Bastidores do mundo dos negócios

Primeira gestora a competir com bancos, Oriz coordena R$ 1 bi em ofertas


Captações em 2023 incluem as da MRV, CashMe e de fundos imobiliários

Por Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
O economista Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional, é um dos sócios da Oriz Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo

Quando pediu registro para coordenar ofertas públicas, no começo de 2023, até então uma atividade exclusiva de bancos, a gestora independente Oriz Partners, que tem entre os sócios o economista Carlos Kawall, não imaginava que fosse conseguir tantas operações em tão pouco tempo. Em seu primeiro ano, pegou o mandato de dez ofertas, que superam R$ 1 bilhão, e incluem captações de nomes como a construtora MRV e o da fintech CashMe, da Cyrela, além de fundos imobiliários, como o de R$ 150 milhões da Vera Cruz, que compra terrenos ou casas antigas em áreas nobres de São Paulo para fazer imóveis novos em condomínios horizontais.

Até o final de 2022, só instituições financeiras podiam coordenar ofertas públicas. Mas com as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o mercado de capitais, instituições não financeiras também puderam entrar nesse negócio milionário. E por ser a primeira do mercado a pedir o aval regulatório, a Oriz precisou aprender muito, inclusive com a cooperação da B3, que também não tinha tido esse tipo de experiência antes e precisou se adaptar.

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Após a Oriz, outras entraram neste mercado, como a fintech Bamboo. A Archx Capital também pediu autorização recentemente.

Mercado abriu mais espaço do que se imaginava

O registro da Oriz saiu em maio. “No começo do ano não imaginava que fosse chegar a esse volume em pouco tempo”, diz o diretor e sócio da Oriz, Rafael Prudente, responsável pela área de ofertas públicas. “O mercado abriu espaço que a gente não imaginava. Percebemos que havia um oceano de oportunidades”, disse ele, destacando que a Oriz também começou a trabalhar em parcerias com outras instituições nas ofertas públicas, como o Banco Inter.

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Para Kawall, que já passou por bancos como Citi e Safra, muitos das ofertas públicas que a Oriz faz, na casa dos R$ 50 milhões a R$ 80 milhões cada, não interessam aos bancos de investimento tradicionais, acostumados com negócios de bilhões. No melhor cenário, eles pegariam uma oferta pequena como essas como estratégia de relacionamento com determinados clientes e às vezes a taxa cobrada inviabiliza a oferta. Com estrutura menor, a Oriz consegue oferecer custo mais baixo, além de tratamento caso a caso.

E com as mudanças recentes de regras pelos reguladores, o economista observa que tem havido uma democratização importante do acesso ao mercado de capitais, tanto para mais empresas acessarem como para novos investidores comprarem os papéis. Alguns dos clientes da Oriz, por exemplo, nunca tinham feito uma oferta pública antes.

Companhia já planeja novidades para o próximo ano

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Em novas áreas de atuação para 2024, a Oriz montou uma estrutura para comprar ativos estressados, como papéis de empresas com problemas. Para isso, planeja criar um fundo no começo do próximo ano, mas quer ter uma gestão ativa na empresa em que investir, nos moldes de um fundo de private equity em companhias nas quais compra ações.

Nas ofertas em andamento, há um Fiagro da ordem de R$ 380 milhões para compras de terras, mas com nomes que ainda não podem ser revelados, porque a oferta ainda não ficou pública. Na praça, há duas ofertas subsequentes de fundos já listados na B3, um Fiagro de crédito da gestora Exes, de R$ 100 milhões, um dos fundos do tipo que mais distribui dividendos, com 11 mil investidores. Outra oferta é do fundo imobiliário JASC, da gestora Genesis, de R$ 350 milhões, com foco em locação de lojas de hipermercados no Nordeste, que pretende captar mais R$ 100 milhões.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 07/12/23, às 17h24

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O economista Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional, é um dos sócios da Oriz Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo

Quando pediu registro para coordenar ofertas públicas, no começo de 2023, até então uma atividade exclusiva de bancos, a gestora independente Oriz Partners, que tem entre os sócios o economista Carlos Kawall, não imaginava que fosse conseguir tantas operações em tão pouco tempo. Em seu primeiro ano, pegou o mandato de dez ofertas, que superam R$ 1 bilhão, e incluem captações de nomes como a construtora MRV e o da fintech CashMe, da Cyrela, além de fundos imobiliários, como o de R$ 150 milhões da Vera Cruz, que compra terrenos ou casas antigas em áreas nobres de São Paulo para fazer imóveis novos em condomínios horizontais.

Até o final de 2022, só instituições financeiras podiam coordenar ofertas públicas. Mas com as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o mercado de capitais, instituições não financeiras também puderam entrar nesse negócio milionário. E por ser a primeira do mercado a pedir o aval regulatório, a Oriz precisou aprender muito, inclusive com a cooperação da B3, que também não tinha tido esse tipo de experiência antes e precisou se adaptar.

Após a Oriz, outras entraram neste mercado, como a fintech Bamboo. A Archx Capital também pediu autorização recentemente.

Mercado abriu mais espaço do que se imaginava

O registro da Oriz saiu em maio. “No começo do ano não imaginava que fosse chegar a esse volume em pouco tempo”, diz o diretor e sócio da Oriz, Rafael Prudente, responsável pela área de ofertas públicas. “O mercado abriu espaço que a gente não imaginava. Percebemos que havia um oceano de oportunidades”, disse ele, destacando que a Oriz também começou a trabalhar em parcerias com outras instituições nas ofertas públicas, como o Banco Inter.

Para Kawall, que já passou por bancos como Citi e Safra, muitos das ofertas públicas que a Oriz faz, na casa dos R$ 50 milhões a R$ 80 milhões cada, não interessam aos bancos de investimento tradicionais, acostumados com negócios de bilhões. No melhor cenário, eles pegariam uma oferta pequena como essas como estratégia de relacionamento com determinados clientes e às vezes a taxa cobrada inviabiliza a oferta. Com estrutura menor, a Oriz consegue oferecer custo mais baixo, além de tratamento caso a caso.

E com as mudanças recentes de regras pelos reguladores, o economista observa que tem havido uma democratização importante do acesso ao mercado de capitais, tanto para mais empresas acessarem como para novos investidores comprarem os papéis. Alguns dos clientes da Oriz, por exemplo, nunca tinham feito uma oferta pública antes.

Companhia já planeja novidades para o próximo ano

Em novas áreas de atuação para 2024, a Oriz montou uma estrutura para comprar ativos estressados, como papéis de empresas com problemas. Para isso, planeja criar um fundo no começo do próximo ano, mas quer ter uma gestão ativa na empresa em que investir, nos moldes de um fundo de private equity em companhias nas quais compra ações.

Nas ofertas em andamento, há um Fiagro da ordem de R$ 380 milhões para compras de terras, mas com nomes que ainda não podem ser revelados, porque a oferta ainda não ficou pública. Na praça, há duas ofertas subsequentes de fundos já listados na B3, um Fiagro de crédito da gestora Exes, de R$ 100 milhões, um dos fundos do tipo que mais distribui dividendos, com 11 mil investidores. Outra oferta é do fundo imobiliário JASC, da gestora Genesis, de R$ 350 milhões, com foco em locação de lojas de hipermercados no Nordeste, que pretende captar mais R$ 100 milhões.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 07/12/23, às 17h24

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Quando pediu registro para coordenar ofertas públicas, no começo de 2023, até então uma atividade exclusiva de bancos, a gestora independente Oriz Partners, que tem entre os sócios o economista Carlos Kawall, não imaginava que fosse conseguir tantas operações em tão pouco tempo. Em seu primeiro ano, pegou o mandato de dez ofertas, que superam R$ 1 bilhão, e incluem captações de nomes como a construtora MRV e o da fintech CashMe, da Cyrela, além de fundos imobiliários, como o de R$ 150 milhões da Vera Cruz, que compra terrenos ou casas antigas em áreas nobres de São Paulo para fazer imóveis novos em condomínios horizontais.

Até o final de 2022, só instituições financeiras podiam coordenar ofertas públicas. Mas com as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o mercado de capitais, instituições não financeiras também puderam entrar nesse negócio milionário. E por ser a primeira do mercado a pedir o aval regulatório, a Oriz precisou aprender muito, inclusive com a cooperação da B3, que também não tinha tido esse tipo de experiência antes e precisou se adaptar.

Após a Oriz, outras entraram neste mercado, como a fintech Bamboo. A Archx Capital também pediu autorização recentemente.

Mercado abriu mais espaço do que se imaginava

O registro da Oriz saiu em maio. “No começo do ano não imaginava que fosse chegar a esse volume em pouco tempo”, diz o diretor e sócio da Oriz, Rafael Prudente, responsável pela área de ofertas públicas. “O mercado abriu espaço que a gente não imaginava. Percebemos que havia um oceano de oportunidades”, disse ele, destacando que a Oriz também começou a trabalhar em parcerias com outras instituições nas ofertas públicas, como o Banco Inter.

Para Kawall, que já passou por bancos como Citi e Safra, muitos das ofertas públicas que a Oriz faz, na casa dos R$ 50 milhões a R$ 80 milhões cada, não interessam aos bancos de investimento tradicionais, acostumados com negócios de bilhões. No melhor cenário, eles pegariam uma oferta pequena como essas como estratégia de relacionamento com determinados clientes e às vezes a taxa cobrada inviabiliza a oferta. Com estrutura menor, a Oriz consegue oferecer custo mais baixo, além de tratamento caso a caso.

E com as mudanças recentes de regras pelos reguladores, o economista observa que tem havido uma democratização importante do acesso ao mercado de capitais, tanto para mais empresas acessarem como para novos investidores comprarem os papéis. Alguns dos clientes da Oriz, por exemplo, nunca tinham feito uma oferta pública antes.

Companhia já planeja novidades para o próximo ano

Em novas áreas de atuação para 2024, a Oriz montou uma estrutura para comprar ativos estressados, como papéis de empresas com problemas. Para isso, planeja criar um fundo no começo do próximo ano, mas quer ter uma gestão ativa na empresa em que investir, nos moldes de um fundo de private equity em companhias nas quais compra ações.

Nas ofertas em andamento, há um Fiagro da ordem de R$ 380 milhões para compras de terras, mas com nomes que ainda não podem ser revelados, porque a oferta ainda não ficou pública. Na praça, há duas ofertas subsequentes de fundos já listados na B3, um Fiagro de crédito da gestora Exes, de R$ 100 milhões, um dos fundos do tipo que mais distribui dividendos, com 11 mil investidores. Outra oferta é do fundo imobiliário JASC, da gestora Genesis, de R$ 350 milhões, com foco em locação de lojas de hipermercados no Nordeste, que pretende captar mais R$ 100 milhões.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 07/12/23, às 17h24

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