Duas das maiores empresas de saneamento do país, Aegea e Iguá, captaram mais de R$ 10 bilhões no mercado para pagar concessões que venceram e bancar os investimentos previstos nos projetos. Com títulos de dívida (debêntures) com prazos que chegam perto de 30 anos - prazo raro de captação no Brasil - as empresas ainda negociam novos empréstimos.
A Iguá captou R$ 3,8 bilhões com a emissão de debêntures e prazo que chega a 29 anos. Em 2021, arrematou por R$ 7,3 bilhões um dos blocos à venda no leilão de concessão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Neste momento, está em conversas avançadas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em torno de uma linha de crédito Finem para o financiamento de despesas de capital (Capex). A empresa tem uma necessidade de Capex de R$ 2 bilhões, relacionada à concessão de um dos blocos da Cedae. Parte dele virá da própria companhia.
A Aegea, que no mês passado arrematou a parceria púbico-privada (PPP) de saneamento de 16 municípios da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), captou R$ 5,54 bilhões em debêntures, com prazos de 10 anos e 18 anos, por meio de sua empresa Águas do Rio. “Foi a maior oferta de debêntures de infraestrutura já concluída no país”, ressalta o diretor financeiro da empresa, André Pires. A procura pelos papéis, que tiveram critérios sustentáveis, superou R$ 9,6 bilhões, com muitos pedidos também de pessoas físicas. O BNDES ficou com R$ 1,9 bilhão do total.
Para executivo, captação marca começo de maior ciclo de investimentos
“A operação marca o início do maior ciclo de investimentos em saneamento no Brasil por uma empresa privada”, afirma Pires. A Aegea está buscando ainda um financiamento de longo prazo em Washington no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na casa dos US$ 300 milhões. A Aegea fez parte do consórcio que levou a Corsan, do Rio Grande do Sul, por R$ 4,2 bilhões, e dois blocos da Cedae, no Rio, por R$ 15,4 bilhões.
No mercado de capitais ambas as companhias são vistas como fortes candidatas a protagonizar a reabertura das ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) em bolsa, que não vê esse tipo de operação há dois anos. No caso de Iguá, se fala ainda que a empresa poderia buscar recursos no mercado de dívida norte-americano (bonds).
No entanto, a Iguá não deve tomar nenhuma decisão nesse sentido no curto prazo e deve aguardar uma melhora mais consistente dos mercados, especialmente no exterior. Lá fora, os investidores estrangeiros ainda avaliam a direção do juro, para então tomarem decisões de investir em emergentes.
Desde 2020, foram 28 leilões que exigem investimentos de R$ 98 bilhões
Desde a publicação do marco do saneamento, de 2020, já foram 28 leilões, seja de contratos de concessão ou parcerias público-privadas em saneamento pelo Brasil, envolvendo R$ 98 bilhões em aportes previstos.
Pela frente, a maior expectativa agora é pela privatização da Sabesp, de São Paulo, que será feita por meio de oferta de ações na B3 e ainda conversa com os bancos de investimento para montar o sindicato que vai definir a oferta, que promete ser uma das maiores de 2024.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 14/08/23, às 11h47.
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