A troca de comando na Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), anunciada nesta semana, foi uma das condições da Azul para retornar ao quadro da entidade, segundo apurou a Coluna. A aérea defendia a necessidade de um nome “arrojado” para sair em defesa das pautas do setor, o que teria motivado a troca de Jurema Monteiro por Juliano Noman, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast.
Criada em 2012, a Abear contou com a participação de todas as principais companhias brasileiras durante os sete primeiros anos de atuação. Em 2019, porém, a Azul deixou o quadro de associadas em meio a divergências com as concorrentes. Desde então, buscava-se a retomada da participação da aérea que representa quase 30% do mercado doméstico. O retorno da Azul à associação ocorreu no início de novembro.
Um mês depois, na terça-feira, 3, a Abear anunciou a mudança na presidência executiva. Monteiro ocupava o cargo desde maio de 2023, quando substituiu Eduardo Sanovicz, acometido por um câncer severo após comandar a entidade por 11 anos.
Novos voos
Em nota, a Abear atribuiu a saída de Monteiro a uma renúncia por motivos pessoais. Numa publicação nas redes sociais, a executiva agradeceu o tempo em que esteve na associação e disse estar preparando “novos voos”. “Nesses nove anos tive a honra de contribuir para o fortalecimento e a representação do setor aéreo no Brasil e foi um privilégio trabalhar ao lado de uma equipe tão competente e dedicada, cuja colaboração tornou possível alcançar objetivos e superar desafios.”
Nos bastidores, porém, fontes afirmam que a atuação discreta da executiva, considerada por muitos como centrada e conciliadora, não agradou a Azul. Uma das pessoas a par do assunto diz que os líderes da companhia pediam um perfil diferente. “Queriam alguém mais arrojado na Abear. O Noman atende a isso, porque é técnico, mas também é muito político”, afirma a fonte.
Bacharel em Economia pela Universidade de Brasília, Noman foi diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e secretário de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos.
Com a palavra
A Coluna procurou a executiva por meio da Abear, a qual ainda está ligada. Em resposta, a entidade reforçou a nota divulgada esta semana em que informa que o processo de transição ocorrerá durante este mês, “assegurando a continuidade das atividades da associação e o fortalecimento das iniciativas do setor”.
Já a Azul afirmou que retornou ao quadro de associada da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) por reconhecer sua atuação prévia e acreditar na importância da associação para a construção de um setor cada vez mais fortalecido e com uma agenda de longo prazo, principalmente com foco nos desafios da aviação, como os custos, por exemplo.
“O mercado aéreo brasileiro tem diversas pautas que precisam ser debatidas como setor, e a companhia trabalhará em conjunto com as demais associadas sempre em prol de melhorias que beneficiem toda a indústria”, afirmou a empresa, em nota.
Reaproximação
Durante o Azul Day, promovido na última terça-feira, o CEO da companhia, John Rodgerson, destacou a reaproximação das aéreas após o retorno da Azul à entidade. “Nós, os CEOs, temos nos falado pelo menos três vezes por semana”, reforçou.
Segundo o executivo, Azul, Gol e Latam têm trabalhado em conjunto para lidar com o que classifica como “problemas estruturais do setor”. A lista de desafios inclui, principalmente, a dificuldade de acesso ao capital, altos índices de judicialização e o preço do querosene de aviação (QAV).
A redução do preço do combustível depende de revisão da política de preços da Petrobras. O tema será pauta de uma reunião entre a estatal e as aéreas nesta segunda-feira, 9.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 05/12/2024, às 18:37.
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