Enquanto o C6 Bank e a TIM tentam resolver em arbitragem o futuro da parceria firmada em 2020, o acordo continua de pé, mas com relações ruins entre as partes. A tele ainda tem de remeter clientes ao banco, mas no dia a dia, não há cooperação entre ambos, que travam uma guerra no procedimento arbitral.
A TIM tem hoje participação de 1,44% no C6, mas não pode movimentá-la enquanto a arbitragem não chegar a um resultado, e essa participação pode eventualmente ser extinta em caso de decisão favorável ao banco. Também não pode exercer as opções a que teria direito, e que lhe dariam uma fatia de 5,88% no capital da instituição financeira.
O acerto original previa que clientes da TIM que abrissem contas no C6 e usassem serviços teriam ofertas exclusivas. A TIM recebe uma comissão por contas ativas, e ao atingir determinadas metas, ganha opções para subscrever ações do banco digital.
A divulgação é o ponto central da arbitragem: o C6 alega que a TIM “escondeu” a promoção dos clientes, e que portanto, os benefícios do banco com o acordo não se materializaram. Houve uma campanha grande quando a parceria começou, mas depois, de acordo com fontes, a promoção praticamente sumiu.
Sob esse argumento, o C6 pediu o fim do contrato em 2021, e a tele recorreu à arbitragem, que corre em sigilo, para mantê-lo de pé. Procurada, a TIM não comentou. O C6 informou que a arbitragem é confidencial, e que não há decisão definitiva sobre o caso.
Divulgação tem acontecido apenas através de SMS
Fontes a par do assunto afirmam que a divulgação da tele tem se limitado ao envio de mensagens de texto aos clientes, de forma insistente, o que acaba respingando na imagem do banco. Essa divulgação estaria em desacordo com o que o C6 buscava no acordo original. Nas redes, são comuns reclamações de usuários sobre o envio das mensagens. Em algumas delas, perfis oficiais do C6 respondem que os SMSs são disparados a critério da TIM, sem nenhum controle por parte do banco.
Um interlocutor afirma que a situação é sui generis: trata-se de uma arbitragem que questiona os termos estruturais de um contrato enquanto ele é mantido vigente, com duas partes em guerra tendo de manter o relacionamento comercial.
Como mostrou a Coluna na semana passada, a arbitragem iniciada em 2021 tem se estendido além do previsto, com novas audiências marcadas para abril. De acordo com interlocutores, essa demora é fruto da complexidade das discussões, mas também do grau de belicosidade entre as duas empresas.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 25/12/23, às 16h42
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