Bastidores do mundo dos negócios

Inadimplência do Nubank se torna nova fonte de polarização entre analistas


Atrasos nos pagamentos de empréstimos da instituição subiram no segundo trimestre

Por Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana
A fintech chamou a alta da inadimplência de 'intencional' diante da estratégia de acelerar o crédito Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Devo, não nego. A inadimplência do Nubank subiu no segundo trimestre, para um patamar mais alto que o visto entre os grandes bancos no Brasil, com a fintech sendo mais agressiva no crédito. Mas o movimento paralelo que era de se esperar, a elevação das provisões para devedores duvidosos, não ocorreu. Ao contrário, elas foram reduzidas.

A estratégia ajudou o lucro do neobanco a superar as previsões dos analistas, o que fez as ações subirem na Bolsa de Nova York, mas também se tornou o estopim de uma nova polarização no mercado em torno dos rumos da fintech, que logo após a estreia na Bolsa, em 2021, dividiu analistas locais e estrangeiros sobre o modelo de negócios. Agora, a divisão tem como foco a inadimplência e as provisões.

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Teve quem viu como mero efeito colateral a alta dos atrasos, que a fintech chamou de “intencional” diante da estratégia de acelerar o crédito. Nesse grupo, os analistas do Morgan Stanley elogiaram o balanço, que mostrou que o Nubank chegou a 105 milhões de clientes e que teve um salto de 116% no lucro líquido, para US$ 487 milhões no segundo trimestre.

Avaliação favorável

“Infelizmente, o mercado raramente premia superações de lucros impulsionadas por reduções na provisão, especialmente quando os índices de inadimplência estão em alta”, escrevem os analistas do Morgan Stanley, Jorge Kuri, Jorge Echevarria, Andrew Geraghty. Para o banco americano, o Nubank caminha para valer US$ 100 bilhões até 2026. Nesta quarta-feira, valia US$ 63 bilhões, mais que qualquer banco brasileiro.

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Na visão do BB-BI, apesar do recorde de lucro e receita, o ponto contraintuitivo foi a queda nas despesas com provisões, que recuaram 8,5% em um trimestre, mesmo com a alta de 6,3% para 7% nos índices de inadimplência. Ainda assim, o analista Rafael Reis teve leitura positiva, ao considerar que o crescimento do Nubank foi o ponto de maior destaque.

Visão pessimista

Foi esse movimento dissonante entre inadimplência e provisões que pesou para o grupo dos “pessimistas”. O normal no setor bancário é que as instituições aumentem as provisões quando os atrasos sobem, justamente para cobrir as perdas. O Nubank preferiu deixar com que a “conta” fosse paga por provisões feitas anteriormente.

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“Apesar da forte surpresa positiva [com o lucro], mantemos a cautela diante do provisionamento mais baixo no trimestre a despeito de uma piora sequencial na qualidade dos ativos”, escreveu em relatório o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI.

Na mesma fileira está a equipe liderada por Bernardo Guttmann na XP. “Mostramos nossas preocupações em relatórios anteriores, e vemos a qualidade dos ativos do Nubank se tornando cada vez mais difícil de entender”, escreveram eles após a divulgação do balanço, na terça-feira, 13, e a teleconferência, na mesma data, à noite.

Justificativa

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A diretoria do Nubank justifica que a queda das provisões ocorreu por conta da redução da taxa de inadimplência para período mais curto (abaixo de 90 dias) e pelo fato de que o crescimento do crédito foi mais lento em linhas que requerem nível maior de reservas. O presidente da fintech, Youssef Lahrech, disse na teleconferência que novos aumentos nos atrasos podem ocorrer, mas que até agora, a expansão da margem ajustada ao risco mostra que a estratégia se paga.

“A expansão da inadimplência é intencional, porque estamos lançando novos produtos e abrindo o acesso a crédito para novos clientes”, disse ao Broadcast o diretor Financeiro, Guilherme Lago. O banco digital não pretende desacelerar os empréstimos, e acredita que a rentabilidade subirá mais conforme aloca os depósitos em crédito. No segundo trimestre, o retorno patrimonial (ROE) ficou em 28%, um dos mais altos entre os bancos locais.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 14/08/2024, às 16h36.

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A fintech chamou a alta da inadimplência de 'intencional' diante da estratégia de acelerar o crédito Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Devo, não nego. A inadimplência do Nubank subiu no segundo trimestre, para um patamar mais alto que o visto entre os grandes bancos no Brasil, com a fintech sendo mais agressiva no crédito. Mas o movimento paralelo que era de se esperar, a elevação das provisões para devedores duvidosos, não ocorreu. Ao contrário, elas foram reduzidas.

A estratégia ajudou o lucro do neobanco a superar as previsões dos analistas, o que fez as ações subirem na Bolsa de Nova York, mas também se tornou o estopim de uma nova polarização no mercado em torno dos rumos da fintech, que logo após a estreia na Bolsa, em 2021, dividiu analistas locais e estrangeiros sobre o modelo de negócios. Agora, a divisão tem como foco a inadimplência e as provisões.

Teve quem viu como mero efeito colateral a alta dos atrasos, que a fintech chamou de “intencional” diante da estratégia de acelerar o crédito. Nesse grupo, os analistas do Morgan Stanley elogiaram o balanço, que mostrou que o Nubank chegou a 105 milhões de clientes e que teve um salto de 116% no lucro líquido, para US$ 487 milhões no segundo trimestre.

Avaliação favorável

“Infelizmente, o mercado raramente premia superações de lucros impulsionadas por reduções na provisão, especialmente quando os índices de inadimplência estão em alta”, escrevem os analistas do Morgan Stanley, Jorge Kuri, Jorge Echevarria, Andrew Geraghty. Para o banco americano, o Nubank caminha para valer US$ 100 bilhões até 2026. Nesta quarta-feira, valia US$ 63 bilhões, mais que qualquer banco brasileiro.

Na visão do BB-BI, apesar do recorde de lucro e receita, o ponto contraintuitivo foi a queda nas despesas com provisões, que recuaram 8,5% em um trimestre, mesmo com a alta de 6,3% para 7% nos índices de inadimplência. Ainda assim, o analista Rafael Reis teve leitura positiva, ao considerar que o crescimento do Nubank foi o ponto de maior destaque.

Visão pessimista

Foi esse movimento dissonante entre inadimplência e provisões que pesou para o grupo dos “pessimistas”. O normal no setor bancário é que as instituições aumentem as provisões quando os atrasos sobem, justamente para cobrir as perdas. O Nubank preferiu deixar com que a “conta” fosse paga por provisões feitas anteriormente.

“Apesar da forte surpresa positiva [com o lucro], mantemos a cautela diante do provisionamento mais baixo no trimestre a despeito de uma piora sequencial na qualidade dos ativos”, escreveu em relatório o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI.

Na mesma fileira está a equipe liderada por Bernardo Guttmann na XP. “Mostramos nossas preocupações em relatórios anteriores, e vemos a qualidade dos ativos do Nubank se tornando cada vez mais difícil de entender”, escreveram eles após a divulgação do balanço, na terça-feira, 13, e a teleconferência, na mesma data, à noite.

Justificativa

A diretoria do Nubank justifica que a queda das provisões ocorreu por conta da redução da taxa de inadimplência para período mais curto (abaixo de 90 dias) e pelo fato de que o crescimento do crédito foi mais lento em linhas que requerem nível maior de reservas. O presidente da fintech, Youssef Lahrech, disse na teleconferência que novos aumentos nos atrasos podem ocorrer, mas que até agora, a expansão da margem ajustada ao risco mostra que a estratégia se paga.

“A expansão da inadimplência é intencional, porque estamos lançando novos produtos e abrindo o acesso a crédito para novos clientes”, disse ao Broadcast o diretor Financeiro, Guilherme Lago. O banco digital não pretende desacelerar os empréstimos, e acredita que a rentabilidade subirá mais conforme aloca os depósitos em crédito. No segundo trimestre, o retorno patrimonial (ROE) ficou em 28%, um dos mais altos entre os bancos locais.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 14/08/2024, às 16h36.

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A fintech chamou a alta da inadimplência de 'intencional' diante da estratégia de acelerar o crédito Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Devo, não nego. A inadimplência do Nubank subiu no segundo trimestre, para um patamar mais alto que o visto entre os grandes bancos no Brasil, com a fintech sendo mais agressiva no crédito. Mas o movimento paralelo que era de se esperar, a elevação das provisões para devedores duvidosos, não ocorreu. Ao contrário, elas foram reduzidas.

A estratégia ajudou o lucro do neobanco a superar as previsões dos analistas, o que fez as ações subirem na Bolsa de Nova York, mas também se tornou o estopim de uma nova polarização no mercado em torno dos rumos da fintech, que logo após a estreia na Bolsa, em 2021, dividiu analistas locais e estrangeiros sobre o modelo de negócios. Agora, a divisão tem como foco a inadimplência e as provisões.

Teve quem viu como mero efeito colateral a alta dos atrasos, que a fintech chamou de “intencional” diante da estratégia de acelerar o crédito. Nesse grupo, os analistas do Morgan Stanley elogiaram o balanço, que mostrou que o Nubank chegou a 105 milhões de clientes e que teve um salto de 116% no lucro líquido, para US$ 487 milhões no segundo trimestre.

Avaliação favorável

“Infelizmente, o mercado raramente premia superações de lucros impulsionadas por reduções na provisão, especialmente quando os índices de inadimplência estão em alta”, escrevem os analistas do Morgan Stanley, Jorge Kuri, Jorge Echevarria, Andrew Geraghty. Para o banco americano, o Nubank caminha para valer US$ 100 bilhões até 2026. Nesta quarta-feira, valia US$ 63 bilhões, mais que qualquer banco brasileiro.

Na visão do BB-BI, apesar do recorde de lucro e receita, o ponto contraintuitivo foi a queda nas despesas com provisões, que recuaram 8,5% em um trimestre, mesmo com a alta de 6,3% para 7% nos índices de inadimplência. Ainda assim, o analista Rafael Reis teve leitura positiva, ao considerar que o crescimento do Nubank foi o ponto de maior destaque.

Visão pessimista

Foi esse movimento dissonante entre inadimplência e provisões que pesou para o grupo dos “pessimistas”. O normal no setor bancário é que as instituições aumentem as provisões quando os atrasos sobem, justamente para cobrir as perdas. O Nubank preferiu deixar com que a “conta” fosse paga por provisões feitas anteriormente.

“Apesar da forte surpresa positiva [com o lucro], mantemos a cautela diante do provisionamento mais baixo no trimestre a despeito de uma piora sequencial na qualidade dos ativos”, escreveu em relatório o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI.

Na mesma fileira está a equipe liderada por Bernardo Guttmann na XP. “Mostramos nossas preocupações em relatórios anteriores, e vemos a qualidade dos ativos do Nubank se tornando cada vez mais difícil de entender”, escreveram eles após a divulgação do balanço, na terça-feira, 13, e a teleconferência, na mesma data, à noite.

Justificativa

A diretoria do Nubank justifica que a queda das provisões ocorreu por conta da redução da taxa de inadimplência para período mais curto (abaixo de 90 dias) e pelo fato de que o crescimento do crédito foi mais lento em linhas que requerem nível maior de reservas. O presidente da fintech, Youssef Lahrech, disse na teleconferência que novos aumentos nos atrasos podem ocorrer, mas que até agora, a expansão da margem ajustada ao risco mostra que a estratégia se paga.

“A expansão da inadimplência é intencional, porque estamos lançando novos produtos e abrindo o acesso a crédito para novos clientes”, disse ao Broadcast o diretor Financeiro, Guilherme Lago. O banco digital não pretende desacelerar os empréstimos, e acredita que a rentabilidade subirá mais conforme aloca os depósitos em crédito. No segundo trimestre, o retorno patrimonial (ROE) ficou em 28%, um dos mais altos entre os bancos locais.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 14/08/2024, às 16h36.

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Devo, não nego. A inadimplência do Nubank subiu no segundo trimestre, para um patamar mais alto que o visto entre os grandes bancos no Brasil, com a fintech sendo mais agressiva no crédito. Mas o movimento paralelo que era de se esperar, a elevação das provisões para devedores duvidosos, não ocorreu. Ao contrário, elas foram reduzidas.

A estratégia ajudou o lucro do neobanco a superar as previsões dos analistas, o que fez as ações subirem na Bolsa de Nova York, mas também se tornou o estopim de uma nova polarização no mercado em torno dos rumos da fintech, que logo após a estreia na Bolsa, em 2021, dividiu analistas locais e estrangeiros sobre o modelo de negócios. Agora, a divisão tem como foco a inadimplência e as provisões.

Teve quem viu como mero efeito colateral a alta dos atrasos, que a fintech chamou de “intencional” diante da estratégia de acelerar o crédito. Nesse grupo, os analistas do Morgan Stanley elogiaram o balanço, que mostrou que o Nubank chegou a 105 milhões de clientes e que teve um salto de 116% no lucro líquido, para US$ 487 milhões no segundo trimestre.

Avaliação favorável

“Infelizmente, o mercado raramente premia superações de lucros impulsionadas por reduções na provisão, especialmente quando os índices de inadimplência estão em alta”, escrevem os analistas do Morgan Stanley, Jorge Kuri, Jorge Echevarria, Andrew Geraghty. Para o banco americano, o Nubank caminha para valer US$ 100 bilhões até 2026. Nesta quarta-feira, valia US$ 63 bilhões, mais que qualquer banco brasileiro.

Na visão do BB-BI, apesar do recorde de lucro e receita, o ponto contraintuitivo foi a queda nas despesas com provisões, que recuaram 8,5% em um trimestre, mesmo com a alta de 6,3% para 7% nos índices de inadimplência. Ainda assim, o analista Rafael Reis teve leitura positiva, ao considerar que o crescimento do Nubank foi o ponto de maior destaque.

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Foi esse movimento dissonante entre inadimplência e provisões que pesou para o grupo dos “pessimistas”. O normal no setor bancário é que as instituições aumentem as provisões quando os atrasos sobem, justamente para cobrir as perdas. O Nubank preferiu deixar com que a “conta” fosse paga por provisões feitas anteriormente.

“Apesar da forte surpresa positiva [com o lucro], mantemos a cautela diante do provisionamento mais baixo no trimestre a despeito de uma piora sequencial na qualidade dos ativos”, escreveu em relatório o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI.

Na mesma fileira está a equipe liderada por Bernardo Guttmann na XP. “Mostramos nossas preocupações em relatórios anteriores, e vemos a qualidade dos ativos do Nubank se tornando cada vez mais difícil de entender”, escreveram eles após a divulgação do balanço, na terça-feira, 13, e a teleconferência, na mesma data, à noite.

Justificativa

A diretoria do Nubank justifica que a queda das provisões ocorreu por conta da redução da taxa de inadimplência para período mais curto (abaixo de 90 dias) e pelo fato de que o crescimento do crédito foi mais lento em linhas que requerem nível maior de reservas. O presidente da fintech, Youssef Lahrech, disse na teleconferência que novos aumentos nos atrasos podem ocorrer, mas que até agora, a expansão da margem ajustada ao risco mostra que a estratégia se paga.

“A expansão da inadimplência é intencional, porque estamos lançando novos produtos e abrindo o acesso a crédito para novos clientes”, disse ao Broadcast o diretor Financeiro, Guilherme Lago. O banco digital não pretende desacelerar os empréstimos, e acredita que a rentabilidade subirá mais conforme aloca os depósitos em crédito. No segundo trimestre, o retorno patrimonial (ROE) ficou em 28%, um dos mais altos entre os bancos locais.

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