Maior corretora de criptoativos dos Estados Unidos, a Coinbase está prestes a fechar o acordo de aquisição da 2TM, empresa brasileira que tem como carro-chefe o Mercado Bitcoin. O negócio vem sendo gestado desde o ano passado e o anúncio deve ser feito até o fim de abril. O banco norte-americano JPMorgan estaria trabalhando para a 2TM, apurou o Broadcast/Estadão.
Com a compra, a Coinbase, que movimentou US$ 86 bilhões ao listar suas ações na bolsa norte-americana Nasdaq no ano passado, cumpre uma agenda de expansão global e busca pela liderança na América Latina, anunciada em carta em fevereiro. E entra na disputa pelo mercado cripto na região e no Brasil, onde a chinesa Binance, maior plataforma de cripto do mundo, vinha conquistando a preferência entre investidores locais. A Binance tem planos de fincar pé no País, também por meio de aquisições.
Mercado global supera US$ 2 tri
O mercado de criptoativos deve movimentar R$ 120 bilhões este ano no Brasil, segundo projeções da Spiralem Innovation Consulting. No mundo, o volume de transações nessa área já supera os US$ 2 trilhões.
As perspectivas da Coinbase e da 2TM, assim como de praticamente todas as exchanges de cripto, vão além da negociação de moedas: envolvem também ecossistemas de finanças descentralizadas (DeFi) e estruturas para abrigar operações no metaverso.
A 2TM foi avaliada em US$ 2,2 bilhões na mais recente rodada de investimentos, de série B, como são chamados os aportes em startups que estão em fase de expansão de seus negócios. A rodada de US$ 200 milhões aconteceu em julho, foi liderada pelo conglomerado japonês Softbank e complementada em novembro com mais US$ 50 milhões pelos investidores 10T, Tribe Capital, TC, People Capital e pelo fundo Scale Up da Endeavor. Antes da entrada do Softbank, o plano da corretora de criptomoedas, fundada em 2013, era abrir o capital em bolsa.
Sob o guarda-chuva da 2TM, estão empresas como Meubank, MB Digital Assets, Bitrust, Blockchain Academy e MezaPro. A própria 2TM tinha uma agenda de expansão na América Latina, em países como México, Argentina, Chile, Colômbia e Peru. O movimento deverá ser acelerado após o fechamento do negócio. Não estariam previstas mudanças na administração da 2TM.
Escalada
Na carta divulgada em fevereiro, na qual anuncia planos de "escalar" sua operação globalmente, com a intenção de promover a "liberdade econômica no mundo", a Coinbase traçou a estratégia de contratação de 2 mil pessoas este ano e aquisições em diversas regiões.
Na América Latina, a Coinbase citou a mexicana Bitso como alvo de aquisição. No entanto, aparentemente, o negócio não andou. O valor de mercado da Bitso, conforme informações do site da empresa, seria o mesmo do Mercado Bitcoin.
Como as concorrentes, a própria Coinbase é jovem. Foi fundada em 2012 em São Francisco, Califórnia, e é comandada pelo empreendedor Brian Armstrong, atualmente CEO da companhia. Tem entre seus maiores acionistas as gestoras Andreessen Horowitz, a Tiger Global e a Paradigm, empresa de investimentos especializadas em cripto.
Em abril do ano passado, a Coinbase listou ações na Nasdaq. Seus papéis subiram 52% no primeiro dia de negociação, em relação ao valor de referência estabelecido pela bolsa norte-americana de tecnologia, o que fez com que seu valor de mercado de US$ 86 bilhões superasse na ocasião o da própria Nasdaq (US$ 26 bilhões) e o da ICE (US$ 67 bilhões).
A 2TM tem 4 milhões de clientes em sua plataforma e no ano passado movimentou R$ 40 bilhões em transações com criptoativos. Já a Coinbase tem 89 milhões de clientes, em 100 países participantes de sua rede, com volume trimestral de transações de US$ 547 bilhões, de acordo com o site da Exchange. A Binance informa em seu site ter US$ 2 bilhões de negociações diárias em média, em sua plataforma global.
Procurados, a Coinbase não retornou e a 2TM não comentou. O JPMorgan não comentou.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast no dia 25/03/22, às 17h30.
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