A troca no comando do Banco Central, com Gabriel Galípolo substituindo Roberto Campos Neto na presidência, não deve representar uma mudança na postura crítica da instituição financeira em relação ao pleito de bancos e construtoras para liberação dos depósitos compulsórios. Esse é um ponto que vem sendo defendido pelo setor nos últimos dois anos com o intuito de direcionar mais recursos para o crédito imobiliário, que tem sofrido com falta de capital “barato”
A Coluna apurou que Galípolo não é um entusiasta desse pleito por entender que a medida não representaria uma solução definitiva para a escassez de recursos para os financiamentos habitacionais, servindo apenas como um fôlego passageiro. “O Galípolo está convicto de que mexer no compulsório não é uma solução. Eu já tirei essa expectativa das minhas projeções, ao menos para um futuro próximo”, disse uma fonte que vinha defendendo o pleito junto ao BC.
As regras do sistema financeiro determinam que 65% dos recursos da caderneta de poupança vão para os financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de depósitos compulsórios; os 15% restantes são de uso livre.
Proposta prevê redução de 5%
A proposta defendida por associações - Abrainc, CBIC, Secovi e Abecip, também apoiada pela Caixa Econômica Federal - é que haja uma redução de 5% no compulsório, com a destinação dos recursos para operações de financiamento imobiliário. O mercado de crédito vêm enfrentando escassez de dinheiro para abastecer novas operações. A liberação dos compulsórios representaria um acréscimo na ordem de R$ 30 bilhões para o financiamento. Embora a cifra seja elevada, ela equivale ao volume de crédito concedido em meros dois a três meses, conforme fluxo visto ano passado. Ou seja, dá um fôlego curto.
Por outro lado, serviria como uma ajudinha para conter a subida dos juros praticados pelos bancos. Com a escassez de recursos da poupança, os bancos estão recorrendo a fontes de mercado e repassando para os consumidores o aumento no custo do seu capital.
Desde o fim do ano passado, Itaú, Santander, Caixa, BRB, entre outros bancos, subiram as taxas de juros do crédito imobiliário para a faixa de 11% a 12% ao ano, o que encarece as parcelas dos financiamentos e limita o acesso ao sonho da casa própria.
Isso aconteceu porque a maior parte dos recursos para o crédito habitacional vem das cadernetas de poupança, cuja remuneração é regulada, e está na ordem de 8% ao ano. Mas uma parcela crescente está vindo das fontes de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), corrigidas pela Selic, que caminha para ultrapassar os 14% ao ano - justamente o que coloca pressão de alta nas taxas dos empréstimos.
Procurado, o BC não respondeu à Coluna.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 10/01/2025, às 11:07.
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