Mais uma manifestação com críticas à operação da Supergasbras e da Ultragaz, do grupo Ultra, chega ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Desta vez, a iniciativa partiu da Federação Nacional dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo (Fetramico), que representa os funcionários das empresas engarrafadoras e distribuidoras de GLP, o gás de cozinha. A entidade entrou com uma manifestação alegando que as empresas tentam, na prática, fazer uma fusão que pode criar um cartel no setor e gerar demissões.
No documento enviado ao Cade, a Fetramico afirma que caso haja a “consolidação da fusão dos parques industriais”, as empresas terão 60% de participação no mercado. A entidade diz temer demissões. A Fetramico pede também para ser aceita como terceira interessada no processo de análise da operação.
Copagaz já tinha ido ao Conselho
O pedido da Fetramico ocorre um mês após a Copagaz fazer um movimento parecido em relação à operação da Supergasbras e da Ultragaz. Como o mercado de GLP é bastante concentrado no Brasil, o que levou o Cade a barrar fusões e aquisições no passado, as duas empresas formataram um modelo de negócios no qual não há transação societária entre elas. Na prática, as companhias querem compartilhar parte de suas estruturas de armazenamento e envase de GLP, mas continuariam concorrendo entre si.
O entendimento da Copagaz é que se trata de uma fusão disfarçada, pois haveria troca de informações importantes entre as duas concorrentes, o que poderia levar a estratégias coordenadas de expansão e retração da ofertas do gás. Na manifestação da Fetramico, também há o entendimento de que a operação pode afetar a dinâmica do mercado.
Empresas dizem que operações seguirão independentes
Em nota à Coluna, a Ultragaz afirmou que vem prestando esclarecimentos técnicos ao Cade e afirmou que a proposta de consórcio com a Supergasbras “representa aprimoramento operacional do modelo atual de operação de congêneres, amplamente praticado no mercado”. “Modelo que trará maior eficiência operacional e se traduzirá em melhorias no atendimento aos clientes, assegurando o abastecimento em maior escala e, como consequência, gerando novas oportunidades ao mercado de GLP”, escreveu a empresa. “Sendo certo de que as operações das empresas seguirão independentes.” A Ultragaz e a Supergasbras partilham do mesmo posicionamento.
Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 10/03/2023, às 14h33
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