A gestora Kinea, braço de investimentos alternativos do Itaú Unibanco, vai ofertar R$ 2 bilhões para financiar empreendimentos imobiliários em 2023. O montante orçado supera tudo que foi realizado nos últimos dois anos, quando atingiu R$ 1,5 bilhão. Esse crédito é destinado às incorporadoras para financiar a compra de terrenos para novos empreendimentos, bancar as obras e prover capital de giro para carrego de estoques de apartamentos prontos e não vendidos.
Essa estratégia foi montada pela Kinea em 2021 com o intuito de crescer no vácuo deixado pelos grandes bancos. Por trás dessa decisão, está o cenário de compressão das linhas de empréstimo bancário que contam com recursos provenientes das cadernetas de poupança, cujos saques estão crescentes.
Tal situação fez os bancos enxugarem a oferta de crédito imobiliário e subir as taxas, o que tem dificultado o acesso das incorporadoras a essas linhas. Aí, o mercado de capitais aparece como uma alternativa, afirma à Coluna o sócio e gestor de fundos da Kinea, Carlos Martins. Para as empresas interessadas nessa modalidade, a Kinea propõe a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que serão alvos de aportes dos fundos setoriais da própria gestora.
Crédito via poupança deve cair novamente este ano
Um exemplo dessa perda de fôlego dos bancos é que o crédito imobiliário via poupança foi recorde em 2021 (R$ 205 bilhões) e recuou em 2022 (R$ 179 bilhões). Já para este ano, a projeção é de ficar na faixa de R$ 156 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em paralelo, os demais instrumentos de crédito - que abrangem os certificados e letras imobiliárias - vêm ganhando espaço. A caderneta respondeu por 40% do crédito setorial em 2022 contra 46% em 2021. Já os demais instrumentos chegaram a 34% ante 27% no ano anterior.
Desde que a Kinea entrou no financiamento via CRIs, em 2021, já foram estruturados 86 projetos, com valores que partem de R$ 30 milhões. Um dos casos recentes dessa modalidade foi a concessão de R$ 250 milhões para a Moura Dubeux, cujos recursos financiarão a construção de quatro projetos imobiliários no Nordeste.
Os fundos de Cris também têm crescido fortemente no portfólio da Kinea e já respondem por R$ 16 bilhões do total de R$ 23 bilhões aplicados no setor imobiliário. Ao todo, a gestora detém R$ 73 bilhões em ativos sob gestão nas áreas de infraestrutura, agronegócios, capital privado, multimercados, entre outros.
Segundo Martins, as taxas variam muito, mas sempre estão acima do CDI. Com a crise de crédito vivida pelo mercado corporativo desde o início do ano, há um nível maior de aversão ao risco no setor, então, as taxas pedidas cresceram, de modo geral.
Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 02/05/2023, às 15h31
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