A cooperativa Aurora, de Chapecó (SC), terceira maior empresa de alimentos do País, projeta receita operacional 12% maior neste ano, de R$ 24,6 bilhões. A estratégia é aprimorar o escoamento da produção das 11 cooperativas filiadas. “Queremos aumentar os embarques para o mercado externo, mas sem deixar de lado o nosso maior aliado, que é o doméstico”, diz Neivor Canton, presidente da companhia. Ainda assim, ele vê neste ano um “grau de preocupação maior do que o habitual”. A equação de transformar grãos em proteína animal é hoje “diferente” de quatro anos atrás, afirma, citando preços aquecidos do milho e do farelo de soja. “Se permanecerem altos, o setor precisará de mais crédito”, prevê. “Mas não reduziremos nossa produção.”
Demanda chinesa por milho preocupa
O presidente da Aurora avalia que o maior interesse da China pelo milho do Brasil é um ponto sensível, visto que pode reduzir a oferta interna e encarecer o insumo para a indústria nacional. “É a lei de oferta e demanda”, reconhece.
Cooperativa busca novos destinos
Após a conquista dos mercados canadense e mexicano para a carne suína e o retorno da habilitação pela China da unidade de frango de Xaxim (SC), a empresa tem feito “um esforço grande” para conquistar novas habilitações. “Queremos nos consolidar nos países que já atendemos e ter outros”, revela Canton.
De volta ao jogo
Após dois anos sem exportar açúcar, a Brado, especializada em logística por contêineres, prevê movimentar 11 mil toneladas mensais do produto brasileiro a partir de maio, ou 400 contêineres por mês. A recuperação da demanda é puxada pelo frete marítimo mais barato, que atraiu o mercado asiático, responsável por 54% da movimentação de açúcar nacional. Entre dezembro e janeiro, a Brado enviou 6,7 mil toneladas do adoçante. “São fortes indicativos de retomada”, diz Vinicius Cordeiro, gerente comercial.
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Ardidos
Produtores querem taxas de juros menores nos financiamentos de máquinas e equipamentos agrícolas para acelerar a renovação da frota, diz Marcio Contreras, diretor Comercial e de Marketing do Banco CNH Industrial. Para o Plano Safra 2023/24, que começa em julho, a expectativa é de taxa abaixo do patamar de 12,5% ao ano. “O produtor entende que esse nível de juros pode ficar caro versus o preço da soja”, diz Contreras. O banco CNH é o maior repassador de recursos do Moderfrota, principal linha de financiamento do setor.
Demanda tem
Até o fim do ano-safra, em junho, o banco da fabricante de máquinas agrícolas prevê desembolsar 10% mais recursos para a compra desses equipamentos em relação à temporada anterior. A maior fatia, segundo Contreras, virá de recursos próprios do banco, provenientes de linhas em dólar ou por Crédito Direto ao Consumidor (CDC) a taxas de menos de dois dígitos. Ele não revela valores. “Esperamos um Moderfrota mais robusto no próximo ano-safra”, afirma o executivo.
A favor
A tendência de uma colheita recorde de soja na safra 2022/23 favorece a produção de sementes para o ciclo 2023/24. Cássio Kirchner, diretor de Negócios da Basf para a região Sul, está animado: “Para as sementes, o clima é muito favorável na Região Sul. Vemos oferta bem encaixada ou até superior à demanda do mercado, o que resulta na seleção de grãos de qualidade superior”, diz. A Basf é uma das líderes de mercado no País.
Encurta
A indústria de armazenagem também cobra do governo que reduza, nas linhas oficiais, os prazos de financiamento de equipamentos para até 10 anos. Representante do setor diz que os 15 anos atuais “prendem” recursos do governo para subvenção dos juros. No mercado, um produtor com rating AAA (menor risco de crédito) consegue com bancos financiamento de silos e armazéns por no máximo 10 anos.
Setor de máquinas conversa sobre crédito com o governo
A indústria de máquinas agrícolas negocia com o Ministério da Agricultura crédito para impulsionar vendas em feiras agrícolas. Na safra 22/23, que termina em junho, os R$ 8,8 bilhões da principal linha, Moderfrota, estão praticamente tomados. O governo sinaliza levantar R$ 2 bilhões. Para o próximo ciclo, o setor quer R$ 45 bilhões.
Medidas para estiagem devem sair do papel
O governo federal deve anunciar nos próximos dias medidas de socorro aos produtores rurais afetados pela estiagem no Rio Grande do Sul. O plano inclui renegociação de dívidas e recursos para prorrogação de operações de custeio e investimento. A discussão interministerial está sendo liderada pelo ministro Rui Costa, da Casa Civil. / SANDY OLIVEIRA, GABRIELA BRUMATTI, ISADORA DUARTE E CLARICE COUTO