Bastidores do mundo dos negócios

Pivô do escândalo da Americanas, linha ‘risco sacado’ seca e afeta fornecedores


Rombo de R$ 20 bilhões na varejista colocou bancos na defensiva

Por Talita Nascimento
Escândalo na Americanas deixou mercado de crédito mais avesso a riscos Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

O rombo de R$ 20 bilhões na Americanas já tem diversas consequências no mercado de crédito, que ficou mais avesso ao risco. Uma linha específica, porém, sofreu mais que as outras: o chamado risco sacado. Expressão desconhecida do público em geral, essa modalidade de crédito é comum no varejo. Como foi o pivô da crise que levou a Americanas à recuperação judicial, a linha ficou escassa no mercado, e os maiores prejudicados devem ser os fornecedores que dependiam disso para girar seus negócios.

O risco sacado funciona como uma antecipação de recebíveis para os fornecedores: uma fábrica vende determinado produto a um varejista que combina um prazo de 60 dias para o pagamento. Esse varejista, por sua vez, tem um convênio com um banco que faz antecipação de recebíveis. Assim, o fabricante pode receber o dinheiro antes, pagando juros ao banco que faz a operação. Nesse mecanismo, o varejista apenas confirma à instituição financeira que o fabricante tem, de fato, um pagamento a receber naquela quantia, que será a garantia do banco.

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Pequenas empresas são as mais afetadas

No caso da Americanas, o que acontecia era que a companhia usava o risco sacado para postergar os vencimentos que havia combinado com os fornecedores e, assim, a varejista pagava juros aos bancos. Essa operação também é possível, mas, nesse caso, o comum é que seja reconhecida como dívida bancária, o que a Americanas não fez. A consequência foi um pânico no mercado de crédito. Com isso, fornecedores que faziam uso do risco sacado como forma de ter caixa mais rapidamente, viram esse recurso se tornar mais raro.

“Criou-se um pânico tão grande no mercado que esse crédito está escasso e isso prejudica muito mais os fornecedores pequenos do que as grandes companhias”, afirmou o presidente do Assaí, Belmiro Gomes, em entrevista ao Broadcast. A rede apresentou bons resultados no quarto trimestre de 2022 e não sente efeitos negativos do caso Americanas em seu negócio de forma direta.

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O executivo disse, porém, que há fornecedores com menor poder econômico que dependem dessas linhas e podem se prejudicar por essa seca. “Desconto de recebíveis é tão antigo quanto o comércio”, observou Gomes.

Varejo de moda também sente efeitos

Fontes do setor de varejo de vestuário também relataram a escassez desse tipo de linha de crédito, o que tem prejudicado produtores têxteis. “Ficou tão difícil que estamos buscando outras instituições financeiras para tentar conseguir essa antecipação”, relatou uma das fontes. Segundo essa mesma fonte, bancos que tradicionalmente forneciam essa operação passaram a se recusar a fazê-la.

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Até quem conseguiu manter os convênios de risco sacado funcionando normalmente relata ter tido de explicar novamente aos bancos e investidores que suas operações estavam devidamente registradas. Assim, ainda há quem consiga realizar a operação, enquanto muitos, que também reportavam os números corretamente, ainda buscam outras alternativas.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/02/2023, às 11h00

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Escândalo na Americanas deixou mercado de crédito mais avesso a riscos Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

O rombo de R$ 20 bilhões na Americanas já tem diversas consequências no mercado de crédito, que ficou mais avesso ao risco. Uma linha específica, porém, sofreu mais que as outras: o chamado risco sacado. Expressão desconhecida do público em geral, essa modalidade de crédito é comum no varejo. Como foi o pivô da crise que levou a Americanas à recuperação judicial, a linha ficou escassa no mercado, e os maiores prejudicados devem ser os fornecedores que dependiam disso para girar seus negócios.

O risco sacado funciona como uma antecipação de recebíveis para os fornecedores: uma fábrica vende determinado produto a um varejista que combina um prazo de 60 dias para o pagamento. Esse varejista, por sua vez, tem um convênio com um banco que faz antecipação de recebíveis. Assim, o fabricante pode receber o dinheiro antes, pagando juros ao banco que faz a operação. Nesse mecanismo, o varejista apenas confirma à instituição financeira que o fabricante tem, de fato, um pagamento a receber naquela quantia, que será a garantia do banco.

Pequenas empresas são as mais afetadas

No caso da Americanas, o que acontecia era que a companhia usava o risco sacado para postergar os vencimentos que havia combinado com os fornecedores e, assim, a varejista pagava juros aos bancos. Essa operação também é possível, mas, nesse caso, o comum é que seja reconhecida como dívida bancária, o que a Americanas não fez. A consequência foi um pânico no mercado de crédito. Com isso, fornecedores que faziam uso do risco sacado como forma de ter caixa mais rapidamente, viram esse recurso se tornar mais raro.

“Criou-se um pânico tão grande no mercado que esse crédito está escasso e isso prejudica muito mais os fornecedores pequenos do que as grandes companhias”, afirmou o presidente do Assaí, Belmiro Gomes, em entrevista ao Broadcast. A rede apresentou bons resultados no quarto trimestre de 2022 e não sente efeitos negativos do caso Americanas em seu negócio de forma direta.

O executivo disse, porém, que há fornecedores com menor poder econômico que dependem dessas linhas e podem se prejudicar por essa seca. “Desconto de recebíveis é tão antigo quanto o comércio”, observou Gomes.

Varejo de moda também sente efeitos

Fontes do setor de varejo de vestuário também relataram a escassez desse tipo de linha de crédito, o que tem prejudicado produtores têxteis. “Ficou tão difícil que estamos buscando outras instituições financeiras para tentar conseguir essa antecipação”, relatou uma das fontes. Segundo essa mesma fonte, bancos que tradicionalmente forneciam essa operação passaram a se recusar a fazê-la.

Até quem conseguiu manter os convênios de risco sacado funcionando normalmente relata ter tido de explicar novamente aos bancos e investidores que suas operações estavam devidamente registradas. Assim, ainda há quem consiga realizar a operação, enquanto muitos, que também reportavam os números corretamente, ainda buscam outras alternativas.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 22/02/2023, às 11h00

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O rombo de R$ 20 bilhões na Americanas já tem diversas consequências no mercado de crédito, que ficou mais avesso ao risco. Uma linha específica, porém, sofreu mais que as outras: o chamado risco sacado. Expressão desconhecida do público em geral, essa modalidade de crédito é comum no varejo. Como foi o pivô da crise que levou a Americanas à recuperação judicial, a linha ficou escassa no mercado, e os maiores prejudicados devem ser os fornecedores que dependiam disso para girar seus negócios.

O risco sacado funciona como uma antecipação de recebíveis para os fornecedores: uma fábrica vende determinado produto a um varejista que combina um prazo de 60 dias para o pagamento. Esse varejista, por sua vez, tem um convênio com um banco que faz antecipação de recebíveis. Assim, o fabricante pode receber o dinheiro antes, pagando juros ao banco que faz a operação. Nesse mecanismo, o varejista apenas confirma à instituição financeira que o fabricante tem, de fato, um pagamento a receber naquela quantia, que será a garantia do banco.

Pequenas empresas são as mais afetadas

No caso da Americanas, o que acontecia era que a companhia usava o risco sacado para postergar os vencimentos que havia combinado com os fornecedores e, assim, a varejista pagava juros aos bancos. Essa operação também é possível, mas, nesse caso, o comum é que seja reconhecida como dívida bancária, o que a Americanas não fez. A consequência foi um pânico no mercado de crédito. Com isso, fornecedores que faziam uso do risco sacado como forma de ter caixa mais rapidamente, viram esse recurso se tornar mais raro.

“Criou-se um pânico tão grande no mercado que esse crédito está escasso e isso prejudica muito mais os fornecedores pequenos do que as grandes companhias”, afirmou o presidente do Assaí, Belmiro Gomes, em entrevista ao Broadcast. A rede apresentou bons resultados no quarto trimestre de 2022 e não sente efeitos negativos do caso Americanas em seu negócio de forma direta.

O executivo disse, porém, que há fornecedores com menor poder econômico que dependem dessas linhas e podem se prejudicar por essa seca. “Desconto de recebíveis é tão antigo quanto o comércio”, observou Gomes.

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No caso da Americanas, o que acontecia era que a companhia usava o risco sacado para postergar os vencimentos que havia combinado com os fornecedores e, assim, a varejista pagava juros aos bancos. Essa operação também é possível, mas, nesse caso, o comum é que seja reconhecida como dívida bancária, o que a Americanas não fez. A consequência foi um pânico no mercado de crédito. Com isso, fornecedores que faziam uso do risco sacado como forma de ter caixa mais rapidamente, viram esse recurso se tornar mais raro.

“Criou-se um pânico tão grande no mercado que esse crédito está escasso e isso prejudica muito mais os fornecedores pequenos do que as grandes companhias”, afirmou o presidente do Assaí, Belmiro Gomes, em entrevista ao Broadcast. A rede apresentou bons resultados no quarto trimestre de 2022 e não sente efeitos negativos do caso Americanas em seu negócio de forma direta.

O executivo disse, porém, que há fornecedores com menor poder econômico que dependem dessas linhas e podem se prejudicar por essa seca. “Desconto de recebíveis é tão antigo quanto o comércio”, observou Gomes.

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