Bastidores do mundo dos negócios

Empresas brasileiras planejam captar até US$ 10 bi, assim que mercado externo reabrir


Por Cynthia Decloedt

Os dois primeiros meses do ano devem ser de grande movimentação no mercado externo de dívida, onde as empresas emitem e oferecem bonds em troca de recursos. Por parte de emissores brasileiros, a expectativa é que cerca de US$ 10 bilhões em ofertas de bonds sejam lançados nesse período.

Esse volume está praticamente em linha ao que foi captado em janeiro e fevereiro de 2020, perto de US0$ 9 bilhões. A diferença da primeira janela de 2022, em relação às anteriores, é o início do fim da era de juro próximo a zero no mundo, além das eleições presidenciais brasileiras. Ambos os fatores deságuam em uma concentração de emissões no início do ano, já que as eleições acontecem em outubro e, para este começo de 2022, as expectativas de elevação do juro norte-americano estão ancoradas.

Os banqueiros que assessoram as companhias em operações de captação no exterior se mostram, no entanto, um pouco cuidadosos em cravar que a fila de companhias que olham para o mercado de bonds vai andar completamente. "Temos de 10 a 15 operações na fila de todos os tipos, empresas inaugurais, frequentes, com perfil de alavancagem confortável e outras com perfil de maior risco, outras operações com perfil de projeto", conta o responsável pelo mercado de dívida do Citi, Cláudio Matos. "Isso não quer dizer que todas virão. Vivemos muito tempo com cenário muito benigno de juro baixo e muita liquidez no mundo. Estamos saindo desse ciclo."

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Matos diz que a maior parte das operações tem como motivação a administração de passivos, ou seja, buscar alongar vencimentos a um custo mais baixo. Esse movimento vem sendo feito há vários anos pelas companhias que, por isso, não estão dispostas a vender papéis a qualquer custo, ou seja, se o retorno exigido pelos investidores não estiver em níveis que considerem adequados.

Foi inclusive por conta de custo que uma leva de emissões já deixou de acontecer neste segundo semestre e entrou na fila de operações que aguardam para chegar ao mercado no ano que vem. "Falta necessidade e os prêmios exigidos estão mais altos. Então, quem podia, não acessou o mercado externo agora", explica o responsável pelo mercado de renda fixa do Bradesco BBI, Rafael Garcia.

Uma exceção podem ser os bancos. Eles respondem por 69% dos R$ 13 bilhões de bonds que vencem em 2022, tendo Itaú Unibanco e Banco do Brasil entre os maiores vencimentos, de acordo com Garcia. Os emissores corporativos não financeiros e os que têm melhor qualidade de crédito não têm nenhum vencimento material no ano que vem e vários já fizeram antecipações de captações com bonds em 2021.

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Além das eleições, a variante ômicron e a crise financeira da Turquia, que pode desencadear uma crise bancária, são focos de atenção entre os investidores no exterior, de acordo com responsável pela área de emissão de dívida local e internacional do UBS BB, Samy Podlubny. "O comportamento do CDS (Credit Default Swap) do Brasil é uma sinalização de que os investidores estão precificando os riscos que emergiram mais fortemente relacionados ao Brasil", diz ele. Podlubny classifica como elevado o patamar de 240 pontos-base pelo qual tem circulado o CDS brasileiro - o contrato de proteção contra calote do País e, portanto, indicador de risco. "No final de março, chegou a 219 pontos-base", lembra.

Mas como a liquidez global ainda é elevada e os investidores começam um novo ano, Matos defende que o mercado estará mais inclinado a tomar riscos no início de 2022. "Os preços para emissores brasileiros ainda não estão tão desfavoráveis. O custo de captação está mais alto para alguns que viveram um histórico de baixa recente, mas estão em nível interessante e as empresas estão muito bem capitalizadas", comenta. Ele acrescenta que o Brasil, na América Latina, é um emissor relevante para fundos que têm exposição à região e a países emergentes. "É impossível para um gestor não ter uma exposição adequada em Brasil", observa.

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 21/12, às 16h14.

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Os dois primeiros meses do ano devem ser de grande movimentação no mercado externo de dívida, onde as empresas emitem e oferecem bonds em troca de recursos. Por parte de emissores brasileiros, a expectativa é que cerca de US$ 10 bilhões em ofertas de bonds sejam lançados nesse período.

Esse volume está praticamente em linha ao que foi captado em janeiro e fevereiro de 2020, perto de US0$ 9 bilhões. A diferença da primeira janela de 2022, em relação às anteriores, é o início do fim da era de juro próximo a zero no mundo, além das eleições presidenciais brasileiras. Ambos os fatores deságuam em uma concentração de emissões no início do ano, já que as eleições acontecem em outubro e, para este começo de 2022, as expectativas de elevação do juro norte-americano estão ancoradas.

Os banqueiros que assessoram as companhias em operações de captação no exterior se mostram, no entanto, um pouco cuidadosos em cravar que a fila de companhias que olham para o mercado de bonds vai andar completamente. "Temos de 10 a 15 operações na fila de todos os tipos, empresas inaugurais, frequentes, com perfil de alavancagem confortável e outras com perfil de maior risco, outras operações com perfil de projeto", conta o responsável pelo mercado de dívida do Citi, Cláudio Matos. "Isso não quer dizer que todas virão. Vivemos muito tempo com cenário muito benigno de juro baixo e muita liquidez no mundo. Estamos saindo desse ciclo."

Matos diz que a maior parte das operações tem como motivação a administração de passivos, ou seja, buscar alongar vencimentos a um custo mais baixo. Esse movimento vem sendo feito há vários anos pelas companhias que, por isso, não estão dispostas a vender papéis a qualquer custo, ou seja, se o retorno exigido pelos investidores não estiver em níveis que considerem adequados.

Foi inclusive por conta de custo que uma leva de emissões já deixou de acontecer neste segundo semestre e entrou na fila de operações que aguardam para chegar ao mercado no ano que vem. "Falta necessidade e os prêmios exigidos estão mais altos. Então, quem podia, não acessou o mercado externo agora", explica o responsável pelo mercado de renda fixa do Bradesco BBI, Rafael Garcia.

Uma exceção podem ser os bancos. Eles respondem por 69% dos R$ 13 bilhões de bonds que vencem em 2022, tendo Itaú Unibanco e Banco do Brasil entre os maiores vencimentos, de acordo com Garcia. Os emissores corporativos não financeiros e os que têm melhor qualidade de crédito não têm nenhum vencimento material no ano que vem e vários já fizeram antecipações de captações com bonds em 2021.

Além das eleições, a variante ômicron e a crise financeira da Turquia, que pode desencadear uma crise bancária, são focos de atenção entre os investidores no exterior, de acordo com responsável pela área de emissão de dívida local e internacional do UBS BB, Samy Podlubny. "O comportamento do CDS (Credit Default Swap) do Brasil é uma sinalização de que os investidores estão precificando os riscos que emergiram mais fortemente relacionados ao Brasil", diz ele. Podlubny classifica como elevado o patamar de 240 pontos-base pelo qual tem circulado o CDS brasileiro - o contrato de proteção contra calote do País e, portanto, indicador de risco. "No final de março, chegou a 219 pontos-base", lembra.

Mas como a liquidez global ainda é elevada e os investidores começam um novo ano, Matos defende que o mercado estará mais inclinado a tomar riscos no início de 2022. "Os preços para emissores brasileiros ainda não estão tão desfavoráveis. O custo de captação está mais alto para alguns que viveram um histórico de baixa recente, mas estão em nível interessante e as empresas estão muito bem capitalizadas", comenta. Ele acrescenta que o Brasil, na América Latina, é um emissor relevante para fundos que têm exposição à região e a países emergentes. "É impossível para um gestor não ter uma exposição adequada em Brasil", observa.

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 21/12, às 16h14.

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Esse volume está praticamente em linha ao que foi captado em janeiro e fevereiro de 2020, perto de US0$ 9 bilhões. A diferença da primeira janela de 2022, em relação às anteriores, é o início do fim da era de juro próximo a zero no mundo, além das eleições presidenciais brasileiras. Ambos os fatores deságuam em uma concentração de emissões no início do ano, já que as eleições acontecem em outubro e, para este começo de 2022, as expectativas de elevação do juro norte-americano estão ancoradas.

Os banqueiros que assessoram as companhias em operações de captação no exterior se mostram, no entanto, um pouco cuidadosos em cravar que a fila de companhias que olham para o mercado de bonds vai andar completamente. "Temos de 10 a 15 operações na fila de todos os tipos, empresas inaugurais, frequentes, com perfil de alavancagem confortável e outras com perfil de maior risco, outras operações com perfil de projeto", conta o responsável pelo mercado de dívida do Citi, Cláudio Matos. "Isso não quer dizer que todas virão. Vivemos muito tempo com cenário muito benigno de juro baixo e muita liquidez no mundo. Estamos saindo desse ciclo."

Matos diz que a maior parte das operações tem como motivação a administração de passivos, ou seja, buscar alongar vencimentos a um custo mais baixo. Esse movimento vem sendo feito há vários anos pelas companhias que, por isso, não estão dispostas a vender papéis a qualquer custo, ou seja, se o retorno exigido pelos investidores não estiver em níveis que considerem adequados.

Foi inclusive por conta de custo que uma leva de emissões já deixou de acontecer neste segundo semestre e entrou na fila de operações que aguardam para chegar ao mercado no ano que vem. "Falta necessidade e os prêmios exigidos estão mais altos. Então, quem podia, não acessou o mercado externo agora", explica o responsável pelo mercado de renda fixa do Bradesco BBI, Rafael Garcia.

Uma exceção podem ser os bancos. Eles respondem por 69% dos R$ 13 bilhões de bonds que vencem em 2022, tendo Itaú Unibanco e Banco do Brasil entre os maiores vencimentos, de acordo com Garcia. Os emissores corporativos não financeiros e os que têm melhor qualidade de crédito não têm nenhum vencimento material no ano que vem e vários já fizeram antecipações de captações com bonds em 2021.

Além das eleições, a variante ômicron e a crise financeira da Turquia, que pode desencadear uma crise bancária, são focos de atenção entre os investidores no exterior, de acordo com responsável pela área de emissão de dívida local e internacional do UBS BB, Samy Podlubny. "O comportamento do CDS (Credit Default Swap) do Brasil é uma sinalização de que os investidores estão precificando os riscos que emergiram mais fortemente relacionados ao Brasil", diz ele. Podlubny classifica como elevado o patamar de 240 pontos-base pelo qual tem circulado o CDS brasileiro - o contrato de proteção contra calote do País e, portanto, indicador de risco. "No final de março, chegou a 219 pontos-base", lembra.

Mas como a liquidez global ainda é elevada e os investidores começam um novo ano, Matos defende que o mercado estará mais inclinado a tomar riscos no início de 2022. "Os preços para emissores brasileiros ainda não estão tão desfavoráveis. O custo de captação está mais alto para alguns que viveram um histórico de baixa recente, mas estão em nível interessante e as empresas estão muito bem capitalizadas", comenta. Ele acrescenta que o Brasil, na América Latina, é um emissor relevante para fundos que têm exposição à região e a países emergentes. "É impossível para um gestor não ter uma exposição adequada em Brasil", observa.

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 21/12, às 16h14.

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