A Liqi, fintech de infraestrutura blockchain investida do Itaú e da Galápagos Capital, transformou R$ 500 mil em recebíveis da equipe de Stock Car Alfa Racing em tokens. A captação é lastreada no patrocínio master da Alfa e antecipa as duas últimas parcelas do contrato. A oferta foi realizada na plataforma própria da Liqi e esgotou em algumas horas.
Tokenizar um ativo como este significa criar um contrato inteligente na rede blockchain, a mesma estrutura em que criptomoedas foram desenvolvidas. Este contrato estabelece, por meio de códigos criptografados, que a operação será executada com o valor sendo pago ao detentor do token, conforme o registrado no modelo. No caso do token da Alfa Racing, o investidor receberá rentabilidade de 1.5% ao mês, equivalente a 19,56% ao ano.
Para o originador do ativo, a vantagem é a redução da burocracia, custos e intermediários para colocar a oferta de pé. A Liqi tem outras três operações em fase avançada, que logo devem sair ao mercado, totalizando R$ 30 milhões, diz o fundador Daniel Coquieri. O plano da empresa é tokenizar R$ 500 milhões este ano.
Mercado de capitais está confortável com modelo
“A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu caminhos para fazermos as emissões. Com isso, o mercado de capitais está confortável para investir em tokens”, afirma Coquieri, referindo-se às regras provisórias que o regulador estipulou no ano passado para operações do tipo.
As ofertas de tokens podem ser feitas com o modelo de financiamento coletivo (crowdfunding) de investimentos, sob a Resolução CVM 88. Ainda assim, as “dores” do universo tokenizado não estão resolvidas, aponta Coquieri. Ainda existem limitações a serem destravadas para que todo o potencial da tecnologia seja aproveitado.
Não há relação direta entre a valorização do bitcoin e demais criptomoedas com o desenvolvimento do mercado de tokens. Independente das oscilações de preços dos ativos negociados em corretoras, a tecnologia blockchain tem mostrado potencial como infraestrutura para as finanças do futuro.
Anbima estuda rede própria
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) tem como um dos projetos de inovação para o ano a criação de uma rede própria para o mercado de capitais. Vale dizer que o Real Digital (Drex) também é baseado na blockchain.
No caso da Liqi, que se capitalizou em rodadas de investimentos em 2022 e 2023, o plano é de buscar mais aportes este ano. “A tokenização ainda leva um tempo para ganhar grande escala. Quanto mais ficarmos tranquilos em termos de caixa, melhor será para desenvolvermos a nossa tese”, afirma Coquieri.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 13/03/24, às 15h47
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