Bastidores do mundo dos negócios

Fundadores da Tok&Stok pedem suspensão de atos envolvendo venda à Mobly


Família Dubrule requereu à Justiça a rejeição da recuperação extrajudicial da empresa

Por Cristiane Barbieri
Venda de fatia da Tok&Stok da SPX para a Mobly criaria a maior empresa de móveis e decorações da América Latina Foto: Taba Benedicto/Estadão - 27/04/2023

A família Dubrule, fundadora e acionista da Tok&Stok, pediu à 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo a suspensão da recuperação extrajudicial da empresa e da realização de assembleia extraordinária de acionistas marcada para quinta, 22 de agosto. Requisitou ainda que a gestora SPX (acionista majoritária da Tok&Stok) seja impedida de votar nesta assembleia. Os Dubrule tentam impedir a concretização da venda da fatia da Tok&Stok, que pertence a SPX, para a Mobly. O negócio foi anunciado em 8 de agosto e criaria a maior empresa de móveis e decorações da América Latina, com faturamento de R$ 1,6 bilhão.

Para a família, haveria conflitos de interesse que justificariam esta tomada de decisão por parte da Justiça. Entre eles, o fato de que a SPX não teria o desejo de atender ao melhor interesse da Tok&Stok, como determina a Lei das SAs, mas sim estaria sendo movida exclusivamente pela venda de suas ações da companhia.

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Este teria sido o motivo de a SPX ter impedido o aumento de capital de R$ 220 milhões a ser feito na varejista, proposto pelos Dubrule. Além disso, a gestora teria pedido que a família fizesse uma oferta por sua participação, mesmo com o fato de a empresa ter dívidas em torno de R$ 450 milhões com Bradesco, Santander e Banco do Brasil.

Sem conseguir vender sua fatia aos Dubrule, a SPX teria partido para a negociação com a Mobly. Pelo acordo anunciado, houve trocas de ações e a participação de 60% da SPX na Tok&Stok se transformou em 12% na nova Mobly. Simultaneamente, foi pedida a recuperação extrajudicial da Tok&Stok, com um acordo previamente assinado com os bancos credores, que alongaram as dívidas. Essa situação permitiria ganhos com sinergia promovidos com a união das duas empresas, ao longo de dois anos.

Remuneração dos bancos

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Para os Dubrule, porém, haveria conflito de interesse também com os bancos. Isso porque Bradesco e Santander seriam remunerados em R$ 20 milhões pela Mobly, no fechamento do negócio. Como também são credores, haveria conflito de interesses no acordo. Segundo uma fonte, o valor pago a assessores financeiros no País costuma girar em torno de 2% a 5% e um banco credor não poderia trabalhar também como vendedor do negócio.

Além disso, o acordo seria uma maneira de a SPX se tornar minoritária no negócio, sem ser responsabilizada numa eventual quebra. Para os Dubrule, a SPX destruiu o valor da Tok&Stok, e a Mobly é queimadora de caixa. Somados os dois negócios, ele não pararia em pé.

Suposta manobra protelatória

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Fontes próximas ao negócio veem o pedido da família Dubrule à Justiça como mais uma manobra protelatória, que não vem encontrando amparo em juízo. Isso porque as liminares pedidas anteriormente não foram acatadas. Desta vez, a Justiça deu prazo para a SPX responder até a próxima semana. Depois, portanto, da assembleia de acionistas.

Para estas fontes, considerando-se a dívida na avaliação do negócio, o valor pago aos bancos teria ficado em torno de 5%, portanto, dentro da média do mercado. De acordo com uma fonte, os bancos teriam trabalhado por um ano e meio para achar um comprador à Tok&Stok. Foram assinados acordos de confidencialidade com 30 potenciais interessados - e os Dubrule estavam a par de todas as negociações, sem terem se oposto anteriormente ao trabalho. “Não há conflito de interesse porque são áreas totalmente separadas (dentro dos bancos)”, diz a fonte. “Bancos não fazem um péssimo negócio numa empresa em que tem R$ 200 milhões a receber, em troca de um fee (comissão) num negócio que nem sabem se irá acontecer.”

Além disso, diz a fonte, se a ideia da SPX fosse se tornar minoritária para fugir de eventuais responsabilidades numa quebra da companhia, o acordo não seria feito com uma empresa de capital aberto, que tem expertise no mercado e se comprometeu a resgatar a dívida com os bancos.

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Procurados, SPX, Mobly e Bradesco decidiram não se pronunciar. O Santander não respondeu a pedido de entrevista até a publicação desta nota.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 20/08/2024, às 15h05.

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Venda de fatia da Tok&Stok da SPX para a Mobly criaria a maior empresa de móveis e decorações da América Latina Foto: Taba Benedicto/Estadão - 27/04/2023

A família Dubrule, fundadora e acionista da Tok&Stok, pediu à 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo a suspensão da recuperação extrajudicial da empresa e da realização de assembleia extraordinária de acionistas marcada para quinta, 22 de agosto. Requisitou ainda que a gestora SPX (acionista majoritária da Tok&Stok) seja impedida de votar nesta assembleia. Os Dubrule tentam impedir a concretização da venda da fatia da Tok&Stok, que pertence a SPX, para a Mobly. O negócio foi anunciado em 8 de agosto e criaria a maior empresa de móveis e decorações da América Latina, com faturamento de R$ 1,6 bilhão.

Para a família, haveria conflitos de interesse que justificariam esta tomada de decisão por parte da Justiça. Entre eles, o fato de que a SPX não teria o desejo de atender ao melhor interesse da Tok&Stok, como determina a Lei das SAs, mas sim estaria sendo movida exclusivamente pela venda de suas ações da companhia.

Este teria sido o motivo de a SPX ter impedido o aumento de capital de R$ 220 milhões a ser feito na varejista, proposto pelos Dubrule. Além disso, a gestora teria pedido que a família fizesse uma oferta por sua participação, mesmo com o fato de a empresa ter dívidas em torno de R$ 450 milhões com Bradesco, Santander e Banco do Brasil.

Sem conseguir vender sua fatia aos Dubrule, a SPX teria partido para a negociação com a Mobly. Pelo acordo anunciado, houve trocas de ações e a participação de 60% da SPX na Tok&Stok se transformou em 12% na nova Mobly. Simultaneamente, foi pedida a recuperação extrajudicial da Tok&Stok, com um acordo previamente assinado com os bancos credores, que alongaram as dívidas. Essa situação permitiria ganhos com sinergia promovidos com a união das duas empresas, ao longo de dois anos.

Remuneração dos bancos

Para os Dubrule, porém, haveria conflito de interesse também com os bancos. Isso porque Bradesco e Santander seriam remunerados em R$ 20 milhões pela Mobly, no fechamento do negócio. Como também são credores, haveria conflito de interesses no acordo. Segundo uma fonte, o valor pago a assessores financeiros no País costuma girar em torno de 2% a 5% e um banco credor não poderia trabalhar também como vendedor do negócio.

Além disso, o acordo seria uma maneira de a SPX se tornar minoritária no negócio, sem ser responsabilizada numa eventual quebra. Para os Dubrule, a SPX destruiu o valor da Tok&Stok, e a Mobly é queimadora de caixa. Somados os dois negócios, ele não pararia em pé.

Suposta manobra protelatória

Fontes próximas ao negócio veem o pedido da família Dubrule à Justiça como mais uma manobra protelatória, que não vem encontrando amparo em juízo. Isso porque as liminares pedidas anteriormente não foram acatadas. Desta vez, a Justiça deu prazo para a SPX responder até a próxima semana. Depois, portanto, da assembleia de acionistas.

Para estas fontes, considerando-se a dívida na avaliação do negócio, o valor pago aos bancos teria ficado em torno de 5%, portanto, dentro da média do mercado. De acordo com uma fonte, os bancos teriam trabalhado por um ano e meio para achar um comprador à Tok&Stok. Foram assinados acordos de confidencialidade com 30 potenciais interessados - e os Dubrule estavam a par de todas as negociações, sem terem se oposto anteriormente ao trabalho. “Não há conflito de interesse porque são áreas totalmente separadas (dentro dos bancos)”, diz a fonte. “Bancos não fazem um péssimo negócio numa empresa em que tem R$ 200 milhões a receber, em troca de um fee (comissão) num negócio que nem sabem se irá acontecer.”

Além disso, diz a fonte, se a ideia da SPX fosse se tornar minoritária para fugir de eventuais responsabilidades numa quebra da companhia, o acordo não seria feito com uma empresa de capital aberto, que tem expertise no mercado e se comprometeu a resgatar a dívida com os bancos.

Procurados, SPX, Mobly e Bradesco decidiram não se pronunciar. O Santander não respondeu a pedido de entrevista até a publicação desta nota.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 20/08/2024, às 15h05.

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A família Dubrule, fundadora e acionista da Tok&Stok, pediu à 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo a suspensão da recuperação extrajudicial da empresa e da realização de assembleia extraordinária de acionistas marcada para quinta, 22 de agosto. Requisitou ainda que a gestora SPX (acionista majoritária da Tok&Stok) seja impedida de votar nesta assembleia. Os Dubrule tentam impedir a concretização da venda da fatia da Tok&Stok, que pertence a SPX, para a Mobly. O negócio foi anunciado em 8 de agosto e criaria a maior empresa de móveis e decorações da América Latina, com faturamento de R$ 1,6 bilhão.

Para a família, haveria conflitos de interesse que justificariam esta tomada de decisão por parte da Justiça. Entre eles, o fato de que a SPX não teria o desejo de atender ao melhor interesse da Tok&Stok, como determina a Lei das SAs, mas sim estaria sendo movida exclusivamente pela venda de suas ações da companhia.

Este teria sido o motivo de a SPX ter impedido o aumento de capital de R$ 220 milhões a ser feito na varejista, proposto pelos Dubrule. Além disso, a gestora teria pedido que a família fizesse uma oferta por sua participação, mesmo com o fato de a empresa ter dívidas em torno de R$ 450 milhões com Bradesco, Santander e Banco do Brasil.

Sem conseguir vender sua fatia aos Dubrule, a SPX teria partido para a negociação com a Mobly. Pelo acordo anunciado, houve trocas de ações e a participação de 60% da SPX na Tok&Stok se transformou em 12% na nova Mobly. Simultaneamente, foi pedida a recuperação extrajudicial da Tok&Stok, com um acordo previamente assinado com os bancos credores, que alongaram as dívidas. Essa situação permitiria ganhos com sinergia promovidos com a união das duas empresas, ao longo de dois anos.

Remuneração dos bancos

Para os Dubrule, porém, haveria conflito de interesse também com os bancos. Isso porque Bradesco e Santander seriam remunerados em R$ 20 milhões pela Mobly, no fechamento do negócio. Como também são credores, haveria conflito de interesses no acordo. Segundo uma fonte, o valor pago a assessores financeiros no País costuma girar em torno de 2% a 5% e um banco credor não poderia trabalhar também como vendedor do negócio.

Além disso, o acordo seria uma maneira de a SPX se tornar minoritária no negócio, sem ser responsabilizada numa eventual quebra. Para os Dubrule, a SPX destruiu o valor da Tok&Stok, e a Mobly é queimadora de caixa. Somados os dois negócios, ele não pararia em pé.

Suposta manobra protelatória

Fontes próximas ao negócio veem o pedido da família Dubrule à Justiça como mais uma manobra protelatória, que não vem encontrando amparo em juízo. Isso porque as liminares pedidas anteriormente não foram acatadas. Desta vez, a Justiça deu prazo para a SPX responder até a próxima semana. Depois, portanto, da assembleia de acionistas.

Para estas fontes, considerando-se a dívida na avaliação do negócio, o valor pago aos bancos teria ficado em torno de 5%, portanto, dentro da média do mercado. De acordo com uma fonte, os bancos teriam trabalhado por um ano e meio para achar um comprador à Tok&Stok. Foram assinados acordos de confidencialidade com 30 potenciais interessados - e os Dubrule estavam a par de todas as negociações, sem terem se oposto anteriormente ao trabalho. “Não há conflito de interesse porque são áreas totalmente separadas (dentro dos bancos)”, diz a fonte. “Bancos não fazem um péssimo negócio numa empresa em que tem R$ 200 milhões a receber, em troca de um fee (comissão) num negócio que nem sabem se irá acontecer.”

Além disso, diz a fonte, se a ideia da SPX fosse se tornar minoritária para fugir de eventuais responsabilidades numa quebra da companhia, o acordo não seria feito com uma empresa de capital aberto, que tem expertise no mercado e se comprometeu a resgatar a dívida com os bancos.

Procurados, SPX, Mobly e Bradesco decidiram não se pronunciar. O Santander não respondeu a pedido de entrevista até a publicação desta nota.

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