O Banco BS2 e o grupo sul-africano Traficc concluíram na quarta-feira a criação de uma joint venture no setor de seguros, a BS2 Seguros, que será peça central na reorientação do banco da família Pentagna Guimarães. Agora focada em pessoas jurídicas, a instituição espera atingir volume anual de prêmios de R$ 50 milhões no ano que vem.
Até 2025, a meta é ainda maior: chegar a R$ 1 bilhão. "Se formos uma companhia de R$ 1 bilhão, estaríamos entre as 20 maiores do País. É ambicioso: saindo do zero, queremos estar no top 20", disse ao Broadcast o CEO da joint venture, Adriano Romano. "O banco será um grande parceiro de distribuição, mas somos para o mercado e do mercado."
A aliança surgiu após uma iniciativa de Romano. À frente de operações da Traficc na América Latina, ele convenceu o grupo a conhecer o mercado brasileiro. "Não queríamos vir para o Brasil. Achávamos que era muito complicado e ficávamos nervosos de entrar em um País grande sem conhecimento", afirmou o CEO do Traficc, Nicholas Tarlie.
Romano trouxe os executivos ao Brasil, os levou para conversar com especialistas e seguradoras. No processo, surgiu o BS2, que queria redirecionar o negócio para focar em empresas. Nos últimos meses, o banco, antigo Bonsucesso, repassou a carteira de pessoas físicas ao Next, do Bradesco, e vendeu a gestora de ativos e a DTVM para a Faros e a Galápagos.
Sul-africana Traffic está em 20 países
No mundo, a Traficc opera um modelo "B2B2C" em parceria com empresas que atendem ao consumidor final, o mesmo que a BS2 utilizará. Hoje, o grupo da África do Sul está em 20 países, incluindo o México e a Colômbia, e acredita que o Brasil pode se tornar o mercado mais importante. "Nunca investimos tanto", disse Tarlie. O valor do investimento não foi revelado.
O banco terá 55% da empresa e a Traficc, 45%. A parceria foi anunciada em dezembro e aprovada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) há cerca de um mês. O BS2 possuía uma licença até então não utilizada para operar nesse mercado.
Com as aprovações necessárias, a nova companhia começará a desenvolver os produtos e espera colocar os primeiros no mercado em julho, com a operação a plena capacidade no fim deste ano. Romano ressaltou, porém, que os produtos terão maior customização.
"O mercado de seguros sempre teve seguro para grandes empresas. O que as pequenas encontram quando procuram um produto é o que fizeram para a grande, mas trataram de adaptar para a pequena", disse ele.
A alta da inflação, dos juros e a instabilidade que a eleição presidencial podem provocar na economia neste ano não assustam os sócios. "Seguros operam bem com inflação ou sem inflação. Assustador, para o nosso negócio, seria o aumento do desemprego", afirmou Tarlie.
Pequenas e médias empresas estão no foco da seguradora
Embora a seguradora se interesse por clientes de grande porte, enxerga o maior potencial de crescimento em empresas menores, justamente por considerar que hoje elas têm menor acesso a produtos. O CEO da BS2 Seguros apontou que um dos problemas em atender a empresas de menor porte era a necessidade de uma enorme força de vendas, o que tornava o custo inviável. A tecnologia resolveu o problema, afirmou.
"Agora, com tecnologia, as PMEs podem ser servidas. Uma vez que elas podem servidas por produtos bancários, também podem ser servidas por produtos de seguros", comentou.
Inicialmente, estão nos planos da BS2 produtos como o seguro prestamista, que cobre as parcelas de um financiamento caso o cliente perca o emprego e também garantia estendida para automóveis. Ambos serão vendidos por meio de parcerias com empresas, com maior foco nas menores.
A experiência da Traficc é peça fundamental do processo. Com operações em 20 países, sempre com parceiros, a empresa já subscreve esse tipo de produto. "Nós vendemos na África do Sul mais garantias estendidas do que o mercado brasileiro todo", disse Tarlie.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 02/06/22, às 10h00
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