Bastidores do mundo dos negócios

Soluções climáticas virão pela dor de uma catástrofe, diz Marina Cançado


Para empresária e ex-sócia da XP, Brasil pode ser grande polo de soluções ambientais para o mundo

Por Karla Spotorno
Cançado: mentalidade atual do mercado ainda não vê valor em soluções baseadas na natureza Foto: Leca Novo

Catástrofes ambientais como a do Rio Grande do Sul têm o potencial de acelerar mudanças nos modelos de negócios e a busca por soluções climáticas. A empresária e ex-sócia da XP Marina Cançado entende que as pessoas já têm uma forma arraigada de funcionar e fazer coisas, e que a mudança só virá “pela dor”.

“É um trabalho de ‘formiguinha’ sensibilizar as famílias empresárias”, afirmou Cançado, que está à frente da Converge Capital, empresa de articulação de investimentos sustentáveis e de impacto, e da 1ª Brazil Climate Investment Week, organizada conjuntamente com a Capital for Climate nos dias 21 e 23 de maio, São Paulo.

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“Já temos um jeito de funcionar na sociedade, empresas estabelecidas, setores estabelecidos. Infelizmente, vamos acabar nos movendo pela dor, como, por exemplo, ter de lidar com uma catástrofe”, disse a empreendedora que também é co-organizadora do Brazil Climate Summit, que ocorre em Nova York anualmente em parceria com a Columbia University.

Soma de fatores gera otimismo, diz empreendedora

Há 15 anos na área de sustentabilidade e impacto positivo, Cançado conta que é otimista, apesar desta visão de que é a tragédia que tem a força capaz de mover tomadores de decisão a buscar soluções à emergência climática. E esse otimismo se justifica, diz a empreendedora, numa “conjunção de fatores muito única nesse momento no Brasil”. Ela enumera: o País ocupa a presidência do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e vai sediar, no ano que vem, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém (PA).

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“O Brasil pode ser o grande ‘hub’ de soluções climáticas para o mundo e tem papel fundamental de fomentar a transição, mas precisa de investimento. E há capital internacional muito interessado no Brasil, porque reconhece que o País tem capacidade de fornecer soluções em muitas áreas”, afirma. Entre esses setores, ela cita as soluções de biometano e fontes renováveis de energia, mineração, produção do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) além, claro, das chamadas soluções baseadas na natureza, que são restauração de pastagens degradadas e agricultura regenerativa.

A empreendedora pontua que, além desta agenda internacional que atraiu olhares e bolsos de todo o mundo para o Brasil, o País tem vantagens competitivas intrínsecas. Existe aqui um mercado de capitais bem desenvolvido, pesquisa acadêmica, profissionais bem formados, além de o Estado “ser estável”, com instituições democráticas fortes, e aberto ao mundo todo.

Mercado precisa de mais gente capacitada

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Uma dificuldade para a mudança na forma como se faz negócios, segundo Cançado, está na criação de uma massa crítica no mercado de capitais capacitada a analisar os modelos de negócios da forma adequada e não sob o “mindset” atual, de não ver valor nas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Segundo ela, faltam analistas capacitados. Essa mentalidade atual, mencionada por ela, é ilustrada com a projeção positiva para as vendas da Ambev por parte de analistas de um grande banco de investimento. Em meio à onda de calor excessivo e fora de época que afeta milhões de brasileiros, eles escreveram que a “perspectiva climática favorável” vai beneficiar a receita da empresa.

Nesse caldo socioeconômico, um desafio é esse novo jeito de fazer negócios “se fazer entender”. “Existe um desafio de linguagem muito grande. Quando uso a expressão solução climática, as pessoas não visualizam que estamos falando de negócios rentáveis e que serão base da transformação de setores chave da economia”, diz. “Ao discutir soluções para a crise climática, estamos falando de negócios, estamos discutindo biogás, biometano, SAF, agricultura sustentável”, afirmou Cançado.

Na Brazil Climate Investment Week, modelos de negócios como estes e como financiá-los serão discutidos. O evento vai reunir 350 lideranças brasileiras e estrangeiras como gestores de fundos, bancos de investimento, family offices, empresários e empreendedores. Uma das metas da semana é catalisar US$ 5 bilhões em investimentos no setor de soluções baseadas na natureza no Brasil até a realização da COP 30, em 2025.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 10/05/24, às 16h21

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Cançado: mentalidade atual do mercado ainda não vê valor em soluções baseadas na natureza Foto: Leca Novo

Catástrofes ambientais como a do Rio Grande do Sul têm o potencial de acelerar mudanças nos modelos de negócios e a busca por soluções climáticas. A empresária e ex-sócia da XP Marina Cançado entende que as pessoas já têm uma forma arraigada de funcionar e fazer coisas, e que a mudança só virá “pela dor”.

“É um trabalho de ‘formiguinha’ sensibilizar as famílias empresárias”, afirmou Cançado, que está à frente da Converge Capital, empresa de articulação de investimentos sustentáveis e de impacto, e da 1ª Brazil Climate Investment Week, organizada conjuntamente com a Capital for Climate nos dias 21 e 23 de maio, São Paulo.

“Já temos um jeito de funcionar na sociedade, empresas estabelecidas, setores estabelecidos. Infelizmente, vamos acabar nos movendo pela dor, como, por exemplo, ter de lidar com uma catástrofe”, disse a empreendedora que também é co-organizadora do Brazil Climate Summit, que ocorre em Nova York anualmente em parceria com a Columbia University.

Soma de fatores gera otimismo, diz empreendedora

Há 15 anos na área de sustentabilidade e impacto positivo, Cançado conta que é otimista, apesar desta visão de que é a tragédia que tem a força capaz de mover tomadores de decisão a buscar soluções à emergência climática. E esse otimismo se justifica, diz a empreendedora, numa “conjunção de fatores muito única nesse momento no Brasil”. Ela enumera: o País ocupa a presidência do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e vai sediar, no ano que vem, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém (PA).

“O Brasil pode ser o grande ‘hub’ de soluções climáticas para o mundo e tem papel fundamental de fomentar a transição, mas precisa de investimento. E há capital internacional muito interessado no Brasil, porque reconhece que o País tem capacidade de fornecer soluções em muitas áreas”, afirma. Entre esses setores, ela cita as soluções de biometano e fontes renováveis de energia, mineração, produção do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) além, claro, das chamadas soluções baseadas na natureza, que são restauração de pastagens degradadas e agricultura regenerativa.

A empreendedora pontua que, além desta agenda internacional que atraiu olhares e bolsos de todo o mundo para o Brasil, o País tem vantagens competitivas intrínsecas. Existe aqui um mercado de capitais bem desenvolvido, pesquisa acadêmica, profissionais bem formados, além de o Estado “ser estável”, com instituições democráticas fortes, e aberto ao mundo todo.

Mercado precisa de mais gente capacitada

Uma dificuldade para a mudança na forma como se faz negócios, segundo Cançado, está na criação de uma massa crítica no mercado de capitais capacitada a analisar os modelos de negócios da forma adequada e não sob o “mindset” atual, de não ver valor nas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Segundo ela, faltam analistas capacitados. Essa mentalidade atual, mencionada por ela, é ilustrada com a projeção positiva para as vendas da Ambev por parte de analistas de um grande banco de investimento. Em meio à onda de calor excessivo e fora de época que afeta milhões de brasileiros, eles escreveram que a “perspectiva climática favorável” vai beneficiar a receita da empresa.

Nesse caldo socioeconômico, um desafio é esse novo jeito de fazer negócios “se fazer entender”. “Existe um desafio de linguagem muito grande. Quando uso a expressão solução climática, as pessoas não visualizam que estamos falando de negócios rentáveis e que serão base da transformação de setores chave da economia”, diz. “Ao discutir soluções para a crise climática, estamos falando de negócios, estamos discutindo biogás, biometano, SAF, agricultura sustentável”, afirmou Cançado.

Na Brazil Climate Investment Week, modelos de negócios como estes e como financiá-los serão discutidos. O evento vai reunir 350 lideranças brasileiras e estrangeiras como gestores de fundos, bancos de investimento, family offices, empresários e empreendedores. Uma das metas da semana é catalisar US$ 5 bilhões em investimentos no setor de soluções baseadas na natureza no Brasil até a realização da COP 30, em 2025.

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Catástrofes ambientais como a do Rio Grande do Sul têm o potencial de acelerar mudanças nos modelos de negócios e a busca por soluções climáticas. A empresária e ex-sócia da XP Marina Cançado entende que as pessoas já têm uma forma arraigada de funcionar e fazer coisas, e que a mudança só virá “pela dor”.

“É um trabalho de ‘formiguinha’ sensibilizar as famílias empresárias”, afirmou Cançado, que está à frente da Converge Capital, empresa de articulação de investimentos sustentáveis e de impacto, e da 1ª Brazil Climate Investment Week, organizada conjuntamente com a Capital for Climate nos dias 21 e 23 de maio, São Paulo.

“Já temos um jeito de funcionar na sociedade, empresas estabelecidas, setores estabelecidos. Infelizmente, vamos acabar nos movendo pela dor, como, por exemplo, ter de lidar com uma catástrofe”, disse a empreendedora que também é co-organizadora do Brazil Climate Summit, que ocorre em Nova York anualmente em parceria com a Columbia University.

Soma de fatores gera otimismo, diz empreendedora

Há 15 anos na área de sustentabilidade e impacto positivo, Cançado conta que é otimista, apesar desta visão de que é a tragédia que tem a força capaz de mover tomadores de decisão a buscar soluções à emergência climática. E esse otimismo se justifica, diz a empreendedora, numa “conjunção de fatores muito única nesse momento no Brasil”. Ela enumera: o País ocupa a presidência do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e vai sediar, no ano que vem, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém (PA).

“O Brasil pode ser o grande ‘hub’ de soluções climáticas para o mundo e tem papel fundamental de fomentar a transição, mas precisa de investimento. E há capital internacional muito interessado no Brasil, porque reconhece que o País tem capacidade de fornecer soluções em muitas áreas”, afirma. Entre esses setores, ela cita as soluções de biometano e fontes renováveis de energia, mineração, produção do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) além, claro, das chamadas soluções baseadas na natureza, que são restauração de pastagens degradadas e agricultura regenerativa.

A empreendedora pontua que, além desta agenda internacional que atraiu olhares e bolsos de todo o mundo para o Brasil, o País tem vantagens competitivas intrínsecas. Existe aqui um mercado de capitais bem desenvolvido, pesquisa acadêmica, profissionais bem formados, além de o Estado “ser estável”, com instituições democráticas fortes, e aberto ao mundo todo.

Mercado precisa de mais gente capacitada

Uma dificuldade para a mudança na forma como se faz negócios, segundo Cançado, está na criação de uma massa crítica no mercado de capitais capacitada a analisar os modelos de negócios da forma adequada e não sob o “mindset” atual, de não ver valor nas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Segundo ela, faltam analistas capacitados. Essa mentalidade atual, mencionada por ela, é ilustrada com a projeção positiva para as vendas da Ambev por parte de analistas de um grande banco de investimento. Em meio à onda de calor excessivo e fora de época que afeta milhões de brasileiros, eles escreveram que a “perspectiva climática favorável” vai beneficiar a receita da empresa.

Nesse caldo socioeconômico, um desafio é esse novo jeito de fazer negócios “se fazer entender”. “Existe um desafio de linguagem muito grande. Quando uso a expressão solução climática, as pessoas não visualizam que estamos falando de negócios rentáveis e que serão base da transformação de setores chave da economia”, diz. “Ao discutir soluções para a crise climática, estamos falando de negócios, estamos discutindo biogás, biometano, SAF, agricultura sustentável”, afirmou Cançado.

Na Brazil Climate Investment Week, modelos de negócios como estes e como financiá-los serão discutidos. O evento vai reunir 350 lideranças brasileiras e estrangeiras como gestores de fundos, bancos de investimento, family offices, empresários e empreendedores. Uma das metas da semana é catalisar US$ 5 bilhões em investimentos no setor de soluções baseadas na natureza no Brasil até a realização da COP 30, em 2025.

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Catástrofes ambientais como a do Rio Grande do Sul têm o potencial de acelerar mudanças nos modelos de negócios e a busca por soluções climáticas. A empresária e ex-sócia da XP Marina Cançado entende que as pessoas já têm uma forma arraigada de funcionar e fazer coisas, e que a mudança só virá “pela dor”.

“É um trabalho de ‘formiguinha’ sensibilizar as famílias empresárias”, afirmou Cançado, que está à frente da Converge Capital, empresa de articulação de investimentos sustentáveis e de impacto, e da 1ª Brazil Climate Investment Week, organizada conjuntamente com a Capital for Climate nos dias 21 e 23 de maio, São Paulo.

“Já temos um jeito de funcionar na sociedade, empresas estabelecidas, setores estabelecidos. Infelizmente, vamos acabar nos movendo pela dor, como, por exemplo, ter de lidar com uma catástrofe”, disse a empreendedora que também é co-organizadora do Brazil Climate Summit, que ocorre em Nova York anualmente em parceria com a Columbia University.

Soma de fatores gera otimismo, diz empreendedora

Há 15 anos na área de sustentabilidade e impacto positivo, Cançado conta que é otimista, apesar desta visão de que é a tragédia que tem a força capaz de mover tomadores de decisão a buscar soluções à emergência climática. E esse otimismo se justifica, diz a empreendedora, numa “conjunção de fatores muito única nesse momento no Brasil”. Ela enumera: o País ocupa a presidência do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e vai sediar, no ano que vem, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém (PA).

“O Brasil pode ser o grande ‘hub’ de soluções climáticas para o mundo e tem papel fundamental de fomentar a transição, mas precisa de investimento. E há capital internacional muito interessado no Brasil, porque reconhece que o País tem capacidade de fornecer soluções em muitas áreas”, afirma. Entre esses setores, ela cita as soluções de biometano e fontes renováveis de energia, mineração, produção do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) além, claro, das chamadas soluções baseadas na natureza, que são restauração de pastagens degradadas e agricultura regenerativa.

A empreendedora pontua que, além desta agenda internacional que atraiu olhares e bolsos de todo o mundo para o Brasil, o País tem vantagens competitivas intrínsecas. Existe aqui um mercado de capitais bem desenvolvido, pesquisa acadêmica, profissionais bem formados, além de o Estado “ser estável”, com instituições democráticas fortes, e aberto ao mundo todo.

Mercado precisa de mais gente capacitada

Uma dificuldade para a mudança na forma como se faz negócios, segundo Cançado, está na criação de uma massa crítica no mercado de capitais capacitada a analisar os modelos de negócios da forma adequada e não sob o “mindset” atual, de não ver valor nas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Segundo ela, faltam analistas capacitados. Essa mentalidade atual, mencionada por ela, é ilustrada com a projeção positiva para as vendas da Ambev por parte de analistas de um grande banco de investimento. Em meio à onda de calor excessivo e fora de época que afeta milhões de brasileiros, eles escreveram que a “perspectiva climática favorável” vai beneficiar a receita da empresa.

Nesse caldo socioeconômico, um desafio é esse novo jeito de fazer negócios “se fazer entender”. “Existe um desafio de linguagem muito grande. Quando uso a expressão solução climática, as pessoas não visualizam que estamos falando de negócios rentáveis e que serão base da transformação de setores chave da economia”, diz. “Ao discutir soluções para a crise climática, estamos falando de negócios, estamos discutindo biogás, biometano, SAF, agricultura sustentável”, afirmou Cançado.

Na Brazil Climate Investment Week, modelos de negócios como estes e como financiá-los serão discutidos. O evento vai reunir 350 lideranças brasileiras e estrangeiras como gestores de fundos, bancos de investimento, family offices, empresários e empreendedores. Uma das metas da semana é catalisar US$ 5 bilhões em investimentos no setor de soluções baseadas na natureza no Brasil até a realização da COP 30, em 2025.

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Catástrofes ambientais como a do Rio Grande do Sul têm o potencial de acelerar mudanças nos modelos de negócios e a busca por soluções climáticas. A empresária e ex-sócia da XP Marina Cançado entende que as pessoas já têm uma forma arraigada de funcionar e fazer coisas, e que a mudança só virá “pela dor”.

“É um trabalho de ‘formiguinha’ sensibilizar as famílias empresárias”, afirmou Cançado, que está à frente da Converge Capital, empresa de articulação de investimentos sustentáveis e de impacto, e da 1ª Brazil Climate Investment Week, organizada conjuntamente com a Capital for Climate nos dias 21 e 23 de maio, São Paulo.

“Já temos um jeito de funcionar na sociedade, empresas estabelecidas, setores estabelecidos. Infelizmente, vamos acabar nos movendo pela dor, como, por exemplo, ter de lidar com uma catástrofe”, disse a empreendedora que também é co-organizadora do Brazil Climate Summit, que ocorre em Nova York anualmente em parceria com a Columbia University.

Soma de fatores gera otimismo, diz empreendedora

Há 15 anos na área de sustentabilidade e impacto positivo, Cançado conta que é otimista, apesar desta visão de que é a tragédia que tem a força capaz de mover tomadores de decisão a buscar soluções à emergência climática. E esse otimismo se justifica, diz a empreendedora, numa “conjunção de fatores muito única nesse momento no Brasil”. Ela enumera: o País ocupa a presidência do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) e vai sediar, no ano que vem, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém (PA).

“O Brasil pode ser o grande ‘hub’ de soluções climáticas para o mundo e tem papel fundamental de fomentar a transição, mas precisa de investimento. E há capital internacional muito interessado no Brasil, porque reconhece que o País tem capacidade de fornecer soluções em muitas áreas”, afirma. Entre esses setores, ela cita as soluções de biometano e fontes renováveis de energia, mineração, produção do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) além, claro, das chamadas soluções baseadas na natureza, que são restauração de pastagens degradadas e agricultura regenerativa.

A empreendedora pontua que, além desta agenda internacional que atraiu olhares e bolsos de todo o mundo para o Brasil, o País tem vantagens competitivas intrínsecas. Existe aqui um mercado de capitais bem desenvolvido, pesquisa acadêmica, profissionais bem formados, além de o Estado “ser estável”, com instituições democráticas fortes, e aberto ao mundo todo.

Mercado precisa de mais gente capacitada

Uma dificuldade para a mudança na forma como se faz negócios, segundo Cançado, está na criação de uma massa crítica no mercado de capitais capacitada a analisar os modelos de negócios da forma adequada e não sob o “mindset” atual, de não ver valor nas soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês). Segundo ela, faltam analistas capacitados. Essa mentalidade atual, mencionada por ela, é ilustrada com a projeção positiva para as vendas da Ambev por parte de analistas de um grande banco de investimento. Em meio à onda de calor excessivo e fora de época que afeta milhões de brasileiros, eles escreveram que a “perspectiva climática favorável” vai beneficiar a receita da empresa.

Nesse caldo socioeconômico, um desafio é esse novo jeito de fazer negócios “se fazer entender”. “Existe um desafio de linguagem muito grande. Quando uso a expressão solução climática, as pessoas não visualizam que estamos falando de negócios rentáveis e que serão base da transformação de setores chave da economia”, diz. “Ao discutir soluções para a crise climática, estamos falando de negócios, estamos discutindo biogás, biometano, SAF, agricultura sustentável”, afirmou Cançado.

Na Brazil Climate Investment Week, modelos de negócios como estes e como financiá-los serão discutidos. O evento vai reunir 350 lideranças brasileiras e estrangeiras como gestores de fundos, bancos de investimento, family offices, empresários e empreendedores. Uma das metas da semana é catalisar US$ 5 bilhões em investimentos no setor de soluções baseadas na natureza no Brasil até a realização da COP 30, em 2025.

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