Bastidores do mundo dos negócios

Operação para tirar Cielo da Bolsa impacta plano de IPO da bandeira Elo


Administradora é a maior de capital nacional e tem 43 milhões de cartões ativos

Por Matheus Piovesana
Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% da Elo, estão focados em tirar a Cielo da Bolsa Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

O movimento dos sócios Bradesco e Banco do Brasil para retirar a empresa de maquininhas Cielo da Bolsa deve reforçar o compasso de espera para uma operação envolvendo outra parceria entre os dois bancos: a abertura de capital da bandeira de cartões Elo, negócio que conta ainda com a Caixa Econômica Federal na sociedade. Embora não tenha sido totalmente descartada, a eventual estreia na Bolsa foi passada para trás por outras prioridades. Além do movimento com a Cielo, há um esforço para ampliar a fatia do crédito dentro da operação da Elo. A bandeira reúne 43 milhões de cartões ativos, é a maior do setor de capital nacional e a terceira maior em operação no País, atrás das americanas Visa e Mastercard.

Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% do capital da Elo, estão focados neste momento em tirar a Cielo da Bolsa e, depois, integrá-la à holding EloPar, em que ambos são sócios, e que também é sócia da Elo. A EloPar e duas das empresas que estão sob seu guarda-chuva, a Alelo, de benefícios corporativos, e a Livelo, de fidelidade, farão a oferta para comprar as ações dos minoritários da Cielo. A operação deve acontecer até julho e movimentar R$ 5,9 bilhões.

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Foi uma decisão que partiu dos dois bancos: o BB, comandado por Tarciana Medeiros, desejava tirar a Cielo da B3 há algum tempo, para ter maior flexibilidade nas ofertas a pequenas e médias empresas. O Bradesco também tinha esse desejo, mas a oferta deslanchou com a chegada de Marcelo Noronha ao comando do banco, em novembro passado, no que um executivo do BB, sob anonimato, definiu como um “alinhamento de astros”.

Bancos têm que manter separação entre negócios

Em uma segunda etapa, os dois bancos terão de integrar a Cielo à EloPar, mantendo a “muralha da China” existente hoje. A empresa de maquininhas e a EloPar abrigam ofertas que Bradesco e BB fazem a seus clientes e, por isso, há uma separação de territórios. Afinal, os dois bancos são sócios, mas também concorrentes. De acordo com fontes dos dois lados, nada muda na EloPar, que tem um acordo de acionistas desenhado justamente para respeitar o espaço de cada um.

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Para a Elo, um segundo fator, de acordo com fontes, é o mercado brasileiro não estar aberto a estreias de empresas, o que adormeceu o IPO. Em 2021, os três bancos chegaram a preparar o protocolo da oferta, que aconteceria na Nasdaq, nos Estados Unidos, mas recuaram diante do fechamento da janela, com a alta dos juros. Na época, a bandeira buscava ser avaliada ao redor de US$ 2 bilhões.

A operação foi então “transferida” para a B3, onde os três esperam encontrar um preço mais alto pelas ações, mas o mercado brasileiro vive um jejum de estreias de empresas desde agosto de 2021. Neste momento, de acordo com uma fonte, não há estudos para a retomada da operação. Outra afirma que há uma possível janela, mas que os sócios não chegaram a uma conclusão.

À espera de uma janela

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Desde então, o governo mudou, o que também mudou os comandos do BB e da Caixa. Este, no entanto, não é necessariamente um impeditivo. Uma fonte ligada ao banco da Cidade de Deus (Bradesco) afirma que as cúpulas dos dois bancos públicos têm boa visão de negócio, o que permite que uma eventual oferta vá em frente no futuro. “Se abrir a janela de mercado, acho que pode acelerar o processo”, afirma.

A Caixa é a maior acionista individual da Elo, com 41,4% do capital da bandeira, e tem feito uma aposta para ganhar terreno em cartões de crédito, na qual a Elo deve ter um papel importante. As participações dos três bancos são reequilibradas de tempos em tempos com base na quantidade de cartões Elo que cada um emitiu desde a mudança anterior.

Um terceiro fator é de ordem operacional. Embora venha crescendo no crédito, a Elo ainda é predominantemente uma bandeira de cartões de débito. Os dados mais recentes do Banco Central, do final de 2022, mostraram que a Elo tinha 44,4 milhões de cartões de débito emitidos, e 9 milhões de crédito. Um dos objetivos da companhia é aumentar a participação do crédito no “mix”, além de obter mais receitas com outros serviços. A Elo entrou, por exemplo, no piloto do Drex, o real digital criado pelo BC, junto da Caixa e da Microsoft.

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Débito está em baixa

A modalidade débito tem sido pressionada pelo Pix, e o setor corre para torná-la mais atrativa, mas os esforços ainda precisam mostrar frutos. Nos nove primeiros meses do ano passado, o volume movimentado via cartões de débito no Brasil cresceu apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O setor como um todo cresceu 9,2%, para R$ 939 bilhões.

Procurados, Elo, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa não comentaram.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 14/02/24, às 15h52

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Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% da Elo, estão focados em tirar a Cielo da Bolsa Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

O movimento dos sócios Bradesco e Banco do Brasil para retirar a empresa de maquininhas Cielo da Bolsa deve reforçar o compasso de espera para uma operação envolvendo outra parceria entre os dois bancos: a abertura de capital da bandeira de cartões Elo, negócio que conta ainda com a Caixa Econômica Federal na sociedade. Embora não tenha sido totalmente descartada, a eventual estreia na Bolsa foi passada para trás por outras prioridades. Além do movimento com a Cielo, há um esforço para ampliar a fatia do crédito dentro da operação da Elo. A bandeira reúne 43 milhões de cartões ativos, é a maior do setor de capital nacional e a terceira maior em operação no País, atrás das americanas Visa e Mastercard.

Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% do capital da Elo, estão focados neste momento em tirar a Cielo da Bolsa e, depois, integrá-la à holding EloPar, em que ambos são sócios, e que também é sócia da Elo. A EloPar e duas das empresas que estão sob seu guarda-chuva, a Alelo, de benefícios corporativos, e a Livelo, de fidelidade, farão a oferta para comprar as ações dos minoritários da Cielo. A operação deve acontecer até julho e movimentar R$ 5,9 bilhões.

Foi uma decisão que partiu dos dois bancos: o BB, comandado por Tarciana Medeiros, desejava tirar a Cielo da B3 há algum tempo, para ter maior flexibilidade nas ofertas a pequenas e médias empresas. O Bradesco também tinha esse desejo, mas a oferta deslanchou com a chegada de Marcelo Noronha ao comando do banco, em novembro passado, no que um executivo do BB, sob anonimato, definiu como um “alinhamento de astros”.

Bancos têm que manter separação entre negócios

Em uma segunda etapa, os dois bancos terão de integrar a Cielo à EloPar, mantendo a “muralha da China” existente hoje. A empresa de maquininhas e a EloPar abrigam ofertas que Bradesco e BB fazem a seus clientes e, por isso, há uma separação de territórios. Afinal, os dois bancos são sócios, mas também concorrentes. De acordo com fontes dos dois lados, nada muda na EloPar, que tem um acordo de acionistas desenhado justamente para respeitar o espaço de cada um.

Para a Elo, um segundo fator, de acordo com fontes, é o mercado brasileiro não estar aberto a estreias de empresas, o que adormeceu o IPO. Em 2021, os três bancos chegaram a preparar o protocolo da oferta, que aconteceria na Nasdaq, nos Estados Unidos, mas recuaram diante do fechamento da janela, com a alta dos juros. Na época, a bandeira buscava ser avaliada ao redor de US$ 2 bilhões.

A operação foi então “transferida” para a B3, onde os três esperam encontrar um preço mais alto pelas ações, mas o mercado brasileiro vive um jejum de estreias de empresas desde agosto de 2021. Neste momento, de acordo com uma fonte, não há estudos para a retomada da operação. Outra afirma que há uma possível janela, mas que os sócios não chegaram a uma conclusão.

À espera de uma janela

Desde então, o governo mudou, o que também mudou os comandos do BB e da Caixa. Este, no entanto, não é necessariamente um impeditivo. Uma fonte ligada ao banco da Cidade de Deus (Bradesco) afirma que as cúpulas dos dois bancos públicos têm boa visão de negócio, o que permite que uma eventual oferta vá em frente no futuro. “Se abrir a janela de mercado, acho que pode acelerar o processo”, afirma.

A Caixa é a maior acionista individual da Elo, com 41,4% do capital da bandeira, e tem feito uma aposta para ganhar terreno em cartões de crédito, na qual a Elo deve ter um papel importante. As participações dos três bancos são reequilibradas de tempos em tempos com base na quantidade de cartões Elo que cada um emitiu desde a mudança anterior.

Um terceiro fator é de ordem operacional. Embora venha crescendo no crédito, a Elo ainda é predominantemente uma bandeira de cartões de débito. Os dados mais recentes do Banco Central, do final de 2022, mostraram que a Elo tinha 44,4 milhões de cartões de débito emitidos, e 9 milhões de crédito. Um dos objetivos da companhia é aumentar a participação do crédito no “mix”, além de obter mais receitas com outros serviços. A Elo entrou, por exemplo, no piloto do Drex, o real digital criado pelo BC, junto da Caixa e da Microsoft.

Débito está em baixa

A modalidade débito tem sido pressionada pelo Pix, e o setor corre para torná-la mais atrativa, mas os esforços ainda precisam mostrar frutos. Nos nove primeiros meses do ano passado, o volume movimentado via cartões de débito no Brasil cresceu apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O setor como um todo cresceu 9,2%, para R$ 939 bilhões.

Procurados, Elo, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa não comentaram.

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Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% do capital da Elo, estão focados neste momento em tirar a Cielo da Bolsa e, depois, integrá-la à holding EloPar, em que ambos são sócios, e que também é sócia da Elo. A EloPar e duas das empresas que estão sob seu guarda-chuva, a Alelo, de benefícios corporativos, e a Livelo, de fidelidade, farão a oferta para comprar as ações dos minoritários da Cielo. A operação deve acontecer até julho e movimentar R$ 5,9 bilhões.

Foi uma decisão que partiu dos dois bancos: o BB, comandado por Tarciana Medeiros, desejava tirar a Cielo da B3 há algum tempo, para ter maior flexibilidade nas ofertas a pequenas e médias empresas. O Bradesco também tinha esse desejo, mas a oferta deslanchou com a chegada de Marcelo Noronha ao comando do banco, em novembro passado, no que um executivo do BB, sob anonimato, definiu como um “alinhamento de astros”.

Bancos têm que manter separação entre negócios

Em uma segunda etapa, os dois bancos terão de integrar a Cielo à EloPar, mantendo a “muralha da China” existente hoje. A empresa de maquininhas e a EloPar abrigam ofertas que Bradesco e BB fazem a seus clientes e, por isso, há uma separação de territórios. Afinal, os dois bancos são sócios, mas também concorrentes. De acordo com fontes dos dois lados, nada muda na EloPar, que tem um acordo de acionistas desenhado justamente para respeitar o espaço de cada um.

Para a Elo, um segundo fator, de acordo com fontes, é o mercado brasileiro não estar aberto a estreias de empresas, o que adormeceu o IPO. Em 2021, os três bancos chegaram a preparar o protocolo da oferta, que aconteceria na Nasdaq, nos Estados Unidos, mas recuaram diante do fechamento da janela, com a alta dos juros. Na época, a bandeira buscava ser avaliada ao redor de US$ 2 bilhões.

A operação foi então “transferida” para a B3, onde os três esperam encontrar um preço mais alto pelas ações, mas o mercado brasileiro vive um jejum de estreias de empresas desde agosto de 2021. Neste momento, de acordo com uma fonte, não há estudos para a retomada da operação. Outra afirma que há uma possível janela, mas que os sócios não chegaram a uma conclusão.

À espera de uma janela

Desde então, o governo mudou, o que também mudou os comandos do BB e da Caixa. Este, no entanto, não é necessariamente um impeditivo. Uma fonte ligada ao banco da Cidade de Deus (Bradesco) afirma que as cúpulas dos dois bancos públicos têm boa visão de negócio, o que permite que uma eventual oferta vá em frente no futuro. “Se abrir a janela de mercado, acho que pode acelerar o processo”, afirma.

A Caixa é a maior acionista individual da Elo, com 41,4% do capital da bandeira, e tem feito uma aposta para ganhar terreno em cartões de crédito, na qual a Elo deve ter um papel importante. As participações dos três bancos são reequilibradas de tempos em tempos com base na quantidade de cartões Elo que cada um emitiu desde a mudança anterior.

Um terceiro fator é de ordem operacional. Embora venha crescendo no crédito, a Elo ainda é predominantemente uma bandeira de cartões de débito. Os dados mais recentes do Banco Central, do final de 2022, mostraram que a Elo tinha 44,4 milhões de cartões de débito emitidos, e 9 milhões de crédito. Um dos objetivos da companhia é aumentar a participação do crédito no “mix”, além de obter mais receitas com outros serviços. A Elo entrou, por exemplo, no piloto do Drex, o real digital criado pelo BC, junto da Caixa e da Microsoft.

Débito está em baixa

A modalidade débito tem sido pressionada pelo Pix, e o setor corre para torná-la mais atrativa, mas os esforços ainda precisam mostrar frutos. Nos nove primeiros meses do ano passado, o volume movimentado via cartões de débito no Brasil cresceu apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O setor como um todo cresceu 9,2%, para R$ 939 bilhões.

Procurados, Elo, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa não comentaram.

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Bradesco e BB, que juntos detêm 58,6% do capital da Elo, estão focados neste momento em tirar a Cielo da Bolsa e, depois, integrá-la à holding EloPar, em que ambos são sócios, e que também é sócia da Elo. A EloPar e duas das empresas que estão sob seu guarda-chuva, a Alelo, de benefícios corporativos, e a Livelo, de fidelidade, farão a oferta para comprar as ações dos minoritários da Cielo. A operação deve acontecer até julho e movimentar R$ 5,9 bilhões.

Foi uma decisão que partiu dos dois bancos: o BB, comandado por Tarciana Medeiros, desejava tirar a Cielo da B3 há algum tempo, para ter maior flexibilidade nas ofertas a pequenas e médias empresas. O Bradesco também tinha esse desejo, mas a oferta deslanchou com a chegada de Marcelo Noronha ao comando do banco, em novembro passado, no que um executivo do BB, sob anonimato, definiu como um “alinhamento de astros”.

Bancos têm que manter separação entre negócios

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A operação foi então “transferida” para a B3, onde os três esperam encontrar um preço mais alto pelas ações, mas o mercado brasileiro vive um jejum de estreias de empresas desde agosto de 2021. Neste momento, de acordo com uma fonte, não há estudos para a retomada da operação. Outra afirma que há uma possível janela, mas que os sócios não chegaram a uma conclusão.

À espera de uma janela

Desde então, o governo mudou, o que também mudou os comandos do BB e da Caixa. Este, no entanto, não é necessariamente um impeditivo. Uma fonte ligada ao banco da Cidade de Deus (Bradesco) afirma que as cúpulas dos dois bancos públicos têm boa visão de negócio, o que permite que uma eventual oferta vá em frente no futuro. “Se abrir a janela de mercado, acho que pode acelerar o processo”, afirma.

A Caixa é a maior acionista individual da Elo, com 41,4% do capital da bandeira, e tem feito uma aposta para ganhar terreno em cartões de crédito, na qual a Elo deve ter um papel importante. As participações dos três bancos são reequilibradas de tempos em tempos com base na quantidade de cartões Elo que cada um emitiu desde a mudança anterior.

Um terceiro fator é de ordem operacional. Embora venha crescendo no crédito, a Elo ainda é predominantemente uma bandeira de cartões de débito. Os dados mais recentes do Banco Central, do final de 2022, mostraram que a Elo tinha 44,4 milhões de cartões de débito emitidos, e 9 milhões de crédito. Um dos objetivos da companhia é aumentar a participação do crédito no “mix”, além de obter mais receitas com outros serviços. A Elo entrou, por exemplo, no piloto do Drex, o real digital criado pelo BC, junto da Caixa e da Microsoft.

Débito está em baixa

A modalidade débito tem sido pressionada pelo Pix, e o setor corre para torná-la mais atrativa, mas os esforços ainda precisam mostrar frutos. Nos nove primeiros meses do ano passado, o volume movimentado via cartões de débito no Brasil cresceu apenas 0,1% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O setor como um todo cresceu 9,2%, para R$ 939 bilhões.

Procurados, Elo, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa não comentaram.

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