Analistas de mercado leram a ampla apresentação da Vale, no Canadá, sobre suas perspectivas para a extração de níquel e cobre como preparação para uma eventual separação desses ativos, com o objetivo de gerar mais valor para a mineradora. A ideia, que vem desde o ano passado, seria realizar primeiramente um "spin off" (cisão) da unidade de metais básicos e depois uma eventual oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A empresa espera que o número de veículos elétricos vendidos cresça quase quatro vezes até 2030 (de 11 milhões de unidades projetadas em 2022 para 38 milhões), o que faria com que a demanda global anual por níquel dobrasse até 2030, para cerca de 6,2 milhões de toneladas. No caso do cobre, a expectativa é que a demanda anual chegue a 37 milhões de toneladas em 2030, ante 31 milhões deste ano.
Para a empresa, mudança energética deve impulsionar demanda
Os números e perspectivas foram mostrados em detalhe na quarta-feira, 7, a analistas de investimentos em Sudbury, no Canadá. No evento, a Vale disse que o aumento da demanda por esses metais nos próximos anos acontecerá em função da mudança energética, que inclui baterias para veículos elétricos e maior uso de fontes de geração de energia limpa, como eólicas e solar.
O mercado leu as informações como uma preparação de terreno. Segundo Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, a Vale se prepara para o aumento de produção e "terá ativos de qualidade para capturar esta demanda e inclusive deve promover mais à frente uma separação societária entre seus ativos ferrosos e não ferrosos."
Vale pode alavancar tendências positivas do mercado para cobre e níquel, diz banco
Em relatório, o Bradesco BBI afirmou que a companhia está posicionada de forma única para alavancar as tendências estruturais positivas do mercado para essas duas commodities, apoiada por seu portfólio de produtos premium, emissões de carbono mais baixas em relação à média do setor e localizações de ativos estratégicos. "O primeiro passo para liberar mais valor para a divisão é entregar a estabilização das operações e medidas de eficiência de custos. Essas mudanças não são um processo da noite para o dia, mas os próximos 12 meses serão cruciais para a empresa mostrar o progresso das medidas que estão sendo implementadas", escrevem os analistas Thiago Lofiego, Isabela Vasconcelos e Camilla Barder.
O Morgan Stanley disse, também em relatório, que o progresso na produção de metais básicos sinalizado pela Vale poderia contribuir com até US$ 5,7 bilhões na geração de caixa no médio prazo.
Procurada, a Vale disse que "espera fornecer uma atualização mais detalhada sobre o caminho estratégico para seus negócios de metais básicos até o final do ano. Conforme discutido anteriormente, não há uma decisão formal e a Vale continua avaliando todas as opções para destravar valor do negócio."
Este texto foi publicado no Broadcast+ no dia 08/09/2022, às 18h53
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse