As contas de luz mais caras neste ano levaram a procura por sistemas de geração própria de energia explodir, e os integradores já começam a enfrentar dificuldades para atender os pedidos por novas instalações, disse ao Broadcast Energia o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim.
Embora o setor comemore a demanda crescente pela modalidade, a entidade vê com cautela a capacidade de adicionar os 8 gigawatts (GW) em potência instalada almejados para este ano. Hoje, o setor tem 10,9 GW em operação no País, quase o mesmo montante que a hidrelétrica de Belo Monte, a maior usina 100% brasileira.
Conexão na rede das distribuidoras é um das dificuldades
Outra dificuldade do setor é a conexão na rede das distribuidoras de energia. Segundo Chrispim, há ao menos 370 megawatts (MW) em projetos que estão finalizados e aguardam parecer da concessionária local para serem ligados. No fim do ano passado, eram aproximadamente 240 MW.
Segundo ele, além da alta nas contas de luz - que neste ano sobem em média 18% em todo o País -, há um efeito manada: quando vizinho coloca placas solares no telhado, "o outro vê e quer colocar também". Desse modo, nem mesmo a alta nos preços de equipamentos e das taxas de juros têm travado a procura.
Mudança iminente nas regras acelera instalações
Outro fator para a aceleração das instalações de sistemas de geração própria é a iminente mudança nas regras, com o início de uma transição na qual será cobrada parte da chamada "tarifa-fio", para remunerar o serviço prestado pela distribuidora de energia aos microgeradores. Para Chrispim, os sistemas que forem instalados nos primeiros anos do período de transição praticamente não sentirão impacto no prazo de retorno do investimento, enquanto a taxa interna de retorno (TIR) ainda seguirá atrativa, embora caia de 24% ao ano para cerca de 18%. Por isso, ele vislumbra que seria possível ao segmento observar um crescimento, em capacidade instalada, da ordem de 7 GW em 2023.
Os consumidores têm prazo para concluir seus sistemas de geração própria, a partir da autorização inicial de instalação - de 12 meses no caso de sistemas fotovoltaicos e de 30 meses para outras fontes (biomassa, biogás e centrais de geração hidrelétrica - CGHs). Com isso, haverá uma inércia de expansão pós alteração das regras.
Este texto foi publicado no Broadcast Energia no dia 24/06/22, às 08h00
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