Bastidores do mundo dos negócios

Wall Street e Faria Lima articulam participação na emissão externa de títulos verdes do Tesouro


Expectativa é de que a emissão externa seja de US$ 2 bilhões

Por Aline Bronzati
Planejada para ocorrer até meados de novembro deste ano, a captação é esperada para ser oficialmente anunciada nesta segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Bolsa de Nova York Foto: REUTERS / Carlo Allegri

Bancos de Wall Street e da Faria Lima começam a se movimentar para participar da emissão de dívida externa sustentável do Tesouro Nacional, os chamados green bonds no jargão de mercado. Conversas já estão ocorrendo e o sindicato de assessores financeiros deve ganhar corpo em breve. A expectativa é de que a emissão seja de US$ 2 bilhões, mas o valor final vai depender da demanda dos investidores e do preço, segundo fontes que monitoram a transação e concordaram em falar na condição de anonimato uma vez que as informações não são públicas.

O que tem agitado os bastidores é justamente o critério de seleção dos futuros assessores financeiros da operação. Isso porque o Tesouro Nacional deve considerar os bancos mais bem posicionados nos rankings de emissões de dívida internacional nos últimos anos para escolher o membros que vão compor o sindicato.

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Dados da consultoria norte-americana Dealogic mostram que, no acumulado de 2023, os bancos que lideram a área de mercado de capitais na região da América Latina e Caribe são nomes como Santander, JPMorgan, Citi, Itaú BBA e Bank of America. No ano passado, o mesmo levantamento traz ainda o nome do UBS, que adquiriu o também suíço Credit Suisse depois de um casamento forçado pelos órgãos reguladores. No Brasil, o UBS tem uma joint venture com o Banco do Brasil no segmento de banco de investimento. Quando se amplia a lupa para anos anteriores, também aparecem ainda Goldman Sachs e o Bradesco BBI, segundo a consultoria americana.

Interesse de bancos pela operação é grande

Como é a primeira emissão de green bonds do Brasil, ninguém quer ficar de fora. Por isso, os bancos da Faria Lima ou de Wall Street já têm batido na porta do Tesouro Nacional e também da Fazenda, no intuito de garantir um lugar na emissão.

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Planejada para ocorrer até meados de novembro deste ano, a captação para os green bonds do governo brasileiro é esperada para ser oficialmente anunciada na próxima segunda-feira, dia 18, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Bolsa de Nova York, a Nyse. Não é à toa que a sua presença é bem esperada em Wall Street na esteira da “viagem especial” que o ministro fará a Nova York para vender o Plano de transformação ecológica do Brasil a investidores internacionais em paralelo à agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursará na 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

O momento da primeira emissão verde do Brasil levanta, porém, questionamentos no mercado financeiro. Para uma das fontes ouvidas pelo Broadcast, uma eventual janela nos próximos meses não seria a ideal por conta dos elevados patamares dos juros nos Estados Unidos. “É uma emissão política”, resume, lembrando que a agenda ambiental é uma das prioridades do governo Lula.

Para Pedro Parente e Armínio Fraga, não é o momento para emitir

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O tema foi comentado nos corredores do ‘Brazil Climate Summit’, evento organizado por alunos e ex-alunos de Columbia em Nova York, nesta semana. O sócio fundador da gestora eB Capital e ex-presidente de grandes empresas como Petrobras e BRF, Pedro Parente, disse que, se fosse ele, esperaria mais tempo até ter “resultados concretos”. “A questão é ter mais resultados concretos para mostrar e, portanto, para consolidar uma demanda que seja maior para os bônus”, disse.

Além disso, o cenário externo não é favorável, lembrou o ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga. “O momento global não é o ideal. Os bancos centrais ainda não terminaram o seu trabalho, as tensões globais são grandes, na Europa com a invasão da Ucrânia, o racha entre os Estados Unidos e China também é muito prejudicial. Não é exatamente um momento tranquilo”, disse.

Do lado ambiental, porém, as fontes argumentam que há urgência na captação de recursos para destinação a projetos verdes e, consequentemente, a estruturação de uma nova fonte de recursos para a agenda verde. “A gente não pode esperar. A transição energética não pode esperar”, comentou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa.

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 15/09/23, às 13h32.

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Planejada para ocorrer até meados de novembro deste ano, a captação é esperada para ser oficialmente anunciada nesta segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Bolsa de Nova York Foto: REUTERS / Carlo Allegri

Bancos de Wall Street e da Faria Lima começam a se movimentar para participar da emissão de dívida externa sustentável do Tesouro Nacional, os chamados green bonds no jargão de mercado. Conversas já estão ocorrendo e o sindicato de assessores financeiros deve ganhar corpo em breve. A expectativa é de que a emissão seja de US$ 2 bilhões, mas o valor final vai depender da demanda dos investidores e do preço, segundo fontes que monitoram a transação e concordaram em falar na condição de anonimato uma vez que as informações não são públicas.

O que tem agitado os bastidores é justamente o critério de seleção dos futuros assessores financeiros da operação. Isso porque o Tesouro Nacional deve considerar os bancos mais bem posicionados nos rankings de emissões de dívida internacional nos últimos anos para escolher o membros que vão compor o sindicato.

Dados da consultoria norte-americana Dealogic mostram que, no acumulado de 2023, os bancos que lideram a área de mercado de capitais na região da América Latina e Caribe são nomes como Santander, JPMorgan, Citi, Itaú BBA e Bank of America. No ano passado, o mesmo levantamento traz ainda o nome do UBS, que adquiriu o também suíço Credit Suisse depois de um casamento forçado pelos órgãos reguladores. No Brasil, o UBS tem uma joint venture com o Banco do Brasil no segmento de banco de investimento. Quando se amplia a lupa para anos anteriores, também aparecem ainda Goldman Sachs e o Bradesco BBI, segundo a consultoria americana.

Interesse de bancos pela operação é grande

Como é a primeira emissão de green bonds do Brasil, ninguém quer ficar de fora. Por isso, os bancos da Faria Lima ou de Wall Street já têm batido na porta do Tesouro Nacional e também da Fazenda, no intuito de garantir um lugar na emissão.

Planejada para ocorrer até meados de novembro deste ano, a captação para os green bonds do governo brasileiro é esperada para ser oficialmente anunciada na próxima segunda-feira, dia 18, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Bolsa de Nova York, a Nyse. Não é à toa que a sua presença é bem esperada em Wall Street na esteira da “viagem especial” que o ministro fará a Nova York para vender o Plano de transformação ecológica do Brasil a investidores internacionais em paralelo à agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursará na 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

O momento da primeira emissão verde do Brasil levanta, porém, questionamentos no mercado financeiro. Para uma das fontes ouvidas pelo Broadcast, uma eventual janela nos próximos meses não seria a ideal por conta dos elevados patamares dos juros nos Estados Unidos. “É uma emissão política”, resume, lembrando que a agenda ambiental é uma das prioridades do governo Lula.

Para Pedro Parente e Armínio Fraga, não é o momento para emitir

O tema foi comentado nos corredores do ‘Brazil Climate Summit’, evento organizado por alunos e ex-alunos de Columbia em Nova York, nesta semana. O sócio fundador da gestora eB Capital e ex-presidente de grandes empresas como Petrobras e BRF, Pedro Parente, disse que, se fosse ele, esperaria mais tempo até ter “resultados concretos”. “A questão é ter mais resultados concretos para mostrar e, portanto, para consolidar uma demanda que seja maior para os bônus”, disse.

Além disso, o cenário externo não é favorável, lembrou o ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga. “O momento global não é o ideal. Os bancos centrais ainda não terminaram o seu trabalho, as tensões globais são grandes, na Europa com a invasão da Ucrânia, o racha entre os Estados Unidos e China também é muito prejudicial. Não é exatamente um momento tranquilo”, disse.

Do lado ambiental, porém, as fontes argumentam que há urgência na captação de recursos para destinação a projetos verdes e, consequentemente, a estruturação de uma nova fonte de recursos para a agenda verde. “A gente não pode esperar. A transição energética não pode esperar”, comentou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 15/09/23, às 13h32.

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O que tem agitado os bastidores é justamente o critério de seleção dos futuros assessores financeiros da operação. Isso porque o Tesouro Nacional deve considerar os bancos mais bem posicionados nos rankings de emissões de dívida internacional nos últimos anos para escolher o membros que vão compor o sindicato.

Dados da consultoria norte-americana Dealogic mostram que, no acumulado de 2023, os bancos que lideram a área de mercado de capitais na região da América Latina e Caribe são nomes como Santander, JPMorgan, Citi, Itaú BBA e Bank of America. No ano passado, o mesmo levantamento traz ainda o nome do UBS, que adquiriu o também suíço Credit Suisse depois de um casamento forçado pelos órgãos reguladores. No Brasil, o UBS tem uma joint venture com o Banco do Brasil no segmento de banco de investimento. Quando se amplia a lupa para anos anteriores, também aparecem ainda Goldman Sachs e o Bradesco BBI, segundo a consultoria americana.

Interesse de bancos pela operação é grande

Como é a primeira emissão de green bonds do Brasil, ninguém quer ficar de fora. Por isso, os bancos da Faria Lima ou de Wall Street já têm batido na porta do Tesouro Nacional e também da Fazenda, no intuito de garantir um lugar na emissão.

Planejada para ocorrer até meados de novembro deste ano, a captação para os green bonds do governo brasileiro é esperada para ser oficialmente anunciada na próxima segunda-feira, dia 18, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Bolsa de Nova York, a Nyse. Não é à toa que a sua presença é bem esperada em Wall Street na esteira da “viagem especial” que o ministro fará a Nova York para vender o Plano de transformação ecológica do Brasil a investidores internacionais em paralelo à agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursará na 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

O momento da primeira emissão verde do Brasil levanta, porém, questionamentos no mercado financeiro. Para uma das fontes ouvidas pelo Broadcast, uma eventual janela nos próximos meses não seria a ideal por conta dos elevados patamares dos juros nos Estados Unidos. “É uma emissão política”, resume, lembrando que a agenda ambiental é uma das prioridades do governo Lula.

Para Pedro Parente e Armínio Fraga, não é o momento para emitir

O tema foi comentado nos corredores do ‘Brazil Climate Summit’, evento organizado por alunos e ex-alunos de Columbia em Nova York, nesta semana. O sócio fundador da gestora eB Capital e ex-presidente de grandes empresas como Petrobras e BRF, Pedro Parente, disse que, se fosse ele, esperaria mais tempo até ter “resultados concretos”. “A questão é ter mais resultados concretos para mostrar e, portanto, para consolidar uma demanda que seja maior para os bônus”, disse.

Além disso, o cenário externo não é favorável, lembrou o ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga. “O momento global não é o ideal. Os bancos centrais ainda não terminaram o seu trabalho, as tensões globais são grandes, na Europa com a invasão da Ucrânia, o racha entre os Estados Unidos e China também é muito prejudicial. Não é exatamente um momento tranquilo”, disse.

Do lado ambiental, porém, as fontes argumentam que há urgência na captação de recursos para destinação a projetos verdes e, consequentemente, a estruturação de uma nova fonte de recursos para a agenda verde. “A gente não pode esperar. A transição energética não pode esperar”, comentou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa.

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