Bastidores do mundo dos negócios

Justiça determina que Michael Klein mostre dados financeiros ao irmão Saul


Filhos de Samuel Klein disputam herança do fundador da Casas Bahia

Por Carlos Eduardo Valim
Atualização:
O fundador da Casas Bahia, Samuel Klein (esq.), com o filho Michel em foto de 2005 Foto: Sebastião Moreira/Estadão - 16/11/2005

Continua a disputa pela herança deixada por Samuel Klein, o fundador da Casas Bahia, colocando os irmãos Michael Klein e Saul Klein em lados opostos. Na última semana, dois processos receberam decisões favoráveis para o filho mais novo, Saul, que pede que os ativos em posse do primogênito, Michael, sejam revistos e redistribuídos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu, em acórdão do dia 14 de maio, que Saul tem direito de acessar demonstrações financeiras da Casas Bahia Comercial, a empresa de imóveis que permaneceu com a família após a venda da rede de varejo de mesmo nome para o Grupo Pão Açúcar, em 2009, para formar a Via Varejo.

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Os dados incluem informações sobre dividendos pagos e transferência de recursos aos sócios após a morte de Samuel, em 2014, que na época já não contavam com Saul. “Ele quer verificar se houve alguma distribuição de rendimentos ou dividendos aos sócios da empresa, após a morte de Samuel, por que o espólio era sócio com 22,5% da empresa, e deveria ter recebido parte disso”, afirma o advogado Ricardo Zamariola Junior, do escritório Luc Advogados, representante do irmão mais novo.

Processo chegou a ser extinto

O processo chegou a ser extinto, pelo Foro de São Caetano do Sul, sem julgamento do mérito, e a defesa de Saul recorreu ao TJSP. A defesa de Michel alegava que os demais herdeiros não tinham o direito de acesso à documentação contábil da empresa e nem o de fiscalizar a sua administração, além de que Saul teria cedido seus direitos hereditários à empresa 360 Graus Intermediação de Negócios, registrada em nomes de ex-funcionários da Casas Bahia da época em que Saul tinha cargo na varejista.

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Segundo o voto do relator do tribunal, o desembargador Sergio Shimura, “os direitos hereditários de titularidade de Saul na sucessão de Samuel Klein não foram transferidos ou cedidos, mas dados em garantia” ao adimplemento de uma obrigação.

A defesa de Michael deverá pedir embargos de declaração sobre a decisão, informa o seu advogado João da Costa Faria. “O acórdão não está claro. Declara que a sentença de primeira instância é nula. Se é ‘nula’, a segunda instância não pode apreciar o mérito. Há que se começar ‘ab ovo’, isto é, desde o início”, diz. Se a decisão for mantida após os embargos de declaração, há ainda a possibilidade de recorrer com recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No dia 13 de maio, Saul também pediu à 9ª Câmara de Direito Privado do TJSP o afastamento do irmão da condição de inventariante do espólio. Os advogados de Saul alegam que Michael atua em conflito de interesses ao se recusar a apresentar informações para o processo de inventário.

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Em outra decisão favorável a Saul, no sábado, 19 de maio, a 3ª Vara Cível do Foro de São Caetano do Sul determinou que o espólio de Samuel, representada pelo inventariante Michael, apresente em cinco dias informações sobre doações feitas em 2013 pelo patriarca a familiares e empresas da família. Elas incluem a transferência de ações que representavam 25,1% da Via Varejo na época, estimadas em R$ 7,6 bilhões.

Advogados cobram honorários

A parte de Saul na herança, no entanto, também é contestada por outros litigantes. O advogado Marcos Ricardo Chiaparini, que foi representante de Saul durante a elaboração do inventário em 2015, pediu há um mês a execução de cobrança, para cumprimento de sentença dada em 2022, de R$ 1,8 milhão que Saul deveria a título de honorários.

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O advogado pede ainda o bloqueio de 6% do valor a ser levantado pelo empresário no inventário, em relação ao acordo original de que Saul teria a receber em torno de R$ 300 milhões. Pelo acordo entre as partes, a defesa de Chiaparini alega que ele teria direito a, pelo menos, R$ 18 milhões.

Também outro ex-advogado do empresário, Márcio Casado cobra o pagamento de honorários, e foi ele que levantou a acusação, nos autos do inventário, de que Saul teria alienado os seus direitos hereditários.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/05/24, às 18h04

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O fundador da Casas Bahia, Samuel Klein (esq.), com o filho Michel em foto de 2005 Foto: Sebastião Moreira/Estadão - 16/11/2005

Continua a disputa pela herança deixada por Samuel Klein, o fundador da Casas Bahia, colocando os irmãos Michael Klein e Saul Klein em lados opostos. Na última semana, dois processos receberam decisões favoráveis para o filho mais novo, Saul, que pede que os ativos em posse do primogênito, Michael, sejam revistos e redistribuídos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu, em acórdão do dia 14 de maio, que Saul tem direito de acessar demonstrações financeiras da Casas Bahia Comercial, a empresa de imóveis que permaneceu com a família após a venda da rede de varejo de mesmo nome para o Grupo Pão Açúcar, em 2009, para formar a Via Varejo.

Os dados incluem informações sobre dividendos pagos e transferência de recursos aos sócios após a morte de Samuel, em 2014, que na época já não contavam com Saul. “Ele quer verificar se houve alguma distribuição de rendimentos ou dividendos aos sócios da empresa, após a morte de Samuel, por que o espólio era sócio com 22,5% da empresa, e deveria ter recebido parte disso”, afirma o advogado Ricardo Zamariola Junior, do escritório Luc Advogados, representante do irmão mais novo.

Processo chegou a ser extinto

O processo chegou a ser extinto, pelo Foro de São Caetano do Sul, sem julgamento do mérito, e a defesa de Saul recorreu ao TJSP. A defesa de Michel alegava que os demais herdeiros não tinham o direito de acesso à documentação contábil da empresa e nem o de fiscalizar a sua administração, além de que Saul teria cedido seus direitos hereditários à empresa 360 Graus Intermediação de Negócios, registrada em nomes de ex-funcionários da Casas Bahia da época em que Saul tinha cargo na varejista.

Segundo o voto do relator do tribunal, o desembargador Sergio Shimura, “os direitos hereditários de titularidade de Saul na sucessão de Samuel Klein não foram transferidos ou cedidos, mas dados em garantia” ao adimplemento de uma obrigação.

A defesa de Michael deverá pedir embargos de declaração sobre a decisão, informa o seu advogado João da Costa Faria. “O acórdão não está claro. Declara que a sentença de primeira instância é nula. Se é ‘nula’, a segunda instância não pode apreciar o mérito. Há que se começar ‘ab ovo’, isto é, desde o início”, diz. Se a decisão for mantida após os embargos de declaração, há ainda a possibilidade de recorrer com recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No dia 13 de maio, Saul também pediu à 9ª Câmara de Direito Privado do TJSP o afastamento do irmão da condição de inventariante do espólio. Os advogados de Saul alegam que Michael atua em conflito de interesses ao se recusar a apresentar informações para o processo de inventário.

Em outra decisão favorável a Saul, no sábado, 19 de maio, a 3ª Vara Cível do Foro de São Caetano do Sul determinou que o espólio de Samuel, representada pelo inventariante Michael, apresente em cinco dias informações sobre doações feitas em 2013 pelo patriarca a familiares e empresas da família. Elas incluem a transferência de ações que representavam 25,1% da Via Varejo na época, estimadas em R$ 7,6 bilhões.

Advogados cobram honorários

A parte de Saul na herança, no entanto, também é contestada por outros litigantes. O advogado Marcos Ricardo Chiaparini, que foi representante de Saul durante a elaboração do inventário em 2015, pediu há um mês a execução de cobrança, para cumprimento de sentença dada em 2022, de R$ 1,8 milhão que Saul deveria a título de honorários.

O advogado pede ainda o bloqueio de 6% do valor a ser levantado pelo empresário no inventário, em relação ao acordo original de que Saul teria a receber em torno de R$ 300 milhões. Pelo acordo entre as partes, a defesa de Chiaparini alega que ele teria direito a, pelo menos, R$ 18 milhões.

Também outro ex-advogado do empresário, Márcio Casado cobra o pagamento de honorários, e foi ele que levantou a acusação, nos autos do inventário, de que Saul teria alienado os seus direitos hereditários.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/05/24, às 18h04

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O fundador da Casas Bahia, Samuel Klein (esq.), com o filho Michel em foto de 2005 Foto: Sebastião Moreira/Estadão - 16/11/2005

Continua a disputa pela herança deixada por Samuel Klein, o fundador da Casas Bahia, colocando os irmãos Michael Klein e Saul Klein em lados opostos. Na última semana, dois processos receberam decisões favoráveis para o filho mais novo, Saul, que pede que os ativos em posse do primogênito, Michael, sejam revistos e redistribuídos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu, em acórdão do dia 14 de maio, que Saul tem direito de acessar demonstrações financeiras da Casas Bahia Comercial, a empresa de imóveis que permaneceu com a família após a venda da rede de varejo de mesmo nome para o Grupo Pão Açúcar, em 2009, para formar a Via Varejo.

Os dados incluem informações sobre dividendos pagos e transferência de recursos aos sócios após a morte de Samuel, em 2014, que na época já não contavam com Saul. “Ele quer verificar se houve alguma distribuição de rendimentos ou dividendos aos sócios da empresa, após a morte de Samuel, por que o espólio era sócio com 22,5% da empresa, e deveria ter recebido parte disso”, afirma o advogado Ricardo Zamariola Junior, do escritório Luc Advogados, representante do irmão mais novo.

Processo chegou a ser extinto

O processo chegou a ser extinto, pelo Foro de São Caetano do Sul, sem julgamento do mérito, e a defesa de Saul recorreu ao TJSP. A defesa de Michel alegava que os demais herdeiros não tinham o direito de acesso à documentação contábil da empresa e nem o de fiscalizar a sua administração, além de que Saul teria cedido seus direitos hereditários à empresa 360 Graus Intermediação de Negócios, registrada em nomes de ex-funcionários da Casas Bahia da época em que Saul tinha cargo na varejista.

Segundo o voto do relator do tribunal, o desembargador Sergio Shimura, “os direitos hereditários de titularidade de Saul na sucessão de Samuel Klein não foram transferidos ou cedidos, mas dados em garantia” ao adimplemento de uma obrigação.

A defesa de Michael deverá pedir embargos de declaração sobre a decisão, informa o seu advogado João da Costa Faria. “O acórdão não está claro. Declara que a sentença de primeira instância é nula. Se é ‘nula’, a segunda instância não pode apreciar o mérito. Há que se começar ‘ab ovo’, isto é, desde o início”, diz. Se a decisão for mantida após os embargos de declaração, há ainda a possibilidade de recorrer com recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No dia 13 de maio, Saul também pediu à 9ª Câmara de Direito Privado do TJSP o afastamento do irmão da condição de inventariante do espólio. Os advogados de Saul alegam que Michael atua em conflito de interesses ao se recusar a apresentar informações para o processo de inventário.

Em outra decisão favorável a Saul, no sábado, 19 de maio, a 3ª Vara Cível do Foro de São Caetano do Sul determinou que o espólio de Samuel, representada pelo inventariante Michael, apresente em cinco dias informações sobre doações feitas em 2013 pelo patriarca a familiares e empresas da família. Elas incluem a transferência de ações que representavam 25,1% da Via Varejo na época, estimadas em R$ 7,6 bilhões.

Advogados cobram honorários

A parte de Saul na herança, no entanto, também é contestada por outros litigantes. O advogado Marcos Ricardo Chiaparini, que foi representante de Saul durante a elaboração do inventário em 2015, pediu há um mês a execução de cobrança, para cumprimento de sentença dada em 2022, de R$ 1,8 milhão que Saul deveria a título de honorários.

O advogado pede ainda o bloqueio de 6% do valor a ser levantado pelo empresário no inventário, em relação ao acordo original de que Saul teria a receber em torno de R$ 300 milhões. Pelo acordo entre as partes, a defesa de Chiaparini alega que ele teria direito a, pelo menos, R$ 18 milhões.

Também outro ex-advogado do empresário, Márcio Casado cobra o pagamento de honorários, e foi ele que levantou a acusação, nos autos do inventário, de que Saul teria alienado os seus direitos hereditários.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/05/24, às 18h04

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