mais bancos eram sócios da companhia.
Empresa privada
Assim como outras sociedades entre os dois bancos públicos e agentes privados, a Elo tem uma estrutura acionária que a mantém como uma companhia privada. Daí porque a Caixa não detém a maior parte das ações, ou porque o BB é acionista da empresa via EloPar.
O fim da variabilidade pode ser positivo na eventualidade de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que a Elo tentou fazer em 2021, mas não conseguiu diante do fechamento da janela de mercado. Este passo não foi descartado, mas não deve acontecer no curto prazo porque as condições de mercado seguem pouco propícias.
Procurados, Caixa, Bradesco, Banco do Brasil e Elo não comentaram.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 21/08/2024, às 15h03.
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