Voltada a atender pacientes com doenças crônicas e refratárias a tratamentos tradicionais, a Volcanic está adquirindo as operações da startup Elleven Health Care e um laboratório em São Paulo, que pretende tornar um centro de produção de medicamentos voltados a tratamentos de precisão. No total, a empresa investirá R$ 30 milhões este ano no País e espera atingir R$ 150 milhões no total, até 2026.
Com recursos dos sócios espanhol e colombiano, a Volcanic foi criada antes da pandemia com a intenção de atuar com saúde preventiva, personalizada e tratamentos efetivos com menor efeito adverso. Um dos sócios, o espanhol Pelayo Gutiérrez, viu o pai, diagnosticado com câncer, ter melhor qualidade de vida após passar por tratamentos que integravam suplementações, fitoterápicos e medicamentos a base de canabinoides.
Já o outro cofundador, Julian Holguín, é ligado a um dos maiores grupos empresariais da Colômbia, o Mayagüez, que tem operações em bancos, agronegócio, siderurgia, entretenimento, entre outros. Uma das áreas no setor agrícola é a produção de cannabis medicinal e cânhamo industrial. Assim, ambos se juntaram para estruturar o novo empreendimento. “Decidimos que precisávamos sair da Colômbia e buscar um país que tivesse um marco regulatório sólido, voltado ao tratamento de saúde”, diz Gutiérrez, que também é presidente da Volcanic.
Começaram a estudar o mercado norte-americano, mas decidiram que a abordagem recreativa da cannabis nos EUA fugia ao propósito da empresa. Apesar de dizer que, no Brasil, a concorrência na área também é grande, optaram pelo País por conta do tamanho do mercado, das perspectivas demográficas e do marco legal que prioriza a área de saúde no tema cannabis.
Assim, no último ano, importaram produtos dos EUA e, com a aceitação, resolveram ir às compras. Com a Elleven, a Volcanic colocou em sua linha 15 produtos de cannabis e 18 formulações de itens complementares a serem lançados nos próximos meses. “Não nos restringimos a canabinoides”, diz ele. “Há moléculas que não são derivadas de plantas, com eficácia e poucos efeitos colaterais e pelas quais também nos interessamos.” Segundo ele, alguns desses princípios ativos não existem no Brasil e estão sendo buscados em lugares como Japão, Canadá e Suíça.
“One stop shop”
Com o laboratório, que ficará nos Jardins, a ideia é ter um “one stop shop”: um lugar em que médicos e pacientes possam encontrar todos os medicamentos - manipulados ou não - com padrão de qualidade de indústria. José Roberto Lazzarini, fundador da Elleven e ex-diretor médico da Aché e da Weleda, assumirá esse cargo na Volcanic.
A empresa pretende fazer uma rodada de captações a partir do segundo semestre. O modelo de negócios da Volcanic é por meio de propagandistas junto a médicos. A empresa, que não divulga faturamento, espera ter receita anual de R$ 150 milhões em dois anos.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 08/04/24, às 15h11
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