Bastidores do mundo dos negócios

Redução da pobreza em 1% pode ajudar a baixar desmatamento em 4%


Estudo foi realizado pelo Instituto Escolhas, que reúne ativistas e pesquisadores do tema desenvolvimento sustentável

Por Circe Bonatelli
Apreensão de madeira em operação na região de Colniza (MT), em julho de 2021  Foto: Christiano Antonucci/Secom MT

Estudo realizado pelo Instituto Escolhas identificou que a redução de apenas 1% no total de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil tem o efeito de diminuição do desmatamento em 4%. Em outras palavras: ao se melhorar a vida de 136 mil pessoas muito pobres (cuja renda mensal é de até R$ 140 por membro da família) com oferta de emprego de qualidade, há potencial de se prevenir a derrubada de 42,7 mil hectares de mata no País - algo próximo à área da cidade de Jundiaí (SP).

Mais trabalho formal poderia combater perda de vegetação

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O estudo investiga se a criação de políticas sociais podem gerar benefícios indiretos para o meio ambiente ao estimular a transferência dos trabalhadores a atividades não relacionadas ao desmatamento. A pesquisa partiu da hipótese de que o aumento da oferta de trabalho formal pode ajudar a combater a perda de vegetação. O desmatamento é apontado pelos pesquisadores como insalubre, arriscado e realizado, na maior parte das vezes, por pessoas mal remuneradas em empregos informais.

Estudo relembra declaração de Guedes que teve má repercussão

Uma preocupação do estudo é não culpar os mais pobres pelo desmatamento no Brasil. Inclusive, os autores relembram de forma crítica uma declaração dada pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, de que ‘o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza’. A fala de Guedes ocorreu durante o Fórum Econômico de Davos, em 2020, e teve repercussão ruim.

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O estudo ressaltou que a ideia de que os mais pobres desmatam para sobreviver foi, por diversas vezes, afirmada por autoridades brasileiras no sentido de, por meio da culpabilização da população pobre, autorizar e normalizar o desmatamento - que, em 2021, atingiu 16.557 km2 em todos os biomas brasileiros, com aumento de 20% em relação a 2020.

O Instituto Escolhas reúne ativistas e pesquisadores que se debruçam sobre temas ligados ao desenvolvimento sustentável. A diretoria geral fica por conta de Sérgio Leitão (ex-Greenpeace e ex-Instituto Socioambiental), enquanto o conselho traz especialistas em economia, ciências sociais e relações institucionais, como Marcos Lisboa, Mariana Luz e Zeina Latif, entre outros.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/02/2023, às 13h31

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Apreensão de madeira em operação na região de Colniza (MT), em julho de 2021  Foto: Christiano Antonucci/Secom MT

Estudo realizado pelo Instituto Escolhas identificou que a redução de apenas 1% no total de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil tem o efeito de diminuição do desmatamento em 4%. Em outras palavras: ao se melhorar a vida de 136 mil pessoas muito pobres (cuja renda mensal é de até R$ 140 por membro da família) com oferta de emprego de qualidade, há potencial de se prevenir a derrubada de 42,7 mil hectares de mata no País - algo próximo à área da cidade de Jundiaí (SP).

Mais trabalho formal poderia combater perda de vegetação

O estudo investiga se a criação de políticas sociais podem gerar benefícios indiretos para o meio ambiente ao estimular a transferência dos trabalhadores a atividades não relacionadas ao desmatamento. A pesquisa partiu da hipótese de que o aumento da oferta de trabalho formal pode ajudar a combater a perda de vegetação. O desmatamento é apontado pelos pesquisadores como insalubre, arriscado e realizado, na maior parte das vezes, por pessoas mal remuneradas em empregos informais.

Estudo relembra declaração de Guedes que teve má repercussão

Uma preocupação do estudo é não culpar os mais pobres pelo desmatamento no Brasil. Inclusive, os autores relembram de forma crítica uma declaração dada pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, de que ‘o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza’. A fala de Guedes ocorreu durante o Fórum Econômico de Davos, em 2020, e teve repercussão ruim.

O estudo ressaltou que a ideia de que os mais pobres desmatam para sobreviver foi, por diversas vezes, afirmada por autoridades brasileiras no sentido de, por meio da culpabilização da população pobre, autorizar e normalizar o desmatamento - que, em 2021, atingiu 16.557 km2 em todos os biomas brasileiros, com aumento de 20% em relação a 2020.

O Instituto Escolhas reúne ativistas e pesquisadores que se debruçam sobre temas ligados ao desenvolvimento sustentável. A diretoria geral fica por conta de Sérgio Leitão (ex-Greenpeace e ex-Instituto Socioambiental), enquanto o conselho traz especialistas em economia, ciências sociais e relações institucionais, como Marcos Lisboa, Mariana Luz e Zeina Latif, entre outros.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/02/2023, às 13h31

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Mais trabalho formal poderia combater perda de vegetação

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Estudo relembra declaração de Guedes que teve má repercussão

Uma preocupação do estudo é não culpar os mais pobres pelo desmatamento no Brasil. Inclusive, os autores relembram de forma crítica uma declaração dada pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, de que ‘o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza’. A fala de Guedes ocorreu durante o Fórum Econômico de Davos, em 2020, e teve repercussão ruim.

O estudo ressaltou que a ideia de que os mais pobres desmatam para sobreviver foi, por diversas vezes, afirmada por autoridades brasileiras no sentido de, por meio da culpabilização da população pobre, autorizar e normalizar o desmatamento - que, em 2021, atingiu 16.557 km2 em todos os biomas brasileiros, com aumento de 20% em relação a 2020.

O Instituto Escolhas reúne ativistas e pesquisadores que se debruçam sobre temas ligados ao desenvolvimento sustentável. A diretoria geral fica por conta de Sérgio Leitão (ex-Greenpeace e ex-Instituto Socioambiental), enquanto o conselho traz especialistas em economia, ciências sociais e relações institucionais, como Marcos Lisboa, Mariana Luz e Zeina Latif, entre outros.

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