Bastidores do mundo dos negócios

Ex-presidente da CVC, Valter Patriani vende imóvel ‘como se fosse viagem’


Incorporadora está se consolidando entre as grandes da região metropolitana de São Paulo

Por Circe Bonatelli
Valter Patriani aposta na rapidez nas vendas, como no setor de turismo Foto: Douglas Costanzo

A Patriani está se consolidando entre as grandes incorporadoras da região metropolitana de São Paulo, com previsão de lançar um conjunto de empreendimentos avaliados em R$ 1,5 bilhão este ano, operação com porte comparável ao de empresas já tradicionais como Eztec, Mitre e Trisul.

O mentor da Patriani é o seu fundador, Valter Patriani, de 66 anos. Curiosamente, ele só entrou no setor de incorporação aos 53 anos. Antes disso, nunca havia construído uma casa sequer. Ele dedicou a vida ao mercado de turismo e lazer. Começou como office boy na Varig, depois passou 35 anos na CVC, onde subiu ao cargo de presidente, ficando lá até a chegada dos sócios americanos da gestora Carlyle.

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Na saída da presidência, se viu “desempregado” e com um contrato de não competição com a CVC, o que o impedia de seguir atuando na área. Na época, porém, já cultivava o gosto por imóveis. Ao longo da carreira, Valter fez seu pé-de-meia comprando apartamentos para alugar, pensando numa aposentadoria mais confortável. Mas em vez de pendurar as chuteiras, decidiu empreender com uma incorporadora própria.

Empreendimentos em 11 cidades

A Patriani foi fundada em 2012 em Santo André. Hoje, seus empreendimentos estão espalhados por 11 cidades, a maioria deles no ABC e em Campinas. No ano que vem, chegará a Jundiaí. A empresa se especializou em apartamentos de médio e alto padrões, com valor de metro quadrado acima dos R$ 10 mil. No ano passado, fez mais de R$ 1 bilhão em vendas líquidas.

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O mapa de crescimento abrange um raio de até 100 quilômetros da capital paulista, onde estão os municípios mais ricos do Estado. É também um raio acessível em até 1 hora e meia, sem complicar demais a logística de monitoramento dos canteiros. Uma das filosofias da Patriani é só comprar terrenos onde veja condições para abrir um estande em até 18 meses, de modo a não deixar o capital parado por muito tempo.

Agilidade nas vendas

Outra diretriz é a agilidade nas vendas. A proposta é comercializar 100% dos apartamentos em até cinco meses após o lançamento. No ano passado, conseguiu vender 90% de tudo que lançou dentro do mesmo ano. Trata-se de uma velocidade bem acima da média de São Paulo, onde o giro é de 55% a 60% no ano.

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Está sendo assim no projeto mais recente, lançado em São Bernardo do Campo na metade deste ano. Dos 470 apartamentos, sobravam menos de 100 unidades um mês depois de abrir o estande. O tíquete médio ali está em cerca de R$ 1,4 milhão.

Essa estratégia, porém, não é unanimidade no setor. Há quem diga que a incorporadora que vende rápido demais seus apartamentos perde a oportunidade de aproveitar a demanda alta para subir os preços e faturar mais, ainda que num tempo maior.

Mas Valter não pensa assim. Ele vem do setor de turismo, em que as vendas são uma batalha contra o tempo. “O estoque no turismo é altamente perecível. Cada noite sem hóspede no hotel, cada assento desocupado no voo são coisas que não voltam”, compara o empresário. “Como eu venho da indústria do entretenimento, eu não sei vender apartamento, sei vender viagem. Então eu faço assim.”

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O setor de construção também precisa ter agilidade, diz. Os lançamentos têm um pico de vendas em função das propagandas, do engajamento dos corretores e da duração dos estandes. “Depois disso, o negócio fica meio parado.”

A estratégia também considera as expectativas dos clientes que compram na planta para revender após as chaves. Se a incorporadora ainda tem estoque, o cliente vira um concorrente nas vendas no mesmo empreendimento. “E eu não posso vender por um preço menor do que eu vendi para os primeiros compradores. Eles ficam ofendidos. Imóvel é valorização”, explica. “Quando vendo tudo rápido, gero escassez e desejo. O apartamento vira ouro.”

Gastos com publicidade

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Para isso, os gastos com propaganda também são importantes. Quem mora em São Paulo e arredores certamente já ouviu algum anúncio da Patriani. A companhia tem orçamento para publicidade de 2% do valor de vendas de cada prédio. Boa parte disso vai para as redes sociais. No Facebook, a Patriani tem mais de 1 milhão de seguidores, enquanto a Cyrela - maior nome da incorporação - conta com 246 mil.

Na parte societária, o negócio está 100% na mão da família. O fundador é o único dono e não busca um sócio. Por outro lado, se diz pronto para oportunidades de aportes. A empresa é auditada e já segue uma parte da governança de uma companhia de capital aberto. Enquanto não recebe sócios, a Patriani se financia com caixa próprio, crédito à produção e emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Já a operação no dia a dia é comandada pelo filho mais velho, Bruno, de 33 anos, que já tem um trato com o pai para assumir a empresa no futuro. Antes de fundar a incorporadora, Valter se preocupou em garantir a sucessão. “Quando se chega à idade que cheguei, a vida já tem mais passado que futuro. E o setor de construção tem ciclo longo. Então, chamei o Bruno e perguntei: ‘Se eu der partida, você toca a companhia lá na frente? E foi assim que fizemos.’”

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 30/08/2024, às 16h04.

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Valter Patriani aposta na rapidez nas vendas, como no setor de turismo Foto: Douglas Costanzo

A Patriani está se consolidando entre as grandes incorporadoras da região metropolitana de São Paulo, com previsão de lançar um conjunto de empreendimentos avaliados em R$ 1,5 bilhão este ano, operação com porte comparável ao de empresas já tradicionais como Eztec, Mitre e Trisul.

O mentor da Patriani é o seu fundador, Valter Patriani, de 66 anos. Curiosamente, ele só entrou no setor de incorporação aos 53 anos. Antes disso, nunca havia construído uma casa sequer. Ele dedicou a vida ao mercado de turismo e lazer. Começou como office boy na Varig, depois passou 35 anos na CVC, onde subiu ao cargo de presidente, ficando lá até a chegada dos sócios americanos da gestora Carlyle.

Na saída da presidência, se viu “desempregado” e com um contrato de não competição com a CVC, o que o impedia de seguir atuando na área. Na época, porém, já cultivava o gosto por imóveis. Ao longo da carreira, Valter fez seu pé-de-meia comprando apartamentos para alugar, pensando numa aposentadoria mais confortável. Mas em vez de pendurar as chuteiras, decidiu empreender com uma incorporadora própria.

Empreendimentos em 11 cidades

A Patriani foi fundada em 2012 em Santo André. Hoje, seus empreendimentos estão espalhados por 11 cidades, a maioria deles no ABC e em Campinas. No ano que vem, chegará a Jundiaí. A empresa se especializou em apartamentos de médio e alto padrões, com valor de metro quadrado acima dos R$ 10 mil. No ano passado, fez mais de R$ 1 bilhão em vendas líquidas.

O mapa de crescimento abrange um raio de até 100 quilômetros da capital paulista, onde estão os municípios mais ricos do Estado. É também um raio acessível em até 1 hora e meia, sem complicar demais a logística de monitoramento dos canteiros. Uma das filosofias da Patriani é só comprar terrenos onde veja condições para abrir um estande em até 18 meses, de modo a não deixar o capital parado por muito tempo.

Agilidade nas vendas

Outra diretriz é a agilidade nas vendas. A proposta é comercializar 100% dos apartamentos em até cinco meses após o lançamento. No ano passado, conseguiu vender 90% de tudo que lançou dentro do mesmo ano. Trata-se de uma velocidade bem acima da média de São Paulo, onde o giro é de 55% a 60% no ano.

Está sendo assim no projeto mais recente, lançado em São Bernardo do Campo na metade deste ano. Dos 470 apartamentos, sobravam menos de 100 unidades um mês depois de abrir o estande. O tíquete médio ali está em cerca de R$ 1,4 milhão.

Essa estratégia, porém, não é unanimidade no setor. Há quem diga que a incorporadora que vende rápido demais seus apartamentos perde a oportunidade de aproveitar a demanda alta para subir os preços e faturar mais, ainda que num tempo maior.

Mas Valter não pensa assim. Ele vem do setor de turismo, em que as vendas são uma batalha contra o tempo. “O estoque no turismo é altamente perecível. Cada noite sem hóspede no hotel, cada assento desocupado no voo são coisas que não voltam”, compara o empresário. “Como eu venho da indústria do entretenimento, eu não sei vender apartamento, sei vender viagem. Então eu faço assim.”

O setor de construção também precisa ter agilidade, diz. Os lançamentos têm um pico de vendas em função das propagandas, do engajamento dos corretores e da duração dos estandes. “Depois disso, o negócio fica meio parado.”

A estratégia também considera as expectativas dos clientes que compram na planta para revender após as chaves. Se a incorporadora ainda tem estoque, o cliente vira um concorrente nas vendas no mesmo empreendimento. “E eu não posso vender por um preço menor do que eu vendi para os primeiros compradores. Eles ficam ofendidos. Imóvel é valorização”, explica. “Quando vendo tudo rápido, gero escassez e desejo. O apartamento vira ouro.”

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Para isso, os gastos com propaganda também são importantes. Quem mora em São Paulo e arredores certamente já ouviu algum anúncio da Patriani. A companhia tem orçamento para publicidade de 2% do valor de vendas de cada prédio. Boa parte disso vai para as redes sociais. No Facebook, a Patriani tem mais de 1 milhão de seguidores, enquanto a Cyrela - maior nome da incorporação - conta com 246 mil.

Na parte societária, o negócio está 100% na mão da família. O fundador é o único dono e não busca um sócio. Por outro lado, se diz pronto para oportunidades de aportes. A empresa é auditada e já segue uma parte da governança de uma companhia de capital aberto. Enquanto não recebe sócios, a Patriani se financia com caixa próprio, crédito à produção e emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Já a operação no dia a dia é comandada pelo filho mais velho, Bruno, de 33 anos, que já tem um trato com o pai para assumir a empresa no futuro. Antes de fundar a incorporadora, Valter se preocupou em garantir a sucessão. “Quando se chega à idade que cheguei, a vida já tem mais passado que futuro. E o setor de construção tem ciclo longo. Então, chamei o Bruno e perguntei: ‘Se eu der partida, você toca a companhia lá na frente? E foi assim que fizemos.’”

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 30/08/2024, às 16h04.

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Valter Patriani aposta na rapidez nas vendas, como no setor de turismo Foto: Douglas Costanzo

A Patriani está se consolidando entre as grandes incorporadoras da região metropolitana de São Paulo, com previsão de lançar um conjunto de empreendimentos avaliados em R$ 1,5 bilhão este ano, operação com porte comparável ao de empresas já tradicionais como Eztec, Mitre e Trisul.

O mentor da Patriani é o seu fundador, Valter Patriani, de 66 anos. Curiosamente, ele só entrou no setor de incorporação aos 53 anos. Antes disso, nunca havia construído uma casa sequer. Ele dedicou a vida ao mercado de turismo e lazer. Começou como office boy na Varig, depois passou 35 anos na CVC, onde subiu ao cargo de presidente, ficando lá até a chegada dos sócios americanos da gestora Carlyle.

Na saída da presidência, se viu “desempregado” e com um contrato de não competição com a CVC, o que o impedia de seguir atuando na área. Na época, porém, já cultivava o gosto por imóveis. Ao longo da carreira, Valter fez seu pé-de-meia comprando apartamentos para alugar, pensando numa aposentadoria mais confortável. Mas em vez de pendurar as chuteiras, decidiu empreender com uma incorporadora própria.

Empreendimentos em 11 cidades

A Patriani foi fundada em 2012 em Santo André. Hoje, seus empreendimentos estão espalhados por 11 cidades, a maioria deles no ABC e em Campinas. No ano que vem, chegará a Jundiaí. A empresa se especializou em apartamentos de médio e alto padrões, com valor de metro quadrado acima dos R$ 10 mil. No ano passado, fez mais de R$ 1 bilhão em vendas líquidas.

O mapa de crescimento abrange um raio de até 100 quilômetros da capital paulista, onde estão os municípios mais ricos do Estado. É também um raio acessível em até 1 hora e meia, sem complicar demais a logística de monitoramento dos canteiros. Uma das filosofias da Patriani é só comprar terrenos onde veja condições para abrir um estande em até 18 meses, de modo a não deixar o capital parado por muito tempo.

Agilidade nas vendas

Outra diretriz é a agilidade nas vendas. A proposta é comercializar 100% dos apartamentos em até cinco meses após o lançamento. No ano passado, conseguiu vender 90% de tudo que lançou dentro do mesmo ano. Trata-se de uma velocidade bem acima da média de São Paulo, onde o giro é de 55% a 60% no ano.

Está sendo assim no projeto mais recente, lançado em São Bernardo do Campo na metade deste ano. Dos 470 apartamentos, sobravam menos de 100 unidades um mês depois de abrir o estande. O tíquete médio ali está em cerca de R$ 1,4 milhão.

Essa estratégia, porém, não é unanimidade no setor. Há quem diga que a incorporadora que vende rápido demais seus apartamentos perde a oportunidade de aproveitar a demanda alta para subir os preços e faturar mais, ainda que num tempo maior.

Mas Valter não pensa assim. Ele vem do setor de turismo, em que as vendas são uma batalha contra o tempo. “O estoque no turismo é altamente perecível. Cada noite sem hóspede no hotel, cada assento desocupado no voo são coisas que não voltam”, compara o empresário. “Como eu venho da indústria do entretenimento, eu não sei vender apartamento, sei vender viagem. Então eu faço assim.”

O setor de construção também precisa ter agilidade, diz. Os lançamentos têm um pico de vendas em função das propagandas, do engajamento dos corretores e da duração dos estandes. “Depois disso, o negócio fica meio parado.”

A estratégia também considera as expectativas dos clientes que compram na planta para revender após as chaves. Se a incorporadora ainda tem estoque, o cliente vira um concorrente nas vendas no mesmo empreendimento. “E eu não posso vender por um preço menor do que eu vendi para os primeiros compradores. Eles ficam ofendidos. Imóvel é valorização”, explica. “Quando vendo tudo rápido, gero escassez e desejo. O apartamento vira ouro.”

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Na parte societária, o negócio está 100% na mão da família. O fundador é o único dono e não busca um sócio. Por outro lado, se diz pronto para oportunidades de aportes. A empresa é auditada e já segue uma parte da governança de uma companhia de capital aberto. Enquanto não recebe sócios, a Patriani se financia com caixa próprio, crédito à produção e emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Já a operação no dia a dia é comandada pelo filho mais velho, Bruno, de 33 anos, que já tem um trato com o pai para assumir a empresa no futuro. Antes de fundar a incorporadora, Valter se preocupou em garantir a sucessão. “Quando se chega à idade que cheguei, a vida já tem mais passado que futuro. E o setor de construção tem ciclo longo. Então, chamei o Bruno e perguntei: ‘Se eu der partida, você toca a companhia lá na frente? E foi assim que fizemos.’”

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 30/08/2024, às 16h04.

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Valter Patriani aposta na rapidez nas vendas, como no setor de turismo Foto: Douglas Costanzo

A Patriani está se consolidando entre as grandes incorporadoras da região metropolitana de São Paulo, com previsão de lançar um conjunto de empreendimentos avaliados em R$ 1,5 bilhão este ano, operação com porte comparável ao de empresas já tradicionais como Eztec, Mitre e Trisul.

O mentor da Patriani é o seu fundador, Valter Patriani, de 66 anos. Curiosamente, ele só entrou no setor de incorporação aos 53 anos. Antes disso, nunca havia construído uma casa sequer. Ele dedicou a vida ao mercado de turismo e lazer. Começou como office boy na Varig, depois passou 35 anos na CVC, onde subiu ao cargo de presidente, ficando lá até a chegada dos sócios americanos da gestora Carlyle.

Na saída da presidência, se viu “desempregado” e com um contrato de não competição com a CVC, o que o impedia de seguir atuando na área. Na época, porém, já cultivava o gosto por imóveis. Ao longo da carreira, Valter fez seu pé-de-meia comprando apartamentos para alugar, pensando numa aposentadoria mais confortável. Mas em vez de pendurar as chuteiras, decidiu empreender com uma incorporadora própria.

Empreendimentos em 11 cidades

A Patriani foi fundada em 2012 em Santo André. Hoje, seus empreendimentos estão espalhados por 11 cidades, a maioria deles no ABC e em Campinas. No ano que vem, chegará a Jundiaí. A empresa se especializou em apartamentos de médio e alto padrões, com valor de metro quadrado acima dos R$ 10 mil. No ano passado, fez mais de R$ 1 bilhão em vendas líquidas.

O mapa de crescimento abrange um raio de até 100 quilômetros da capital paulista, onde estão os municípios mais ricos do Estado. É também um raio acessível em até 1 hora e meia, sem complicar demais a logística de monitoramento dos canteiros. Uma das filosofias da Patriani é só comprar terrenos onde veja condições para abrir um estande em até 18 meses, de modo a não deixar o capital parado por muito tempo.

Agilidade nas vendas

Outra diretriz é a agilidade nas vendas. A proposta é comercializar 100% dos apartamentos em até cinco meses após o lançamento. No ano passado, conseguiu vender 90% de tudo que lançou dentro do mesmo ano. Trata-se de uma velocidade bem acima da média de São Paulo, onde o giro é de 55% a 60% no ano.

Está sendo assim no projeto mais recente, lançado em São Bernardo do Campo na metade deste ano. Dos 470 apartamentos, sobravam menos de 100 unidades um mês depois de abrir o estande. O tíquete médio ali está em cerca de R$ 1,4 milhão.

Essa estratégia, porém, não é unanimidade no setor. Há quem diga que a incorporadora que vende rápido demais seus apartamentos perde a oportunidade de aproveitar a demanda alta para subir os preços e faturar mais, ainda que num tempo maior.

Mas Valter não pensa assim. Ele vem do setor de turismo, em que as vendas são uma batalha contra o tempo. “O estoque no turismo é altamente perecível. Cada noite sem hóspede no hotel, cada assento desocupado no voo são coisas que não voltam”, compara o empresário. “Como eu venho da indústria do entretenimento, eu não sei vender apartamento, sei vender viagem. Então eu faço assim.”

O setor de construção também precisa ter agilidade, diz. Os lançamentos têm um pico de vendas em função das propagandas, do engajamento dos corretores e da duração dos estandes. “Depois disso, o negócio fica meio parado.”

A estratégia também considera as expectativas dos clientes que compram na planta para revender após as chaves. Se a incorporadora ainda tem estoque, o cliente vira um concorrente nas vendas no mesmo empreendimento. “E eu não posso vender por um preço menor do que eu vendi para os primeiros compradores. Eles ficam ofendidos. Imóvel é valorização”, explica. “Quando vendo tudo rápido, gero escassez e desejo. O apartamento vira ouro.”

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Na parte societária, o negócio está 100% na mão da família. O fundador é o único dono e não busca um sócio. Por outro lado, se diz pronto para oportunidades de aportes. A empresa é auditada e já segue uma parte da governança de uma companhia de capital aberto. Enquanto não recebe sócios, a Patriani se financia com caixa próprio, crédito à produção e emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Já a operação no dia a dia é comandada pelo filho mais velho, Bruno, de 33 anos, que já tem um trato com o pai para assumir a empresa no futuro. Antes de fundar a incorporadora, Valter se preocupou em garantir a sucessão. “Quando se chega à idade que cheguei, a vida já tem mais passado que futuro. E o setor de construção tem ciclo longo. Então, chamei o Bruno e perguntei: ‘Se eu der partida, você toca a companhia lá na frente? E foi assim que fizemos.’”

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