Bastidores do mundo dos negócios

Via segue agenda de aquisições para acelerar transformação, diz CEO


Por Irany Tereza
Para Fulcherberguer, CEO da Via, empresário aprendeu a dissociar planejamento estratégico da política Foto: JF Diorio/Estadão

A Via, controladora das Casas Bahia e do Ponto Frio, entrou com atraso na corrida digital, como avalia Roberto Fulcherberguer, que desde julho de 2019 preside o grupo, um dos cinco maiores varejistas do País. A aceleração do desenvolvimento tecnológico é uma prioridade para o executivo, que encontrou na aquisição de startups uma maneira de acelerar esse processo. A meta fixada por ele é chegar a 2025 com, no mínimo, 20% de participação no mercado do comércio eletrônico. Do terceiro trimestre de 2019 até julho deste ano, o market share da companhia nesse segmento subiu de 7,8% para 16,4%. "Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite, ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação", disse Fulcherberguer ao programa Olhar de Líder, do Broadcast.

Seguindo essa estratégia, o grupo comprou, no ano passado, a transportadora ZapLog e a fintech BanQi, que foi autorizada recentemente pelo Banco Central a operar como sociedade de crédito. As lojas das Casas Bahia já funcionam como agências do banco digital, que usa a base de dados de crédito do grupo varejista, mas que já tem seus próprios correntistas. A Via, que lançou um venture capital (modelo de investimento em empresas menores) de até R$ 200 milhões para startups, direciona seu interesse a desenvolvedores de tecnologia de marketing e logística, principalmente. Fulcherberguer acredita que o momento político conturbado atual não será capaz de afetar planos de negócios das empresas, embora acompanhe o desenrolar dos acontecimentos com apreensão. "A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil", diz.

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A seguir, o resumo da entrevista, que pode ser acompanhada na íntegra no vídeo do programa Olhar de Líder, do Broadcast TV.

Broadcast: Como a Via pretende atingir a meta de 20% de participação do comércio eletrônico até 2025

Roberto Fulcherberguer: O mercado eletrônico brasileiro ainda é pouco penetrado. Mais ou menos 10%, 11% dos brasileiros compram via online e a maioria dos clientes têm cartão de crédito. O consumidor brasileiro necessita de financiamento, é uma característica do nosso modelo de consumo. A Casas Bahia tem o modelo de crediário há mais de 60 anos, com uma base de dados bastante enriquecida. Digitalizamos toda a base de concessão de crédito. À medida que crescem as vendas online, vamos nos deparar com consumidores que não têm cartão de crédito, ou têm limite muito baixo. Passa a ser fundamental a ferramenta que temos. Colocamos no digital o mesmo crediário das lojas físicas. O consumidor pode financiar sem o cartão de crédito e sem limite de crédito nos bancos. A omnicanalidade é uma das grandes vantagens da Via. Hoje 60% das vendas da Via já ocorrem de forma online. Temos uma fintech, o BanQi e, com a licença que conseguimos do Banco Central há uns 40 dias atrás, vamos impulsionar muito os negócios. O BanQi chegou ao fim do segundo trimestre deste ano a 2.600 mil correntistas, mas já superamos bastante esse número. Infelizmente, não posso dizer quanto, mas vamos fechar o ano com um crescimento bastante acelerado.

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Broadcast: A fintech, como negócio, é relevante para a Via ou apenas apoio para o varejo?

Fulcherberguer: É um negócio relevante. Uma fintech que já chega dando crédito para a classe C, o que não é normal. À medida que saiu a autorização do BC, já começamos a fazer empréstimos. É uma conta gratuita completa. Então, dentro dos 40% da população que são desbancarizados, vamos inserir no mundo financeiro e dar acesso a crédito. O BanQi é fundamental para a gente. Conta com toda a bagagem de consumidores que a Via atende mas, ao mesmo tempo, é um braço importante para adquirir novos clientes. É um negócio.

Broadcast: O mercado varejista ficou um pouco mais concentrado com a pandemia. A tendência é de mais concentração?

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Fulcherberguer: A concentração é meio inevitável porque o jogo do online passou a ser fundamental no negócio. Pequenos que não se conectem aos marketplaces terão dificuldade em acelerar o seu negócio. O mercado vai se concentrar em menos participantes, e a Via é um deles. Há toda a possibilidade de os pequenos e médios se conectarem ao portal da Via e acessar os mais de 90 milhões clientes com quem a gente se relaciona. Quem não entrar na jornada online, provavelmente vai perder. O mercado vai ser híbrido. O consumidor já se acostumou com isso. Todo mundo vai ter de estar preparado para esta jornada em que é o consumidor quem decide. E não será uma jornada única. Vai depender do item que estiver comprando, da comodidade que quiser no momento. É evolutivo e vamos ter que antever essa evolução.

Broadcast: Por conta da concorrência, prevê mais aquisições da Via?

Fulcherberguer: Estamos nos preparando para expandir daqui para o final do ano a entrega em 24 horas. Quando compramos a ZapLog no ano passado, economizamos uns 15 meses de desenvolvimento interno. E no terceiro mês já era a maior transportadora da Via. Serviu de referência para nós e, desde então, estamos adicionando muitas startups. Lançamos um venture capital de até R$ 200 milhões para acelerar startups, compramos uma fatia da Distrito, que é uma grande concentradora de startups. Fomos lá para uma conversa para patrocinar o programa de varejo deles e saímos da reunião como sócios deles. Isso abriu várias portas. Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Estamos olhando para tecnologia de marketing, de logística, para fintech, que cola no BanQi e retailtec, que acelera o varejo. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação.

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Broadcast: Quanto a Via está investindo em tecnologia desde o início da pandemia?

Fulcherberguer: Colocamos um Capex para este ano ao redor de R$ 600 milhões e a maior parte do volume se dá em tecnologia. Vamos abrir 120 lojas este ano no Norte e Nordeste. Uma parte do investimento é para reforma e abertura, mas a parte mais relevante é tecnologia. A relação exata não posso dar, peço desculpas.

Broadcast: Qual a taxa de inadimplência do crediário hoje?

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Fulcherberguer: Nossa taxa é bastante reduzida se comparada ao mercado. Estamos abaixo de 5%, o que é muito competitivo.

Broadcast: O aumento da inflação e dos juros pode mudar essa relação?

Fulcherberguer: Acho que não porque nossa base de crédito tem mais de 60 anos. Digitalizamos isso e jogamos em modelos que se retroalimentam a cada crédito concedido. Esse modelo já passou por vários cenários no Brasil. Muita gente falava que depois que acabasse o auxílio emergencial ia ter problema, iria piorar a inadimplência. No nosso caso, nada disso aconteceu. Estamos com números bastante estáveis desde o início da pandemia. A gente revisa o modelo a cada momento, mas estamos bem tranquilos em relação ao processo. É um grande facilitador e uma ferramenta de inclusão do consumidor bastante poderosa.

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Broadcast: Como será a Blackfriday este ano?

Fulcherberguer: Em 2019, quando estávamos começando nossa transformação, fizemos R$ 1 bilhão em 24 horas em uma Black. Foi um recorde do varejo. Imaginamos que em 2020 ia ser difícil bater. Batemos, apesar das dificuldades. Estou imaginando para a Black deste ano, com um calendário de vacinação mais acelerado e talvez menos restrições, será maior ainda do que as dos últimos anos. Vamos estar com um online superacelerado e as lojas podendo receber os consumidores.

Broadcast: Com aglomeração?

Fulcherberguer: Com todos os cuidados que a gente precisa ter.

Broadcast: Na sua opinião, o comércio eletrônico vai ditar a liderança do mercado?

Fulcherberguer: Nossa tese é que vai ganhar este jogo quem tiver a maior chance de prover a omnicanalidade (oferta simultânea de vários canais de compras) do consumidor. Quem tem a chance de fazer uma jornada para cada momento do consumidor sai com vantagem e é para isso que estamos trabalhando. Não é só o comércio digital que vai ganhar o jogo no Brasil, que é bem diferente de China ou Estados Unidos. Com relação ao transborder, já colocamos o primeiro parceiro, que é a KnocKnoc, e no final do terceiro trimestre a gente começa o nosso transborder direto. Tomando todos os cuidados, porque é muito fácil fazer transborder, mas é difícil controlar o item que está vindo e garantir que toda a parte tributária e a qualidade desse item esteja ok. Vai chegar o momento em que o consumidor vai começar a separar as plataformas de acordo com a taxa de risco.

Broadcast: Como você define o momento político atual e o impacto nos planos de investimentos?

Fulcherberguer: A gente vê há décadas momentos políticos diferentes no Brasil. O empresário brasileiro aprendeu um pouco a dissociar o seu planejamento estratégico da política. Aqui, estamos com nosso plano estratégico feito, acelerando toda a transformação, independente do que está acontecendo na política. A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil. Quem souber lidar melhor com isso, transita melhor por esses mares que nem sempre são calmos. A expectativa que tenho é que de fato todos os Poderes façam um grande diálogo pensando no Brasil, com muita diplomacia.

Esta entrevista foi publicada no Broadcast+ no dia 09/09/2021 às 15h44.

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Para Fulcherberguer, CEO da Via, empresário aprendeu a dissociar planejamento estratégico da política Foto: JF Diorio/Estadão

A Via, controladora das Casas Bahia e do Ponto Frio, entrou com atraso na corrida digital, como avalia Roberto Fulcherberguer, que desde julho de 2019 preside o grupo, um dos cinco maiores varejistas do País. A aceleração do desenvolvimento tecnológico é uma prioridade para o executivo, que encontrou na aquisição de startups uma maneira de acelerar esse processo. A meta fixada por ele é chegar a 2025 com, no mínimo, 20% de participação no mercado do comércio eletrônico. Do terceiro trimestre de 2019 até julho deste ano, o market share da companhia nesse segmento subiu de 7,8% para 16,4%. "Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite, ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação", disse Fulcherberguer ao programa Olhar de Líder, do Broadcast.

Seguindo essa estratégia, o grupo comprou, no ano passado, a transportadora ZapLog e a fintech BanQi, que foi autorizada recentemente pelo Banco Central a operar como sociedade de crédito. As lojas das Casas Bahia já funcionam como agências do banco digital, que usa a base de dados de crédito do grupo varejista, mas que já tem seus próprios correntistas. A Via, que lançou um venture capital (modelo de investimento em empresas menores) de até R$ 200 milhões para startups, direciona seu interesse a desenvolvedores de tecnologia de marketing e logística, principalmente. Fulcherberguer acredita que o momento político conturbado atual não será capaz de afetar planos de negócios das empresas, embora acompanhe o desenrolar dos acontecimentos com apreensão. "A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil", diz.

A seguir, o resumo da entrevista, que pode ser acompanhada na íntegra no vídeo do programa Olhar de Líder, do Broadcast TV.

Broadcast: Como a Via pretende atingir a meta de 20% de participação do comércio eletrônico até 2025

Roberto Fulcherberguer: O mercado eletrônico brasileiro ainda é pouco penetrado. Mais ou menos 10%, 11% dos brasileiros compram via online e a maioria dos clientes têm cartão de crédito. O consumidor brasileiro necessita de financiamento, é uma característica do nosso modelo de consumo. A Casas Bahia tem o modelo de crediário há mais de 60 anos, com uma base de dados bastante enriquecida. Digitalizamos toda a base de concessão de crédito. À medida que crescem as vendas online, vamos nos deparar com consumidores que não têm cartão de crédito, ou têm limite muito baixo. Passa a ser fundamental a ferramenta que temos. Colocamos no digital o mesmo crediário das lojas físicas. O consumidor pode financiar sem o cartão de crédito e sem limite de crédito nos bancos. A omnicanalidade é uma das grandes vantagens da Via. Hoje 60% das vendas da Via já ocorrem de forma online. Temos uma fintech, o BanQi e, com a licença que conseguimos do Banco Central há uns 40 dias atrás, vamos impulsionar muito os negócios. O BanQi chegou ao fim do segundo trimestre deste ano a 2.600 mil correntistas, mas já superamos bastante esse número. Infelizmente, não posso dizer quanto, mas vamos fechar o ano com um crescimento bastante acelerado.

Broadcast: A fintech, como negócio, é relevante para a Via ou apenas apoio para o varejo?

Fulcherberguer: É um negócio relevante. Uma fintech que já chega dando crédito para a classe C, o que não é normal. À medida que saiu a autorização do BC, já começamos a fazer empréstimos. É uma conta gratuita completa. Então, dentro dos 40% da população que são desbancarizados, vamos inserir no mundo financeiro e dar acesso a crédito. O BanQi é fundamental para a gente. Conta com toda a bagagem de consumidores que a Via atende mas, ao mesmo tempo, é um braço importante para adquirir novos clientes. É um negócio.

Broadcast: O mercado varejista ficou um pouco mais concentrado com a pandemia. A tendência é de mais concentração?

Fulcherberguer: A concentração é meio inevitável porque o jogo do online passou a ser fundamental no negócio. Pequenos que não se conectem aos marketplaces terão dificuldade em acelerar o seu negócio. O mercado vai se concentrar em menos participantes, e a Via é um deles. Há toda a possibilidade de os pequenos e médios se conectarem ao portal da Via e acessar os mais de 90 milhões clientes com quem a gente se relaciona. Quem não entrar na jornada online, provavelmente vai perder. O mercado vai ser híbrido. O consumidor já se acostumou com isso. Todo mundo vai ter de estar preparado para esta jornada em que é o consumidor quem decide. E não será uma jornada única. Vai depender do item que estiver comprando, da comodidade que quiser no momento. É evolutivo e vamos ter que antever essa evolução.

Broadcast: Por conta da concorrência, prevê mais aquisições da Via?

Fulcherberguer: Estamos nos preparando para expandir daqui para o final do ano a entrega em 24 horas. Quando compramos a ZapLog no ano passado, economizamos uns 15 meses de desenvolvimento interno. E no terceiro mês já era a maior transportadora da Via. Serviu de referência para nós e, desde então, estamos adicionando muitas startups. Lançamos um venture capital de até R$ 200 milhões para acelerar startups, compramos uma fatia da Distrito, que é uma grande concentradora de startups. Fomos lá para uma conversa para patrocinar o programa de varejo deles e saímos da reunião como sócios deles. Isso abriu várias portas. Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Estamos olhando para tecnologia de marketing, de logística, para fintech, que cola no BanQi e retailtec, que acelera o varejo. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação.

Broadcast: Quanto a Via está investindo em tecnologia desde o início da pandemia?

Fulcherberguer: Colocamos um Capex para este ano ao redor de R$ 600 milhões e a maior parte do volume se dá em tecnologia. Vamos abrir 120 lojas este ano no Norte e Nordeste. Uma parte do investimento é para reforma e abertura, mas a parte mais relevante é tecnologia. A relação exata não posso dar, peço desculpas.

Broadcast: Qual a taxa de inadimplência do crediário hoje?

Fulcherberguer: Nossa taxa é bastante reduzida se comparada ao mercado. Estamos abaixo de 5%, o que é muito competitivo.

Broadcast: O aumento da inflação e dos juros pode mudar essa relação?

Fulcherberguer: Acho que não porque nossa base de crédito tem mais de 60 anos. Digitalizamos isso e jogamos em modelos que se retroalimentam a cada crédito concedido. Esse modelo já passou por vários cenários no Brasil. Muita gente falava que depois que acabasse o auxílio emergencial ia ter problema, iria piorar a inadimplência. No nosso caso, nada disso aconteceu. Estamos com números bastante estáveis desde o início da pandemia. A gente revisa o modelo a cada momento, mas estamos bem tranquilos em relação ao processo. É um grande facilitador e uma ferramenta de inclusão do consumidor bastante poderosa.

Broadcast: Como será a Blackfriday este ano?

Fulcherberguer: Em 2019, quando estávamos começando nossa transformação, fizemos R$ 1 bilhão em 24 horas em uma Black. Foi um recorde do varejo. Imaginamos que em 2020 ia ser difícil bater. Batemos, apesar das dificuldades. Estou imaginando para a Black deste ano, com um calendário de vacinação mais acelerado e talvez menos restrições, será maior ainda do que as dos últimos anos. Vamos estar com um online superacelerado e as lojas podendo receber os consumidores.

Broadcast: Com aglomeração?

Fulcherberguer: Com todos os cuidados que a gente precisa ter.

Broadcast: Na sua opinião, o comércio eletrônico vai ditar a liderança do mercado?

Fulcherberguer: Nossa tese é que vai ganhar este jogo quem tiver a maior chance de prover a omnicanalidade (oferta simultânea de vários canais de compras) do consumidor. Quem tem a chance de fazer uma jornada para cada momento do consumidor sai com vantagem e é para isso que estamos trabalhando. Não é só o comércio digital que vai ganhar o jogo no Brasil, que é bem diferente de China ou Estados Unidos. Com relação ao transborder, já colocamos o primeiro parceiro, que é a KnocKnoc, e no final do terceiro trimestre a gente começa o nosso transborder direto. Tomando todos os cuidados, porque é muito fácil fazer transborder, mas é difícil controlar o item que está vindo e garantir que toda a parte tributária e a qualidade desse item esteja ok. Vai chegar o momento em que o consumidor vai começar a separar as plataformas de acordo com a taxa de risco.

Broadcast: Como você define o momento político atual e o impacto nos planos de investimentos?

Fulcherberguer: A gente vê há décadas momentos políticos diferentes no Brasil. O empresário brasileiro aprendeu um pouco a dissociar o seu planejamento estratégico da política. Aqui, estamos com nosso plano estratégico feito, acelerando toda a transformação, independente do que está acontecendo na política. A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil. Quem souber lidar melhor com isso, transita melhor por esses mares que nem sempre são calmos. A expectativa que tenho é que de fato todos os Poderes façam um grande diálogo pensando no Brasil, com muita diplomacia.

Esta entrevista foi publicada no Broadcast+ no dia 09/09/2021 às 15h44.

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Para Fulcherberguer, CEO da Via, empresário aprendeu a dissociar planejamento estratégico da política Foto: JF Diorio/Estadão

A Via, controladora das Casas Bahia e do Ponto Frio, entrou com atraso na corrida digital, como avalia Roberto Fulcherberguer, que desde julho de 2019 preside o grupo, um dos cinco maiores varejistas do País. A aceleração do desenvolvimento tecnológico é uma prioridade para o executivo, que encontrou na aquisição de startups uma maneira de acelerar esse processo. A meta fixada por ele é chegar a 2025 com, no mínimo, 20% de participação no mercado do comércio eletrônico. Do terceiro trimestre de 2019 até julho deste ano, o market share da companhia nesse segmento subiu de 7,8% para 16,4%. "Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite, ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação", disse Fulcherberguer ao programa Olhar de Líder, do Broadcast.

Seguindo essa estratégia, o grupo comprou, no ano passado, a transportadora ZapLog e a fintech BanQi, que foi autorizada recentemente pelo Banco Central a operar como sociedade de crédito. As lojas das Casas Bahia já funcionam como agências do banco digital, que usa a base de dados de crédito do grupo varejista, mas que já tem seus próprios correntistas. A Via, que lançou um venture capital (modelo de investimento em empresas menores) de até R$ 200 milhões para startups, direciona seu interesse a desenvolvedores de tecnologia de marketing e logística, principalmente. Fulcherberguer acredita que o momento político conturbado atual não será capaz de afetar planos de negócios das empresas, embora acompanhe o desenrolar dos acontecimentos com apreensão. "A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil", diz.

A seguir, o resumo da entrevista, que pode ser acompanhada na íntegra no vídeo do programa Olhar de Líder, do Broadcast TV.

Broadcast: Como a Via pretende atingir a meta de 20% de participação do comércio eletrônico até 2025

Roberto Fulcherberguer: O mercado eletrônico brasileiro ainda é pouco penetrado. Mais ou menos 10%, 11% dos brasileiros compram via online e a maioria dos clientes têm cartão de crédito. O consumidor brasileiro necessita de financiamento, é uma característica do nosso modelo de consumo. A Casas Bahia tem o modelo de crediário há mais de 60 anos, com uma base de dados bastante enriquecida. Digitalizamos toda a base de concessão de crédito. À medida que crescem as vendas online, vamos nos deparar com consumidores que não têm cartão de crédito, ou têm limite muito baixo. Passa a ser fundamental a ferramenta que temos. Colocamos no digital o mesmo crediário das lojas físicas. O consumidor pode financiar sem o cartão de crédito e sem limite de crédito nos bancos. A omnicanalidade é uma das grandes vantagens da Via. Hoje 60% das vendas da Via já ocorrem de forma online. Temos uma fintech, o BanQi e, com a licença que conseguimos do Banco Central há uns 40 dias atrás, vamos impulsionar muito os negócios. O BanQi chegou ao fim do segundo trimestre deste ano a 2.600 mil correntistas, mas já superamos bastante esse número. Infelizmente, não posso dizer quanto, mas vamos fechar o ano com um crescimento bastante acelerado.

Broadcast: A fintech, como negócio, é relevante para a Via ou apenas apoio para o varejo?

Fulcherberguer: É um negócio relevante. Uma fintech que já chega dando crédito para a classe C, o que não é normal. À medida que saiu a autorização do BC, já começamos a fazer empréstimos. É uma conta gratuita completa. Então, dentro dos 40% da população que são desbancarizados, vamos inserir no mundo financeiro e dar acesso a crédito. O BanQi é fundamental para a gente. Conta com toda a bagagem de consumidores que a Via atende mas, ao mesmo tempo, é um braço importante para adquirir novos clientes. É um negócio.

Broadcast: O mercado varejista ficou um pouco mais concentrado com a pandemia. A tendência é de mais concentração?

Fulcherberguer: A concentração é meio inevitável porque o jogo do online passou a ser fundamental no negócio. Pequenos que não se conectem aos marketplaces terão dificuldade em acelerar o seu negócio. O mercado vai se concentrar em menos participantes, e a Via é um deles. Há toda a possibilidade de os pequenos e médios se conectarem ao portal da Via e acessar os mais de 90 milhões clientes com quem a gente se relaciona. Quem não entrar na jornada online, provavelmente vai perder. O mercado vai ser híbrido. O consumidor já se acostumou com isso. Todo mundo vai ter de estar preparado para esta jornada em que é o consumidor quem decide. E não será uma jornada única. Vai depender do item que estiver comprando, da comodidade que quiser no momento. É evolutivo e vamos ter que antever essa evolução.

Broadcast: Por conta da concorrência, prevê mais aquisições da Via?

Fulcherberguer: Estamos nos preparando para expandir daqui para o final do ano a entrega em 24 horas. Quando compramos a ZapLog no ano passado, economizamos uns 15 meses de desenvolvimento interno. E no terceiro mês já era a maior transportadora da Via. Serviu de referência para nós e, desde então, estamos adicionando muitas startups. Lançamos um venture capital de até R$ 200 milhões para acelerar startups, compramos uma fatia da Distrito, que é uma grande concentradora de startups. Fomos lá para uma conversa para patrocinar o programa de varejo deles e saímos da reunião como sócios deles. Isso abriu várias portas. Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Estamos olhando para tecnologia de marketing, de logística, para fintech, que cola no BanQi e retailtec, que acelera o varejo. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação.

Broadcast: Quanto a Via está investindo em tecnologia desde o início da pandemia?

Fulcherberguer: Colocamos um Capex para este ano ao redor de R$ 600 milhões e a maior parte do volume se dá em tecnologia. Vamos abrir 120 lojas este ano no Norte e Nordeste. Uma parte do investimento é para reforma e abertura, mas a parte mais relevante é tecnologia. A relação exata não posso dar, peço desculpas.

Broadcast: Qual a taxa de inadimplência do crediário hoje?

Fulcherberguer: Nossa taxa é bastante reduzida se comparada ao mercado. Estamos abaixo de 5%, o que é muito competitivo.

Broadcast: O aumento da inflação e dos juros pode mudar essa relação?

Fulcherberguer: Acho que não porque nossa base de crédito tem mais de 60 anos. Digitalizamos isso e jogamos em modelos que se retroalimentam a cada crédito concedido. Esse modelo já passou por vários cenários no Brasil. Muita gente falava que depois que acabasse o auxílio emergencial ia ter problema, iria piorar a inadimplência. No nosso caso, nada disso aconteceu. Estamos com números bastante estáveis desde o início da pandemia. A gente revisa o modelo a cada momento, mas estamos bem tranquilos em relação ao processo. É um grande facilitador e uma ferramenta de inclusão do consumidor bastante poderosa.

Broadcast: Como será a Blackfriday este ano?

Fulcherberguer: Em 2019, quando estávamos começando nossa transformação, fizemos R$ 1 bilhão em 24 horas em uma Black. Foi um recorde do varejo. Imaginamos que em 2020 ia ser difícil bater. Batemos, apesar das dificuldades. Estou imaginando para a Black deste ano, com um calendário de vacinação mais acelerado e talvez menos restrições, será maior ainda do que as dos últimos anos. Vamos estar com um online superacelerado e as lojas podendo receber os consumidores.

Broadcast: Com aglomeração?

Fulcherberguer: Com todos os cuidados que a gente precisa ter.

Broadcast: Na sua opinião, o comércio eletrônico vai ditar a liderança do mercado?

Fulcherberguer: Nossa tese é que vai ganhar este jogo quem tiver a maior chance de prover a omnicanalidade (oferta simultânea de vários canais de compras) do consumidor. Quem tem a chance de fazer uma jornada para cada momento do consumidor sai com vantagem e é para isso que estamos trabalhando. Não é só o comércio digital que vai ganhar o jogo no Brasil, que é bem diferente de China ou Estados Unidos. Com relação ao transborder, já colocamos o primeiro parceiro, que é a KnocKnoc, e no final do terceiro trimestre a gente começa o nosso transborder direto. Tomando todos os cuidados, porque é muito fácil fazer transborder, mas é difícil controlar o item que está vindo e garantir que toda a parte tributária e a qualidade desse item esteja ok. Vai chegar o momento em que o consumidor vai começar a separar as plataformas de acordo com a taxa de risco.

Broadcast: Como você define o momento político atual e o impacto nos planos de investimentos?

Fulcherberguer: A gente vê há décadas momentos políticos diferentes no Brasil. O empresário brasileiro aprendeu um pouco a dissociar o seu planejamento estratégico da política. Aqui, estamos com nosso plano estratégico feito, acelerando toda a transformação, independente do que está acontecendo na política. A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil. Quem souber lidar melhor com isso, transita melhor por esses mares que nem sempre são calmos. A expectativa que tenho é que de fato todos os Poderes façam um grande diálogo pensando no Brasil, com muita diplomacia.

Esta entrevista foi publicada no Broadcast+ no dia 09/09/2021 às 15h44.

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A Via, controladora das Casas Bahia e do Ponto Frio, entrou com atraso na corrida digital, como avalia Roberto Fulcherberguer, que desde julho de 2019 preside o grupo, um dos cinco maiores varejistas do País. A aceleração do desenvolvimento tecnológico é uma prioridade para o executivo, que encontrou na aquisição de startups uma maneira de acelerar esse processo. A meta fixada por ele é chegar a 2025 com, no mínimo, 20% de participação no mercado do comércio eletrônico. Do terceiro trimestre de 2019 até julho deste ano, o market share da companhia nesse segmento subiu de 7,8% para 16,4%. "Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite, ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação", disse Fulcherberguer ao programa Olhar de Líder, do Broadcast.

Seguindo essa estratégia, o grupo comprou, no ano passado, a transportadora ZapLog e a fintech BanQi, que foi autorizada recentemente pelo Banco Central a operar como sociedade de crédito. As lojas das Casas Bahia já funcionam como agências do banco digital, que usa a base de dados de crédito do grupo varejista, mas que já tem seus próprios correntistas. A Via, que lançou um venture capital (modelo de investimento em empresas menores) de até R$ 200 milhões para startups, direciona seu interesse a desenvolvedores de tecnologia de marketing e logística, principalmente. Fulcherberguer acredita que o momento político conturbado atual não será capaz de afetar planos de negócios das empresas, embora acompanhe o desenrolar dos acontecimentos com apreensão. "A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil", diz.

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Broadcast: Como a Via pretende atingir a meta de 20% de participação do comércio eletrônico até 2025

Roberto Fulcherberguer: O mercado eletrônico brasileiro ainda é pouco penetrado. Mais ou menos 10%, 11% dos brasileiros compram via online e a maioria dos clientes têm cartão de crédito. O consumidor brasileiro necessita de financiamento, é uma característica do nosso modelo de consumo. A Casas Bahia tem o modelo de crediário há mais de 60 anos, com uma base de dados bastante enriquecida. Digitalizamos toda a base de concessão de crédito. À medida que crescem as vendas online, vamos nos deparar com consumidores que não têm cartão de crédito, ou têm limite muito baixo. Passa a ser fundamental a ferramenta que temos. Colocamos no digital o mesmo crediário das lojas físicas. O consumidor pode financiar sem o cartão de crédito e sem limite de crédito nos bancos. A omnicanalidade é uma das grandes vantagens da Via. Hoje 60% das vendas da Via já ocorrem de forma online. Temos uma fintech, o BanQi e, com a licença que conseguimos do Banco Central há uns 40 dias atrás, vamos impulsionar muito os negócios. O BanQi chegou ao fim do segundo trimestre deste ano a 2.600 mil correntistas, mas já superamos bastante esse número. Infelizmente, não posso dizer quanto, mas vamos fechar o ano com um crescimento bastante acelerado.

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Fulcherberguer: É um negócio relevante. Uma fintech que já chega dando crédito para a classe C, o que não é normal. À medida que saiu a autorização do BC, já começamos a fazer empréstimos. É uma conta gratuita completa. Então, dentro dos 40% da população que são desbancarizados, vamos inserir no mundo financeiro e dar acesso a crédito. O BanQi é fundamental para a gente. Conta com toda a bagagem de consumidores que a Via atende mas, ao mesmo tempo, é um braço importante para adquirir novos clientes. É um negócio.

Broadcast: O mercado varejista ficou um pouco mais concentrado com a pandemia. A tendência é de mais concentração?

Fulcherberguer: A concentração é meio inevitável porque o jogo do online passou a ser fundamental no negócio. Pequenos que não se conectem aos marketplaces terão dificuldade em acelerar o seu negócio. O mercado vai se concentrar em menos participantes, e a Via é um deles. Há toda a possibilidade de os pequenos e médios se conectarem ao portal da Via e acessar os mais de 90 milhões clientes com quem a gente se relaciona. Quem não entrar na jornada online, provavelmente vai perder. O mercado vai ser híbrido. O consumidor já se acostumou com isso. Todo mundo vai ter de estar preparado para esta jornada em que é o consumidor quem decide. E não será uma jornada única. Vai depender do item que estiver comprando, da comodidade que quiser no momento. É evolutivo e vamos ter que antever essa evolução.

Broadcast: Por conta da concorrência, prevê mais aquisições da Via?

Fulcherberguer: Estamos nos preparando para expandir daqui para o final do ano a entrega em 24 horas. Quando compramos a ZapLog no ano passado, economizamos uns 15 meses de desenvolvimento interno. E no terceiro mês já era a maior transportadora da Via. Serviu de referência para nós e, desde então, estamos adicionando muitas startups. Lançamos um venture capital de até R$ 200 milhões para acelerar startups, compramos uma fatia da Distrito, que é uma grande concentradora de startups. Fomos lá para uma conversa para patrocinar o programa de varejo deles e saímos da reunião como sócios deles. Isso abriu várias portas. Para que vou desenvolver aqui microsserviços se tem gente especializada nisso? Do dia para a noite ganho qualidade. Estamos olhando (o mercado de startups) com a intenção de prestar serviços para nós ou para aquisição mesmo, M&A. Estamos olhando para tecnologia de marketing, de logística, para fintech, que cola no BanQi e retailtec, que acelera o varejo. Olhamos tudo com muita atenção. E (a Via) segue numa agenda de fazer aquisições para acelerar nossa transformação.

Broadcast: Quanto a Via está investindo em tecnologia desde o início da pandemia?

Fulcherberguer: Colocamos um Capex para este ano ao redor de R$ 600 milhões e a maior parte do volume se dá em tecnologia. Vamos abrir 120 lojas este ano no Norte e Nordeste. Uma parte do investimento é para reforma e abertura, mas a parte mais relevante é tecnologia. A relação exata não posso dar, peço desculpas.

Broadcast: Qual a taxa de inadimplência do crediário hoje?

Fulcherberguer: Nossa taxa é bastante reduzida se comparada ao mercado. Estamos abaixo de 5%, o que é muito competitivo.

Broadcast: O aumento da inflação e dos juros pode mudar essa relação?

Fulcherberguer: Acho que não porque nossa base de crédito tem mais de 60 anos. Digitalizamos isso e jogamos em modelos que se retroalimentam a cada crédito concedido. Esse modelo já passou por vários cenários no Brasil. Muita gente falava que depois que acabasse o auxílio emergencial ia ter problema, iria piorar a inadimplência. No nosso caso, nada disso aconteceu. Estamos com números bastante estáveis desde o início da pandemia. A gente revisa o modelo a cada momento, mas estamos bem tranquilos em relação ao processo. É um grande facilitador e uma ferramenta de inclusão do consumidor bastante poderosa.

Broadcast: Como será a Blackfriday este ano?

Fulcherberguer: Em 2019, quando estávamos começando nossa transformação, fizemos R$ 1 bilhão em 24 horas em uma Black. Foi um recorde do varejo. Imaginamos que em 2020 ia ser difícil bater. Batemos, apesar das dificuldades. Estou imaginando para a Black deste ano, com um calendário de vacinação mais acelerado e talvez menos restrições, será maior ainda do que as dos últimos anos. Vamos estar com um online superacelerado e as lojas podendo receber os consumidores.

Broadcast: Com aglomeração?

Fulcherberguer: Com todos os cuidados que a gente precisa ter.

Broadcast: Na sua opinião, o comércio eletrônico vai ditar a liderança do mercado?

Fulcherberguer: Nossa tese é que vai ganhar este jogo quem tiver a maior chance de prover a omnicanalidade (oferta simultânea de vários canais de compras) do consumidor. Quem tem a chance de fazer uma jornada para cada momento do consumidor sai com vantagem e é para isso que estamos trabalhando. Não é só o comércio digital que vai ganhar o jogo no Brasil, que é bem diferente de China ou Estados Unidos. Com relação ao transborder, já colocamos o primeiro parceiro, que é a KnocKnoc, e no final do terceiro trimestre a gente começa o nosso transborder direto. Tomando todos os cuidados, porque é muito fácil fazer transborder, mas é difícil controlar o item que está vindo e garantir que toda a parte tributária e a qualidade desse item esteja ok. Vai chegar o momento em que o consumidor vai começar a separar as plataformas de acordo com a taxa de risco.

Broadcast: Como você define o momento político atual e o impacto nos planos de investimentos?

Fulcherberguer: A gente vê há décadas momentos políticos diferentes no Brasil. O empresário brasileiro aprendeu um pouco a dissociar o seu planejamento estratégico da política. Aqui, estamos com nosso plano estratégico feito, acelerando toda a transformação, independente do que está acontecendo na política. A política pode gerar complicações no setor financeiro? Pode. Faz parte do pacote chamado Brasil. Quem souber lidar melhor com isso, transita melhor por esses mares que nem sempre são calmos. A expectativa que tenho é que de fato todos os Poderes façam um grande diálogo pensando no Brasil, com muita diplomacia.

Esta entrevista foi publicada no Broadcast+ no dia 09/09/2021 às 15h44.

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