A Bem Brasil, maior fabricante de batatas pré-fritas congeladas do País, deve fechar 2025 com crescimento de 10% sobre o faturamento de 2024, previsto em R$ 4 bilhões. Para sustentar a expansão, captou R$ 350 milhões via Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) emitidos pelo Itaú. Dênio Oliveira, o CEO, conta como a pandemia mudou o consumo do brasileiro, que inseriu no cardápio mais batatas pré-fritas, costume impulsionado pelo uso da air fryer. A Bem Brasil consolidou presença no varejo e no food service, segmentos que representam, juntos, 50% das vendas. “Ainda temos espaço para crescer, pois nos Estados Unidos o consumo é de 10 quilos e na Europa chega a 15 kg por pessoa; no Brasil, 3,9 kg.” Com duas fábricas em Minas Gerais, a capacidade produtiva é de 500 mil toneladas/ano.
Produção em alta
A matéria-prima vem de 23 mil hectares próprios cultivados com batata em Minas Gerais, além de 20 fornecedores terceirizados. Foram 900 mil toneladas de batatas in natura processadas em 2024, ante 180 mil toneladas em 2018 e 860 mil toneladas em 2023.
Para além das fronteiras
A Bem Brasil espera ampliar a participação das exportações no faturamento de 4% para 10% até 2030. Hoje exporta para 13 países. A aposta para crescer está na Ásia e na América do Norte, com foco no Japão e nos Estados Unidos. “Estamos explorando novas regiões e fortalecendo nossa operação internacional”, diz Oliveira.
Sem concorrência...
Entre os produtos do agronegócio, o etanol brasileiro deve ser o maior beneficiado pelo acordo Mercosul-União Europeia, aprovado este ano, avalia Gian Di Gregorio, diretor de agrobusiness da Alvarez & Marsal Performance. O Brasil teria como atender à cota de 450 mil toneladas para a indústria química europeia, mais 200 mil toneladas – distribuídas em cinco anos – para outros usos a taxa zero. Esse volume representa 10% do consumo europeu, às voltas com crise energética devido à guerra na Ucrânia.
...mas nem tanto
Já a carne bovina brasileira não terá os mesmos ganhos com o acordo, diz Gregorio. A cota de importação definida, de 99 mil toneladas, é menor do que o volume exportado hoje pelo Mercosul. “O mesmo ocorre com o frango, que terá cota de 180 mil toneladas em cinco anos. A UE já adquire 180 mil toneladas/ano”, afirma.
Oportunidade
A Aurora Alimentos pretende aproveitar a menor produção de carne suína e de frango na União Europeia para crescer 8% em receita em 2025. Isso seria possível com embarques para mercados antes atendidos pelo bloco econômico. A expectativa é a de que a China represente 20% do faturamento da Aurora no mercado externo; outros países da Ásia, 40%, e o Oriente Médio, 20%. A cooperativa enxerga espaço para crescer também na América do Norte, que representa 15% dos seus embarques. No próximo ano, 40% do faturamento deve vir da exportação.
Testa pra mim
A Seedcorp HO, com sede em Goiás, volta a testar suas sementes em parceria com produtores do País. Na safra 2024/25 distribuiu 20 mil sacos de sementes de soja, que já estão no campo. “A parceria com os produtores gera dados concretos de produtividade e embasa a decisão de compra”, diz Gustavo Hidalgo, diretor de marketing. A empresa, que completou dez anos e lançou neste ciclo cinco variedades, possui 30 cultivares entre as mais produtivas do País.
Gestão hídrica
A Kilimo, startup argentina, vem conectando agricultores brasileiros a multinacionais como Coca-Cola e Microsoft por meio de projetos de compensação hídrica. Empresas com metas de sustentabilidade financiam a adoção de tecnologias que reduzem o consumo de água na irrigação, gerando créditos hídricos. A startup usa inteligência artificial para monitorar bacias críticas como a do Rio Tietê, em São Paulo. Com US$ 7,5 milhões captados, planeja expandir operações por aqui e também nos Estados Unidos.
Uruguai veta compra de plantas pela Minerva
O Ministério da Economia e das Finanças do Uruguai rejeitou recurso da brasileira Minerva contra o veto à aquisição de três frigoríficos da Marfrig por R$ 675 milhões. A justificativa é a concentração de mercado, já que a Minerva passaria a deter 43% dos abates de bovinos no país. A empresa ainda pode apresentar novo recurso.
Café ficará mais caro para o consumidor em 2025
A indústria de café torrado e moído repassará ao varejo a alta de preços, diz Celírio Inácio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café. O repasse, de 40%, será escalonado, com 20% imediatamente, refletindo o aumento da saca de café arábica tipo exportação, que mais que dobrou nos últimos 12 meses./GABRIEL AZEVEDO, TÂNIA RABELLO e LEANDRO SILVEIRA