Bastidores do mundo dos negócios

Venda de térmicas a gás da Eletrobras atrai interesse, e deve movimentar até R$ 8 bi


Companhia recebeu propostas não-vinculantes e vai selecionar as melhores para a próxima etapa

Por Aline Bronzati e Luciana Collet
Eletrobras quer ser uma empresa de energia totalmente limpa, e por isso, procura interessados para vender usinas movidas a gás. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Debruçada em ser uma empresa de energia limpa, a Eletrobras pode embolsar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda do seu portfólio de geração térmica, apurou a Coluna. O processo teria atraído elevado interesse de fundos e investidores estratégicos, locais e estrangeiros, dizem fontes, na condição de anonimato, uma vez que o processo não é público.

A companhia já recebeu propostas não-vinculantes pelos ativos e, neste momento, seleciona as melhores para a próxima etapa. Nela, os potenciais compradores farão lances vinculantes e processos de diligência que resultarão nos vencedores do processo. Um deles é a Eneva, que propôs na semana passada uma fusão com a Vibra (ex-BR Distribuidora). A venda está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.

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A Eletrobras informou o mercado sobre o seu plano de se desfazer dos ativos térmicos a gás em julho deste ano. Em recente conversa com investidores e analistas, a companhia disse que o objetivo é concluir a venda até o fim do primeiro semestre de 2024.

A forma como o negócio será repassado para outras mãos ainda não está fechada, e vai depender das propostas finais que a companhia tiver na mesa. Uma fonte próxima às conversas diz que, embora haja a intenção de venda do pacote fechado, uma das possibilidades é o fatiamento do ativo por região, a depender do interesse e das propostas apresentadas.

O portfólio em questão reúne as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, o conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2.059 megawatts (MW), em 2025.

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Mauá 3 e Aparecida são termelétricas a gás da Eletronorte instaladas em Manaus e que somam 756,7 MW de potência. Já Santa Cruz é uma usina a gás de 350 MW de capacidade instalada localizada no Rio de Janeiro e operada por Furnas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina tem potência outorgada total de 1 gigawatt (GW). Por sua vez, o Complexo Interior é formado por quatro usinas termelétricas a gás de menor porte, com entre 2,1 MW e 4,57 MW, somando 13,5 MW. Elas estão instaladas no Amazonas e são operadas pela Eletronorte.

O pacote também inclui o Complexo PIE, um conjunto de cinco usinas térmicas a gás ou óleo combustível localizadas em Manaus que somam uma capacidade instalada de aproximadamente 600 MW. Atualmente, essas usinas são detidas por diferentes grupos classificados como Produtores Independentes de Energia (PIE). No entanto, há uma previsão de reversão ao patrimônio da Eletrobras/Eletronorte em 2025, quando passariam a ser detidas 100% pela companhia.

Por fim, o projeto Rio Negro inclui uma usina localizada no Amazonas ainda em estágio de desenvolvimento, com 188 MW de capacidade. O empreendimento prevê a utilização parcial dos ativos e terreno da antiga termelétrica Bloco IV, o que reduz eventuais custos de investimento e com espaço para expansões e instalação de terminais de gás natural liquefeito (GNL).

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Venda é parte de estratégia mais ampla da atual gestão da empresa

A venda de térmicas a gás faz parte de uma estratégia mais ampla da atual gestão da Eletrobras, sob o comando de Ivan Monteiro, de desinvestir ativos considerados não estratégicos, com o foco ser uma empresa de energia 100% limpa. A prioridade da empresa, que tenta superar uma crise de relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é seguir com o processo de descarbonização, rumo a ser uma companhia com emissão zero de gás carbônico até 2030.

Embora o lançamento do processo de venda das térmicas a gás tenha sido feito ainda na gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Jr., o novo comando da companhia sinalizou que pretende dar continuidade ao plano. No mês passado, a Eletrobras concluiu a venda do complexo termoelétrico de Candiota, o único ativo a carvão do grupo e que representava quase metade das emissões da companhia. A venda foi para a Âmbar Energia, controlada pela holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, por R$ 72 milhões.

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Além disso, sob a nova gestão, teria sido realizado um estudo para avaliar a contribuição dos ativos para as receitas totais da companhia. A conclusão, dizem fontes, foi a de que negócios com pequeno peso nos ganhos geram gastos elevados com estrutura física, equipe e gestão ambiental na comparação com os grandes ativos que compõem o core business (negócio principal) da empresa e que geram mais de 90% das receitas. O caminho, portanto, seria desinvestir esses negócios.

Ações da empresa acumulam alta de 17% em Nova York

Depois de um período de mau humor com o investidor estrangeiro diante dos ruídos gerados pelo governo Lula, as ADRs Eletrobras acumulam alta de cerca de 17% na Bolsa de Nova York (Nyse) nos últimos três meses. Na bolsa brasileira, os papéis acumulam alta de 13,68% desde que Monteiro assumiu a presidência da empresa, em 14 de agosto, vindo do posto de chairman do conglomerado.

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De lá para cá, a nova gestão tem tentado contornar os atritos com o governo. Um acordo, porém, ainda não foi fechado. Desde que assumiu, o presidente Lula em criticado a privatização da Eletrobras, mas fontes em Brasília dizem que ele gosta de Monteiro, que foi presidente e diretor financeiro da Petrobras e fez carreira no Banco do Brasil.

Enquanto isso, há ao menos quatro ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem a Eletrobras, e em especial o processo de desestatização. Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), acionou a Corte contra trechos da lei que autorizou a privatização da empresa e cobra uma atuação mais ativa da União no negócio, considerando o fato de possuir mais de 40% das ações com direito a voto, mas ter um poder de voto de apenas 10%. Essa ação específica ainda não tem data para ser julgada pelo STF.

Procurada, a Eletrobras não comentou sobre o processo de venda dos ativos a gás.

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Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 04/12/2023 às 12h31

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Eletrobras quer ser uma empresa de energia totalmente limpa, e por isso, procura interessados para vender usinas movidas a gás. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Debruçada em ser uma empresa de energia limpa, a Eletrobras pode embolsar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda do seu portfólio de geração térmica, apurou a Coluna. O processo teria atraído elevado interesse de fundos e investidores estratégicos, locais e estrangeiros, dizem fontes, na condição de anonimato, uma vez que o processo não é público.

A companhia já recebeu propostas não-vinculantes pelos ativos e, neste momento, seleciona as melhores para a próxima etapa. Nela, os potenciais compradores farão lances vinculantes e processos de diligência que resultarão nos vencedores do processo. Um deles é a Eneva, que propôs na semana passada uma fusão com a Vibra (ex-BR Distribuidora). A venda está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.

A Eletrobras informou o mercado sobre o seu plano de se desfazer dos ativos térmicos a gás em julho deste ano. Em recente conversa com investidores e analistas, a companhia disse que o objetivo é concluir a venda até o fim do primeiro semestre de 2024.

A forma como o negócio será repassado para outras mãos ainda não está fechada, e vai depender das propostas finais que a companhia tiver na mesa. Uma fonte próxima às conversas diz que, embora haja a intenção de venda do pacote fechado, uma das possibilidades é o fatiamento do ativo por região, a depender do interesse e das propostas apresentadas.

O portfólio em questão reúne as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, o conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2.059 megawatts (MW), em 2025.

Mauá 3 e Aparecida são termelétricas a gás da Eletronorte instaladas em Manaus e que somam 756,7 MW de potência. Já Santa Cruz é uma usina a gás de 350 MW de capacidade instalada localizada no Rio de Janeiro e operada por Furnas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina tem potência outorgada total de 1 gigawatt (GW). Por sua vez, o Complexo Interior é formado por quatro usinas termelétricas a gás de menor porte, com entre 2,1 MW e 4,57 MW, somando 13,5 MW. Elas estão instaladas no Amazonas e são operadas pela Eletronorte.

O pacote também inclui o Complexo PIE, um conjunto de cinco usinas térmicas a gás ou óleo combustível localizadas em Manaus que somam uma capacidade instalada de aproximadamente 600 MW. Atualmente, essas usinas são detidas por diferentes grupos classificados como Produtores Independentes de Energia (PIE). No entanto, há uma previsão de reversão ao patrimônio da Eletrobras/Eletronorte em 2025, quando passariam a ser detidas 100% pela companhia.

Por fim, o projeto Rio Negro inclui uma usina localizada no Amazonas ainda em estágio de desenvolvimento, com 188 MW de capacidade. O empreendimento prevê a utilização parcial dos ativos e terreno da antiga termelétrica Bloco IV, o que reduz eventuais custos de investimento e com espaço para expansões e instalação de terminais de gás natural liquefeito (GNL).

Venda é parte de estratégia mais ampla da atual gestão da empresa

A venda de térmicas a gás faz parte de uma estratégia mais ampla da atual gestão da Eletrobras, sob o comando de Ivan Monteiro, de desinvestir ativos considerados não estratégicos, com o foco ser uma empresa de energia 100% limpa. A prioridade da empresa, que tenta superar uma crise de relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é seguir com o processo de descarbonização, rumo a ser uma companhia com emissão zero de gás carbônico até 2030.

Embora o lançamento do processo de venda das térmicas a gás tenha sido feito ainda na gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Jr., o novo comando da companhia sinalizou que pretende dar continuidade ao plano. No mês passado, a Eletrobras concluiu a venda do complexo termoelétrico de Candiota, o único ativo a carvão do grupo e que representava quase metade das emissões da companhia. A venda foi para a Âmbar Energia, controlada pela holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, por R$ 72 milhões.

Além disso, sob a nova gestão, teria sido realizado um estudo para avaliar a contribuição dos ativos para as receitas totais da companhia. A conclusão, dizem fontes, foi a de que negócios com pequeno peso nos ganhos geram gastos elevados com estrutura física, equipe e gestão ambiental na comparação com os grandes ativos que compõem o core business (negócio principal) da empresa e que geram mais de 90% das receitas. O caminho, portanto, seria desinvestir esses negócios.

Ações da empresa acumulam alta de 17% em Nova York

Depois de um período de mau humor com o investidor estrangeiro diante dos ruídos gerados pelo governo Lula, as ADRs Eletrobras acumulam alta de cerca de 17% na Bolsa de Nova York (Nyse) nos últimos três meses. Na bolsa brasileira, os papéis acumulam alta de 13,68% desde que Monteiro assumiu a presidência da empresa, em 14 de agosto, vindo do posto de chairman do conglomerado.

De lá para cá, a nova gestão tem tentado contornar os atritos com o governo. Um acordo, porém, ainda não foi fechado. Desde que assumiu, o presidente Lula em criticado a privatização da Eletrobras, mas fontes em Brasília dizem que ele gosta de Monteiro, que foi presidente e diretor financeiro da Petrobras e fez carreira no Banco do Brasil.

Enquanto isso, há ao menos quatro ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem a Eletrobras, e em especial o processo de desestatização. Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), acionou a Corte contra trechos da lei que autorizou a privatização da empresa e cobra uma atuação mais ativa da União no negócio, considerando o fato de possuir mais de 40% das ações com direito a voto, mas ter um poder de voto de apenas 10%. Essa ação específica ainda não tem data para ser julgada pelo STF.

Procurada, a Eletrobras não comentou sobre o processo de venda dos ativos a gás.

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Eletrobras quer ser uma empresa de energia totalmente limpa, e por isso, procura interessados para vender usinas movidas a gás. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Debruçada em ser uma empresa de energia limpa, a Eletrobras pode embolsar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda do seu portfólio de geração térmica, apurou a Coluna. O processo teria atraído elevado interesse de fundos e investidores estratégicos, locais e estrangeiros, dizem fontes, na condição de anonimato, uma vez que o processo não é público.

A companhia já recebeu propostas não-vinculantes pelos ativos e, neste momento, seleciona as melhores para a próxima etapa. Nela, os potenciais compradores farão lances vinculantes e processos de diligência que resultarão nos vencedores do processo. Um deles é a Eneva, que propôs na semana passada uma fusão com a Vibra (ex-BR Distribuidora). A venda está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.

A Eletrobras informou o mercado sobre o seu plano de se desfazer dos ativos térmicos a gás em julho deste ano. Em recente conversa com investidores e analistas, a companhia disse que o objetivo é concluir a venda até o fim do primeiro semestre de 2024.

A forma como o negócio será repassado para outras mãos ainda não está fechada, e vai depender das propostas finais que a companhia tiver na mesa. Uma fonte próxima às conversas diz que, embora haja a intenção de venda do pacote fechado, uma das possibilidades é o fatiamento do ativo por região, a depender do interesse e das propostas apresentadas.

O portfólio em questão reúne as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, o conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2.059 megawatts (MW), em 2025.

Mauá 3 e Aparecida são termelétricas a gás da Eletronorte instaladas em Manaus e que somam 756,7 MW de potência. Já Santa Cruz é uma usina a gás de 350 MW de capacidade instalada localizada no Rio de Janeiro e operada por Furnas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina tem potência outorgada total de 1 gigawatt (GW). Por sua vez, o Complexo Interior é formado por quatro usinas termelétricas a gás de menor porte, com entre 2,1 MW e 4,57 MW, somando 13,5 MW. Elas estão instaladas no Amazonas e são operadas pela Eletronorte.

O pacote também inclui o Complexo PIE, um conjunto de cinco usinas térmicas a gás ou óleo combustível localizadas em Manaus que somam uma capacidade instalada de aproximadamente 600 MW. Atualmente, essas usinas são detidas por diferentes grupos classificados como Produtores Independentes de Energia (PIE). No entanto, há uma previsão de reversão ao patrimônio da Eletrobras/Eletronorte em 2025, quando passariam a ser detidas 100% pela companhia.

Por fim, o projeto Rio Negro inclui uma usina localizada no Amazonas ainda em estágio de desenvolvimento, com 188 MW de capacidade. O empreendimento prevê a utilização parcial dos ativos e terreno da antiga termelétrica Bloco IV, o que reduz eventuais custos de investimento e com espaço para expansões e instalação de terminais de gás natural liquefeito (GNL).

Venda é parte de estratégia mais ampla da atual gestão da empresa

A venda de térmicas a gás faz parte de uma estratégia mais ampla da atual gestão da Eletrobras, sob o comando de Ivan Monteiro, de desinvestir ativos considerados não estratégicos, com o foco ser uma empresa de energia 100% limpa. A prioridade da empresa, que tenta superar uma crise de relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é seguir com o processo de descarbonização, rumo a ser uma companhia com emissão zero de gás carbônico até 2030.

Embora o lançamento do processo de venda das térmicas a gás tenha sido feito ainda na gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Jr., o novo comando da companhia sinalizou que pretende dar continuidade ao plano. No mês passado, a Eletrobras concluiu a venda do complexo termoelétrico de Candiota, o único ativo a carvão do grupo e que representava quase metade das emissões da companhia. A venda foi para a Âmbar Energia, controlada pela holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, por R$ 72 milhões.

Além disso, sob a nova gestão, teria sido realizado um estudo para avaliar a contribuição dos ativos para as receitas totais da companhia. A conclusão, dizem fontes, foi a de que negócios com pequeno peso nos ganhos geram gastos elevados com estrutura física, equipe e gestão ambiental na comparação com os grandes ativos que compõem o core business (negócio principal) da empresa e que geram mais de 90% das receitas. O caminho, portanto, seria desinvestir esses negócios.

Ações da empresa acumulam alta de 17% em Nova York

Depois de um período de mau humor com o investidor estrangeiro diante dos ruídos gerados pelo governo Lula, as ADRs Eletrobras acumulam alta de cerca de 17% na Bolsa de Nova York (Nyse) nos últimos três meses. Na bolsa brasileira, os papéis acumulam alta de 13,68% desde que Monteiro assumiu a presidência da empresa, em 14 de agosto, vindo do posto de chairman do conglomerado.

De lá para cá, a nova gestão tem tentado contornar os atritos com o governo. Um acordo, porém, ainda não foi fechado. Desde que assumiu, o presidente Lula em criticado a privatização da Eletrobras, mas fontes em Brasília dizem que ele gosta de Monteiro, que foi presidente e diretor financeiro da Petrobras e fez carreira no Banco do Brasil.

Enquanto isso, há ao menos quatro ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem a Eletrobras, e em especial o processo de desestatização. Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), acionou a Corte contra trechos da lei que autorizou a privatização da empresa e cobra uma atuação mais ativa da União no negócio, considerando o fato de possuir mais de 40% das ações com direito a voto, mas ter um poder de voto de apenas 10%. Essa ação específica ainda não tem data para ser julgada pelo STF.

Procurada, a Eletrobras não comentou sobre o processo de venda dos ativos a gás.

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Eletrobras quer ser uma empresa de energia totalmente limpa, e por isso, procura interessados para vender usinas movidas a gás. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Debruçada em ser uma empresa de energia limpa, a Eletrobras pode embolsar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda do seu portfólio de geração térmica, apurou a Coluna. O processo teria atraído elevado interesse de fundos e investidores estratégicos, locais e estrangeiros, dizem fontes, na condição de anonimato, uma vez que o processo não é público.

A companhia já recebeu propostas não-vinculantes pelos ativos e, neste momento, seleciona as melhores para a próxima etapa. Nela, os potenciais compradores farão lances vinculantes e processos de diligência que resultarão nos vencedores do processo. Um deles é a Eneva, que propôs na semana passada uma fusão com a Vibra (ex-BR Distribuidora). A venda está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.

A Eletrobras informou o mercado sobre o seu plano de se desfazer dos ativos térmicos a gás em julho deste ano. Em recente conversa com investidores e analistas, a companhia disse que o objetivo é concluir a venda até o fim do primeiro semestre de 2024.

A forma como o negócio será repassado para outras mãos ainda não está fechada, e vai depender das propostas finais que a companhia tiver na mesa. Uma fonte próxima às conversas diz que, embora haja a intenção de venda do pacote fechado, uma das possibilidades é o fatiamento do ativo por região, a depender do interesse e das propostas apresentadas.

O portfólio em questão reúne as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, o conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2.059 megawatts (MW), em 2025.

Mauá 3 e Aparecida são termelétricas a gás da Eletronorte instaladas em Manaus e que somam 756,7 MW de potência. Já Santa Cruz é uma usina a gás de 350 MW de capacidade instalada localizada no Rio de Janeiro e operada por Furnas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina tem potência outorgada total de 1 gigawatt (GW). Por sua vez, o Complexo Interior é formado por quatro usinas termelétricas a gás de menor porte, com entre 2,1 MW e 4,57 MW, somando 13,5 MW. Elas estão instaladas no Amazonas e são operadas pela Eletronorte.

O pacote também inclui o Complexo PIE, um conjunto de cinco usinas térmicas a gás ou óleo combustível localizadas em Manaus que somam uma capacidade instalada de aproximadamente 600 MW. Atualmente, essas usinas são detidas por diferentes grupos classificados como Produtores Independentes de Energia (PIE). No entanto, há uma previsão de reversão ao patrimônio da Eletrobras/Eletronorte em 2025, quando passariam a ser detidas 100% pela companhia.

Por fim, o projeto Rio Negro inclui uma usina localizada no Amazonas ainda em estágio de desenvolvimento, com 188 MW de capacidade. O empreendimento prevê a utilização parcial dos ativos e terreno da antiga termelétrica Bloco IV, o que reduz eventuais custos de investimento e com espaço para expansões e instalação de terminais de gás natural liquefeito (GNL).

Venda é parte de estratégia mais ampla da atual gestão da empresa

A venda de térmicas a gás faz parte de uma estratégia mais ampla da atual gestão da Eletrobras, sob o comando de Ivan Monteiro, de desinvestir ativos considerados não estratégicos, com o foco ser uma empresa de energia 100% limpa. A prioridade da empresa, que tenta superar uma crise de relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é seguir com o processo de descarbonização, rumo a ser uma companhia com emissão zero de gás carbônico até 2030.

Embora o lançamento do processo de venda das térmicas a gás tenha sido feito ainda na gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Jr., o novo comando da companhia sinalizou que pretende dar continuidade ao plano. No mês passado, a Eletrobras concluiu a venda do complexo termoelétrico de Candiota, o único ativo a carvão do grupo e que representava quase metade das emissões da companhia. A venda foi para a Âmbar Energia, controlada pela holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, por R$ 72 milhões.

Além disso, sob a nova gestão, teria sido realizado um estudo para avaliar a contribuição dos ativos para as receitas totais da companhia. A conclusão, dizem fontes, foi a de que negócios com pequeno peso nos ganhos geram gastos elevados com estrutura física, equipe e gestão ambiental na comparação com os grandes ativos que compõem o core business (negócio principal) da empresa e que geram mais de 90% das receitas. O caminho, portanto, seria desinvestir esses negócios.

Ações da empresa acumulam alta de 17% em Nova York

Depois de um período de mau humor com o investidor estrangeiro diante dos ruídos gerados pelo governo Lula, as ADRs Eletrobras acumulam alta de cerca de 17% na Bolsa de Nova York (Nyse) nos últimos três meses. Na bolsa brasileira, os papéis acumulam alta de 13,68% desde que Monteiro assumiu a presidência da empresa, em 14 de agosto, vindo do posto de chairman do conglomerado.

De lá para cá, a nova gestão tem tentado contornar os atritos com o governo. Um acordo, porém, ainda não foi fechado. Desde que assumiu, o presidente Lula em criticado a privatização da Eletrobras, mas fontes em Brasília dizem que ele gosta de Monteiro, que foi presidente e diretor financeiro da Petrobras e fez carreira no Banco do Brasil.

Enquanto isso, há ao menos quatro ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem a Eletrobras, e em especial o processo de desestatização. Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), acionou a Corte contra trechos da lei que autorizou a privatização da empresa e cobra uma atuação mais ativa da União no negócio, considerando o fato de possuir mais de 40% das ações com direito a voto, mas ter um poder de voto de apenas 10%. Essa ação específica ainda não tem data para ser julgada pelo STF.

Procurada, a Eletrobras não comentou sobre o processo de venda dos ativos a gás.

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Eletrobras quer ser uma empresa de energia totalmente limpa, e por isso, procura interessados para vender usinas movidas a gás. Foto: Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Debruçada em ser uma empresa de energia limpa, a Eletrobras pode embolsar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda do seu portfólio de geração térmica, apurou a Coluna. O processo teria atraído elevado interesse de fundos e investidores estratégicos, locais e estrangeiros, dizem fontes, na condição de anonimato, uma vez que o processo não é público.

A companhia já recebeu propostas não-vinculantes pelos ativos e, neste momento, seleciona as melhores para a próxima etapa. Nela, os potenciais compradores farão lances vinculantes e processos de diligência que resultarão nos vencedores do processo. Um deles é a Eneva, que propôs na semana passada uma fusão com a Vibra (ex-BR Distribuidora). A venda está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.

A Eletrobras informou o mercado sobre o seu plano de se desfazer dos ativos térmicos a gás em julho deste ano. Em recente conversa com investidores e analistas, a companhia disse que o objetivo é concluir a venda até o fim do primeiro semestre de 2024.

A forma como o negócio será repassado para outras mãos ainda não está fechada, e vai depender das propostas finais que a companhia tiver na mesa. Uma fonte próxima às conversas diz que, embora haja a intenção de venda do pacote fechado, uma das possibilidades é o fatiamento do ativo por região, a depender do interesse e das propostas apresentadas.

O portfólio em questão reúne as termelétricas Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz, o conjunto do Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), além dos direitos de reversão, em 2025, do Complexo PIEs (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o projeto de Rio Negro, com capacidade total de 2.059 megawatts (MW), em 2025.

Mauá 3 e Aparecida são termelétricas a gás da Eletronorte instaladas em Manaus e que somam 756,7 MW de potência. Já Santa Cruz é uma usina a gás de 350 MW de capacidade instalada localizada no Rio de Janeiro e operada por Furnas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina tem potência outorgada total de 1 gigawatt (GW). Por sua vez, o Complexo Interior é formado por quatro usinas termelétricas a gás de menor porte, com entre 2,1 MW e 4,57 MW, somando 13,5 MW. Elas estão instaladas no Amazonas e são operadas pela Eletronorte.

O pacote também inclui o Complexo PIE, um conjunto de cinco usinas térmicas a gás ou óleo combustível localizadas em Manaus que somam uma capacidade instalada de aproximadamente 600 MW. Atualmente, essas usinas são detidas por diferentes grupos classificados como Produtores Independentes de Energia (PIE). No entanto, há uma previsão de reversão ao patrimônio da Eletrobras/Eletronorte em 2025, quando passariam a ser detidas 100% pela companhia.

Por fim, o projeto Rio Negro inclui uma usina localizada no Amazonas ainda em estágio de desenvolvimento, com 188 MW de capacidade. O empreendimento prevê a utilização parcial dos ativos e terreno da antiga termelétrica Bloco IV, o que reduz eventuais custos de investimento e com espaço para expansões e instalação de terminais de gás natural liquefeito (GNL).

Venda é parte de estratégia mais ampla da atual gestão da empresa

A venda de térmicas a gás faz parte de uma estratégia mais ampla da atual gestão da Eletrobras, sob o comando de Ivan Monteiro, de desinvestir ativos considerados não estratégicos, com o foco ser uma empresa de energia 100% limpa. A prioridade da empresa, que tenta superar uma crise de relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é seguir com o processo de descarbonização, rumo a ser uma companhia com emissão zero de gás carbônico até 2030.

Embora o lançamento do processo de venda das térmicas a gás tenha sido feito ainda na gestão do ex-presidente Wilson Ferreira Jr., o novo comando da companhia sinalizou que pretende dar continuidade ao plano. No mês passado, a Eletrobras concluiu a venda do complexo termoelétrico de Candiota, o único ativo a carvão do grupo e que representava quase metade das emissões da companhia. A venda foi para a Âmbar Energia, controlada pela holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, por R$ 72 milhões.

Além disso, sob a nova gestão, teria sido realizado um estudo para avaliar a contribuição dos ativos para as receitas totais da companhia. A conclusão, dizem fontes, foi a de que negócios com pequeno peso nos ganhos geram gastos elevados com estrutura física, equipe e gestão ambiental na comparação com os grandes ativos que compõem o core business (negócio principal) da empresa e que geram mais de 90% das receitas. O caminho, portanto, seria desinvestir esses negócios.

Ações da empresa acumulam alta de 17% em Nova York

Depois de um período de mau humor com o investidor estrangeiro diante dos ruídos gerados pelo governo Lula, as ADRs Eletrobras acumulam alta de cerca de 17% na Bolsa de Nova York (Nyse) nos últimos três meses. Na bolsa brasileira, os papéis acumulam alta de 13,68% desde que Monteiro assumiu a presidência da empresa, em 14 de agosto, vindo do posto de chairman do conglomerado.

De lá para cá, a nova gestão tem tentado contornar os atritos com o governo. Um acordo, porém, ainda não foi fechado. Desde que assumiu, o presidente Lula em criticado a privatização da Eletrobras, mas fontes em Brasília dizem que ele gosta de Monteiro, que foi presidente e diretor financeiro da Petrobras e fez carreira no Banco do Brasil.

Enquanto isso, há ao menos quatro ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem a Eletrobras, e em especial o processo de desestatização. Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), acionou a Corte contra trechos da lei que autorizou a privatização da empresa e cobra uma atuação mais ativa da União no negócio, considerando o fato de possuir mais de 40% das ações com direito a voto, mas ter um poder de voto de apenas 10%. Essa ação específica ainda não tem data para ser julgada pelo STF.

Procurada, a Eletrobras não comentou sobre o processo de venda dos ativos a gás.

Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 04/12/2023 às 12h31

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