Bastidores do mundo dos negócios

Funcionário que aderiu a plano de ações da Americanas viu economias ruírem


Enquanto isso, após revelação do rombo bilionário, verificou-se que membros da diretoria venderam R$ 210 milhões em ações nos últimos meses

Por Talita Nascimento
Atualização:
Recuperação judicial da Americanas envolve dívidas de até R$ 48 bilhões Foto: Pedro Kirilos/ Estadão Conteúdo 

Assim que passam a ocupar o cargo de gerente executivo, os funcionários da Americanas têm acesso a um plano que permite o uso de parte dos bônus, benefício do programa de remuneração variável dos empregados mais graduados, para comprar ações da companhia. Embora registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostrem que os altos diretores da empresa venderam ações no segundo semestre, há funcionários do baixo clero que viram boa parte de seu patrimônio ruir. Segundo as regras da empresa apresentadas no formulário de referência, quem não é membro da diretoria estatutária pode usar até 70% de seus bônus para adquirir papéis da varejista. Essa opção não está disponível a todos: vale apenas para aqueles que, por mérito, são convidados a aderir ao plano.

Pé de meia para aposentadoria

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O Broadcast conversou com ex-funcionários que sofreram prejuízos. A sensação, relatam, é de começar a rever um filme na cabeça, buscando identificar quais pontos do passado poderiam indicar que algo ali estava errado. O patrimônio construído em ações da empresa é, para alguns, um plano de complemento à aposentadoria.

Pressão para a compra de papéis

”Há gerentes antigos que tinham essas ações como patrimônio. Nunca mexeram”, diz uma das fontes, que viu suas ações caírem mais de 90%. Outro funcionário diz que a compra era quase obrigatória. “Havia alguma pressão para que adquiríssemos os papéis da empresa (quando convidados a aderir ao plano). Se não comprássemos, havia questionamentos como: ‘mas você não acredita na companhia”’, diz uma segunda fonte.

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Programas de remuneração variável por meio de ações servem, entre outras coisas, para manter talentos na empresa. É comum haver um período no qual os funcionários não podem mexer nos papéis, para tentar evitar a manipulação nos preços por meio de ganhos de curto prazo com as ações da companhia.

Multa por eventual crime de insider trading poderia atingir R$ 428 mi

De todo modo, a alta chefia da companhia conseguiu se antecipar ao escândalo que levou à recuperação judicial da empresa. A multa para eventual crime de insider trading no caso das Americanas poderia atingir R$ 428,57 milhões, se aplicada a letra da lei, que prevê punição equivalente a três vezes o valor da vantagem. Após a revelação do rombo de R$ 20 bilhões, verificou-se que membros da diretoria venderam R$ 210 milhões em ações nos últimos meses.

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Procurada, a Americanas afirmou que “o plano de ação da companhia se trata de uma prática de mercado (stock options) para atrair e reter talentos. Funcionários em cargos gerenciais e executivos eram convidados de forma recorrente para fazer parte do plano e, anualmente, esse convite era renovado para aqueles que desejassem participar”.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/02/2023, às 16h56

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Recuperação judicial da Americanas envolve dívidas de até R$ 48 bilhões Foto: Pedro Kirilos/ Estadão Conteúdo 

Assim que passam a ocupar o cargo de gerente executivo, os funcionários da Americanas têm acesso a um plano que permite o uso de parte dos bônus, benefício do programa de remuneração variável dos empregados mais graduados, para comprar ações da companhia. Embora registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostrem que os altos diretores da empresa venderam ações no segundo semestre, há funcionários do baixo clero que viram boa parte de seu patrimônio ruir. Segundo as regras da empresa apresentadas no formulário de referência, quem não é membro da diretoria estatutária pode usar até 70% de seus bônus para adquirir papéis da varejista. Essa opção não está disponível a todos: vale apenas para aqueles que, por mérito, são convidados a aderir ao plano.

Pé de meia para aposentadoria

O Broadcast conversou com ex-funcionários que sofreram prejuízos. A sensação, relatam, é de começar a rever um filme na cabeça, buscando identificar quais pontos do passado poderiam indicar que algo ali estava errado. O patrimônio construído em ações da empresa é, para alguns, um plano de complemento à aposentadoria.

Pressão para a compra de papéis

”Há gerentes antigos que tinham essas ações como patrimônio. Nunca mexeram”, diz uma das fontes, que viu suas ações caírem mais de 90%. Outro funcionário diz que a compra era quase obrigatória. “Havia alguma pressão para que adquiríssemos os papéis da empresa (quando convidados a aderir ao plano). Se não comprássemos, havia questionamentos como: ‘mas você não acredita na companhia”’, diz uma segunda fonte.

Programas de remuneração variável por meio de ações servem, entre outras coisas, para manter talentos na empresa. É comum haver um período no qual os funcionários não podem mexer nos papéis, para tentar evitar a manipulação nos preços por meio de ganhos de curto prazo com as ações da companhia.

Multa por eventual crime de insider trading poderia atingir R$ 428 mi

De todo modo, a alta chefia da companhia conseguiu se antecipar ao escândalo que levou à recuperação judicial da empresa. A multa para eventual crime de insider trading no caso das Americanas poderia atingir R$ 428,57 milhões, se aplicada a letra da lei, que prevê punição equivalente a três vezes o valor da vantagem. Após a revelação do rombo de R$ 20 bilhões, verificou-se que membros da diretoria venderam R$ 210 milhões em ações nos últimos meses.

Procurada, a Americanas afirmou que “o plano de ação da companhia se trata de uma prática de mercado (stock options) para atrair e reter talentos. Funcionários em cargos gerenciais e executivos eram convidados de forma recorrente para fazer parte do plano e, anualmente, esse convite era renovado para aqueles que desejassem participar”.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/02/2023, às 16h56

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Pé de meia para aposentadoria

O Broadcast conversou com ex-funcionários que sofreram prejuízos. A sensação, relatam, é de começar a rever um filme na cabeça, buscando identificar quais pontos do passado poderiam indicar que algo ali estava errado. O patrimônio construído em ações da empresa é, para alguns, um plano de complemento à aposentadoria.

Pressão para a compra de papéis

”Há gerentes antigos que tinham essas ações como patrimônio. Nunca mexeram”, diz uma das fontes, que viu suas ações caírem mais de 90%. Outro funcionário diz que a compra era quase obrigatória. “Havia alguma pressão para que adquiríssemos os papéis da empresa (quando convidados a aderir ao plano). Se não comprássemos, havia questionamentos como: ‘mas você não acredita na companhia”’, diz uma segunda fonte.

Programas de remuneração variável por meio de ações servem, entre outras coisas, para manter talentos na empresa. É comum haver um período no qual os funcionários não podem mexer nos papéis, para tentar evitar a manipulação nos preços por meio de ganhos de curto prazo com as ações da companhia.

Multa por eventual crime de insider trading poderia atingir R$ 428 mi

De todo modo, a alta chefia da companhia conseguiu se antecipar ao escândalo que levou à recuperação judicial da empresa. A multa para eventual crime de insider trading no caso das Americanas poderia atingir R$ 428,57 milhões, se aplicada a letra da lei, que prevê punição equivalente a três vezes o valor da vantagem. Após a revelação do rombo de R$ 20 bilhões, verificou-se que membros da diretoria venderam R$ 210 milhões em ações nos últimos meses.

Procurada, a Americanas afirmou que “o plano de ação da companhia se trata de uma prática de mercado (stock options) para atrair e reter talentos. Funcionários em cargos gerenciais e executivos eram convidados de forma recorrente para fazer parte do plano e, anualmente, esse convite era renovado para aqueles que desejassem participar”.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/02/2023, às 16h56

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