Bastidores do mundo dos negócios

Para empresas brasileiras, gestão Trump terá efeito limitado na expansão de renováveis nos EUA


Avaliação é que há demanda por companhias do país e necessidade de ampliar a capacidade

Por Wilian Miron e Ludmylla Rocha
WEG diz que tem flexibilidade para migrar produção para os EUA em caso de medidas protecionistas Foto: Dieter Gross/Estadão - 07/07/2021

A volta de Donald Trump à Casa Branca terá efeito limitado na política de incentivo à implantação projetos de energia renovável nos Estados Unidos, avaliam empresas brasileiras que mantêm operações ou negócios no país.

Embora o presidente eleito dos Estados Unidos seja visto como incentivador de fontes fósseis e negacionista do clima, há demanda das empresas por energia limpa e necessidade de mais capacidade para suportar o crescimento econômico do país. Por conta disso, a perspectiva é que ele mantenha políticas de incentivo criadas no governo Joe Biden.

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Diante desta perspectiva, a Serena Energia continua focada em viabilizar a segunda fase da usina eólica Goodnight 2, no Texas, e busca alternativas para financiar o projeto. “Estamos focados em viabilizar em PPA (contratos de longo prazo), cliente e captação de recursos”, disse o diretor-presidente da empresa, Antonio Bastos Filho, em teleconferência de resultados da empresa relativos ao terceiro trimestre.

Oportunidades ‘bem interessantes’

Segundo ele, no momento a demanda está aquecida, os preços de energia no mercado norte-americano são bons e podem possibilitar retornos “bem interessantes”. O executivo mencionou notícias de que a Microsoft teria fechado um contrato recente para aquisição de energia e disse que as companhias estão “sedentas”.

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Em relação à eleição de Trump, ele disse que não vê uma mudança estrutural no mercado norte-americano. O executivo disse, ainda, que eventualmente questões como subsídio exagerado “podem ser corrigidas”.

Outra empresa que olha com lupa oportunidades nos Estados Unidos é a fabricante de pás eólicas Aeris. Parte dos planos da companhia para os próximos anos é justamente acelerar as vendas no exterior, como forma de compensar a falta de pedidos no Brasil por conta da sobreoferta estrutural de energia e dos baixos preços no mercado livre, que limitam a viabilização de novas usinas.

Benefícios e barreiras à China

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De acordo com o diretor-presidente da Aeris, Alexandre Negrão, faz todo sentido a empresa continuar apostando no mercado norte-americano e na América Latina. “O benefício do IRA (Lei de Redução da Inflação dos EUA, na sigla em inglês) é um pouco complexo e tem várias fases. Você tem benefício para o dono do parque, para o fabricante do aerogerador e para o fabricante dos componentes. No nosso caso é a pá [eólica]. Então mesmo a gente não produzindo a pá nos Estados Unidos, nosso cliente consegue ganhar o benefício”, disse, durante teleconferência sobre o resultado da companhia no terceiro trimestre.

Negrão afirmou também que vê com bons olhos a eleição de Donald Trump, ainda que ele tenha postura de antagonismo com a energia eólica. “Primeiro porque consolida, na nossa opinião, um fechamento maior de fronteiras com a China. Com certeza, a gente deve ter mais barreiras tarifárias em relação ao produto chinês, que é um competidor quando a gente fala de exportação.”

Hoje as empresas chinesas, com subsídios, são grandes competidoras para a Aeris e demais fabricantes de equipamentos de geração eólica.

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O executivo disse ainda esperar uma queda na curva de juros e um crescimento da economia, ambos de forma mais acelerada, “o que também alimenta a necessidade de mais energia eólica”, completou.

Em relação a possíveis alterações nas políticas de incentivo a renováveis no país, implantadas por meio do IRA, Negrão disse que, como a iniciativa beneficia estados republicanos, como o Texas, pode haver resistências. Além disso, ele ressaltou que as mudanças precisam de aprovação do Congresso dos EUA. Em caso de avanço nessas alterações, o executivo afirmou que isso poderia desencadear uma corrida para garantir benefícios, o que também incentivaria a cadeia eólica.

Flexibilidade para enfrentar protecionismo

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Mais uma companhia brasileira com negócios no segmento de energia norte-americano é a WEG. Hoje as plantas de negócios adquiridos pela empresa nos Estados Unidos estão com capacidade de utilização de 50% e, segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, André Salgueiro, há flexibilidade para usá-las, caso seja necessário migrar produção para o país.

Durante teleconferência sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre, o executivo explicou que cerca de dois terços da receita obtida na América do Norte já é produzida no México e nos Estados Unidos. O restante vem do Brasil, da Europa e de outras regiões.

“Dado que a gente tem essa pegada industrial bastante espalhada pelo mundo, a gente consegue ter alguma flexibilidade, fazer algum ajuste para se adaptar a uma situação nova ou algum impacto que a gente possa ter por conta de alguma mudança de tarifa nos próximos anos”, explicou Salgueiro a investidores e analistas.

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Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 08/11/2024, às 12:41.

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WEG diz que tem flexibilidade para migrar produção para os EUA em caso de medidas protecionistas Foto: Dieter Gross/Estadão - 07/07/2021

A volta de Donald Trump à Casa Branca terá efeito limitado na política de incentivo à implantação projetos de energia renovável nos Estados Unidos, avaliam empresas brasileiras que mantêm operações ou negócios no país.

Embora o presidente eleito dos Estados Unidos seja visto como incentivador de fontes fósseis e negacionista do clima, há demanda das empresas por energia limpa e necessidade de mais capacidade para suportar o crescimento econômico do país. Por conta disso, a perspectiva é que ele mantenha políticas de incentivo criadas no governo Joe Biden.

Diante desta perspectiva, a Serena Energia continua focada em viabilizar a segunda fase da usina eólica Goodnight 2, no Texas, e busca alternativas para financiar o projeto. “Estamos focados em viabilizar em PPA (contratos de longo prazo), cliente e captação de recursos”, disse o diretor-presidente da empresa, Antonio Bastos Filho, em teleconferência de resultados da empresa relativos ao terceiro trimestre.

Oportunidades ‘bem interessantes’

Segundo ele, no momento a demanda está aquecida, os preços de energia no mercado norte-americano são bons e podem possibilitar retornos “bem interessantes”. O executivo mencionou notícias de que a Microsoft teria fechado um contrato recente para aquisição de energia e disse que as companhias estão “sedentas”.

Em relação à eleição de Trump, ele disse que não vê uma mudança estrutural no mercado norte-americano. O executivo disse, ainda, que eventualmente questões como subsídio exagerado “podem ser corrigidas”.

Outra empresa que olha com lupa oportunidades nos Estados Unidos é a fabricante de pás eólicas Aeris. Parte dos planos da companhia para os próximos anos é justamente acelerar as vendas no exterior, como forma de compensar a falta de pedidos no Brasil por conta da sobreoferta estrutural de energia e dos baixos preços no mercado livre, que limitam a viabilização de novas usinas.

Benefícios e barreiras à China

De acordo com o diretor-presidente da Aeris, Alexandre Negrão, faz todo sentido a empresa continuar apostando no mercado norte-americano e na América Latina. “O benefício do IRA (Lei de Redução da Inflação dos EUA, na sigla em inglês) é um pouco complexo e tem várias fases. Você tem benefício para o dono do parque, para o fabricante do aerogerador e para o fabricante dos componentes. No nosso caso é a pá [eólica]. Então mesmo a gente não produzindo a pá nos Estados Unidos, nosso cliente consegue ganhar o benefício”, disse, durante teleconferência sobre o resultado da companhia no terceiro trimestre.

Negrão afirmou também que vê com bons olhos a eleição de Donald Trump, ainda que ele tenha postura de antagonismo com a energia eólica. “Primeiro porque consolida, na nossa opinião, um fechamento maior de fronteiras com a China. Com certeza, a gente deve ter mais barreiras tarifárias em relação ao produto chinês, que é um competidor quando a gente fala de exportação.”

Hoje as empresas chinesas, com subsídios, são grandes competidoras para a Aeris e demais fabricantes de equipamentos de geração eólica.

O executivo disse ainda esperar uma queda na curva de juros e um crescimento da economia, ambos de forma mais acelerada, “o que também alimenta a necessidade de mais energia eólica”, completou.

Em relação a possíveis alterações nas políticas de incentivo a renováveis no país, implantadas por meio do IRA, Negrão disse que, como a iniciativa beneficia estados republicanos, como o Texas, pode haver resistências. Além disso, ele ressaltou que as mudanças precisam de aprovação do Congresso dos EUA. Em caso de avanço nessas alterações, o executivo afirmou que isso poderia desencadear uma corrida para garantir benefícios, o que também incentivaria a cadeia eólica.

Flexibilidade para enfrentar protecionismo

Mais uma companhia brasileira com negócios no segmento de energia norte-americano é a WEG. Hoje as plantas de negócios adquiridos pela empresa nos Estados Unidos estão com capacidade de utilização de 50% e, segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, André Salgueiro, há flexibilidade para usá-las, caso seja necessário migrar produção para o país.

Durante teleconferência sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre, o executivo explicou que cerca de dois terços da receita obtida na América do Norte já é produzida no México e nos Estados Unidos. O restante vem do Brasil, da Europa e de outras regiões.

“Dado que a gente tem essa pegada industrial bastante espalhada pelo mundo, a gente consegue ter alguma flexibilidade, fazer algum ajuste para se adaptar a uma situação nova ou algum impacto que a gente possa ter por conta de alguma mudança de tarifa nos próximos anos”, explicou Salgueiro a investidores e analistas.

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A volta de Donald Trump à Casa Branca terá efeito limitado na política de incentivo à implantação projetos de energia renovável nos Estados Unidos, avaliam empresas brasileiras que mantêm operações ou negócios no país.

Embora o presidente eleito dos Estados Unidos seja visto como incentivador de fontes fósseis e negacionista do clima, há demanda das empresas por energia limpa e necessidade de mais capacidade para suportar o crescimento econômico do país. Por conta disso, a perspectiva é que ele mantenha políticas de incentivo criadas no governo Joe Biden.

Diante desta perspectiva, a Serena Energia continua focada em viabilizar a segunda fase da usina eólica Goodnight 2, no Texas, e busca alternativas para financiar o projeto. “Estamos focados em viabilizar em PPA (contratos de longo prazo), cliente e captação de recursos”, disse o diretor-presidente da empresa, Antonio Bastos Filho, em teleconferência de resultados da empresa relativos ao terceiro trimestre.

Oportunidades ‘bem interessantes’

Segundo ele, no momento a demanda está aquecida, os preços de energia no mercado norte-americano são bons e podem possibilitar retornos “bem interessantes”. O executivo mencionou notícias de que a Microsoft teria fechado um contrato recente para aquisição de energia e disse que as companhias estão “sedentas”.

Em relação à eleição de Trump, ele disse que não vê uma mudança estrutural no mercado norte-americano. O executivo disse, ainda, que eventualmente questões como subsídio exagerado “podem ser corrigidas”.

Outra empresa que olha com lupa oportunidades nos Estados Unidos é a fabricante de pás eólicas Aeris. Parte dos planos da companhia para os próximos anos é justamente acelerar as vendas no exterior, como forma de compensar a falta de pedidos no Brasil por conta da sobreoferta estrutural de energia e dos baixos preços no mercado livre, que limitam a viabilização de novas usinas.

Benefícios e barreiras à China

De acordo com o diretor-presidente da Aeris, Alexandre Negrão, faz todo sentido a empresa continuar apostando no mercado norte-americano e na América Latina. “O benefício do IRA (Lei de Redução da Inflação dos EUA, na sigla em inglês) é um pouco complexo e tem várias fases. Você tem benefício para o dono do parque, para o fabricante do aerogerador e para o fabricante dos componentes. No nosso caso é a pá [eólica]. Então mesmo a gente não produzindo a pá nos Estados Unidos, nosso cliente consegue ganhar o benefício”, disse, durante teleconferência sobre o resultado da companhia no terceiro trimestre.

Negrão afirmou também que vê com bons olhos a eleição de Donald Trump, ainda que ele tenha postura de antagonismo com a energia eólica. “Primeiro porque consolida, na nossa opinião, um fechamento maior de fronteiras com a China. Com certeza, a gente deve ter mais barreiras tarifárias em relação ao produto chinês, que é um competidor quando a gente fala de exportação.”

Hoje as empresas chinesas, com subsídios, são grandes competidoras para a Aeris e demais fabricantes de equipamentos de geração eólica.

O executivo disse ainda esperar uma queda na curva de juros e um crescimento da economia, ambos de forma mais acelerada, “o que também alimenta a necessidade de mais energia eólica”, completou.

Em relação a possíveis alterações nas políticas de incentivo a renováveis no país, implantadas por meio do IRA, Negrão disse que, como a iniciativa beneficia estados republicanos, como o Texas, pode haver resistências. Além disso, ele ressaltou que as mudanças precisam de aprovação do Congresso dos EUA. Em caso de avanço nessas alterações, o executivo afirmou que isso poderia desencadear uma corrida para garantir benefícios, o que também incentivaria a cadeia eólica.

Flexibilidade para enfrentar protecionismo

Mais uma companhia brasileira com negócios no segmento de energia norte-americano é a WEG. Hoje as plantas de negócios adquiridos pela empresa nos Estados Unidos estão com capacidade de utilização de 50% e, segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, André Salgueiro, há flexibilidade para usá-las, caso seja necessário migrar produção para o país.

Durante teleconferência sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre, o executivo explicou que cerca de dois terços da receita obtida na América do Norte já é produzida no México e nos Estados Unidos. O restante vem do Brasil, da Europa e de outras regiões.

“Dado que a gente tem essa pegada industrial bastante espalhada pelo mundo, a gente consegue ter alguma flexibilidade, fazer algum ajuste para se adaptar a uma situação nova ou algum impacto que a gente possa ter por conta de alguma mudança de tarifa nos próximos anos”, explicou Salgueiro a investidores e analistas.

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