Bastidores do mundo dos negócios

Em ritmo de despedida, Casino deixa rastro que chega a 80% da dívida do Assaí


Casino colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito

Por Talita Nascimento
Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente Foto: Paulo Whitaker/Reuters - 11/01/2017

Em processo de renegociação com credores na Europa, o Casino tem mantido os planos para a América Latina: vender ativos para reforçar o caixa. Nessas negociações, porém, o controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA) pratica a matemática que lhe convém.

Quando o Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente, o Casino colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito (empresa colombiana à época controlada pelo GPA). Hoje, esse valor representa cerca de 80% do endividamento do Assaí. Enquanto isso, o negócio latino ficou com o GPA. Ou seja: a rede de atacarejo, que sempre cresceu com a própria geração de caixa, agora tem de pagar juros por conta de uma aquisição da qual não colhe frutos.

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A justificativa, à época da operação, é que o Assaí tinha geração de caixa bem maior do que o restante do grupo. De fato, a rede de atacarejo segue com resultados positivos. Já o GPA que restou após perder tantos negócios, mesmo sem as dívidas passadas adiante em seu balanço, não tem conseguido ser rentável.

A questão é que o custo de carregar essa dívida agora é muito maior do que quando a divisão foi feita. Some-se a isso o passivo assumido para a compra dos pontos comerciais do ExtraHiper - um negócio que também beneficiou o Casino -, e o Assaí viu sua dívida bruta chegar a R$ 12,6 bilhões. A lucratividade, é claro, diminuiu. A relação dívida líquida/geração de caixa da empresa atingiu 2,78 vezes no primeiro trimestre.

A companhia tem planos de melhorar esse indicador até o fim do ano. Mesmo com toda a crise do varejo, o atacarejo se mantém como uma das áreas mais lucrativas do setor. As lojas convertidas em Assaí, após a aquisição do Extra, têm mantido a rentabilidade e as vendas prometidas, à medida que amadurecem.

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Enquanto isso, o Casino começa a desembarcar do Éxito, atualmente no processo de separação do GPA. A companhia francesa também pretende abrir mão do Grupo Pão de Açúcar, assim que encontrar uma boa solução ou uma proposta financeira que considere atraente.

Já o GPA, por sua vez, tem buscado reduzir seu endividamento. O diretor financeiro da companhia, Guillaume Gras, disse recentemente a investidores que a companhia deve levantar de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões com o plano de venda de ativos que não são prioritários para o negócio. Essa cifra deve ser atingida por meio de operações com imóveis da empresa.

Procurado, o Grupo Casino disse que não se pronunciaria.

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Contato: colunabroadcast@estadao.com

Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente Foto: Paulo Whitaker/Reuters - 11/01/2017

Em processo de renegociação com credores na Europa, o Casino tem mantido os planos para a América Latina: vender ativos para reforçar o caixa. Nessas negociações, porém, o controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA) pratica a matemática que lhe convém.

Quando o Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente, o Casino colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito (empresa colombiana à época controlada pelo GPA). Hoje, esse valor representa cerca de 80% do endividamento do Assaí. Enquanto isso, o negócio latino ficou com o GPA. Ou seja: a rede de atacarejo, que sempre cresceu com a própria geração de caixa, agora tem de pagar juros por conta de uma aquisição da qual não colhe frutos.

A justificativa, à época da operação, é que o Assaí tinha geração de caixa bem maior do que o restante do grupo. De fato, a rede de atacarejo segue com resultados positivos. Já o GPA que restou após perder tantos negócios, mesmo sem as dívidas passadas adiante em seu balanço, não tem conseguido ser rentável.

A questão é que o custo de carregar essa dívida agora é muito maior do que quando a divisão foi feita. Some-se a isso o passivo assumido para a compra dos pontos comerciais do ExtraHiper - um negócio que também beneficiou o Casino -, e o Assaí viu sua dívida bruta chegar a R$ 12,6 bilhões. A lucratividade, é claro, diminuiu. A relação dívida líquida/geração de caixa da empresa atingiu 2,78 vezes no primeiro trimestre.

A companhia tem planos de melhorar esse indicador até o fim do ano. Mesmo com toda a crise do varejo, o atacarejo se mantém como uma das áreas mais lucrativas do setor. As lojas convertidas em Assaí, após a aquisição do Extra, têm mantido a rentabilidade e as vendas prometidas, à medida que amadurecem.

Enquanto isso, o Casino começa a desembarcar do Éxito, atualmente no processo de separação do GPA. A companhia francesa também pretende abrir mão do Grupo Pão de Açúcar, assim que encontrar uma boa solução ou uma proposta financeira que considere atraente.

Já o GPA, por sua vez, tem buscado reduzir seu endividamento. O diretor financeiro da companhia, Guillaume Gras, disse recentemente a investidores que a companhia deve levantar de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões com o plano de venda de ativos que não são prioritários para o negócio. Essa cifra deve ser atingida por meio de operações com imóveis da empresa.

Procurado, o Grupo Casino disse que não se pronunciaria.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente Foto: Paulo Whitaker/Reuters - 11/01/2017

Em processo de renegociação com credores na Europa, o Casino tem mantido os planos para a América Latina: vender ativos para reforçar o caixa. Nessas negociações, porém, o controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA) pratica a matemática que lhe convém.

Quando o Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente, o Casino colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito (empresa colombiana à época controlada pelo GPA). Hoje, esse valor representa cerca de 80% do endividamento do Assaí. Enquanto isso, o negócio latino ficou com o GPA. Ou seja: a rede de atacarejo, que sempre cresceu com a própria geração de caixa, agora tem de pagar juros por conta de uma aquisição da qual não colhe frutos.

A justificativa, à época da operação, é que o Assaí tinha geração de caixa bem maior do que o restante do grupo. De fato, a rede de atacarejo segue com resultados positivos. Já o GPA que restou após perder tantos negócios, mesmo sem as dívidas passadas adiante em seu balanço, não tem conseguido ser rentável.

A questão é que o custo de carregar essa dívida agora é muito maior do que quando a divisão foi feita. Some-se a isso o passivo assumido para a compra dos pontos comerciais do ExtraHiper - um negócio que também beneficiou o Casino -, e o Assaí viu sua dívida bruta chegar a R$ 12,6 bilhões. A lucratividade, é claro, diminuiu. A relação dívida líquida/geração de caixa da empresa atingiu 2,78 vezes no primeiro trimestre.

A companhia tem planos de melhorar esse indicador até o fim do ano. Mesmo com toda a crise do varejo, o atacarejo se mantém como uma das áreas mais lucrativas do setor. As lojas convertidas em Assaí, após a aquisição do Extra, têm mantido a rentabilidade e as vendas prometidas, à medida que amadurecem.

Enquanto isso, o Casino começa a desembarcar do Éxito, atualmente no processo de separação do GPA. A companhia francesa também pretende abrir mão do Grupo Pão de Açúcar, assim que encontrar uma boa solução ou uma proposta financeira que considere atraente.

Já o GPA, por sua vez, tem buscado reduzir seu endividamento. O diretor financeiro da companhia, Guillaume Gras, disse recentemente a investidores que a companhia deve levantar de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões com o plano de venda de ativos que não são prioritários para o negócio. Essa cifra deve ser atingida por meio de operações com imóveis da empresa.

Procurado, o Grupo Casino disse que não se pronunciaria.

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