Após comprar parte das ações que a BlackRock detinha na Light e alcançar 10% de participação no capital da empresa de energia elétrica, o empresário Nelson Tanure avalia um plano de recuperação que será levado aos credores e demais acionistas da distribuidora de energia fluminense, segundo fontes.
A elétrica informou ao mercado nesta semana que a gestora de ativos americana reduziu a participação na companhia para 2,9% do capital. A posição anterior era de 9,29%. “A intenção é apresentar um plano geral para os credores. Seria um primeiro passo a ser dado nas próximas semanas”, disse uma fonte com conhecimento sobre o tema. Segundo essa pessoa, trata-se de um “negócio de risco, dada a situação atual da companhia.”
Empresa tem dívidas com vencimento próximo
A Light tem uma dívida de aproximadamente R$ 11 bilhões com vencimento nos próximos três anos, sendo mais de R$ 7 bilhões em debêntures. Precisa ainda renegociar com o governo a renovação da sua concessão, com contrato previsto para vencer em junho de 2026. Há ainda avaliações sobre um potencial pedido de recuperação judicial.
Ações da Light caíram mais de 20%
A estratégia de Tanure é de se tornar um acionista relevante da Light, aproveitando-se do desconto nas ações da empresa. Os papéis perderam mais de 20% de valor este ano, após a contratação da Laplace para fazer uma reestruturação financeira. Contudo, após a ação de Tanure, o valor dos papéis teve uma significativa recuperação na última semana.
Entre as opções do empresário para aumentar sua participação na elétrica, estão novas investidas sobre acionistas de referência. Tanure já se tornou um dos maiores acionistas da Light (10,02%). O maior ainda é Ronaldo Cezar Coelho, com 20,01% das ações. Outro acionista que tem aproximadamente 10% do capital da empresa é Carlos Alberto Sicupira. Procurados, Tanure e a BlackRock não se pronunciaram.
Tanure tem histórico de investir em empresas em dificuldades
O movimento de Tanure na Light é semelhante à praticada em outras iniciativas do empresário, que tem histórico de investir em empresas em dificuldade financeira e operacional, como aconteceu na Oi, em 2016, e mais recentemente no laboratório Alliar, em que Tanure fez um primeiro investimento por oportunidade e buscou aumentar a participação.
A investida de Tanure sobre a Light ocorre num momento em que a empresa vinha desenhando uma saída para seu alto endividamento por meio de uma recuperação judicial da holding e um pedido de suspensão das obrigações das subsidiárias, especialmente da distribuidora, que não pode se utilizar formalmente desse instrumento.
Em outra ponta, a empresa negocia com reguladores uma revisão extraordinária na tarifa, como uma saída para mitigar os problemas financeiros que vem enfrentando.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/05/2023, às 19h34
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