Apesar de ter protocolado, há cinco dias, pedido para que o Ibama reconsidere a negativa de licenciamento ambiental para perfurar o primeiro poço exploratório na bacia de Foz do Amazonas, a Petrobras decidiu desmobilizar todo o aparato montado na região, o que inclui a sonda de perfuração. As etapas de preparação para transferência do equipamento já foram iniciadas e, nos próximos dias, a sonda começa a navegar em direção às bacias da região Sudeste.
Isto significa que a Petrobras não aposta numa solução rápida para o caso. O Ibama não tem prazo para apresentar resposta ao pedido, o que pode nem ocorrer ainda em 2023. Enquanto isso, o embate entre os ministérios das Minas e Energia e do Meio Ambiente em torno da atividade exploratória na região continuará a movimentar a Esplanada.
Lula tenta se manter distante do impasse sobre a Foz do Amazonas
Até agora, o presidente Lula tem mantido distância prudencial da contenda. Numa rápida declaração na semana passada, no término de sua viagem ao Japão, disse apenas achar difícil haver problema na operação em Foz do Amazonas. Para a Petrobras, a exploração na região é especialmente importante diante dos sinais de declínio dos primeiros poços do pré-sal, detectados no campo de Tupi, na Bacia de Santos.
Aliás, Tupi deve voltar a se chamar Lula a partir do último trimestre. O campo mudou de nome durante o governo Bolsonaro. Mas esse tipo de discussão e a perda de tempo com medidas do gênero, convenhamos, são absolutamente desnecessárias.
Voltando ao que importa: a Petrobras não teve como justificar os altos gastos com a manutenção de equipamentos e pessoal. Desde o fim do ano passado, aeronaves, barcos de apoio e outros equipamentos levados para a bacia de Foz do Amazonas custam, por dia, R$ 3,4 milhões. E lá se vão mais de R$ 600 milhões pelo ralo.
Amanhã os ânimos na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados devem ficar exaltados durante audiência pública reunindo, além do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, representantes dos dois ministérios, da Petrobras e secretários do Meio Ambiente do Amapá e do Pará. Parlamentares das regiões Norte e Nordeste, especialmente dos Estados da chamada Margem Equatorial, que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, formam um forte lobby pela exploração de petróleo na região.
”A Petrobras reitera que todos os recursos mobilizados no Amapá e no Pará para a realização da Avaliação Pré-Operacional (simulado para testar os planos de resposta à emergência) foram viabilizados estritamente em atendimento a decisões e aprovações do Ibama, conforme registrado em autos públicos, seguindo as balizas legais e normativas vigentes”, diz em nota a Petrobras.