A Vivo e a Auren Energia deram largada às operações da joint venture criada para desbravar o mercado livre de energia, segmento em que as empresas podem escolher o fornecedor de eletricidade para suas atividades.
Em cerca de dois meses, o novo negócio chegou a cerca de cem clientes corporativos, como varejistas e fábricas. O resultado inicial foi considerado forte e sinaliza um ritmo de expansão acima do esperado.
Quem conta é Fabio Balladi, escolhido para diretor-geral da nova empresa, batizada de GUD Energia (inspirada no inglês good, “bom”). “Em pouco tempo, tivemos um resultado positivo de aceitação e conversão, o que nos leva a ter uma expectativa muito boa de sucesso já no primeiro ano”, disse, em entrevista exclusiva ao Broadcast.
Segmento promissor
Balladi tem 23 anos de experiência profissional e ocupava a diretoria comercial da Vivo para o segmento de grandes empresas. Seu mandato na GUD inclui montar a diretoria, a estratégia de produtos, público-alvo e, principalmente, colocar o novo negócio na trilha do crescimento. Junto com ele na diretoria estará Marcio Cepeda (financeiro).
Anunciada em dezembro, a GUD busca explorar um mercado incipiente e promissor, que se abriu a partir de janeiro, quando todas as empresas do chamado grupo A, que são os consumidores atendidos por uma tensão igual ou superior a 2,3 quilovolts (kV), passaram a poder escolher o fornecedor de energia, com chance de encontrar preços menores.
Com a abertura deste mercado, cerca de 72 mil consumidores, entre fábricas, escritórios e comércios, tornaram-se potenciais clientes, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No caso daqueles com consumo inferior a 500 quilowatts (kW), a compra deve ser feita por meio de um comercializador varejista, que é justamente o caso da GUD.
Vantagens de lado a lado
Do lado da Vivo, a parceria serve para ampliar a gama de serviços e fidelizar os clientes empresariais de internet. Já do lado da Auren, a vantagem é acelerar o ganho de escala das operações de venda de energia por meio dos canais da operadora de telecomunicações, que conta com cinco mil vendedores de serviços de conectividade e tecnologia que agora também oferecem opções de fornecimento de energia renovável.
“Vamos começar pelo cliente que já é da Vivo, pois tem relacionamento e mais facilidade de conversão. Mas no futuro não vamos nos limitar a essa carteira. Queremos alcançar 100% do mercado”, disse Balladi.
Na largada, o foco da GUD está nas empresas que passaram a poder migrar este ano. Mais adiante, planeja atrair também clientes do segmento de baixa tensão, como pequenos comércios e residências. Essa fatia, por enquanto, ainda não pode comprar energia no mercado livre e é atendida pela distribuidora responsável por sua respectiva área de concessão.
O governo tem sinalizado a intenção de estender essa possibilidade para todos os consumidores até 2030, mas ainda não enviou o projeto de lei que deve tratar do tema. Para o executivo, “a melhor data seria o quanto antes” por conta da captura do potencial mercado pelas duas empresas. “Se vier em 2028 ou 2030, a gente vai seguir com nosso plano de conseguir cada vez mais avançar na participação de mercado [corporativo], mas sempre se planejando”, completou.
Crescimento é prioridade
A Vivo e a Auren têm 50% de participação, cada, na joint venture. O conselho de administração foi composto com dois representantes de cada sócia, e a presidência do colegiado será rotativa.
Por ora, as partes não abrem metas de faturamento, investimentos ou projeções sobre quando esperam receber dividendos. A prioridade é crescer e abocanhar uma participação relevante neste novo mercado.
“É como o mercado de telefonia de anos atrás, que passava por um processo de abertura, com as empresas buscando se posicionar. Essa é a inspiração para a GUD”, disse o vice-presidente de Estratégia e Novos Negócios da Vivo, Ricardo Hobbs.
A visão é compartilhada pelo vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da Auren, Mario Bertoncini. “Em um primeiro momento, temos disposição conjunta para reinvestir os dividendos até atingir a maturidade da operação”, citou.
A agenda de crescimento pode incluir potenciais fusões e aquisições, contou Balladi. “Em um primeiro momento, esse não é o foco, mas também não é algo descartado. Isso pode ser uma via para acelerar o processo de crescimento.”
A própria Auren já tem outras frentes no próprio mercado de comercialização varejista e aposta nas parcerias para se destacar num ambiente competitivo. “Nossa estratégia central de varejo passa por uma parceria como essa”, reforçou Bertoncini. Além de iniciativa própria no mercado varejista de energia, a Auren anunciou recentemente a compra da AES Brasil e da Esfera Energia, que também atuam no segmento.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 18/06/24, às 15h24
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