Em recuperação judicial há dois anos, a Faculdades Oswaldo Cruz (FOC) entra em um novo capítulo de sua crise. Com os professores em greve desde 12 de novembro por falta de pagamento de salários, os alunos correm o risco de ficar sem se formar, caso o movimento não seja encerrado em breve.
O último pagamento aos professores da graduação foi feito no início de outubro, quando foi depositado metade do salário de setembro. Na pós-graduação, coordenadores estão há três meses sem salários e, professores, há 2,5 meses. Apesar de a gestão da FOC ter se comprometido a fazer os pagamentos com o Sindicato dos Professores (SinproSP) em diferentes datas, os compromissos não foram honrados. O grupo tem cerca de 350 funcionários e 120 são professores.
Direitos trabalhistas, como vale refeição e transporte, também não vêm sendo pagos. Sem segurança, foram registrados furtos de equipamentos nos dias 19 e 20 de novembro. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não é depositado desde 2018, quando a FOC ainda estava sob gestão da família Quirino Simões.
Comunidade cobra posicionamento
Na semana passada, alunos e professores enviaram cartas à Corbacho Consultoria, administradora da FOC, bem como ao Ministério Público, pedindo posicionamentos sobre a situação. Além do não pagamento de salários, nas cartas é relatada a falta de equipamentos básicos, materiais de limpeza e até mesmo papel higiênico nas dependências do colégio, das faculdades, do ensino técnico e dos cursos de pós-graduação.
Segundo relatos de funcionários que pedem para não ser identificados por medo de represálias, no ensino médio está havendo saída em massa de alunos. Apesar de o vestibular estar aberto, o processo de rematrículas não vem acontecendo, o que implicaria na descontinuidade de vários cursos.
No dia 24 de outubro, foi realizado um leilão de bens para o cumprimento das obrigações do plano de recuperação judicial. Conforme antecipou a Coluna, tratava-se de um conjunto de imóveis na Barra Funda, avaliado em R$ 104 milhões. A Cyrela Brazil Realty ofereceu R$ 89 milhões e a Ccisa41 Incorporadora fez a oferta de R$ 90 milhões, com condições de pagamento variadas. Caberá à Justiça decidir quem será o vencedor, segundo o SinproSP.
Venda de controle é questionada na Justiça
Em recuperação judicial desde 2022, a FOC teve seu pedido aceito no ano passado. A venda de seu controle à Corbacho Consultoria vem sendo questionada na Justiça pela família fundadora, segundo a revista Veja. Procurados, o presidente da FOC, Caio Simonassi Corbacho, e sua mãe, Evane Corbacho, que cuida da área financeira do grupo, não responderam a pedido de entrevista até a publicação desta nota. A comunicação da empresa também não deu retorno.
Com origem em 1914, a Oswaldo Cruz foi comprada em 1954 pela família Quirino Simões. Em 1956, fundaram a Escola Técnica Oswaldo Cruz como um dos primeiros cursos técnicos de Química Industrial do América do Sul. No início dos anos 60, era responsável por 60% das matrículas de todos os cursos técnicos do país. Com a expansão ao longo dos anos, a instituição chegou a ter 8 mil alunos e a ocupar seis unidades, num total de 8 mil m².
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 26/11/2024, às 12:40.
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