Os detentores de títulos de dívida da Light emitidos no exterior (bondholders), que possuem US$ 600 milhões (mais de R$ 3 bilhões) em papéis da companhia, ainda estudam se aceitarão os termos do acordo preliminar fechado na última quinta-feira, 11, pela Light com credores, apurou o Broadcast. Conforme fontes que falaram sob condição de anonimato, o grupo poderá ser o fiel da balança na assembleia geral de credores (AGC) que está marcada para o próximo dia 25.
Em recuperação judicial desde maio do ano passado, a Light SA tem dívidas de R$ 11 bilhões, entre débitos das subsidiárias Light Sesa, distribuidora, e Light Energia, geradora. A Sesa concentra a maior parte dos débitos, somando cerca de R$ 9 bilhões.
Na última quinta-feira, a Light conseguiu um acordo sobre a repactuação de créditos da Light Energia com bancos que detêm cerca de R$ 1 bilhão em dívidas da empresa. A companhia se comprometeu a manter as condições originais de juros e prazo. Os juros não pagos por conta do “período de proteção” (stay period) serão pagos ao longo deste.
Empresa tem acerto com debenturistas
A empresa acertou também um acordo preliminar (term sheet) com o comitê de gestores de fundos de investimento que carregam debêntures de oito emissões da Sesa. Este grupo representa R$ 4,96 bilhões em dívidas.
O acerto teve recomendação favorável dos assessores financeiros dos debenturistas e reflete, segundo a companhia, os principais termos e condições econômicos para a repactuação da dívida. Isso inclui aditamento ao plano de recuperação judicial da Light, a ser apresentado no âmbito da recuperação judicial.
Os entendimentos, porém, não significam que o plano da Light terá uma votação tranquila na assembleia de credores, alerta um observador. A aprovação do plano de recuperação judicial exige a maioria dos votos por cabeça e por total de créditos. A companhia deve levar à AGC os termos do acordo preliminar, e então as discussões com os credores podem resultar em ajustes no texto.
Bancos devem ser manter coesos
Os bancos que aderiram à proposta da Light – Itaú, Santander, Bradesco e Citi, conforme apuração do Broadcast – devem se manter coesos, mas têm um peso pequeno no total do endividamento.
Já os debenturistas com papéis da Sesa formam um conjunto mais heterogêneo, com gestoras de fundos de investimento, bancos, agentes fiduciários e pessoas físicas. O entendimento anunciado pela companhia foi fechado com o comitê que representa esses credores, mas não implica concordância de todos, lembrou uma fonte, e deve haver dissidentes.
Um negociador que representa uma fatia menor dos debenturistas, com cerca de R$ 1,4 bilhão, ressalta que o grupo também é heterogêneo e não tem uma direção apontada nas negociações com a Light.
‘Bondholders’ ainda são incógnita
Por sua vez, o grupo de bondholders, formado por bancos e fundos de investimento, tende a votar junto. Por isso, a fatia de dívidas, que somam 27,3% do total, deverá ser determinante na votação, analisa uma fonte. Estes credores ainda não deram indicação do que desejam para embarcar no acordo, mas tampouco fizeram críticas. A expectativa é de que busquem ajustes nos termos do acordo antes ou durante a AGC, que será realizada apenas por meio de plataforma eletrônica.
Cerca de R$ 1 bilhão dos bonds foi emitido contra a Light Energia, considerada uma empresa com operação rodando de forma adequada, e aproximadamente R$ 2 bilhões contra a Sesa.
Nesta segunda-feira, 15, a Light publicou fato relevante destacando que “a repactuação em questão permanece sujeita à negociação e à celebração dos documentos definitivos entre as partes signatárias do term sheet assinado em 11 de abril de 2024, incluindo a sua inclusão em um aditamento ao plano de recuperação judicial da Light a ser oportunamente apresentado no âmbito da RJ”.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 15/04/24, às 17h06
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