Bastidores do mundo dos negócios

IPO nos EUA pode ser decepção para empresas, diz diretor do Itaú BBA


Para Roderick Greenlees, estrangeiro também é sensível ao ambiente do Brasil

Por Cynthia Decloedt e Altamiro Silva Junior
Greenlees: só para empresas que tenham no mínimo de '30% a 40%' de suas receitas lá fora faz sentido IPO no exterior Foto: Leonardo Rodrigues - 04/08/2026

A expectativa de algumas empresas brasileiras de acessar o mercado norte-americano para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), como opção ao brasileiro, que enfrenta a maior seca de estreantes na bolsa em mais de 25 anos, pode resultar em uma grande decepção. O diretor de renda variável do Itaú BBA, Roderick Greenlees, observa que o investidor estrangeiro é tão sensível quanto o local ao ambiente de juros altos e incertezas crescentes com o fiscal.

“Em boas condições de mercado, viabilizamos IPOs aqui e lá fora. Não é porque vamos listar lá fora que todo mundo vai esquecer os desafios que temos no Brasil. O mundo está conectado”, disse à Coluna.

continua após a publicidade

Greenlees acrescenta que os investidores que compram ações de empresas brasileiras são especializados em emergentes e o juro elevado brasileiro acaba oferecendo opções mais interessantes para quem quer estar ligado ao País, correndo menos risco. “Temos uma competição com os ativos de renda fixa e com todas as outras incertezas que vêm atreladas a uma companhia que opera em um ambiente como este”, afirma.

Mais importante é a qualidade da empresa

Ele lembra também que todo investidor que compra ações nos Estados Unidos está apto a comprar ações aqui, ressaltando que a B3 é uma das maiores bolsas do mundo e muito líquida. Por isso, mais importante é a qualidade da empresa e a tese de investimento da companhia. “Não acho que há uma tendência de empresas brasileiras escolherem o mercado americano para fazer uma listagem. O mercado americano está aberto, mas é diferente falar que está aberto para empresas brasileiras”, disse o executivo.

continua após a publicidade

O diretor do Itaú BBA defende que faz sentido ir ao exterior somente companhias que tenham no mínimo de “30% a 40% ou mais” de suas receitas fora do Brasil. Por isso, em sua opinião, apenas 5% das companhias que pretendem fazer um IPO deveriam escolher o mercado norte-americano. “Na verdade, o que precisamos é, como mercado, como País, melhorar o nosso ambiente para que a possamos, sim, viabilizar ofertas no Brasil”, afirma. “O problema não é a empresa, o problema é que estamos em um momento de mercado ruim no Brasil.”

Mas tampouco é possível prever quando alguma companhia irá testar a Bolsa brasileira, que caminha para seu quarto ano sem nenhuma oferta de estreantes. Greenlees arrisca a dizer que algum IPO poderá acontecer no segundo semestre de 2025. “Temos excelentes candidatas, em termos de tamanho e crescimento.” Mas é preciso um “alinhamento de astros” para viabilizar as ofertas. “Se a taxa de juro começar a cair no segundo trimestre do ano que vem, como preveem os analistas, é porque fizemos a lição de casa e o Banco Central está seguro de que as contas públicas estão controladas e que a inflação vai cair. Daí teremos um IPO no segundo semestre, eventualmente até no segundo trimestre”, prevê.

Nubank foi a última a fazer IPO lá fora

continua após a publicidade

A última empresa brasileira que fez IPO fora do Brasil foi o Nubank, em dezembro de 2021. No mês passado, a Moove, que pertence ao grupo Cosan e opera com lubrificantes, tentou lançar ações em Nova York, mas acabou desistindo da operação, que poderia movimentar US$ 400 milhões.

O presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto, disse ao Broadcast que a decisão de suspender a oferta da Moove teve relação com o fato de que a grande parte dos investidores que apresentaram propostas para ficar com suas ações eram de curto prazo. “Os investidores não eram do perfil que procurávamos, de longo prazo”, afirmou. “Voltaremos com IPO da Moove no exterior em momento oportuno de mercado”, disse Ometto.

Algumas empresas que optaram por listagem em Nova York acabaram decidindo, em um segundo momento, pela saída da Bolsa americana, por causa da baixa liquidez de seus papéis. Um dos casos recentes foi a Arco Educação, que era listada na Nasdaq e fechou o capital no ano passado.

continua após a publicidade

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 04/11/2024, às 15:32.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

continua após a publicidade

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Greenlees: só para empresas que tenham no mínimo de '30% a 40%' de suas receitas lá fora faz sentido IPO no exterior Foto: Leonardo Rodrigues - 04/08/2026

A expectativa de algumas empresas brasileiras de acessar o mercado norte-americano para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), como opção ao brasileiro, que enfrenta a maior seca de estreantes na bolsa em mais de 25 anos, pode resultar em uma grande decepção. O diretor de renda variável do Itaú BBA, Roderick Greenlees, observa que o investidor estrangeiro é tão sensível quanto o local ao ambiente de juros altos e incertezas crescentes com o fiscal.

“Em boas condições de mercado, viabilizamos IPOs aqui e lá fora. Não é porque vamos listar lá fora que todo mundo vai esquecer os desafios que temos no Brasil. O mundo está conectado”, disse à Coluna.

Greenlees acrescenta que os investidores que compram ações de empresas brasileiras são especializados em emergentes e o juro elevado brasileiro acaba oferecendo opções mais interessantes para quem quer estar ligado ao País, correndo menos risco. “Temos uma competição com os ativos de renda fixa e com todas as outras incertezas que vêm atreladas a uma companhia que opera em um ambiente como este”, afirma.

Mais importante é a qualidade da empresa

Ele lembra também que todo investidor que compra ações nos Estados Unidos está apto a comprar ações aqui, ressaltando que a B3 é uma das maiores bolsas do mundo e muito líquida. Por isso, mais importante é a qualidade da empresa e a tese de investimento da companhia. “Não acho que há uma tendência de empresas brasileiras escolherem o mercado americano para fazer uma listagem. O mercado americano está aberto, mas é diferente falar que está aberto para empresas brasileiras”, disse o executivo.

O diretor do Itaú BBA defende que faz sentido ir ao exterior somente companhias que tenham no mínimo de “30% a 40% ou mais” de suas receitas fora do Brasil. Por isso, em sua opinião, apenas 5% das companhias que pretendem fazer um IPO deveriam escolher o mercado norte-americano. “Na verdade, o que precisamos é, como mercado, como País, melhorar o nosso ambiente para que a possamos, sim, viabilizar ofertas no Brasil”, afirma. “O problema não é a empresa, o problema é que estamos em um momento de mercado ruim no Brasil.”

Mas tampouco é possível prever quando alguma companhia irá testar a Bolsa brasileira, que caminha para seu quarto ano sem nenhuma oferta de estreantes. Greenlees arrisca a dizer que algum IPO poderá acontecer no segundo semestre de 2025. “Temos excelentes candidatas, em termos de tamanho e crescimento.” Mas é preciso um “alinhamento de astros” para viabilizar as ofertas. “Se a taxa de juro começar a cair no segundo trimestre do ano que vem, como preveem os analistas, é porque fizemos a lição de casa e o Banco Central está seguro de que as contas públicas estão controladas e que a inflação vai cair. Daí teremos um IPO no segundo semestre, eventualmente até no segundo trimestre”, prevê.

Nubank foi a última a fazer IPO lá fora

A última empresa brasileira que fez IPO fora do Brasil foi o Nubank, em dezembro de 2021. No mês passado, a Moove, que pertence ao grupo Cosan e opera com lubrificantes, tentou lançar ações em Nova York, mas acabou desistindo da operação, que poderia movimentar US$ 400 milhões.

O presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto, disse ao Broadcast que a decisão de suspender a oferta da Moove teve relação com o fato de que a grande parte dos investidores que apresentaram propostas para ficar com suas ações eram de curto prazo. “Os investidores não eram do perfil que procurávamos, de longo prazo”, afirmou. “Voltaremos com IPO da Moove no exterior em momento oportuno de mercado”, disse Ometto.

Algumas empresas que optaram por listagem em Nova York acabaram decidindo, em um segundo momento, pela saída da Bolsa americana, por causa da baixa liquidez de seus papéis. Um dos casos recentes foi a Arco Educação, que era listada na Nasdaq e fechou o capital no ano passado.

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 04/11/2024, às 15:32.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Greenlees: só para empresas que tenham no mínimo de '30% a 40%' de suas receitas lá fora faz sentido IPO no exterior Foto: Leonardo Rodrigues - 04/08/2026

A expectativa de algumas empresas brasileiras de acessar o mercado norte-americano para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), como opção ao brasileiro, que enfrenta a maior seca de estreantes na bolsa em mais de 25 anos, pode resultar em uma grande decepção. O diretor de renda variável do Itaú BBA, Roderick Greenlees, observa que o investidor estrangeiro é tão sensível quanto o local ao ambiente de juros altos e incertezas crescentes com o fiscal.

“Em boas condições de mercado, viabilizamos IPOs aqui e lá fora. Não é porque vamos listar lá fora que todo mundo vai esquecer os desafios que temos no Brasil. O mundo está conectado”, disse à Coluna.

Greenlees acrescenta que os investidores que compram ações de empresas brasileiras são especializados em emergentes e o juro elevado brasileiro acaba oferecendo opções mais interessantes para quem quer estar ligado ao País, correndo menos risco. “Temos uma competição com os ativos de renda fixa e com todas as outras incertezas que vêm atreladas a uma companhia que opera em um ambiente como este”, afirma.

Mais importante é a qualidade da empresa

Ele lembra também que todo investidor que compra ações nos Estados Unidos está apto a comprar ações aqui, ressaltando que a B3 é uma das maiores bolsas do mundo e muito líquida. Por isso, mais importante é a qualidade da empresa e a tese de investimento da companhia. “Não acho que há uma tendência de empresas brasileiras escolherem o mercado americano para fazer uma listagem. O mercado americano está aberto, mas é diferente falar que está aberto para empresas brasileiras”, disse o executivo.

O diretor do Itaú BBA defende que faz sentido ir ao exterior somente companhias que tenham no mínimo de “30% a 40% ou mais” de suas receitas fora do Brasil. Por isso, em sua opinião, apenas 5% das companhias que pretendem fazer um IPO deveriam escolher o mercado norte-americano. “Na verdade, o que precisamos é, como mercado, como País, melhorar o nosso ambiente para que a possamos, sim, viabilizar ofertas no Brasil”, afirma. “O problema não é a empresa, o problema é que estamos em um momento de mercado ruim no Brasil.”

Mas tampouco é possível prever quando alguma companhia irá testar a Bolsa brasileira, que caminha para seu quarto ano sem nenhuma oferta de estreantes. Greenlees arrisca a dizer que algum IPO poderá acontecer no segundo semestre de 2025. “Temos excelentes candidatas, em termos de tamanho e crescimento.” Mas é preciso um “alinhamento de astros” para viabilizar as ofertas. “Se a taxa de juro começar a cair no segundo trimestre do ano que vem, como preveem os analistas, é porque fizemos a lição de casa e o Banco Central está seguro de que as contas públicas estão controladas e que a inflação vai cair. Daí teremos um IPO no segundo semestre, eventualmente até no segundo trimestre”, prevê.

Nubank foi a última a fazer IPO lá fora

A última empresa brasileira que fez IPO fora do Brasil foi o Nubank, em dezembro de 2021. No mês passado, a Moove, que pertence ao grupo Cosan e opera com lubrificantes, tentou lançar ações em Nova York, mas acabou desistindo da operação, que poderia movimentar US$ 400 milhões.

O presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto, disse ao Broadcast que a decisão de suspender a oferta da Moove teve relação com o fato de que a grande parte dos investidores que apresentaram propostas para ficar com suas ações eram de curto prazo. “Os investidores não eram do perfil que procurávamos, de longo prazo”, afirmou. “Voltaremos com IPO da Moove no exterior em momento oportuno de mercado”, disse Ometto.

Algumas empresas que optaram por listagem em Nova York acabaram decidindo, em um segundo momento, pela saída da Bolsa americana, por causa da baixa liquidez de seus papéis. Um dos casos recentes foi a Arco Educação, que era listada na Nasdaq e fechou o capital no ano passado.

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 04/11/2024, às 15:32.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.