Bastidores do mundo dos negócios

Pátria levanta R$ 5 bi para infraestrutura e quer voltar aos data centers


Gestora fez rodadas na Europa e nos Estados Unidos para levantar recursos em novo fundo

Por Aline Bronzati
Corrida pela inteligência artificial deve levar a um aumento nos investimentos em data centers nos próximos anos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Com US$ 31,8 bilhões em ativos sob gestão, o Pátria Investimentos avançou algumas casas em seu novo fundo voltado ao segmento de infraestrutura, estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões). Do volume total, uma fatia de 40%, ou R$ 5 bilhões, já foi levantada junto a investidores estrangeiros e locais, e a gestora acaba de fazer rodadas em Berlim, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, para elevar o montante à meta até o fim deste ano.

Dentre os setores que despertam o interesse do Pátria, que nasceu em São Paulo e hoje tem ações listadas na Nasdaq, estão data centers, saneamento, logística, incluindo portos e terminais, resíduos sólidos e energia. Este é o quinto fundo da gestora voltado ao setor de infraestrutura na América Latina e que olha, em especial, oportunidades de investimento no Brasil.

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Em alguns destes setores, a gestora pode marcar sua estreia, como o de saneamento, enquanto em outros busca reforçar a posição de liderança, a exemplo de rodovias, e há também aqueles em que voltará a ter presença. É o caso do mercado de data centers. Passado pouco mais de um ano desde que deixou esse negócio, a gestora mostra apetite por voltar a se posicionar nesse segmento. Como pano de fundo, projeções que indicam um potencial enorme diante do maior fluxo de dados, e que vai se multiplicar com o avanço da inteligência artificial (IA).

O Pátria estreou no mercado de data centers em 2015 com a criação da plataforma Odata. O negócio avançou para países como Chile, Colômbia e México e chamou a atenção da americana Aligned Data Centers, que anunciou a compra do ativo no fim de 2022. A conclusão da venda se deu no ano seguinte.

“Data centers é um tema que a gente investiu com muito sucesso, vendeu no ano passado a nossa plataforma Odata. É natural que a gente volte a olhar o setor”, diz o sócio do Pátria da área de infraestrutura, Felipe Pinto, em entrevista exclusiva à Coluna, durante passagem por Nova York. Ele não abre, contudo, nomes de possíveis alvos.

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No mundo, os investimentos em data centers devem quebrar a barreira de US$ 1 trilhão até 2027, de acordo com projeções da britânica New Street Research (NSR), focada no segmento de telecomunicações. O grande motor são justamente as aplicações de IA. Pelos cálculos da consultoria, somente os investimentos em data centers relacionados à tecnologia devem saltar de US$ 90 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões em três anos.

“É um caminho sem volta. O crescimento exponencial da informação que precisa ser armazenada já era relevante com a migração dos servidores locais para a nuvem e, agora, é potencializado pelas soluções que são oferecidas pela inteligência artificial”, afirma Felipe Pinto.

De acordo com ele, o Pátria está olhando para ativos de infraestrutura digital de modo geral na América Latina, mas também tem apetite por ampliar ainda mais a aposta em rodovias. O primeiro investimento do seu quinto fundo voltado à infraestrutura foi exatamente um lote de rodovias do Paraná, no ano passado. “Somos um dos maiores operadores de rodovias na América Latina. Operamos quatro no Brasil e duas na Colômbia. E esse é um setor que a gente vai seguir olhando”, diz.

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Ambiente de juros altos não assusta o grupo

O objetivo da gestora é concluir a captação total do seu quinto fundo, estimada em US$ 2,5 bilhões, até o fim do ano, segundo Felipe Pinto. O horizonte macroeconômico, de juros elevados, em especial, nos Estados Unidos, não assusta o grupo, que nasceu no Brasil e se expandiu para a América Latina.

“Juro real alto é um ambiente com o qual nós estamos familiarizados”, diz o sócio do fundo. “Evidentemente, um ambiente onde a inflação está caindo e os juros estão caindo, ajuda, diminui o custo de financiamento”, pondera.

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Para o gestor, o Brasil, mas também países como Colômbia, Chile e Peru, com bancos centrais independentes, têm feito um “bom trabalho” em termos de política monetária, o que os permitiu baixar os juros antes em relação às economias desenvolvidas. E os investidores reconhecem a gestão macroeconômica dessas autoridades, segundo ele.

Quanto ao risco de os juros permanecerem altos por mais tempo nos EUA, Felipe Pinto diz que os investidores do setor de infraestrutura são de longo prazo e, portanto, tentam se “desconectar” dos ruídos gerados por decisões monetárias no curto prazo. O foco principal é a tendência de mercados emergentes, afirma.

Em paralelo, o Pátria lançou um fundo em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado. O fundo é direcionado a projetos de infraestrutura de médio e pequeno portes. Na largada, o veículo captou R$ 1 bilhão, mas a ambição é chegar a R$ 5 bilhões.

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Outro movimento recente foi o anúncio da entrada da gestora no mercado de comercialização de energia, expandindo a sua expertise como investidora de ativos de geração e transmissão.

Dentro de casa, o segmento de infraestrutura é visto como crucial para o Pátria alcançar US$ 50 bilhões em ativos sob gestão até 2025, com chances, assim, de recuperar a liderança do mercado de ativos alternativos na América Latina. Recentemente, a rival Vinci Partners tomou o posto, após a fusão com a Compass. “O Pátria é líder em infraestrutura”, diz Felipe Pinto, sem tecer mais comentários a respeito.

Fundada por Alexandre Saigh e Olimpio Matarazzo, há 35 anos, a gestora já investiu mais de R$ 20 bilhões no setor de infraestrutura nas duas últimas décadas, em um total de 30 investimentos. Atualmente, o Pátria possui 20 empresas em seu portfólio. A maior parte dos aportes foi feita no Brasil e, com o quinto fundo destinado ao segmento, não será diferente, conclui Felipe Pinto.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 27/03/24, às 16h26

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Corrida pela inteligência artificial deve levar a um aumento nos investimentos em data centers nos próximos anos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Com US$ 31,8 bilhões em ativos sob gestão, o Pátria Investimentos avançou algumas casas em seu novo fundo voltado ao segmento de infraestrutura, estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões). Do volume total, uma fatia de 40%, ou R$ 5 bilhões, já foi levantada junto a investidores estrangeiros e locais, e a gestora acaba de fazer rodadas em Berlim, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, para elevar o montante à meta até o fim deste ano.

Dentre os setores que despertam o interesse do Pátria, que nasceu em São Paulo e hoje tem ações listadas na Nasdaq, estão data centers, saneamento, logística, incluindo portos e terminais, resíduos sólidos e energia. Este é o quinto fundo da gestora voltado ao setor de infraestrutura na América Latina e que olha, em especial, oportunidades de investimento no Brasil.

Em alguns destes setores, a gestora pode marcar sua estreia, como o de saneamento, enquanto em outros busca reforçar a posição de liderança, a exemplo de rodovias, e há também aqueles em que voltará a ter presença. É o caso do mercado de data centers. Passado pouco mais de um ano desde que deixou esse negócio, a gestora mostra apetite por voltar a se posicionar nesse segmento. Como pano de fundo, projeções que indicam um potencial enorme diante do maior fluxo de dados, e que vai se multiplicar com o avanço da inteligência artificial (IA).

O Pátria estreou no mercado de data centers em 2015 com a criação da plataforma Odata. O negócio avançou para países como Chile, Colômbia e México e chamou a atenção da americana Aligned Data Centers, que anunciou a compra do ativo no fim de 2022. A conclusão da venda se deu no ano seguinte.

“Data centers é um tema que a gente investiu com muito sucesso, vendeu no ano passado a nossa plataforma Odata. É natural que a gente volte a olhar o setor”, diz o sócio do Pátria da área de infraestrutura, Felipe Pinto, em entrevista exclusiva à Coluna, durante passagem por Nova York. Ele não abre, contudo, nomes de possíveis alvos.

No mundo, os investimentos em data centers devem quebrar a barreira de US$ 1 trilhão até 2027, de acordo com projeções da britânica New Street Research (NSR), focada no segmento de telecomunicações. O grande motor são justamente as aplicações de IA. Pelos cálculos da consultoria, somente os investimentos em data centers relacionados à tecnologia devem saltar de US$ 90 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões em três anos.

“É um caminho sem volta. O crescimento exponencial da informação que precisa ser armazenada já era relevante com a migração dos servidores locais para a nuvem e, agora, é potencializado pelas soluções que são oferecidas pela inteligência artificial”, afirma Felipe Pinto.

De acordo com ele, o Pátria está olhando para ativos de infraestrutura digital de modo geral na América Latina, mas também tem apetite por ampliar ainda mais a aposta em rodovias. O primeiro investimento do seu quinto fundo voltado à infraestrutura foi exatamente um lote de rodovias do Paraná, no ano passado. “Somos um dos maiores operadores de rodovias na América Latina. Operamos quatro no Brasil e duas na Colômbia. E esse é um setor que a gente vai seguir olhando”, diz.

Ambiente de juros altos não assusta o grupo

O objetivo da gestora é concluir a captação total do seu quinto fundo, estimada em US$ 2,5 bilhões, até o fim do ano, segundo Felipe Pinto. O horizonte macroeconômico, de juros elevados, em especial, nos Estados Unidos, não assusta o grupo, que nasceu no Brasil e se expandiu para a América Latina.

“Juro real alto é um ambiente com o qual nós estamos familiarizados”, diz o sócio do fundo. “Evidentemente, um ambiente onde a inflação está caindo e os juros estão caindo, ajuda, diminui o custo de financiamento”, pondera.

Para o gestor, o Brasil, mas também países como Colômbia, Chile e Peru, com bancos centrais independentes, têm feito um “bom trabalho” em termos de política monetária, o que os permitiu baixar os juros antes em relação às economias desenvolvidas. E os investidores reconhecem a gestão macroeconômica dessas autoridades, segundo ele.

Quanto ao risco de os juros permanecerem altos por mais tempo nos EUA, Felipe Pinto diz que os investidores do setor de infraestrutura são de longo prazo e, portanto, tentam se “desconectar” dos ruídos gerados por decisões monetárias no curto prazo. O foco principal é a tendência de mercados emergentes, afirma.

Em paralelo, o Pátria lançou um fundo em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado. O fundo é direcionado a projetos de infraestrutura de médio e pequeno portes. Na largada, o veículo captou R$ 1 bilhão, mas a ambição é chegar a R$ 5 bilhões.

Outro movimento recente foi o anúncio da entrada da gestora no mercado de comercialização de energia, expandindo a sua expertise como investidora de ativos de geração e transmissão.

Dentro de casa, o segmento de infraestrutura é visto como crucial para o Pátria alcançar US$ 50 bilhões em ativos sob gestão até 2025, com chances, assim, de recuperar a liderança do mercado de ativos alternativos na América Latina. Recentemente, a rival Vinci Partners tomou o posto, após a fusão com a Compass. “O Pátria é líder em infraestrutura”, diz Felipe Pinto, sem tecer mais comentários a respeito.

Fundada por Alexandre Saigh e Olimpio Matarazzo, há 35 anos, a gestora já investiu mais de R$ 20 bilhões no setor de infraestrutura nas duas últimas décadas, em um total de 30 investimentos. Atualmente, o Pátria possui 20 empresas em seu portfólio. A maior parte dos aportes foi feita no Brasil e, com o quinto fundo destinado ao segmento, não será diferente, conclui Felipe Pinto.

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Corrida pela inteligência artificial deve levar a um aumento nos investimentos em data centers nos próximos anos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Com US$ 31,8 bilhões em ativos sob gestão, o Pátria Investimentos avançou algumas casas em seu novo fundo voltado ao segmento de infraestrutura, estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões). Do volume total, uma fatia de 40%, ou R$ 5 bilhões, já foi levantada junto a investidores estrangeiros e locais, e a gestora acaba de fazer rodadas em Berlim, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, para elevar o montante à meta até o fim deste ano.

Dentre os setores que despertam o interesse do Pátria, que nasceu em São Paulo e hoje tem ações listadas na Nasdaq, estão data centers, saneamento, logística, incluindo portos e terminais, resíduos sólidos e energia. Este é o quinto fundo da gestora voltado ao setor de infraestrutura na América Latina e que olha, em especial, oportunidades de investimento no Brasil.

Em alguns destes setores, a gestora pode marcar sua estreia, como o de saneamento, enquanto em outros busca reforçar a posição de liderança, a exemplo de rodovias, e há também aqueles em que voltará a ter presença. É o caso do mercado de data centers. Passado pouco mais de um ano desde que deixou esse negócio, a gestora mostra apetite por voltar a se posicionar nesse segmento. Como pano de fundo, projeções que indicam um potencial enorme diante do maior fluxo de dados, e que vai se multiplicar com o avanço da inteligência artificial (IA).

O Pátria estreou no mercado de data centers em 2015 com a criação da plataforma Odata. O negócio avançou para países como Chile, Colômbia e México e chamou a atenção da americana Aligned Data Centers, que anunciou a compra do ativo no fim de 2022. A conclusão da venda se deu no ano seguinte.

“Data centers é um tema que a gente investiu com muito sucesso, vendeu no ano passado a nossa plataforma Odata. É natural que a gente volte a olhar o setor”, diz o sócio do Pátria da área de infraestrutura, Felipe Pinto, em entrevista exclusiva à Coluna, durante passagem por Nova York. Ele não abre, contudo, nomes de possíveis alvos.

No mundo, os investimentos em data centers devem quebrar a barreira de US$ 1 trilhão até 2027, de acordo com projeções da britânica New Street Research (NSR), focada no segmento de telecomunicações. O grande motor são justamente as aplicações de IA. Pelos cálculos da consultoria, somente os investimentos em data centers relacionados à tecnologia devem saltar de US$ 90 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões em três anos.

“É um caminho sem volta. O crescimento exponencial da informação que precisa ser armazenada já era relevante com a migração dos servidores locais para a nuvem e, agora, é potencializado pelas soluções que são oferecidas pela inteligência artificial”, afirma Felipe Pinto.

De acordo com ele, o Pátria está olhando para ativos de infraestrutura digital de modo geral na América Latina, mas também tem apetite por ampliar ainda mais a aposta em rodovias. O primeiro investimento do seu quinto fundo voltado à infraestrutura foi exatamente um lote de rodovias do Paraná, no ano passado. “Somos um dos maiores operadores de rodovias na América Latina. Operamos quatro no Brasil e duas na Colômbia. E esse é um setor que a gente vai seguir olhando”, diz.

Ambiente de juros altos não assusta o grupo

O objetivo da gestora é concluir a captação total do seu quinto fundo, estimada em US$ 2,5 bilhões, até o fim do ano, segundo Felipe Pinto. O horizonte macroeconômico, de juros elevados, em especial, nos Estados Unidos, não assusta o grupo, que nasceu no Brasil e se expandiu para a América Latina.

“Juro real alto é um ambiente com o qual nós estamos familiarizados”, diz o sócio do fundo. “Evidentemente, um ambiente onde a inflação está caindo e os juros estão caindo, ajuda, diminui o custo de financiamento”, pondera.

Para o gestor, o Brasil, mas também países como Colômbia, Chile e Peru, com bancos centrais independentes, têm feito um “bom trabalho” em termos de política monetária, o que os permitiu baixar os juros antes em relação às economias desenvolvidas. E os investidores reconhecem a gestão macroeconômica dessas autoridades, segundo ele.

Quanto ao risco de os juros permanecerem altos por mais tempo nos EUA, Felipe Pinto diz que os investidores do setor de infraestrutura são de longo prazo e, portanto, tentam se “desconectar” dos ruídos gerados por decisões monetárias no curto prazo. O foco principal é a tendência de mercados emergentes, afirma.

Em paralelo, o Pátria lançou um fundo em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado. O fundo é direcionado a projetos de infraestrutura de médio e pequeno portes. Na largada, o veículo captou R$ 1 bilhão, mas a ambição é chegar a R$ 5 bilhões.

Outro movimento recente foi o anúncio da entrada da gestora no mercado de comercialização de energia, expandindo a sua expertise como investidora de ativos de geração e transmissão.

Dentro de casa, o segmento de infraestrutura é visto como crucial para o Pátria alcançar US$ 50 bilhões em ativos sob gestão até 2025, com chances, assim, de recuperar a liderança do mercado de ativos alternativos na América Latina. Recentemente, a rival Vinci Partners tomou o posto, após a fusão com a Compass. “O Pátria é líder em infraestrutura”, diz Felipe Pinto, sem tecer mais comentários a respeito.

Fundada por Alexandre Saigh e Olimpio Matarazzo, há 35 anos, a gestora já investiu mais de R$ 20 bilhões no setor de infraestrutura nas duas últimas décadas, em um total de 30 investimentos. Atualmente, o Pátria possui 20 empresas em seu portfólio. A maior parte dos aportes foi feita no Brasil e, com o quinto fundo destinado ao segmento, não será diferente, conclui Felipe Pinto.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 27/03/24, às 16h26

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Corrida pela inteligência artificial deve levar a um aumento nos investimentos em data centers nos próximos anos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Com US$ 31,8 bilhões em ativos sob gestão, o Pátria Investimentos avançou algumas casas em seu novo fundo voltado ao segmento de infraestrutura, estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões). Do volume total, uma fatia de 40%, ou R$ 5 bilhões, já foi levantada junto a investidores estrangeiros e locais, e a gestora acaba de fazer rodadas em Berlim, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, para elevar o montante à meta até o fim deste ano.

Dentre os setores que despertam o interesse do Pátria, que nasceu em São Paulo e hoje tem ações listadas na Nasdaq, estão data centers, saneamento, logística, incluindo portos e terminais, resíduos sólidos e energia. Este é o quinto fundo da gestora voltado ao setor de infraestrutura na América Latina e que olha, em especial, oportunidades de investimento no Brasil.

Em alguns destes setores, a gestora pode marcar sua estreia, como o de saneamento, enquanto em outros busca reforçar a posição de liderança, a exemplo de rodovias, e há também aqueles em que voltará a ter presença. É o caso do mercado de data centers. Passado pouco mais de um ano desde que deixou esse negócio, a gestora mostra apetite por voltar a se posicionar nesse segmento. Como pano de fundo, projeções que indicam um potencial enorme diante do maior fluxo de dados, e que vai se multiplicar com o avanço da inteligência artificial (IA).

O Pátria estreou no mercado de data centers em 2015 com a criação da plataforma Odata. O negócio avançou para países como Chile, Colômbia e México e chamou a atenção da americana Aligned Data Centers, que anunciou a compra do ativo no fim de 2022. A conclusão da venda se deu no ano seguinte.

“Data centers é um tema que a gente investiu com muito sucesso, vendeu no ano passado a nossa plataforma Odata. É natural que a gente volte a olhar o setor”, diz o sócio do Pátria da área de infraestrutura, Felipe Pinto, em entrevista exclusiva à Coluna, durante passagem por Nova York. Ele não abre, contudo, nomes de possíveis alvos.

No mundo, os investimentos em data centers devem quebrar a barreira de US$ 1 trilhão até 2027, de acordo com projeções da britânica New Street Research (NSR), focada no segmento de telecomunicações. O grande motor são justamente as aplicações de IA. Pelos cálculos da consultoria, somente os investimentos em data centers relacionados à tecnologia devem saltar de US$ 90 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões em três anos.

“É um caminho sem volta. O crescimento exponencial da informação que precisa ser armazenada já era relevante com a migração dos servidores locais para a nuvem e, agora, é potencializado pelas soluções que são oferecidas pela inteligência artificial”, afirma Felipe Pinto.

De acordo com ele, o Pátria está olhando para ativos de infraestrutura digital de modo geral na América Latina, mas também tem apetite por ampliar ainda mais a aposta em rodovias. O primeiro investimento do seu quinto fundo voltado à infraestrutura foi exatamente um lote de rodovias do Paraná, no ano passado. “Somos um dos maiores operadores de rodovias na América Latina. Operamos quatro no Brasil e duas na Colômbia. E esse é um setor que a gente vai seguir olhando”, diz.

Ambiente de juros altos não assusta o grupo

O objetivo da gestora é concluir a captação total do seu quinto fundo, estimada em US$ 2,5 bilhões, até o fim do ano, segundo Felipe Pinto. O horizonte macroeconômico, de juros elevados, em especial, nos Estados Unidos, não assusta o grupo, que nasceu no Brasil e se expandiu para a América Latina.

“Juro real alto é um ambiente com o qual nós estamos familiarizados”, diz o sócio do fundo. “Evidentemente, um ambiente onde a inflação está caindo e os juros estão caindo, ajuda, diminui o custo de financiamento”, pondera.

Para o gestor, o Brasil, mas também países como Colômbia, Chile e Peru, com bancos centrais independentes, têm feito um “bom trabalho” em termos de política monetária, o que os permitiu baixar os juros antes em relação às economias desenvolvidas. E os investidores reconhecem a gestão macroeconômica dessas autoridades, segundo ele.

Quanto ao risco de os juros permanecerem altos por mais tempo nos EUA, Felipe Pinto diz que os investidores do setor de infraestrutura são de longo prazo e, portanto, tentam se “desconectar” dos ruídos gerados por decisões monetárias no curto prazo. O foco principal é a tendência de mercados emergentes, afirma.

Em paralelo, o Pátria lançou um fundo em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado. O fundo é direcionado a projetos de infraestrutura de médio e pequeno portes. Na largada, o veículo captou R$ 1 bilhão, mas a ambição é chegar a R$ 5 bilhões.

Outro movimento recente foi o anúncio da entrada da gestora no mercado de comercialização de energia, expandindo a sua expertise como investidora de ativos de geração e transmissão.

Dentro de casa, o segmento de infraestrutura é visto como crucial para o Pátria alcançar US$ 50 bilhões em ativos sob gestão até 2025, com chances, assim, de recuperar a liderança do mercado de ativos alternativos na América Latina. Recentemente, a rival Vinci Partners tomou o posto, após a fusão com a Compass. “O Pátria é líder em infraestrutura”, diz Felipe Pinto, sem tecer mais comentários a respeito.

Fundada por Alexandre Saigh e Olimpio Matarazzo, há 35 anos, a gestora já investiu mais de R$ 20 bilhões no setor de infraestrutura nas duas últimas décadas, em um total de 30 investimentos. Atualmente, o Pátria possui 20 empresas em seu portfólio. A maior parte dos aportes foi feita no Brasil e, com o quinto fundo destinado ao segmento, não será diferente, conclui Felipe Pinto.

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Corrida pela inteligência artificial deve levar a um aumento nos investimentos em data centers nos próximos anos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Com US$ 31,8 bilhões em ativos sob gestão, o Pátria Investimentos avançou algumas casas em seu novo fundo voltado ao segmento de infraestrutura, estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões). Do volume total, uma fatia de 40%, ou R$ 5 bilhões, já foi levantada junto a investidores estrangeiros e locais, e a gestora acaba de fazer rodadas em Berlim, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, para elevar o montante à meta até o fim deste ano.

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Em alguns destes setores, a gestora pode marcar sua estreia, como o de saneamento, enquanto em outros busca reforçar a posição de liderança, a exemplo de rodovias, e há também aqueles em que voltará a ter presença. É o caso do mercado de data centers. Passado pouco mais de um ano desde que deixou esse negócio, a gestora mostra apetite por voltar a se posicionar nesse segmento. Como pano de fundo, projeções que indicam um potencial enorme diante do maior fluxo de dados, e que vai se multiplicar com o avanço da inteligência artificial (IA).

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“Data centers é um tema que a gente investiu com muito sucesso, vendeu no ano passado a nossa plataforma Odata. É natural que a gente volte a olhar o setor”, diz o sócio do Pátria da área de infraestrutura, Felipe Pinto, em entrevista exclusiva à Coluna, durante passagem por Nova York. Ele não abre, contudo, nomes de possíveis alvos.

No mundo, os investimentos em data centers devem quebrar a barreira de US$ 1 trilhão até 2027, de acordo com projeções da britânica New Street Research (NSR), focada no segmento de telecomunicações. O grande motor são justamente as aplicações de IA. Pelos cálculos da consultoria, somente os investimentos em data centers relacionados à tecnologia devem saltar de US$ 90 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões em três anos.

“É um caminho sem volta. O crescimento exponencial da informação que precisa ser armazenada já era relevante com a migração dos servidores locais para a nuvem e, agora, é potencializado pelas soluções que são oferecidas pela inteligência artificial”, afirma Felipe Pinto.

De acordo com ele, o Pátria está olhando para ativos de infraestrutura digital de modo geral na América Latina, mas também tem apetite por ampliar ainda mais a aposta em rodovias. O primeiro investimento do seu quinto fundo voltado à infraestrutura foi exatamente um lote de rodovias do Paraná, no ano passado. “Somos um dos maiores operadores de rodovias na América Latina. Operamos quatro no Brasil e duas na Colômbia. E esse é um setor que a gente vai seguir olhando”, diz.

Ambiente de juros altos não assusta o grupo

O objetivo da gestora é concluir a captação total do seu quinto fundo, estimada em US$ 2,5 bilhões, até o fim do ano, segundo Felipe Pinto. O horizonte macroeconômico, de juros elevados, em especial, nos Estados Unidos, não assusta o grupo, que nasceu no Brasil e se expandiu para a América Latina.

“Juro real alto é um ambiente com o qual nós estamos familiarizados”, diz o sócio do fundo. “Evidentemente, um ambiente onde a inflação está caindo e os juros estão caindo, ajuda, diminui o custo de financiamento”, pondera.

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Quanto ao risco de os juros permanecerem altos por mais tempo nos EUA, Felipe Pinto diz que os investidores do setor de infraestrutura são de longo prazo e, portanto, tentam se “desconectar” dos ruídos gerados por decisões monetárias no curto prazo. O foco principal é a tendência de mercados emergentes, afirma.

Em paralelo, o Pátria lançou um fundo em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado. O fundo é direcionado a projetos de infraestrutura de médio e pequeno portes. Na largada, o veículo captou R$ 1 bilhão, mas a ambição é chegar a R$ 5 bilhões.

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Dentro de casa, o segmento de infraestrutura é visto como crucial para o Pátria alcançar US$ 50 bilhões em ativos sob gestão até 2025, com chances, assim, de recuperar a liderança do mercado de ativos alternativos na América Latina. Recentemente, a rival Vinci Partners tomou o posto, após a fusão com a Compass. “O Pátria é líder em infraestrutura”, diz Felipe Pinto, sem tecer mais comentários a respeito.

Fundada por Alexandre Saigh e Olimpio Matarazzo, há 35 anos, a gestora já investiu mais de R$ 20 bilhões no setor de infraestrutura nas duas últimas décadas, em um total de 30 investimentos. Atualmente, o Pátria possui 20 empresas em seu portfólio. A maior parte dos aportes foi feita no Brasil e, com o quinto fundo destinado ao segmento, não será diferente, conclui Felipe Pinto.

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